|
Reforma Agrária - Questão de Consciência |
||||||
Opiniões socializantes que preparam o ambiente para a "Reforma Agrária": exposição e análise Capítulo IIEm princípio, a atual estrutura rural brasileira prejudica a produção agropecuária? Como já tivemos ocasião de dizer (209), há críticas das mais fundadas a fazer à "Reforma Agrária" que escapam, entretanto, em larga medida, ao âmbito especial deste livro. Outros, com a devida competência e sagacidade, já as têm feito, e por certo ainda as farão. Cingir-nos-emos a apresentar aqui, sobre o assunto, os comentários que caibam do ponto de vista da doutrina católica.
Introdução
Proposição 20
Comentário A mentalidade socialista é propensa à padronização e à simplificação. Ora, o ideal do regime agrário não é ser simples, mas ser eficiente. Aliás, as coisas que dizem respeito ao homem e à sociedade humana, como a tudo que é vivo, em geral não são simples. Pelo contrário, são muito complexas. Num país constituído por todo um conjunto de regiões muito diversificadas, tudo quanto ostente a nota do padronizado e simplificado ao extremo, é ruinoso. Dado que cada um dos três tipos de propriedade – pequena, média e grande – tem sua razão de ser, e que todos são justos, não se compreende por que privar o Brasil de se beneficiar dos três.
Proposição 21
Comentário Observações análogas à do comentário anterior. A "Reforma Agrária", inspirada pelo socialismo e infensa ao princípio da subsidiariedade (210), é centralizadora e põe tudo sob a ação do Estado. Ora, na medida em que este exorbita de suas funções próprias e passa por cima do mencionado princípio, para dirigir toda a vida social, merece a célebre censura: "o bem que faz é mal feito, o mal que faz é bem feito". Por isso, a Inglaterra, a Alemanha, a Austrália fizeram ou estão fazendo reverter à iniciativa privada numerosas empresas de todo gênero, que fracassaram sob a direção do Estado. Os progressistas igualitários do Brasil, habituados a seguir a penúltima moda que é o socialismo, pensam pelo contrário em colocar toda a agricultura em mãos do Estado: o futuro que a aguarda nessa hipótese apresenta sérios riscos de se parecer com a presente situação do Lloyd Brasileiro ou da E. F. Central do Brasil... O Estado com o monopólio dos assuntos do campo, reduzindo o pequeno proprietário à função de mero "robot" agrícola, sem capacidade para pensar sobre os problemas de sua gleba e lhes dar quaisquer soluções pessoais, eis bem o totalitarismo, contrário à liberdade de opinião e iniciativa no que estas têm de legítimo. O Estado, senhor da técnica, sabe tudo. O indivíduo obedece e executa (211). Notas: (209) Cfr. Introdução. (210) Cfr. Comentário à Proposição 7, item 4. (211) Recente despacho telegráfico da agência "United Press" (in "O Estado de São Paulo", de 3 de junho de 1960) divulga a seguinte crítica de Mons. Eduardo Boza Masvidal, Arcebispo Auxiliar de Havana, contra o dirigismo do governo Fidel Castro: procede este em relação ao indivíduo "como se a cabeça do ser humano não servisse senão para carregar um chapéu". A proposição impugnada faz-nos pensar nisto .Índice Adiante Atrás Página principal |