Capítulo IV

 

 

As Metamorfoses do

 

Processo Revolucionário

 

 

 

 

 

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Como se depreende da análise feita no capítulo anterior, o processo revolucionário é o desenvolvimento, por etapas, de certas tendências desregradas do homem ocidental e cristão, e dos erros delas nascidos.

Em cada etapa, essas tendências e erros têm um aspecto próprio. A Revolução vai, pois, se metamorfoseando ao longo da História.

Essas metamorfoses que se observam nas grandes linhas gerais da Revolução, se repetem, em ponto menor, no interior de cada grande episódio dela.

Assim, o espírito da Revolução Francesa, em sua primeira fase, usou máscara e linguagem aristocrática e até eclesiástica. Freqüentou a corte e sentou-se à mesa do Conselho do Rei.

Depois, tornou-se burguês e trabalhou pela extinção incruenta da monarquia e da nobreza, e por uma velada e pacífica supressão da Igreja Católica.

Logo que pôde, fez-se jacobino, e se embriagou de sangue no Terror.

Mas os excessos praticados pela facção jacobina despertaram reações. Ele voltou atrás, percorrendo as mesmas etapas. De jacobino transformou-se em burguês no Diretório, com Napoleão estendeu a mão à Igreja e abriu as portas à nobreza exilada, e, por fim, aplaudiu a volta dos Bourbons. Terminada a Revolução Francesa, não termina com isto o processo revolucionário. Ei-lo que torna a explodir com a queda de Carlos X e a ascensão de Luís Felipe, e assim por sucessivas metamorfoses, aproveitando seus sucessos e mesmo seus insucessos, chegou ele até o paroxismo de nossos dias.

A Revolução usa, pois, suas metamorfoses não só para avançar, como também para operar os recuos táticos que tão freqüentemente lhe têm sido necessários.

A Espanha é um exemplo característico das metamorfoses de que a Revolução pode ser capaz de operar em um determinado país a fim de obter seus objetivos. A capa do livro de TFP-Covadonga (lançado em 1988), reproduzida com adaptações por "Catolicismo" em sua edição de julho de 1988, é muito eloquente. Indica, estilizadamente, duas formas de intervenção: uma cirurgia facial para mudar a fisionomia política, social e econômica da Espanha (são as reformas estruturais) e uma psico-cirurgia destinada a extirpar uma mentalidade e substituí-la por outra, per diametrum oposta.

Por vezes, movimento sempre vivo, ela tem simulado estar morta. E é esta uma de suas metamorfoses mais interessantes. Na aparência, a situação de um determinado país se apresenta como inteiramente tranqüila. A reação contra-revolucionária se distende e adormece. Mas, nas profundidades da vida religiosa, cultural, social, ou econômica, a fermentação revolucionária vai sempre ganhando terreno. E, ao cabo desse aparente interstício, explode uma convulsão inesperada, freqüentemente maior que as anteriores.

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