Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

Minha

 

Vida Pública

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Parte XII

Livros e Campanhas de grande repercussão na década de 1990

 

Capítulo I

Comunismo e anticomunismo na orla do terceiro milênio: por que 70 anos para se reconhecer o fracasso? (1990)

 

[Clique sobre a figura para aceder ao texto completo do Manifesto]

 

1. Regime de opressão e miséria: expliquem-se os responsáveis

Pouco depois das eleições, ou seja, no início do ano de 1990, a TFP publicou um trabalho também de minha autoria, intitulado: Comunismo e anticomunismo na orla da última década deste milênio [1].

Por que razão lançamos esse manifesto e dele fizemos tão larga divulgação?

As eternas filas para se abastecer na Rússia comunista manifestavam de modo eloqüente a miséria produzida pelo regime

Porque o senso de justiça, inerente a todos os espíritos retos e elevados, estava a clamar por uma punição adequada desses grandes crimes que o comunismo internacional praticou no mundo inteiro [2].

Esse manifesto tinha como finalidade mostrar aos bons, quanto os maus são maus, para deixar claro como os falsos chefes são cúmplices dos maus. Esta era a meta principal do manifesto [3].

Depois de 70 anos, se verificou o fracasso disso, e isto foi uma aventura imensa e trágica [4].

Na estrutura soviética, o PC tinha legalmente precedência sobre o Estado. Não era o Partido que existia para o Estado, mas este para aquele [5].

Como podiam todos esses chefes comunistas justificar que tenham submetido todos os povos a essa aventura, sem se darem conta de que isso era um crime?

Por que razão teriam desejo de generalizar esse regime de tragédia, de opressão policialesca, de fome, para todos os outros países do mundo, por meio da propaganda comunista feita por partidos comunistas subvencionados por Moscou? [6]

Eles estavam nas fileiras do Partido Comunista, comendo, bebendo e dormindo, e não fizeram nada, durante todo esse tempo, para beneficiar efetivamente as respectivas populações? Pelo contrário, dirigiam autoridades intermediárias que prendiam, que matavam, massacravam, impunham a miséria, reprimiam a propriedade privada que alguém quisesse restaurar e a livre iniciativa que alguém quisesse ter.

Essas eram atitudes de quem estava preparando o dia de hoje?!

Não senhor! Aqui há crimes — muitos crimes! — pelos quais se deve responder [7].

2. Interpelação também à Teologia da Libertação

Residências em Cuba: ao não haver propriedade privada não há estímulo para reformar e manter o que não é seu

Eu estendia essa pergunta também aos eclesiásticos que apoiaram o comunismo. Por exemplo, ao ex-Frei Leonardo Boff, a Frei Betto — ambos escreveram livros elogiando a situação de Cuba, elogiando Fidel Castro — bem como aos outros expoentes da Teologia da Libertação nacional. E lhes perguntava como explicavam a situação da Rússia, sendo de notar que Fidel Castro, de quem são grandes entusiastas, estava exatamente do lado dos que desejavam a manutenção, na Rússia, da situação que causou essa miséria.

Eles eram teólogos de que espécie de libertação? Reduzir este mundo à miséria era libertar? [8]

Tratava-se, portanto, de um clã. E todos deviam prestar satisfações. Levaram setenta, cinqüenta, quarenta anos para perceberem isto? [9]

Na ocasião, essas razões que eu levantava estavam muito vivas e muito patentes aos olhos de todos, como a queda da Cortina de Ferro mostrava. E era necessário conscientizar as multidões sobre elas [10].

3. Numa Nuremberg contra o comunismo, as conclusões seriam perturbadoras

Outra coisa que eu também indagava no manifesto era: os dirigentes comunistas dos outros países e dos diversos PCs do mundo estiveram várias vezes na Rússia e presenciaram a miséria evidente e o descontentamento enorme que lavrava no povo contra o regime [11]. Nada viram?

Durante décadas a fio, esses líderes mantiveram constante e multiforme contato com Moscou, e ali estiveram, mais de uma vez, recebidos normalmente como comparsas e amigos. Nada contaram?

Se conheciam o trágico fracasso do comunismo, por que o queriam para suas pátrias? Por que conspiravam para estender esse regime de miséria, escravidão e vergonha, a seus próprios países?

Não pouparam dinheiro nem esforços com o fim de atrair, para a árdua faina de implantação do comunismo, as elites de todos os setores da população, a começar pela elite espiritual que é o clero. E a seguir as elites sociais, da alta e média burguesia, as elites culturais das Universidades e dos meios de comunicação social. As elites da vida pública, quer civil, quer militar, ademais dos sindicatos e organizações de classe de toda ordem. Isto para atingir por fim a juventude e a própria infância, nos cursos de primeiro grau [12].

Eles viram isto e não desistiram de sua posição comunista, cujos efeitos maléficos notavam claramente.

Esta era a grave pergunta que ficava no ar [13]. E que equivalia a dizer: “Foram vocês que fizeram! Venham aqui e expliquem-se”.

Era o esquema de uma eventual Nuremberg, que eu sabia que não seria convocada, mas que era necessário que ficasse dito para a História [14].

Se se fizesse um tribunal de Nuremberg para verificar esses fatos, chegaríamos a conclusões extremamente surpreendentes e perturbadoras* [15].

* Essa idéia de uma Nuremberg contra os comunistas do mundo inteiro foi até proposta, cerca de um ano depois, pelo Presidente da Lituânia, Vytautas Landsbergis, a quem Dr. Plinio enviou telegrama manifestando o intenso gáudio das TFPs e Bureaux-TFP dos cinco continentes pelo gesto dele (Carta ao Presidente Vytautas Landsbergis, de 5/9/91).

4. Órgão do Departamento de Estado americano tenta rebater nosso manifesto

Uma expressiva repercussão desse manifesto foi a carta endereçada à TFP norte-americana pelo Sr. J. F. Steft, vice-diretor do Escritório de Assuntos da União Soviética do Departamento de Estado da América do Norte.

Da parte do Presidente Bush (pai), ele oferecia argumentos contra as teses sustentadas pela nossa mensagem. Isto na parte em que eu lançava uma interpelação às pessoas, instituições, partidos, personalidades governamentais, governos e organismos internacionais civis e religiosos do Ocidente que haviam colaborado para a manutenção do regime comunista.

Esta argumentação do órgão do Departamento de Estado norte-americano era expressa de modo polido e manifestava alta consideração pelo trabalho. A TFP norte-americana respondeu em tom igualmente elevado e polido. Mas essa troca de correspondência não foi além disso [16].

 


NOTAS

[1] Entrevista à Rádio São Miguel de Uruguaiana, 21/6/90.

[3] SD 21/2/90.

[4] Entrevista à CX 16 Rádio Carve, Uruguai (gravação), 3/4/90 [N.Site: o link remete a texto escrito].

[5] RR 10/3/90.

[7] RR 10/3/90.

[8] Entrevista à TVE da Espanha (gravação), 3/2/90.

[9] RR 10/3/90.

[11] Entrevista à Rádio São Miguel de Uruguaiana, 21/6/90.

[13] Entrevista à Rádio São Miguel de Uruguaiana, 21/6/90.

[14] RR 24/3/90.

[15] RR 7/4/90.

[16] Entrevista à Rádio São Miguel de Uruguaiana, 21/6/90.

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