Santo do Dia, 15 de agosto de 1981 — Sábado
A D V E R T Ê N C I A
O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.
Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:
“Católico apostólico romano, o autor deste texto se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto, por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.
As palavras “Revolução” e “Contra-Revolução”, são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu livro “Revolução e Contra-Revolução“, cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de “Catolicismo“, em abril de 1959.
Os símbolos da TFP indicam, medem a pulsação do Reino de Maria. E nossos adversários o sentem, e essas pulsações são tão fortes que cada pulsação é para eles uma pancada. De tal maneira que eu recebi pedidos durante o estrondo [publicitário de 1975, n.d.c.] que insinuavam isso: “quer parar o estrondo? Desista da capa e do estandarte, você terá imediatamente tranquilidade e terá segurança para a TFP”…
E eu pensava de mim para comigo: segurança e tranquilidade, e boca amarrada… “mais vale a pena morrer do que viver numa terra devastada e sem honra”! Arrisque-se a TFP, mas nenhum símbolo seja por ela renegado.
Os senhores podem tomar os vários símbolos. Eu considero talvez, o menos para nós, talvez – uma coisa um pouco pessoal – o menos expressivo deles, os senhores tomem um fuste de estandarte da TFP.
Os senhores já pensaram a mentalidade do homem contemporâneo, quase que por definição impuro, quando ele olha para os estandartes e percebe no alto que se abre uma flor de lis heráldica! Um enorme estandarte, no alto uma flor de lis, digna que resplandece ao sol, mas olha contra a impureza. Que pancada… !
Pensem num homem devastado pela impureza que se sente arrasado pelo nojo que ele tem de si mesmo. Está sentado à janela de sua casa e ouve uma barulheira na rua. É a TFP que passa, e ele vê pela janela do andar de cima apenas uma coisa: é um fuste alto com uma flor de lis dourada… bem como são as nossas flores de lis: douradas, não magrinhas, mas robustas, fortes e depois com aquele pistilo perpendicular, régio e a cortesania das duas pétalas; “soberania” afirma o pistilo central; “hierarquia” afirmam as pétalas laterais.
Como é adequado o dourado! Dourado por quê? Porque evidentemente, sendo a cor que simboliza o esplendor régio, convém a essa pureza que deve governar o mundo.
Isso é o menos penetrante dos nossos símbolos. Vou lhes dizer mais: talvez, a pureza lhes venda a boca; talvez a impureza lhe cegue os olhos: ou eles não falam ou eles não veem. Mas, a respeito dessa flor de lis eu não recebi reclamação nenhuma. Nunca ninguém me disse nada. Ela está lá como se não fosse vista, ela está lá como se não fosse sentida. Mas, eu tenho vontade de dizer para um ou outro, que de vez em quando fala dos meus símbolos, eu tenho vontade de dizer: o teu silêncio ainda é uma forma de te manifestares vencido pelo lis. Está bem!
Os senhores tomem um leão rompante sob um fundo vermelho, uma cercadura de arminho, este leão rompante com a garra que vai. Está atrás de mim, os senhores podem ver. É ou não é que naquela caminhada dele, naquela atitude, naquela resolução, naquele conjunto, há uma certa afirmação de irreversibilidade? É um leão que vence e já avança como quem sabe que vence. Não vence para ele triunfar, mas é para triunfar um certo ideal para o qual ele olha mais ainda do que para o inimigo. O leão agride, o leão vai para frente.
Os senhores tomem as nossas capas. É um simples vermelho, é um conjunto de pontas. A nossa capa é pontuda, é vem verdade. Como essas pontas penetram, como essas pontas cortam, como elas desconsertam. Que atitude diante da capa!
Eu acho que já lhes contei que antes de excogitar a capa eu pensava: se Deus quiser nós vamos ter que usar símbolos perante o público muitas vezes. E vai ser preciso de cada vez inventar um símbolo. E eu não tenho cabeça para inventar tantos símbolos assim. Como me arranjarei? Confiemos em Nossa Senhora e pensemos no primeiro.
Quando o primeiro foi lançado, eu pensei: está resolvido o caso, esse é definitivo! Não se concebe um sócio ou cooperador da TFP sem capa, é uma coisa inteiramente evidente, entra pelos olhos…
Então, os senhores têm nossa capa. Os senhores sabem por experiência própria, que se não fosse a nossa capa, as nossas campanhas seriam um décimo do que são. E se não fossem as campanhas, a TFP seria um centésimo do que é.
Ora, o que é esse imponderável que a capa exprime? O que é que é este imponderável que o leão exprime?
Esse imponderável é o pulsar do Reino de Maria que está sendo germinado. Mais do que tudo, mais do que tudo o que o nosso escudo diz é isso: algo germina de novo e mais pujante do que o que houve, vamos para frente!
Mas, quando a germinação vai fecunda e acertada, naquilo que começa a despontar se pode entrever o que vai ser a árvore imensa que virá depois. É encantador a gente ver o que germina, como que o bebê da árvore. Mas, como é encantador ver no bebê a árvore madura!
A capa é uma coisa, o hábito é outra. O hábito trás já, é o Reino de Maria no seu esplendor. É o desejo não só de que o Reino de Maria nasça, isto está na capa; mas, no hábito existe um como que prenúncio de como ele será. Há qualquer coisa de completo no hábito, qualquer coisa de definitivo que se esboçou inteiramente e que se mostra como é, e que se afirma. Que é imponderável também. Não se pode ponderar, é imponderável. Mas qualquer alteração no hábito seria irremediável.
Os senhores imaginem simplesmente isso: que para obedecer a uma ordem qualquer, nós fizéssemos a cruz não com uma base pontuda, mas com uma base trilobada, como são os dois braços. Estava perdido, não era mais o hábito. Não era mais a cruz, não era mais o Hábito. E é um pormenor. Mas, aquela ponta que entra, quanta coisa quer dizer.
Imaginem os senhores para obedecer, nós em vez do vermelho e branco, nós colocássemos, por exemplo, preto e branco. E nós colocássemos, enfim, qualquer jogo de cores que queiram. O valor expressivo de tudo o que tem no hábito, é aquilo que tem de definitivo.
Os senhores imaginem uma outra coisa, que recomendassem simplesmente isto: que os braços da cruz, os dois extremos da cruz e os braços chegassem até os bordos do escapulário. Já não seria o hábito. Eu tenho certeza, os senhores também, não queriam ver… É assim ou não é!
Nos tempos modernos começou uma campanha de que resultaria afinal no século XVIII, o fechamento da Companhia de Jesus, um fechamento que foi provisório. Foi fechada a Companhia de Jesus pelo Papa Clemente XIV. Um Papa antecedente, ou o próprio Clemente XIV, não me lembro, mandou dizer ao Geral da Companhia de Jesus o seguinte: “vós sois muito atacados e a razão do ataque está nos estatutos de vossa Ordem. Se alterardes o estatuto de vossa Ordem, não sereis perseguidos. Oferecei uma alteração que eu aprovo”.
E o Geral mandou uma resposta de concisão latina e jesuítica: “Sint ut sunt aut non sint. – Sejam como são ou deixem de existir”.
Nós podemos dizer isso de nosso hábito. Seja como é… ou deixe de existir. É bem verdade.
Os senhores compreendem bem, nessas condições, tudo quanto o hábito representa. Sabendo bem como interpretar o hábito, sabendo bem interpretar a capa, sabendo bem interpretar o nosso leão, os senhores medem as pulsações do Reino de Maria. E sentem de um modo mais ou menos confuso para onde ele caminha dentro dos senhores. E os senhores têm esse conhecimento íntimo, interno, por conaturalidade. Consultam-se a si mesmos e dizem: assim é o Reino de Maria.
Meus caros, eu atendi a pergunta que me foi tão belamente feita.
Eu estou falando do hábito. Foi a única pessoa dentre nós que me propôs uma modificação do hábito foi ele. A modificação é o hábito como usam os arautos, o hábito como usam os novos e que não é adequado para os mais antigos.
Nota: Para aprofundar o assunto, veja a obra de autoria de Dr. Plinio “Guerreiros da Virgem – A RÉPLICA DA AUTENTICIDADE – A TFP sem segredos” (1985).