Plinio Corrêa de Oliveira

 

O charme grandioso da TFP

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Conferência para Correspondentes Esclarecedores da TFP norte-americana, 6 de setembro de 1988

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A D V E R T Ê N C I A

Gravação de conferência do Prof. Plinio com sócios e cooperadores da TFP, não tendo sido revista pelo autor.

Se Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras "Revolução" e "Contra-Revolução", são aqui empregadas no sentido que lhes dá Dr. Plinio em seu livro "Revolução e Contra-Revolução", cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de "Catolicismo", em abril de 1959.


Nota: Quando a TFP brasileira estava começando a usar seus estandartes e capas rubro-áureas, houve um repórter que definiu a cena que presenciara com esta expressão: "o charme grandioso da TFP".

 

(Dr. Mario Navarro da Costa: - O Sr. poderia falar mais profundamente sobre o charme grandioso da TFP?)

O que é o charme? O que é grandeza? Para entender o que é o charme grandioso, nós devemos distinguir, devemos definir o que é o charme e o que é a grandeza.

A grandeza é um modo de ser da formosura, pela qual ela mostra a superioridade qualitativa de algo ou de alguém. Assim, por exemplo, faz parte da grandeza de alguém – eu estou procurando de preferência pessoas da história inglesa ou norte-americana, porque suponho que estejam mais familiarizados com isso – mas, por exemplo, um homem que... não sei o que eles pensam a respeito do homem, provavelmente tem entusiasmo a respeito do homem, eu tenho... acho apreciável por alguns lados, mas acho contestável por outros lados, não me queiram mal, esse homem é George Washington!

Bem, George Washington tem, entretanto, uma certa grandeza. E quando se vê as estampas, os quadros de George Washington, certos episódios da vida dele, há qualquer coisa nele de um homem absolutamente superior. Isto é grandeza. É uma superioridade de alma, que eu tenho impressão que nele não era tanto a superioridade de cultura. Ele era um homem culto, mas não era isso. Era uma superioridade de descortino: horizontes largos, panoramas largos e ação de grande envergadura. Era um grande homem.

Bem, isso é grandeza. É uma superioridade qualitativa que se faz sentir aos outros, incutindo peculiar respeito, e às vezes até justificando um mando. Uma forma de grandeza pode justificar um mando, pode justificar uma autoridade.

Agora, diferente é o charme. O charme é um modo de ser da formosura, pela qual, a grandeza assusta um pouco, a impõe uma certa distância. É próprio da grandeza. O charme é o contrário. É um modo de ser da formosura que atrai, que encanta, que faz a pessoa reconhecer a superioridade de algo ou de alguém, não nas qualidades fortes, vigorosas, imperiosas da alma, mas nas qualidades delicadas, nas qualidades gentis, nas qualidades que propendem ao sorriso. E então, por exemplo, se pode dizer que num casal régio, é próprio ao rei a grandeza; é mais próprio à rainha o charme. É o mais natural.

Que coisa esquisita seria eu dizer: “Que grandeza há na rainha, e que charme há no rei” Esquisito! Um rei “charmant”... e uma rainha grandiosa... a gente tem impressão que à noite a rainha pega no chinelo e bate no rei. Evidentemente...

Mas há figuras humanas que aliam o charme com a grandeza. Um personagem da história da Inglaterra, que eu não sei como eles consideram, porque é um personagem muito controvertido, foi o Rei Carlos I da Inglaterra. Nós temos na Sede uma gravura muito boa, representando um quadro pintado de Carlos I, por Van Dick. É um famoso quadro, em que ele está assim com a mão aqui, e aparece o cotovelo saliente... E ele com ar que tem ao mesmo tempo uma grandeza de rei, mas uma doçura da autoridade superior, quando exercida por um homem que sabe sorrir, e que sabe ter compaixão. Uma aliança do charme e da grandeza. Ele é ao mesmo tempo espadachim, e pode ser ao mesmo tempo um amigo muito emocionante, muito delicado, muito terno. É o que aparece na pessoa dele.

A conjunção dessas qualidades pode constituir o charme grandioso. A nossa TFP, Nossa Senhora dotou de um charme cheio de grandeza. Mas, eu diria mais. De uma grandeza cheia de charme!

No que consiste a grandeza da TFP?

É sobretudo na grandeza de sua fé católica, apostólica e romana! Na seriedade com que a TFP crê, na seriedade com que ela afirma o que crê, e com que ela age em consequência do que crê, é a própria grandeza da fé que se levanta. E no mundo não há nada de tão grande quanto a fé. É a mais alta qualidade que o homem pode ter é a fé. E o mais alto atributo do espírito humano é dizer que tem um grande espírito de fé. Ter um grande espírito de fé vale mais do que ter inventado mil coisas, do que ter resolvido mil problemas políticos, e ter descoberto coisas científicas, de ter feito tudo, ter escrito poesias, de ter escrito obras de prosa e tudo. Ter um grande espírito de fé, isso é propriamente a grandeza da alma humana!

(Vira a fita)

... uns 200 anos depois de Constantino, apareceu um varão cheio de grandeza. Eu acho que depois, na Igreja, houve varões com igual grandeza, mas não foram muitos, porque não é dado ao gênero humano ter tantos varões com essa grandeza. Eu incito aos senhores a estudarem a vida dele: São Bento, o fundador da Ordem dos beneditinos!

São Bento, São Mauro e São Plácido (pintura no mosteiro de Subiaco, Itália)

Um fato que eu me lembro, que é de uma simplicidade e de uma grandeza extraordinária. Ele tinha dois discípulos que eram especialmente amados deles: São Mauro e São Plácido. Os dois estavam junto com ele de um lado do rio. E depois tinha o rio, e tinha uma coisa qualquer o outro lado. São Bento disse para um dos dois: “vá pegar aquele objeto e traga aqui”.

Recebeu ordem do superior, tinha que ser possível. Chegou à beira do rio, não tinha barco. Ele tomou o escapulário dele, estendeu em cima do rio, e ficou de pé. O rio levou o escapulário até o outro lado, ele pegou e trouxe para São Bento de volta. Isso é grandeza! Mandar num exército é uma bonita coisa: mas mandar um homem andar em cima da água, e o homem obedece...

Conta-se, na vida do Pe. José de Anchieta, que é um bem-aventurado que fundou a cidade de São Paulo, este fato curioso. O superior dele – ele era Jesuíta – o superior dele estava atravessando (aqui no Brasil primitivo) um rio, e como única ponte tinha uma árvore jogada em cima, de um lado para outro. Então deviam andar em cima da árvore para chegar até o outro lado. E junto com o Padre superior, e alguns Jesuítas, vinha o governador português da zona também. O Brasil era colônia de Portugal.

E quando chegou pelo meio do rio, o governador português deixou cair um objeto qualquer no fundo do rio. O superior disse para o Pe. Anchieta: “vá lá no fundo do rio e pegue esse objeto”. Era uma ordem do superior, ele se jogou no fundo do rio. Mas ele não sabia nadar. Bem, eles todos atravessam o rio, e o Anchieta não volta à toma. E o Padre superior ficou com medo: “Como é, de repente morreu lá esse padre? (Ele era noviço, não era padre.) Morreu lá esse padre, como é o negócio?”

Ele então mandou um outro padre que sabia nadar, até o fundo do rio para ver. Encontrou o Anchieta – é milagre autêntico! – sentado em cima de uma pedra, lendo o Breviário. Trazia na mão o objeto do governador, que ele tinha encontrado no fundo. Então, o outro ajudou ele a subir, e perguntou: “mas como é?”

- Eu não sabia subir. Então fiquei esperando aqui, lendo o Breviário para ganhar tempo, até que viesse alguém para me ajudar.

Grandeza...! Por quê? É a fé! A fé à qual Nosso Senhor prometeu que moveria montanhas. É promessa de Deus, é assim.

Bem, há homens que têm tido outras formas de grandeza. Grandeza de talento, grandeza de virtude, outras formas de talento. O charme se acrescenta a isso. Há pessoas que têm sobretudo charme. Mas têm uma forma de grandeza ao lado.

Uma figura da história mais bem da Escócia do que da Inglaterra, enfim Escócia e Inglaterra formam o “United Kingdom”, de maneira que é uma coisa só – uma figura da Escócia que teve um enorme charme e uma certa grandeza, foi Maria Stuart. Ela tinha um charme fascinante. Era uma coisa extraordinária. Mas a grandeza dela aparece sobretudo na hora da morte.

Os historiadores contam, ela passara a noite inteira que antecedeu à sua morte, dormindo tranquila. Sem ter os remédios para dormir que tem hoje. Tendo feito as suas devoções etc. Acorda de manhã, e faz mais uma vez as suas orações. Depois, coloca o traje dos condenados à morte, que era um traje todo vermelho, quando iam ser decapitados. Por cima ela põe um traje de grande dama que ela era. E dirige-se com as suas damas para o porão do castelo onde ia ser executada, e lá lhe tiram o traje de cima, ela aparece toda de vermelho, foi um arrepio em toda a sala. A única pessoa tranquila era ela.

Ordenaram a ela de se ajoelhar e pôr a cabeça em cima do tronco para ser cortada. Ela disse uma qualquer coisa: “Dê-me apenas um pouco de tempo para rezar”! Ela era católica. Rezou, e fez um sinal. Bateu o machado e cortou a cabeça dela. Na sala, uma consternação... Isso é grandeza!

Então, ela foi muito charmante, mas teve a sua nota de grandeza!

No que é que está a grandeza da TFP? É sobretudo na fé. Mas é também no fato de que a TFP desafia um monstro, um colosso.

Eu pergunto aos senhores o seguinte: o número de revolucionários é colossal no mundo inteiro. Mas se em vez de ser aplaudido o revolucionário, fosse aplaudido o contra-revolucionário, a que número ficaria reduzido o número de revolucionários?

Bem, eu acho que o número de revolucionários estaria reduzido pelo menos à metade. E que a maior parte dos homens que são revolucionários, o são não porque o estejam convencidos intimamente, mas é porque eles têm medo da opinião pública. Então, esse pânico da opinião pública organizada, que arrasta torrentes de homens para a perdição, a TFP enfrenta! Pensem de mim o que quiserem, façam o que entenderem, a minha posição está tomada. E é esta, acabou-se! (Aplausos!)

E isto nós não afirmamos assim, baixinho, não. Nós gritamos! E gritamos com ar de desafio e de luta. Se quiser brigar, venha, porque eu levo a luta até as suas últimas consequências! Agora venha! Quero ver!

Agora, de outro lado, a TFP é polida, a TFP é amável, ela é condescendente, ela é gentil, ela sabe contemporizar, ela sabe todas as amabilidades dos antigos tempos.

Isso forma o charme grandioso da TFP. É magnífico!

Nota: Para assistir os vídeos ou ler outros trechos dessa mesma Reunião, clicar em

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