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Artigos em O Legionário
ANO DE 1934
04 de fevereiro -
Política de abelha. Tudo quanto, durante o Império ou a República, tem
aparecido com os rótulos de federalismo, civilismo, voto secreto, são aspirações
vagas, imprecisas, mal coordenadas, que os políticos exploram a seu favor, sem
um corpo de doutrina, um programa dentro do qual se encaixem e se justifiquem.
Em última análise, todas as lutas políticas, em nosso País, se resumem na
conquista do Poder pelo Poder, ou melhor, pelas vantagens do Poder... Oliveira
Viana mostrou muito bem como a competição entre liberais e conservadores, na
Monarquia, não passava de uma grande farsa. O mesmo Oliveira Viana conta que um
biógrafo de Hamilton observa que os verdadeiros estadistas praticam a "política
de colméia", procurando tudo subordinar ao interesse coletivo, enquanto os
falsos “políticos” praticam a "política da abelha", na qual tudo se subordina ao
interesse individual.
04 de fevereiro -
On
ne passe pas... As perfídias dos adversários da Igreja constituem,
por sua resistência eterna e invencível, uma glória, como é gloriosa para a alma
santa a tentação que ela venceu, e que força, indiretamente, o próprio demônio a
ser colaborador de sua ascensão espiritual. A perspectiva de um perigo comum
congregou mais uma vez os católicos de todas as bancadas que, reunidos na sede
da LEC, assumiram o solene compromisso de não votar na Constituição sintética,
caso ela não contivesse TODOS os itens católicos fundamentais. E os católicos
venceram! No entanto, uma lição nos precisa ficar. É a da perseverança, da
astúcia e da força de nossos adversários.
18 de fevereiro -
A
Quinta Arma. Já se tornou banal afirmar que a imprensa é o IV Poder. Na
Constituinte, um deputado afirmou que é a IV Arma, que acaba de aparecer. A
opinião pública respira a atmosfera política por meio dela, digere as novidades
como ela lhas apresenta, julga, condena ou canoniza, de acordo com sua vontade.
As responsabilidades da imprensa são, portanto, colossais, pois que é ela, em
última análise, em uma democracia organizada, que governa a nação. - Tivessem os
católicos brasileiros uma imprensa própria, e eles poderiam mostrar a que ponto
os quarenta anos de laicismo oficial corromperam o Brasil.
04 de março -
Na “hora
H” (das reivindicações católicas na Constituinte). Algumas informações
capazes de pôr em relevo toda a importância do momento que atravessamos.
18 de março -
Os católicos em face da política. A questão dos católicos da Espanha que
se mostram dispostos a apoiar a República, uma vez extirpadas da Constituição as
leis contrárias aos princípios da Igreja.
15 de abril -
Subtração de valores. Preceituam os marxistas que todos os fatos
sociais, todo progresso e toda decadência, tudo que gira em torno da religião,
da moral, da filosofia, do direito, da ciência e da arte, tudo, enfim, é
conseqüência exclusiva dos fatores econômicos. Entretanto a economia, que se
relaciona com o lado material da vida, é uma grande parcela. Na complexidade da
vida humana, outras parcelas há que, reunidas à economia, vão formar a grande
soma de valores. Na harmonia e fusão desses elementos está o VALOR de um povo. -
Em julho de 1929, a liga dos sem-Deus dirigiu aos trabalhadores, camponeses e
soldados de todo o mundo um manifesto em que se lia esta frase: “Somos
internacionalistas contra Deus, como contra o capital”. - O martírio imposto a
Mons. Budkiewicz, Bispo Auxiliar de Petrogrado.
29 de abril -
Au dessus de la melée... Não nos procuramos envolver na meada da
política partidária brasileira ou paulista. Todo o mundo conhece a nossa
atitude: “fora e acima dos partidos”. Defendendo sempre a ordem e a legalidade,
devemos, isso sim, combater as oposições que apelam para meios revolucionários.
E sempre por questão de princípio. É, portanto, com absoluta isenção de ânimo
que podemos julgar o que se passa "dans la melée" [na refrega].
13 de maio -
O primeiro triunfo. A emenda do preâmbulo da Constituição, invocando o
nome de Deus, foi a primeira a ser aprovada. - Quando estávamos entre a espada e
a parede, surgiu a Liga Eleitoral Católica. Era o ponto de apoio que nos
faltava. E, começando o alistamento eleitoral, a LEC desenvolveu uma atividade
magnífica por todo o Brasil.
13 de maio -
Transcrição do discurso pronunciado na Assembléia Nacional Constituinte em
defesa da instituição da família, especificamente quanto às declarações de
nulidade do casamento
29 de maio -
De vitória em vitória. Os representantes da Liga Eleitoral Católica e
demais deputados que defendem as reivindicações mínimas dos católicos vão
conquistando os seus ideais. Mas eles vão sair da liça, após o triunfo final,
diminuídos, por assim dizer, aos olhos do grande público, porque não houve uma
grande imprensa católica que amortecesse o mau efeito que pouco a pouco a outra
imprensa foi instilando no espírito daqueles que melhor deveriam apreciar os
fatos.
10 de junho -
O
primeiro marco. A Constituinte acaba de aprovar as emendas católicas. É
tempo, pois, que estacionemos por instantes aos pés deste marco de vitória, para
contemplar com olhar saudoso as lutas desta primeira etapa percorrida. Não
cedamos porém ao desejo de fixar nossas tendas neste primeiro Tabor; não façamos
dos louros, hoje, a sepultura gloriosa de nossas energias de ontem. A própria
linha ascensional e íngreme da vereda que acabamos de trilhar nos mostra que são
árduos os caminhos que conduzem às vitórias de Deus. Novas ascensões nos
esperam. Novas tempestades se adensam em horizontes ainda longínquos. Há tocaias
novas ao longo de novos caminhos. Alerta, pois, que vencemos uma batalha e não
uma guerra. Outras batalhas aí estão. O momento é de alegria sã e vibrante.
Longe de nós a indolência emoliente dos que já se dão por satisfeitos. -
Conversando comigo em um momento de lazer, ponderava com razão Alcântara Machado
que a nova Constituição será grande, principalmente pelo que não figura nela.
Retificando de certo modo o juízo do líder, posso dizer que a Constituição é
grande até pelo que nela se deixou de dizer.
24 de junho -
Perspectivas de paz. Tenho medo de que o otimismo ilusório, trazido pelo
imediatismo da paz e da opulência, venha a afastar de Deus os corações que só
nEle encontraram remédio em sua aflição. Agora, é a nós católicos que cabe ainda
a principal tarefa. É necessário que continuemos a falar em reação espiritual, a
pregar austeridade, e combater pela palavra e pelo exemplo, enquanto todos se
voltam, distraídos e satisfeitos, para seus prazeres. É necessário que a
banalidade amesquinhadora da vida normal que vamos trilhar não diminua em nós a
grandeza dos ideais que, ao clarão do incêndio, havíamos entrevisto tão bem.
08 de julho -
Adeus.
Ninguém jamais poderá compreender o que foi para mim a separação de Monsenhor
Pedrosa quando, em maio de 32, partiu para Maredsous. A amizade que lhe votava,
e voto, era muito mais do que um simples afeto humano. Era o enlevo que em mim
despertava sua alma, através da qual, como num vitraux de finíssimo lavor, eu
discernia luzes do Céu... É agora Svend [Kok, colaborador do “Legionário”, que
ingressou então na ordem de São Bento] que parte. É o sacrifício de mais este
amigo caríssimo que Nosso Senhor exige de mim. Mas foi melhor assim. Nada de
humano se misturará a este sacrifício espiritual, onde nada deve ser para nós e
tudo para Nosso Senhor.
08 de julho -
Bastidores à mostra. A Igreja, que sobrevive a todas as idades e a todas
as paixões, não tem interesse em se ligar indissoluvelmente ao passado, ao
presente, ou ao futuro. Mas estudando o passado, auscultando o presente,
preparando o futuro, Ela tem o sincero empenho de retirar da lição dos fatos as
normas de sabedoria que devem orientar os católicos na aplicação de seus
princípios. Se, portanto, o historiador ou o sociólogo católico exalta os
benefícios do passado ou estigmatiza os vícios do presente, ele não deve por
isto permitir que sua atitude seja interpretada como reflexo do suposto
“saudosismo” incorrigível da Igreja. Quanto mais Ela verbera a decadência moral
do século, tanto mais afirma, implicitamente, a integral atualidade de sua ação.
- Escândalos na França e na Alemanha, envolvendo importantes personagens.
08 de julho -
Um homem
/ Enquanto a mulher perde completamente a noção de sua função social e só
pensa em romper os laços que a prendem ao lar para saciar sua sede de aventuras
e de liberdade, o homem vê enfraquecer-se continuamente a fibra do seu
temperamento viril que fazia dele, outrora, o Rei da Criação. É que a
humanidade, divorciada da Igreja, procurou criar um tipo de virilidade próprio.
E o homem forte passou a ser mais raro ainda do que a mulher forte, cujo preço,
entretanto, a Sagrada Escritura diz que se deveria procurar nos confins da
terra... - Como conciliar o seu senso de autoridade com a incomparável
afabilidade e simplicidade de seu trato? De que forma harmonizar, dentro de uma
mesma mentalidade, aquela constante jovialidade e aquela compreensão austera e
profundamente grave e séria de seus deveres? Catolicamente falando, a
autoridade de forma nenhuma se choca com a simplicidade. O homem deixa de ser
simples quando ele quer tornar o direito de governar o próximo um atributo
inerente à sua pessoa. - É só aos pés de Jesus Sacramentado ou de Maria
Santíssima que o apóstolo consegue a fecundidade de seu trabalho. O valor da
colheita não depende tanto do número das sementes, como de sua qualidade. Se
algum apóstolo quiser saber como será julgada sua vida no Tribunal Eterno, não
indague tanto sobre os caminhos que palmilhou ou as gotas de suor que de sua
fronte gotejaram. Indague, sim, das horas passadas de rosário em punho, aos pés
do Tabernáculo.
22 de julho -
A
consolidação. A preocupação dominante das autoridades eclesiásticas é,
no momento, a consolidação da esplêndida vitória que obtivemos na Constituinte
da 2ª República. Devemos repelir uma tendência que pode ter conseqüências
extremamente funestas, e que deriva do otimismo fácil, um dos pecados nacionais
do Brasil.
05 de agosto -
À margem dos acontecimentos. Ainda somos, felizmente, um País que
progride enquanto dormem nossos governos, muito mais do que retrocede enquanto
eles estão acordados. A iniciativa particular desempenha, na economia em geral
de todas as classes sociais, um papel muito mais relevante e mais ativo do que a
iniciativa do Estado. A maioria dos nossos problemas pode ser resolvido com
muito maior vantagem pela iniciativa do indivíduo, porque a natureza oferece,
entre nós, muito maiores recursos à ação particular do que no velho continente
europeu. - Os princípios cardeais de nossa sabedoria social brasileira.
19 de agosto -
Diretrizes
/ Belíssima circular de Dom Duarte Leopoldo e Silva ao clero de sua
Arquidiocese: de uma elegância clássica na forma e de uma energia
militar no fundo, em que o Arcebispo de São Paulo, nesta hora de tremendas
responsabilidades, apontou ao clero e, indiretamente, aos católicos o caminho do
dever. É o Pastor que aparece a indicar, ora com energia de um chefe, ora com
a suavidade de um Pai, a posição desapaixonada e superior que os Ministros de
Deus devem aceitar como consequência inelutável do caráter espiritual da sua
missão. Tal documento confirma uma vez mais as qualidades de tato,
superior visão dos acontecimentos e profunda dedicação à Igreja de nosso
Arcebispo.
02 de setembro -
Um erro
/ Acentua-se o imenso cansaço do Brasil que almeja o advento de um ou alguns
homens capazes de imprimir rumos novos à sua curta e triste história de nação
precocemente envelhecida ao contato com os vícios e os erros da civilização
burguesa. É este, no entanto, o grande erro dos elementos bem intencionados.
O Brasil não precisa de homens, mas de uma Idéia. Esta Idéia, ou este
Ideal é “o Ideal”, o Ideal por excelência, é o Catolicismo em todo o vigor de
sua pujança sobrenatural e no esplendor de sua prática integral.
02 de setembro -
À margem de uma crítica. Na bela crítica que Plinio Barreto faz ao
trabalho de Daniel de Carvalho sobre “Theophilo Ottoni, Campeão da Liberdade”,
mostra o desprestígio em que o liberalismo caiu perante as massas e
principalmente as massas jovens do século XX. - Trecho da critica que P. Barreto
faz ao livro do prócer integralista, Sr. Miguel Reale: "O meu cepticismo sobre
as virtudes de regimes políticos absolutos, sobre a possibilidade de encerrar os
homens de uma nação no cárcere da unidade mental e social, tira a sua seiva da
observação desapaixonada do que tem sido a humanidade na sua misteriosa
peregrinação pela terra". - Resumo fiel e imparcial do pensamento do
agnosticismo democrático. - Há um abismo que separa o integralismo e o
liberalismo, do ponto de vista católico. No entanto, cortando este abismo, há
ainda entre as duas doutrinas antagônicas uma ponte de comunicação. - Não é
verdade que a Igreja nunca tenha realizado a unidade do espírito humano. A Idade
Média realizou, sem dúvida, na Europa, uma unidade cristã, que o cisma russo
reduziu à Europa Ocidental e que a reforma luterana destruiu. A existência de
meteoros que rolam pelo céu, vagabundos e desorbitados, não implica em negação
da existência de um sistema planetário ordenado, que a marcha das estrelas
errantes não pode alterar.
16 de setembro -
Relações Indesejáveis
/ Nada é mais tipicamente burguês do que o desejo
de auferir lucros imediatos com negócios com a Rússia, sem o menor receio da
campanha comunista que imediatamente passará a grassar no Brasil. Nada também é
mais imprevidente e mais míope do que esta inteira indiferença pelo incêndio que
amanhã devorará nossa casa, contanto que possamos, hoje, ornar com mais luxo
nossa sala de visitas.
30 de setembro -
Chapas.
Vivemos em uma democracia, isto é, em um regime em que a opinião pública tem ou
presume ter o direito de governar. Ora, quem diz governo da opinião diz governo
da imprensa. E é a má imprensa que é responsável pela má opinião. - Não é gente
moça nem gente velha que o Brasil quer. O que o Brasil quer é gente boa.
Portanto, ele precisa de uma imprensa que não seja nova ou velha, pouco importa,
mas que seja boa.
14 de outubro -
O Sentido do Congresso de Buenos Aires. Os Congressos Eucarísticos e a
paz das nações: as guerras são sempre frutos de paixões exacerbadas. E, como
entre os indivíduos, a virtude das partes domina os ímpetos do amor próprio e
conserva em harmonia as relações recíprocas, também entre as nações é mister
reine a virtude cristã que impeça os excessos das paixões nacionais. Ora, para
tanto, muito concorrem os Congressos Eucarísticos. Porque neles há uma
consagração da realeza transcendente de Nosso Senhor Jesus Cristo. Reúnem-se
representantes dos mais diversos países para, prostrados, reconhecerem a
soberania suprema do Rei dos reis de quem procede todo o poder na Terra. Este
espetáculo não pode não impressionar os soberanos deste mundo. Não compreenderão
aquela massa enorme de homens diante do que para eles não seja talvez mais do
que um pedacinho de pão; mas sentirão a precariedade de sua soberania,
perceberão que sua autoridade não é absoluta ou ilimitada, mas que deve
curvar-se diante de outra mais excelsa a que peça normas por que se regular. -
Não há uma sociedade abstrata à qual se apliquem normas e reformas sem
considerar os homens que a compõem. Estes são sempre os membros daquela na qual
ingressam todo inteiro, corpo e alma, vícios e virtudes que porventura possuam.
E como os vícios concorrem para a desordem e intranqüilidade, as virtudes são
elementos de ordem e de paz. A paz social depende pois, e muito, da paz interna
de seus membros. Esta só se obterá quando se compenetrem os homens de sua
finalidade extraterrena, sobrenatural e saibam que ela se subordina ao
cumprimento exato de seus deveres para com Deus e para com o próximo.
14 de outubro - Comentando... A paz na América (Latina)
/ É inconcebível que num continente em que a Sagrada Eucaristia é adorada por
todas as nações continue o contraste do troar dos canhões fratricidas, que
dizimam povos bem perto do Trono do Rei dos Reis. Guerra à guerra!
14 de outubro -
Comentando... Combates de tocaia
/ Não há justificativa no recurso à violência, principalmente nos moldes como
ela foi empregada recentemente; apenas se explica a “barbárie” do “credo
vermelho” se este resolveu substituir a força do argumento pela força bruta. -
Quando uma ideia não tem valor intrínseco... de nada valem os campos de
concentração da Sibéria.
28 de outubro -
Três
Rumos. O Brasil é mestre entre os mestres na arte de contemporizar, e há
muitos lustros já que ele vem fugindo ao severo dilema considerado por José
Bonifácio: não caímos ainda no fundo do abismo e nem empreendemos a reação
moralizadora que nos deveria salvar. - Os brasileiros só foram bons republicanos
no tempo da Monarquia e só foram bons monarquistas depois de 15 de Novembro. -
Qual dos rumos tomará o Brasil? O que os católicos escolherem. E só uma condição
se exige de nós para que entremos no uso de tão excelsas prerrogativas: que não
sejamos inferiores à nossa missão.
11 de novembro -
O
Caso das Urnas. Como perigo remoto, o comunismo só pode ser evitado pela
recristianização da sociedade, especialmente no que diz respeito à família e às
relações entre o capital e o trabalho. A inobservância dos preceitos católicos,
neste terreno, vai produzindo um mal estar social crescente que, em futuro menos
próximo, gerará graves comoções sociais. Neste sentido, o perigo comunista é
real, tremendo, indiscutível e só um tolo pretenderá resolvê-lo, na imensa
complexidade dos seus aspectos, a tiro ou a pata de cavalos.
25 de novembro -
Justiça de Salomão. - A questão do anunciado afastamento de Dom Carlos
Duarte da Costa da Diocese de Botucatu. - No seu afã de atrair as simpatias da
Igreja, lembram as alas rubras do PRP e do PC ou suas respectivas imprensas, o
caso das mulheres que disputavam a maternidade de uma criança perante a justiça
de Salomão. Com esta diferença: que no caso atual, qualquer dos contendores
prefere ver rachado ao meio o menino (neste caso a Igreja), a vê-lo em mãos do
adversário. Realmente, pouco se lhes dá o prestigio moral desta Igreja cuja
influência tão vorazmente querem conquistar. Para qualquer deles, membros do PRP
ou do PC, é preferível ver dividida pela espada de uma publicidade escandalosa a
dignidade da Igreja, a permitir que o adversário se possa jactar de lhe ter
monopolizado o prestígio eleitoral. O que nos indigna é que se pretenda invocar
o amor aos interesses da Igreja para justificar tão destemperadas apreciações.
09 de dezembro -
Extremismos. O Ministro da Justiça prepara um projeto de lei contra os
“extremismos”. Católico, exclusivamente católico, é bem clara minha intenção de
me manter rigorosamente alheio a todo e qualquer partido ou “ação” política,
para consagrar todo o meu tempo e toda minha energia, até o menor dos meus
minutos e o último dos meus esforços, pela causa da Igreja. E da sinceridade
desse propósito penso ter dado arras superabundantes, recusando as cadeiras de
deputado que, com tão honrosa insistência, me foram oferecidas pelas maiores
correntes políticas de São Paulo.
09
de dezembro - Krishnamurti. Origens e descrição do teosofismo.
23 de dezembro -
O
Mundo às Avessas. Manifesto da “Frente Única de Luta de todos os
estudantes pela democratização do ensino e pela democracia escolar": seria
ridículo se não estivesse tão evidente sua origem. Raros são os documentos
públicos nos quais esteja tão claramente exposta a ideologia marxista
desorganizadora da sociedade. No valor dado às massas, no ideal de luta, na
inversão hierárquica que preconiza, no espirito de revolta que se nota em suas
linhas, respira-se a mais completa erudição soviética. Nesse sentido ele é um
índice de grande valor; mostra o trabalho lento de sapa a que nossa mocidade é
submetida pelos doutrinadores comunistas.
23 de dezembro -
Pela União dos Católicos. Se o católico é um homem que vive no mundo
como os outros, ele não pode deixar de se voltar para os problemas temporais que
o cercam, especialmente para aqueles que mais de perto dizem respeito ao bem
comum da sociedade. O seu desinteresse pelas mais sérias questões temporais
poderia mesmo acarretar graves prejuízos para a vida religiosa. Mas é preciso
subordinar as atividades de ordem temporal à ordem espiritual e religiosa
representada pela Igreja.