Plinio Corrêa de Oliveira

 

Um erro

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O Legionário, N.º 153, 2 de setembro de 1934

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Sustenta alguém que os políticos paulistas precisam contratar uma missão mineira para os iniciar nos segredos da estratégia política, como a missão francesa ensinou à nossa Força Pública os segredos da estratégia militar.

Agora, mais do que nunca, se patenteia a inteira procedência do conselho impertinente.

Não sabemos, realmente, qual o pensamento dos próceres peceistas ou perrepistas a respeito da campanha de mútua difamação a que eles procedem diariamente, nas colunas de nossos diários.

Se, porém, eles quisessem auscultar a opinião pública, isto é, o pensamento daquela grande massa da população que não está presa às paixões partidárias pelos laços do interesse ou do parentesco, estamos certos de que se encheriam de desgosto.

Efetivamente, os dois grandes partidos estão gastando suas reservas de prestígio perante a opinião. As difamações com que se bombardeiam, em lugar de se neutralizarem uma à outra, se somam. E o grande público vai se habituando a aceitar como certos, ou ao menos como prováveis, os aleives partidos de qualquer dos lados da barricada.

Com isto, se acentua o imenso cansaço do Brasil, que, mais do que nunca, almeja o advento de um ou alguns homens capazes de imprimir rumos novos à sua curta e triste história de nação precocemente envelhecida ao contato com os vícios e os erros da civilização burguesa.

E a tal ponto se tornou veemente esta aspiração, que as expressões de “carcomido”, “renovação de quadros”, “mentalidade nova”, etc., passaram à categoria dos mais surrados chavões.

É este, no entanto, o grande erro dos elementos bem intencionados.

Não é de um ou de alguns homens, que devemos esperar a salvação do Brasil.

Um país que se deixe guiar por movimentos meramente personalistas é um país que caminha muito longe de sua salvação.

O Brasil não precisa de homens, repito; o Brasil precisa de uma Ideia.

Esta Ideia, ou este Ideal que intencionalmente escrevemos com “I” maiúsculo, não precisamos dizer aos leitores do “Legionário” qual seja. Não é propriamente “um Ideal”, mas “o Ideal”, o nosso Ideal, o Ideal por excelência, é o Catolicismo em todo o vigor de sua pujança sobrenatural, e no esplendor de sua prática integral.

Reservamo-nos para, na próxima nota, mostrar até que ponto, quer no tocante aos seus problemas psicológicos, quer no que se relaciona com suas questões políticas, administrativas e até econômicas, a famosa “realidade brasileira” reclama a aplicação urgente do Catolicismo.


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