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Plinio Corrêa de Oliveira
Guerreiros da Virgem
A Réplica da Autenticidade
A TFP sem segredos |
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Capítulo VIIA castidade antes do casamento, uma imposição arbitrária da TFP?Uma das componentes da crise do sr. JAP concerne à castidade.
1. A castidade segundo o estado, um preceito da Lei de DeusA esse respeito, é preciso notar antes de tudo que, para o mocinho que ele fora, e para o moço em que o curso do tempo o transformou ao longo da sua permanência na TFP, a castidade pré-matrimonial constituía um dever de consciência. O sexto Mandamento da Lei de Deus diz expressamente: "Não pecarás contra a castidade", com o que fica vedado a todo católico, do sexo masculino como do feminino, qualquer ato, pensamento ou desejo impuro, e em particular qualquer relação sexual fora dos laços sagrados do matrimônio. E mesmo neste último estado, o preceito da castidade permanece, se bem que com peculiaridades específicas. Em razão do que a Moral católica cunhou a expressão "praticar a castidade segundo o estado" de vida. Isto posto, o sr. JAP, durante o período de sua permanência na TFP, devia guardar a castidade, não em virtude de um arbitrário preceito da TFP, mas por força da Lei de Deus. Sem dúvida, a TFP procura ajudar os jovens a observarem a virtude da pureza, uma virtude árdua e difícil, contra a qual se rebela a natureza humana decaída por efeito do pecado original. Daí se poder dizer que um homem casto constitui - na ordem moral - um milagre. Mas, por paradoxal que pareça, com a ajuda da graça que Deus não nega a ninguém, e numa ordem de coisas cristã, o homem casto é um milagre freqüente. Desde que, bem entendido, ele queira realmente ser casto, reze, seja vigilante e tenha o cuidado de se manter rigorosamente afastado das ocasiões próximas de pecado. E obtida assim a castidade habitual, é normal que o varão casto se sinta estável nessa virtude, tendo entretanto bem presente a advertência de São Paulo: "Qui se existimat stare videat ne cadat (“Aquele que julga estar de pé, tome cuidado para não cair” - I Cor. X, 12). Exceto se Deus, em sua sabedoria infinita, dispuser que ele passe por tentações, por vezes até tormentosas, ao longo das quais se acrisola ainda mais a sua fortaleza, e lhe é dado expiar pelos outros ou quiçá por desordens da sua própria vida passada. Essa estabilidade lhe dá no interior da alma um equilíbrio e um bem-estar que constituem um prêmio, já nesta vida, pela batalha moral em que foi vencedor. Se, porém, o homem diminui na oração ou na vigilância, e entra no caminho funesto das pequenas concessões à impureza, nada se lhe torna mais difícil do que manter a castidade. Daí, precisamente, certas regras de procedimento costumeiras nos meios católicos antes do atual processo de autodemolição por que passa a Santa Igreja, do qual falou Paulo VI (cfr. Alocução aos alunos do Seminário Lombardo, 7 de dezembro de 1968, Insegnamenti di Paolo VI, Tipografia Poliglotta Vaticana, vol. VI, p. 1188). Essas regras, que o sr. JAP viu praticadas na TFP, ele as distorce e interpreta, de modo tolo ou malévolo, como se constituíssem sintomas de aversão à mulher enquanto tal (GV pp. 42-43)[1]. Por mais que a mentalidade e os costumes modernos sejam avessos a tal, uma efetiva prudência no convívio entre pessoas de sexo diferente constitui uma das características básicas da civilização cristã. E, no que diz respeito ao estado religioso, que é o estado de perfeição, os Fundadores de Ordens e Congregações têm chegado a minúcias e rigores, no tocante às relações de seus Religiosos com pessoas de outro sexo, capazes de desconcertar os espíritos sensuais e permissivistas de nossos tempos. “Entre Santa e Santo, muro de cal e canto”, diz uma velha máxima portuguesa. E outra encarece de modo prazenteiro: “Santo e Santa, nem sequer no mesmo altar”. Sobre as disposições da Moral católica tradicional referentes à vigilância nas relações entre os sexos, seria um não mais acabar, se se citasse aqui tudo quanto dizem os moralistas ortodoxos. Que a TFP recomende, pois, a seus sócios e cooperadores, todo o cuidado nesta matéria, dissuadindo-os de freqüentar piscinas mistas, praias, locais de dança, casas em que os trajes imorais das jovens ou a continuada reunião de todos diante da televisão, aberta imprudentemente a toda e qualquer forma de programação, podem pôr facilmente em risco a pureza deles: nada há nisto de estranhável, por mais que não o compreenda o sr. JAP, continuamente minado por sua divisão pusilânime entre a castidade e a impureza. Mas, dir-se-á, aferrada a essa moralidade perempta[2], a TFP recusa a arejada liberação moral ocorrida na Igreja durante o período pós-conciliar? A Moral católica, que se funda toda nos preceitos contidos na Revelação, não pode mudar ao sabor dos tempos. Lembrou-o ainda recentemente S.S. João Paulo II, durante sua conturbada viagem à Holanda. Em Amersfoort, no dia 14 de maio último, dirigiu as seguintes palavras aos jovens: “O Evangelho, na verdade, nos apresenta um Cristo muito exigente, que convida à radical conversão do coração (cfr. Mc. I, 5), ao desapego dos bens terrenos (cfr. Mt. VI, 19 a 21), ao perdão das ofensas (cfr. Mt. VI, 14 ss.), ao amor aos inimigos (cfr. Mt. V, 44), a suportar pacientemente as afrontas (cfr. Mt. V, 39 ss.) e até ao sacrifício da própria vida por amor do próximo (cfr. Jo. XV, 13). Particularmente, no que concerne à esfera sexual, é notória a firme posição por Ele tomada em defesa da indissolubilidade do matrimônio (cfr. Mt. XIX, 3 a 9) e a condenação proferida também diante do adultério ainda que só de coração (cfr. Mt. V, 27 ss.). E como não ficar impressionado com o preceito de ‘arrancar o olho’ ou ‘cortar a mão’, se tais partes do corpo forem ocasião de ‘escândalo’ (cfr. Mt. V, 29 ss.)? “Diante destas precisas referências evangélicas, é realístico imaginar um Cristo ‘permissivo’ no campo da vida matrimonial, em matéria de aborto, das relações sexuais pré-matrimoniais, extra-matrimoniais ou homossexuais? Certamente permissivista não foi a primitiva comunidade cristã, instruída por aqueles que tinham conhecido pessoalmente a Cristo. Basta aqui reportar-se às numerosas passagens das epístolas paulinas que tratam dessa matéria (cfr. Rom. I, 26 ss.; Cor. VI, 9; Gal. V, 19 etc.). Às palavras do Apóstolo não faltam certamente clareza e rigor. E são palavras inspiradas pelo Alto. Elas permanecem normas para a Igreja de todos os tempos. À luz do Evangelho, ela ensina que cada homem tem direito ao respeito e ao amor. O homem tem importância! Em seu ensino, a Igreja nunca pronuncia um juízo sobre pessoas concretas. Mas, a nível dos princípios, ela deve distinguir o bem do mal. O permissivismo não torna os homens felizes. Tampouco a sociedade de consumo traz a alegria de coração. O ser humano só se realiza na medida em que aceita as exigências que lhe vêm de sua dignidade de ente criado à ‘imagem e semelhança de Deus’ (Gen. I, 27). “Portanto, se hoje a Igreja diz coisas que não agradam, é porque ela se sente na obrigação de o fazer. Ela o faz por dever e lealdade. Seria, em realidade, muito mais fácil ater-se a generalidades. Mas às vezes ela sente o dever de, em conformidade com o Evangelho de Jesus Cristo, manter os ideais em sua máxima abertura, embora com o risco de ter que desafiar as opiniões correntes. “Não é, então, verdade que a mensagem evangélica seja uma mensagem de alegria? Ao contrário, é muito verdadeiro! E como é possível? A resposta está em uma só palavra, uma palavra curta, mas de conteúdo vasto como o mar. Esta palavra é: amor. O rigor do preceito e a alegria de coração podem conciliar-se perfeitamente entre si, se a pessoa que age é movida pelo amor. Quem ama não teme o sacrifício. Pelo contrário, ela procura no sacrifício a prova mais convincente da autenticidade do seu amor” (“L’Osservatore Romano”, 16-5-1985). 2. A culposa divisão interna do sr. JAP – “Quem ama o perigo nele perecerá”De qualquer forma, a luta pela pureza é árdua, máxime em nossos dias. A castidade é cada vez menos compreendida, e é objeto de campanhas de escárnio, que tocam várias vezes no feroz. Exemplo disso é o caso referido pelo próprio sr. JAP, das três jovens que cursavam com ele o mesmo colégio, e certo dia o cercam com provocações lascivas. Isto, mais as solicitações da carne, de cuja violência o sr. JAP se gaba numa descrição despudorada (e até algum tanto envaidecida) de um ato de masturbação, e que transparece também em outros tópicos do livro, faz ver que seus bons propósitos nessa matéria eram precários, quase se diria esporádicos (GV pp. 20, 40-41, 89 a 94 e 186 a 194). Dividia-o a luta entre a lei da carne e a lei do espírito: “Vejo nos meus membros uma outra lei que se opõe à lei do meu espírito, e que me faz escravo da lei do pecado, que está nos meus membros” (Rom. VII, 23). Mas em vez de fazer prevalecer a lei do espírito sobre a lei da carne, por meio da resolução séria, firme, heróica de se manter puro, é patente em sua própria narração que ele dava um semiconsentimento freqüente, ou até mais ou menos habitual, e por vezes mesmo confessado, às solicitações da carne. A estas últimas, jamais deixara ele de conceder molemente certa cidadania em seus afetos, em seus sonhos, em suas nostalgias, e, pois, inevitavelmente, em suas esperanças. Influenciado evidentemente pela teoria freudiana de que a repressão está na raiz das neuroses, ele parece ver no ensinamento da TFP sobre a pureza, acima exposto, algo intrinsecamente favorecedor dos desequilíbrios nervosos. Mas, evitando entrar em conflito direto com a doutrina oficial da Igreja nesta matéria - que a TFP não faz senão repetir - inculpa esta entidade por todos os problemas nele causados pela luta em prol da pureza. Procedimento que é impossível não qualificar de desleal. Ora, o grande culpado das tensões e dos distúrbios nervosos a que se refere o sr. JAP não é a TFP, nem muito menos a Igreja. Pelo contrário, esse culpado é ele próprio. Com efeito, quanto mais o católico que deseje ser puro faz concessões à impureza, tanto mais esta última vai exercendo sobre ele uma atração tempestuosa. A cada concessão recrudesce a luta, seguida normalmente por concessões ainda maiores. Estados de espírito como esse infelizmente não são raros entre as criaturas humanas. E os genuínos moralistas católicos não se fartam de realçar todo o risco que eles trazem para a alma. “Quem ama o perigo nele perecerá”, diz a Sagrada Escritura (Eccli. III, 27). Esta frase resume toda a história da “luta” que o sr. JAP conduziu para se manter puro. E lhe explica o fracasso final. Ele simpatizou com o perigo, amou-o... e por fim, por sua própria culpa, nele pereceu. Esta síntese de sua vida moral é infelizmente a própria síntese banal das catástrofes morais que aos milhares, aos milhões, se desenrolam nos torvos e convulsionados dias em que vivemos. Que o sr. JAP tenha rezado muito para obter as graças necessárias à sua situação, ele o afirma, deixando entender que o Céu foi surdo a suas preces. Não espanta. Pois Deus rejeita a oração oferecida nas condições espirituais em que se descreve o sr. JAP: “Não ofereças ao Senhor donativos defeituosos, porque Ele não os receberá” (Eccli. XXXV, 14). E o profeta Isaías adverte: “Ouvi a palavra do Senhor, ó príncipes (que imitais os reis) de Sodoma, escuta a lei do nosso Deus, ó povo (semelhante ao) de Gomorra. De que me serve a mim a multidão das vossas vítimas? diz o Senhor. Já estou farto delas. .... Não ofereçais mais sacrifícios em vão. .... A minha alma aborrece as vossas calendas e as vossas solenidades; elas tornaram-se-me molestas, estou cansado de as suportar. E quando estenderdes as vossas mãos, apartarei de vós os meus olhos; e quando multiplicardes as vossas orações, não as atenderei. .... Lavai-vos, purificai-vos, tirai de diante dos meus olhos a malícia dos vossos pensamentos, cessai de fazer o mal, aprendei a fazer o bem, procurai o que é justo, socorrei o oprimido, fazei justiça ao órfão, defendei a viúva. E então vinde, e argüi-me (se eu não vos tratar com misericórdia), diz o Senhor” (Is. I, 10 a 18). Não basta, pois, a mera oração. Sem a cooperação do homem, não há perseverança na virtude. Por isso disse Santo Agostinho: “Qui creavit te sine te, non salvabit te sine te” – “Aquele que te criou sem teu concurso, não te salvará sem o teu concurso”. É óbvio que um estado de divisão interna como o do sr. JAP pode ser nocivo aos nervos. Mas a causa dessa divisão não está no 6º Mandamento da Lei de Deus. Está, sim, nas hesitações culposas, dilacerantes e psiquicamente desgastantes, nas transgressões desse Mandamento, em que, tudo, o sr. JAP consentia, e que cada vez mais lhe minavam os bons propósitos. A ação da TFP se limitou a apoiar-lhe, quanto possível, a vontade cambaleante, ajudando-o - na medida em que ele o quisesse - a recompor em si a unidade interior comprometida pelas indecisões dele. Essa ajuda, o sr. JAP jamais a aceitou por inteiro, e a foi recusando cada vez mais. Do ponto de vista da Moral católica - não é demais repetir - esta é a história típica e corriqueira de uma triste decadência espiritual. 3. A TFP recomenda o celibato aos seus sócios e cooperadores que livremente o queiram, porém de modo nenhum o impõeAlém do mais, aos 21 anos, o sr. JAP estava livre, segundo as normas do Direito Civil brasileiro, para procurar esposa, e se casar. E já aos 18 anos teria podido fazê-lo, desde que conseguisse autorização paterna ou emancipação[3]. Porém não o fez, movido pela veleidade de conservar o celibato sem renunciar de todo às suas pusilânimes concessões. Por que preferiu ele “abrasar-se” a “casar-se”[4], deixando de contrair castas núpcias, a partir do momento em que lho facultavam as leis de Deus e as do Estado? Pressão da TFP? Antes de tudo convém ponderar que havia na TFP, nos tempos do sr. JAP, e as há inclusive em posições do maior realce, pessoas casadas. E que haviam contraído casamento depois de pertencerem à TFP, ou ao “grupo do Legionário” ou ao “grupo do Catolicismo”, núcleo inicial do qual esta última germinara. O celibato nunca foi, nesta Sociedade, uma condição absoluta e sem exceções, como muitos imaginam. A TFP por certo favorece a livre opção de seus sócios e cooperadores por esse estado, como mais excelente do que o de casado. E nisto ela age bem. Pois é louvável entre cristãos aconselhar o mais perfeito[5]. Porém jamais quis impor a permanência no celibato a pessoas que não enfrentassem com a necessária generosidade a dura batalha da pureza. Ou que simplesmente se sentissem atraídas para o estado conjugal. Nem possui ela meios para o impor. Tudo isto tem alcance para a análise dos últimos lances da novela autobiográfica do sr. JAP. A partir do momento em que sua crise interior tomou certas proporções, o “Senhor Leonardo” foi o primeiro a lhe aconselhar que pedisse dispensa das promessas que fizera[6] e retornasse a Londrina, sua cidade natal. O que eqüivalia, in concreto, a pôr cordialmente diante de seus olhos, como solução normal, a opção em favor do casamento. Durante seu longo processo de reintegração nos ambientes extrínsecos à TFP (GV pp. 181 a 197), esta lhe manteve, largamente abertas, as portas para o retorno. Porém em nenhum momento exerceu sobre ele a menor pressão nesse sentido. E a ruptura dele com a TFP só se deu quando ele quis. Isto é, quando, minado pelas dúvidas e desencantos, e, de outro lado, pelos anseios de uma prática sexual que, pelo menos de momento, não dava sinais de voltar-se para o casamento, entendeu de encerrar suas relações com a TFP. Daí a cena final de seu livro, quão censurável, que se passa num prostíbulo de Londrina, por ele descrita em todos os pormenores (GV pp. 190 a 193). 4. As dúvidas e os desencantos do sr. JAP“Cumpre viver como se pensa, sob pena de, mais cedo ou mais tarde, acabar por pensar como se viveu” - é a observação sagaz do romancista e membro saliente da Academia Francesa de Letras, Paul Bourget, o qual se destacou, não só por seu estilo literário, como por sua penetração psicológica (cfr. Le Démon de Midi, Plon, Paris, 1914, vol. II, p. 375). Dividido, de modo inicialmente esporádico e depois contínuo, no que diz respeito aos propósitos de pureza, o sr. JAP não poderia conservar em relação à TFP o entusiasmo íntegro que de início lhe votara. Vieram os desencantos e as dúvidas. O que fez a TFP para remediá-los? De que ajuda lhe foi ela para evitar, ou pelo menos para atenuar essa divisão interior que o levaria a uma crise nervosa? A esse propósito, é preciso ter em vista a peculiaríssima estrutura psicológica do sr. JAP, no qual as sensações e as emoções preponderam de muito sobre o raciocínio. De sorte que o inopinado dos fatos e das sensações, postos em interação num cadinho interior aquecido pelo fogo do subjetivismo mais característico, fazem com que ele seja impenetrável, nas fases de crise, a qualquer olhar, bem como a qualquer ação vinda de fora. Nessa última fase, muito pouco foi possível fazer por ele. E o que foi feito, infelizmente, de nada aproveitou ao sr. JAP. Pois até as comovedoras graças por ele recebidas ante a Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima[7] não o demoveram de sua recusa. Em um só ponto se revela sem vacilações sua infeliz alma vacilante: é em nunca abandonar o vício da vacilação pusilânime, por mais insistentes que fossem os apelos da graça. * * * Bem entendido, consideradas em bloco as refutações ao sr. JAP contidas neste capítulo, pelo fato mesmo de se basearem na doutrina católica, colidem frontalmente com as concepções materialistas e deterministas sobre psicologia e psiquiatria, de que Freud foi, em fins do século passado e em primórdios deste século, o pioneiro e o “profeta” (cfr. MIGUEL BECCAR VARELA e EDWALDO MARQUES, O pensamento de Freud no livro “Guerreiros da Virgem” do sr. José Antônio Pedriali). Mas esta colisão transcende de muito o quadro da presente refutação. Fique o sr. JAP com Freud e os que o seguiram, ou com os que, contestando-lhe embora amplamente o pensamento, não recusam a herança naturalista e determinista que ele lhes deixou. Da nossa parte, ficamos com a doutrina católica, na qual se inspira a atuação da TFP. [1] A acusação de nutrir a TFP essa pretensa aversão às mulheres é tanto mais improcedente quanto é do conhecimento geral que a TFP vem contando, a partir do início da década de 70 e cada vez mais, nos últimos anos, com a preciosa colaboração de correspondentes do sexo feminino. No último Encontro Nacional de Correspondentes da TFP, realizado em São Paulo de 2 a 4 de agosto p.p., dos 1418 participantes inscritos, 801 eram do sexo feminino. [2] Enganam-se os que pensam que o mundo rola para o abismo da imoralidade sem reações saudáveis, e até admiráveis. Sobre tais reações nos Estados Unidos de nossos dias, cfr. Valores familiares ganham impulso e Combate à imoralidade e drogas, in “Catolicismo” nos 368-370, de agosto/outubro de 1981. [3] A lei civil brasileira proíbe que se casem os sujeitos ao pátrio poder; com autorização paterna, porém, permite o casamento do jovem aos 18 anos, e o da moça aos 16. [4] "Digo aos não casados e às viúvas que lhes é bom permanecerem assim, como também eu. Mas se não se contêm, casem-se. Porque é melhor casar-se, do que abrasar-se" (I Cor. VII, 8-9). [5] É esse o ensinamento do Apóstolo São Paulo: “Estás livre de mulher? Não busques mulher. Mas, se tomares mulher, não pecaste. E se uma virgem se casar, não pecou; todavia estes terão tribulação da carne. E eu quisera poupar-vos a ela” (I Cor. VII, 27-28). Pio XII, na Encíclica Sacra Virginitas, de 25 de março de 1954, desdobra esse ensinamento: “A castidade perfeita é matéria de um dos três votos constitutivos do estado religioso (cfr. CIC can. 487) e é exigida aos clérigos da Igreja Latina admitidos às Ordens Maiores (cfr. CIC can. 132 § 1) e também aos membros dos Institutos Seculares (cfr. Const. Apost. Provida Mater, art. III, § 2; AAS, vol. XXXIX, 1947, p. 121). Mas é igualmente praticada por grande número de simples leigos: homens e mulheres há que, sem viverem em estado público de perfeição, fizeram entretanto o propósito ou mesmo o voto privado de se absterem completamente do matrimônio e dos prazeres da carne, para mais livremente servirem ao próximo, e mais fácil e intimamente se unirem a Deus. “Dirigimo-Nos com o coração paterno a todos e a cada um destes diletíssimos filhos e filhas que de algum modo consagraram a Deus corpo e alma, e os exortamos vivamente a confirmarem sua santa resolução e a pô-la em prática com diligência” (AAS, vol. XLVI, p. 163). Ensinamento precioso para desfazer o tolo preconceito de muitos que pensam ser a castidade perfeita aconselhável só para quem receba a graça insigne da vocação sacerdotal, ou o santo chamado para o estado religioso. [6] Promessas, note-se, e não votos, como narra incorretamente o sr. JAP na p. 181 de Guerreiros da Virgem. Aliás, também o que ele narra a respeito desses “votos” nas pp. 170-171 está repleto de incorreções. O assunto dos votos na família de almas da TFP foi amplamente explanado no citado livro de ATILA SINKE GUIMARÄES, Servitudo ex caritate, Artpress, São Paulo, 1985, pp. 176 a 183, 223 a 230 e 262 a 268. [7] No ano de 1973 o sr. JAP conheceu em São Paulo, na sede da TFP, a Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima que vertera lágrimas em Nova Orleans (EUA). Do que então observou na Imagem, e do que em seguida se passou de excelente em sua alma, faz ele uma bela descrição (GV pp. 137 e 138-139). A leitura de sua narrativa dá a impressão de que se tratou de verdadeiras graças sobrenaturais. Mas, infelizmente, não correspondidas por ele. De sorte que, grosso modo, sua caminhada para o abismo continuou inalterada.
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