Plinio Corrêa de Oliveira

 

Noé, sua arca e a "Bagarre"

 

 

 

 

 

 

 

Reunião de 6 de setembro de 1988 para Correspondentes Esclarecedores da TFP norte-americana

  Bookmark and Share

 

A D V E R T Ê N C I A

Gravação de conferência do Prof. Plinio com sócios e cooperadores da TFP, não tendo sido revista pelo autor.

Se Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras "Revolução" e "Contra-Revolução", são aqui empregadas no sentido que lhes dá Dr. Plinio em seu livro "Revolução e Contra-Revolução", cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de "Catolicismo", em abril de 1959.


A vida apostólica de Plinio Corrêa de Oliveira foi um constante convite para que as pessoas fossem cada vez mais fiéis à Santa Igreja Católica, ou que a Ela se convertessem, arrependendo-se sinceramente de seus extravios. Foi, portanto, um ardoroso e incansável proclamador das promessas de Nossa Senhora de Fátima, sem jamais pactuar com silêncios cômodos e cúmplices. 

 

Eu considero que é mais difícil sermos fiéis no período que vai daqui até a Bagarre, do que durante o período da Bagarre. Por exemplo, para Noé e para a família dele, eu acho que foi mais difícil serem fiéis a Noé durante os 100 anos que ele levou construindo a arca, do que quando começou a chover e todo mundo entrou correndo dentro da arca! Porque na arca estava a arca, a fidelidade era determinada pelas águas, era obrigado a tocar para frente! É claro!

Mas antes é que era a questão. Noé construía a arca, e davam risada dele, achavam que o dilúvio nunca vinha, que era uma coisa, que era uma quimera, que era um louco, que era um tonto... aquele barco colossal que ele estava fazendo. O primeiro transatlântico do mundo foi feito por Noé... Evidente. Imaginem aquilo de madeira, o que é que deveria ser aquilo, para caberem todas as espécies de animais no porão, o que é que deveria ser aquilo? Deveria ser uma coisa colossal, inimaginável, com condições respiratórias que Noé nem conhecia bem, deviam ser inspiradas pelo próprio Deus.

Céu azul, bonito, sereno, todos os homens trabalhando, Noé trabalhando naquela arca para um dilúvio que não ia vir... Os senhores podem imaginar como provavelmente até os filhos riam dele. Provavelmente até a mulher ria dele: “Você é um sonhador, esse castigo nunca vem! Deus é misericordioso, Deus não permite esses castigos, você é que está querendo esse castigo porque é um homem mal intencionado. É um homem de coração ruim. Deus não tem coração como o seu, e portanto desista dessa arca, isso é uma loucura”.

Mas ele fiel à vocação dele, construindo a arca, construindo a arca. Isso somos nós, com as nossas TFPs! Nós pressentimos o castigo, nós tomamos a sério as revelações de Nossa Senhora em Fátima, nós vemos que isso não pode continuar, e portanto construímos a tábua de salvação para os que forem fiéis. Mas, eu sei, porque eu vejo, que às vezes até em alguns dos nossos, a dúvida pungente se põe... O Salmo diz isso assim: “Usquequo Domine, usquequo?!” Até quando Senhor, até quando esperareis? E a gente tem impressão que esse castigo não vem nunca.

Trabalharmos por esta vitória que parece impossível, desta causa que parece perdida, à espera de um castigo que não vem, porque confiamos em Nossa Senhora de Fátima, porque nós confiamos nas provas históricas de que deve haver a Contra-Revolução, e que ela vencerá, isto é mais difícil do que quando arrebentar a Bagarre, a gente dizer: “Bom, tudo se realizou. E agora começa a luta, nós vamos lutar também... Mas, ou é a morte e vamos para o Céu, e vamos para o céu dos Cruzados... Ou é a vida, mas se for a vida é a vida em que aquele mundo horroroso está longe e um futuro nos espera”.

Aí a necessidade de fidelidade vai ser menor. A pergunta parece inspirada pela ideia do contrário. Que a fidelidade vai ser mais difícil. Alguns dos senhores me dirão: “Dr. Plinio, uma coisa é estar aqui nessa sala, conversando tranquilo com o senhor. Outra coisa é durante a Bagarre estarmos numa casa onde os homens estão se matando uns aos outros – pode acontecer durante a Bagarre – onde há lutas de uns contra os outros etc., etc.”.

Eu digo: enfrentar a morte, enfrentar os tormentos físicos é menor, é menos dolorido do que enfrentar inteiramente, com toda a seriedade, o tormento moral da nossa fidelidade num mundo infiel.

Bem, e aqui está a resposta final: os que podem o mais, podem o menos. Os que forem inteiramente fiéis nesse período dificílimo, estão preparados para a Bagarre. Nós não saberemos como ela será. Eu pelo menos não sei como ela será. Mas uma coisa é positiva. É que seja ela como for, se tivermos almas temperadas na fidelidade inteira aos nossos ideais nas atuais condições, se isso suceder assim, é certo que na hora do perigo a ajuda de Nossa Senhora baixará sobre os seus filhos fiéis.

(Aplausos!)

Essa forma de fidelidade se chama confiança. É preciso confiar, confiar, confiar! É essa a grande fidelidade que devemos ter. Confiando, Nossa Senhora não nos abandona.

(Um Supporter pede ao Sr. Dr. Plínio o obséquio de repetir a parte sobre ser mais fácil enfrentar a morte na Bagarre do que ser fiel no mundo atual.)

Enfrentar o mundo moderno, o mundo atual – é mais difícil enfrentar o mundo atual do que enfrentar a Bagarre. Eu dou uma prova. Vamos imaginar... Nossa Senhora em Fátima disse isso, que haverá guerras, conflitos etc. Vamos imaginar uma guerra. Os dois exércitos avançam de lado a lado. E vão para a batalha. É uma coisa na aparência muito difícil enfrentar uma batalha. Na realidade, se não ficasse muito mal para os soldados fugir antes da batalha, muitos fugiriam. Eles não fogem porque têm medo do desprezo da opinião pública se eles fugirem. O que quer dizer que o homem tem mais medo de uma gargalhada do que de um tiro. É a experiência da vida. It´s clear?!

(Sim senhor.)

Bem, qual é a outra pergunta?

(MN: A Bagarre certamente será marcada por confusão e pânico geral. Nessas condições se poderia pensar que a Bagarre será uma ocasião privilegiada de apostolado. Se isso for assim, qual será a natureza desse apostolado, e o que o senhor espera dos Correspondentes americanos nesse momento?)

Eu creio que durante esse período em que nós estamos, o grande apóstolo é sempre Deus, é sempre Nossa Senhora, o canal de todas as graças divinas. Mas se utiliza muito do homem como meio para agir. E o que é terrível é que é um meio livre, o homem é livre: pode fazer ou não fazer o que Deus quiser; ele não tem o direito de fazer ou não fazer, mas tem a possibilidade de fazer ou não fazer o que Deus quiser.

De maneira que na atual fase nós devemos nos perguntar quais são os nossos meios de apostolado. E eu acabo de tratar de alguma coisa disso agora. Mas quando chegar a Bagarre o principal apóstolo vai ser diretamente Deus Nosso Senhor. Porque é Ele, pelas guerras, pelas pestes, pelos terremotos, pelos cataclismas etc., que vai fazer sentir aos homens sua própria cólera.

E nós não teremos que fazer grandes demonstrações. Nós teremos que ajudar os homens a interpretar o que estão vendo. Então, estão vendo: “Isto, vocês pecaram, olha aqui estão os 10 Mandamentos! Vocês pecaram, vocês constituíram o que Nosso Senhor chamou no tempo dele uma geração de adúlteros e de ladrões. Esses são todos vocês, ou quase todos. Quem é o homem hoje em dia que não é adúltero? Qual é o homem que não é ladrão? São muito poucos. A grande maioria é composta em qualquer país de adúlteros e de ladrões. Vocês estão agora com o castigo em cima da cabeça! Arrependam-se enquanto é tempo! Porque do contrário vocês vão para o inferno”!

É o nosso apostolado singelo e ardente. Não é muito complicado!

Nota: Para assistir os vídeos ou ler outros trechos dessa mesma Reunião, clicar em

Sociedade robotizada - Sociedade orgânica

Por que a Disneylândia atrai também os norte-americanos?

Apostolado de presença: o que é? Como fazê-lo?

- O charme grandioso da TFP


Bookmark and Share