"Informando, Comentando,
Agindo", nº 51, maio-junho de 1995
Entrevista
sobre alguns aspectos da TFP
Fala ao ICA um homem muito
influente na vida cultural e política do País
Plinio Corrêa de Oliveira
No decorrer de importante defesa de tese
para mestrado, pelo Prof. Lisânias de Souza Lima, ante uma banca examinadora da
Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo, o Prof. Cândido Procópio
Ferreira de Camargo argüía o candidato sobre a tese deste, intitulada Plinio
Corrêa de Oliveira, um Cruzado do Século XX, quando afirmou: "O Sr.
escolheu [para sua tese] .... um personagem que exerceu e exerce um papel
significativo na vida cultural e política do País". A arguta observação do
ilustre examinador explica o empenho do ICA em tornar conhecidos a nossos
leitores vários aspectos da presente ação da TFP, toda ela inspirada e dirigida
pelo Presidente de seu Conselho Nacional.
Informando Comentando Agindo – Como explicar que a TFP tenha tão
considerável influência no Brasil, apesar de ela estar em oposição a tantas
idéias geralmente tidas por atuais?
Plinio Corrêa de Oliveira: –
Foi sendo criado, infelizmente, no mundo moderno, um ambiente em que os maus
começaram a desprezar os bons, e estes não tiveram coragem de enfrentar a
situação e retribuir esse desprezo com altivez cristã e energia.
Muitos católicos
tradicionais, por exemplo, se deixaram amesquinhar, diminuir, e isto foi o pior
de tudo. Que os bons fossem menos numerosos não seria tão prejudicial, caso
fossem mais ufanos, tivessem mais galhardia, mais santa altivez de sua posição.
Pois bem, é dessa galhardia
que a TFP procura dar exemplo. Seus estandartes simbolizam essa sobranceria. É
como se afirmassem: Graças a Deus, defendo os valores básicos da civilização
cristã, Tradição, Família e Propriedade. Os desvios do mundo atual, eu os
denuncio, com base em razões proclamadas de cabeça erguida e peito aberto.
Ademais, isso é o que todo o
modo de ser dos tefepistas indica: as capas rubras e os estandartes, como os
cânticos, a fanfarra e tudo o mais, fazem repercutir, nas cidades
contemporâneas, já tão fortemente paganizadas, a ufania de defendermos a
civilização cristã.
E isso produz sobre a opinião
pública um choque vivificante e salutar que simboliza a contra-ofensiva do bem.
Certamente o Sr., que me faz essa pergunta, já conheceu em sua vida muita gente
boa, mas que tinha menos força de vontade e menos altivez em ser boa do que os
maus em serem maus. Pois, infelizmente, nos dias de hoje, os bons
freqüentemente são murchos, acanhados, sem coragem. E os maus, pelo contrário,
costumam ser audaciosos.
ICA – O Sr. certamente sabe que correm por aí coisas contra a TFP...
PCO: – O Sr. diz bem
"correm por aí". E o Sr. vê então a que situação minguada está
reduzida a ofensiva dos adversários da TFP. Quando eles atacam de frente a
nossa entidade, respondemos de frente. É só compulsar nossos numerosos livros,
publicações em jornais etc. E nossas respostas são sempre apoiadas em sólidos
argumentos. Os adversários ficam sem ter o que replicar. Por isso, tornou-se raro
a TFP ser atacada de frente. Nossa Senhora nos tem ajudado, de modo a sempre
demonstrarmos cabalmente a harmonia de nossas posições com a doutrina
tradicional da Igreja.
ICA – A TFP é muito conhecida, mas ela aparece pouco nos jornais, no
rádio, na televisão...
PCO: – A campanha de silêncio
contra a TFP é uma coisa evidente. A mídia, de modo geral, pouco ou nada
publica sobre a TFP, e, quando o faz, via de regra, é para falar mal. Quando
revidamos, os atacantes se calam.
Ora, apesar desse silêncio, a
TFP é conhecidíssima. Note que nenhum político, para alcançar notoriedade,
aceitaria essa luta nas condições em que a trava nossa entidade. Nós
realizamos, alto e bom som, campanhas de contato direto com o público para
difundir nossos ideais. E percorremos o País todo, mediante caravanas
contínuas, para que o Brasil inteiro tome conhecimento da luta empreendida pela
TFP. E vamos à rua ou à praça pública com capas, estandartes e fanfarra. O
resultado é que a Nação inteira nos conhece.
ICA – O que o Sr. considera
ser a ação mais eficaz da TFP?
PCO: – Nossa simples presença
no panorama nacional deixa furiosos os que desejam conduzir para a frente o
processo de caotização do País. Só o fato de a TFP existir e estar de pé
representa um obstáculo para eles.
A TFP se levanta, faz suas
denúncias e diz as coisas como são. E a marcha para o caos fica obstada, a
esquerda anda devagar.
ICA – Bem, Professor, as forças da esquerda andam devagar, é verdade,
mas, no final, chegam ao seu termo.
PCO: – Não é verdade. Diminuindo
sua velocidade, essas forças vão perdendo sua força de impacto.
Exemplo característico disso tem ocorrido nas eleições.
Vários comunistas se fizeram eleger, mas camuflados, emboscados em outras
legendas partidárias que não a comunista. Pois o rótulo comunista tornou-se
odioso no Brasil, a ponto de que, tendo-o percebido o PCB, chegou a mudar de
nome. E tal disfarce tem se repetido em eleições mais recentes.
Mesmo agora, no que se refere
à Reforma Agrária que sempre foi uma bandeira comunista por excelência. Certos
defensores enragés dela têm preferido dar-lhe o nome de democratização
da terra, percebendo quanto seu antigo rótulo a tornou impopular. Ora, o papel
da TFP em mostrar os males da Reforma Agrária para o Brasil é absolutamente
ímpar. Isso ninguém o nega.
Assim, os esquerdistas, ao
avançar, têm de fazê-lo devagar. E nesse caminhar passo a passo, vão perdendo
seu élan. Eles gostariam que fosse viável a existência de um partido comunista
com sua doutrina marxista claramente exposta, a qual fosse ganhando a adesão de
todos para, ao final, impor-se ao País. Isso eles não conseguem mais. Então
apelam para o caos, em cujas névoas ninguém exposa doutrina clara e coerente,
ninguém pensa nada. E é à sombra desse caos que eles, hoje em dia, vão tentando
impor um comunismo velado.
Tal atitude consiste numa
prova de que os comunistas chegam ao fim do caminho com muito menos ênfase do
que se poderia pensar. A esse propósito, convém acentuar um ponto importante:
nosso povo está bem alertado para tudo isso. A TFP tem denunciado largamente
tal embuste através de campanhas públicas, dentre as quais convém salientar a
atuação de suas caravanas, que, com heróica abnegação, há 25 anos vêm
percorrendo o território-continente brasileiro em todas as direções.