Capítulo IX
Força propulsora da Contra-Revolução
|
|
Jean-Baptiste Chautard (1858-1935), Abade de Sept-Fons, França. Monge trapista, autor de A Alma de todo Apostolado, livro excelente sobre a vida contemplativa, no qual acentua a preeminência desta sobre as obras. Sua forte personalidade intimidou um de seus maiores adversários, o socialista Georges Clemenceau. Dom Chautard era um homem de profunda piedade, e diz-se que tinha rara força hipnótica. Segundo testemunhas, durante uma viagem pela China domou ele com um simples olhar um leão. Existe uma força propulsora da Contra-Revolução, assim como existe outra para a Revolução. 1. Virtude e Contra-Revolução Apontamos como a mais potente força propulsora da Revolução, o dinamismo das paixões humanas desencadeadas num ódio metafísico contra Deus, contra a virtude, contra o bem e, especialmente, contra a hierarquia e contra a pureza. Simetricamente, existe também uma dinâmica contra-revolucionária, mas de natureza inteiramente diversa. As paixões, enquanto tais - tomada aqui a palavra em seu sentido técnico - são moralmente indiferentes; é o seu desregramento que as torna más. Porém, enquanto reguladas, elas são boas e obedecem fielmente à vontade e à razão. E é no vigor de alma que vem ao homem pelo fato de Deus governar nele a razão, a razão dominar a vontade, e esta dominar a sensibilidade, que é preciso procurar a serena, nobre e eficientíssima força propulsora da Contra-Revolução. 2. Vida sobrenatural e Contra-Revolução Tal vigor de alma não pode ser concebido sem se tomar em consideração a vida sobrenatural. O papel da graça consiste exatamente em iluminar a inteligência, em robustecer a vontade e em temperar a sensibilidade de maneira que se voltem para o bem. De sorte que a alma lucra incomensuravelmente com a vida sobrenatural, que a eleva acima das misérias da natureza decaída, e do próprio nível da natureza humana. É nessa força de alma cristã que está o dinamismo da Contra-Revolução. 3. Invencibilidade da Contra-Revolução Pode-se perguntar de que valor é esse dinamismo. Respondemos que, em tese, é incalculável, e certamente superior ao da Revolução: “Omnia possum in eo qui me confortat”55. Quando os homens resolvem cooperar com a graça de Deus, são as maravilhas da História que assim se operam: é a conversão do Império Romano, é a formação da Idade Média, é a reconquista da Espanha a partir de Covadonga, são todos esses acontecimentos que se dão como fruto das grandes ressurreições de alma de que os povos são também suscetíveis. Ressurreições invencíveis, porque não há o que derrote um povo virtuoso e que verdadeiramente ame a Deus. Nota: (55) Filip. 4, 13. |