Catolicismo, N° 462, Junho de 1989, págs. 14-15 (www.catolicismo.com.br)

 

No local do atentado surge um oratório

 

Estado da sede sede da TFP, situada na rua Martim Francisco, 665, bairro de Santa Cecília, em São Paulo, momentos após a explosão da bomba terrorista.

 

COMPLETAM-SE neste mês vinte anos do atentado terrorista à sede da TFP, situada na rua Martim Francisco, 665, bairro de Santa Cecília, em São Paulo.

Na madrugada do dia 20 de junho de 1969, terroristas colocaram uma bomba de dinamite naquele local, onde estava instalada a sede da Presidência do Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade. Atualmente funcionam no edifício o Serviço de Imprensa da entidade, bem como a redação da revista "Catolicismo" e da Agência Boa Imprensa — ABIM.

 

 

 

O que valeu à TFP a honra daquela bomba?

 

"A convicção, o denodo e a eficácia com que ela (a TFP) se afirmou em 1961-1963 contra a Reforma Agrária de Jango, com que ela se opôs em seguida ao divórcio, e clamou depois contra a infiltração comunista na Igreja. Pois nenhum outro fato há que possa explicar tal ódio contra nossa entidade", respondeu o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, em artigo publicado na "Folha de S. Paulo" (25-6-69).

Se o objetivo dos terroristas foi o de intimidar a TFP, não obtiveram eles nenhum resultado, pois três dias após o atentado a entidade saia novamente às ruas em mais uma de suas memoráveis campanhas públicas.

 

Inauguração do oratório

 

Imagem de Nossa Senhora da Conceição venerada no oratório da TFP.Uma imagenzinha de Nossa Senhora da Conceição, existente na sala contígua ao foco da explosão, foi seriamente danificada. A TFP a guardou carinhosamente e, durante as obras de restauração do prédio, construiu no local da explosão um pequeno nicho, para ali recolocar a imagem. Em 18 de novembro de 1969 foi inaugurado o oratório, após um desfile solene, em que a imagem foi transportada da sede que a TFP possuía na Rua Pará 50, até a da Rua Martim Francisco 665.

Com seus estandartes e capas rubras, cantando hinos de louvor a Nossa Senhora, os sócios e cooperadores da entidade, além de amigos, caminhavam com grande ufania, apesar da forte chuva que os colheu em meio ao percurso.

Nossa Senhora quis, assim, que a TFP passasse por uma dupla prova: do fogo (a bomba) e da água (a chuva).

 

Cresce a devoção

 

Uma devoção popular, simples e espontânea, começou logo a se manifestar junto a esse oratório: eram moradores do bairro que vinham rezar ali, eram transeuntes que se detinham para uma ou duas Ave-Marias; em pouco tempo surgiram ofertas de flores e velas para a imagem. E Nossa Senhora atendia com graças e favores.

Foi assim crescendo o concurso de devotos, incluindo já então pessoas provenientes dos mais diversos pontos de São Paulo, que vêm até o oratório para rezar, fazer promessas, agradecer favores recebidos de Nossa Senhora. Flores chegaram de outras cidades, outros Estados, e até do Exterior.

 

Vigília de Orações

 

Essa crescente devoção popular levou sócios e cooperadores da TFP — ocupados embora com estudos e atividades em prol da Sociedade — a sugerirem ao Prof. Plinio Corrêa de Oliveira de se revezarem durante as noites, a cada hora, rezando continuamente o Rosário junto à imagem que os terroristas danificaram.

O Presidente do Conselho Nacional da TFP aquiesceu e, no dia 1° de maio de 1970, foi solenemente inaugurada a vigília diária de orações, que se estende até hoje, das 18 horas de um dia até às 8 horas da manhã seguinte.

Ajoelhados em genuflexórios postos sobre a calçada, dando as costas para a rua, enfrentando por vezes intenso frio ou chuva, os vigiliários dão prova não só de piedade, mas também de coragem e ufania católicas.

A abertura da vigília é feita segundo um cerimonial singelo mas expressivo: as duas tochas são acesas e os vigiliários, revestidos com suas capas rubras, rezam o "Angelus" (ou, no Tempo Pascal, a "Regina Caeli"). Começa então a recitação contínua de Rosários, que se iniciam com o Credo e terminam com a Salve Rainha e a Ladainha de Nossa Senhora. Entre uma dezena e outra é intercalada a jaculatória que Nossa Senhora ensinou aos videntes de Fátima, para ser incluída no terço: "Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o Céu, principalmente as que mais precisarem". Ao fim de cada Terço, é rezado um "Lembrai-Vos", a tocante oração de São Bernardo.

Antes da recitação de cada um dos terços do Rosário são lidas as intenções da vigília, reproduzidas na quarta capa de "Catolicismo". Nelas se incluem os pedidos de todos aqueles que, pessoalmente ou através de cartas ou telefonemas, indicam intenções a serem lembradas junto a Nossa Senhora da Conceição, Vítima dos Terroristas. Há até um livro especial para recolher pedidos de orações.

Ao fim de cada hora, os vigiliários são substituídos por outros.

Ao longo dos anos, o oratório foi recebendo dádivas de pessoas beneficiadas por graças da Santíssima Virgem: uma coroa de ouro, que cinge a fronte de Nossa Senhora, e dezenas de rosas prateadas, as quais vão sendo dispostas, em forma de árvore, de ambos os lados da imagem. Além desses, outros objetos preciosos foram doados ao oratório, como um resplendor de pérolas, brilhantes, anéis etc. Por muito tempo a TFP os expôs no nicho aos pés da imagenzinha, mas, devido à onda de assaltos e roubos dos últimos anos, foram eles depositados num banco.

É freqüente e particularmente tocante observar-se, durante a madrugada, pessoas que descem de seus automóveis, ou surgem a pé no meio da noite, e se aproximam do oratório. São jovens ou pessoas em idade madura que vêm pedir a Nossa Senhora um auxílio em situações difíceis. Às vezes ajoelham-se diante da imagem e rezam. Alguns soluçam, como um jovem melenudo que, de mãos postas e joelhos em terra, exclamava: "Nossa Senhora, acertai minha vida".

Entretanto, o ódio também ronda. Comodamente protegidos pela velocidade de seus automóveis ou motocicletas, nas horas caladas da noite, alguns proferem, ao passar pelo oratório, os mais torpes palavrões e blasfêmias, e por vezes atiram ovos e outros objetos contra os vigiliários.

Há ainda os que, para indicar rancor e protesto, buzinam ou aceleram estrepitosamente seus veículos. Apóstolos sinistros da cacofonia, odeiam um oratório em que todas as harmonias se reúnem.

Mas tudo isso passa, e só uma coisa fica: a firme vontade de Nossa Senhora de continuar dispensando, no oratório, torrentes de graças para todos aqueles que ali acorrem.

Quem desejar o auxílio de uma prece junto ao oratório poderá se dirigir ao local, escrever ou telefonar para (011) 825-6427.

 

 

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Oratório de Nossa Senhora da Conceição Vítima dos Terroristas

 

ÚNICO NO BRASIL e no mundo, em que pessoas ajoelhadas, em genuflexórios colocados diretamente na calçada, rezam durante a noite inteira — das 18 horas de um dia às 8 horas da manhã seguinte — o oratório de Nossa Senhora da Conceição Vítima dos Terroristas está situado na Rua Martim Francisco 665, bairro de Santa Cecília, em São Paulo.

Com devoção e altaneria, sócios, cooperadores e correspondentes da TFP ali rezam diariamente nas seguintes intenções:

* Pela Igreja, para que Nossa Senhora a faça triunfar sobre o comunismo e o progressismo, e a leve ao mais alto apogeu;

* Pela Cristandade, para que Nossa Senhora lhe dê sabedoria e intrepidez na luta contra seus adversários ostensivos e velados;

* Pelo Brasil, para que Nossa Senhora o livre do progressismo e do comunismo declarados ou velados, e o leve à realização de sua providencial missão;

* Para que Nossa Senhora proteja a TFP contra as investidas de seus adversários, e a torne sempre mais dedicada e eficiente na defesa da civilização cristã;

* Em favor das pessoas visadas pela guerra psicológica comunista, para que Nossa Senhora lhes dê argúcia, fortaleza de ânimo e vitória;

* Por nossos correspondentes, amigos e benfeitores, para que Nossa Senhora os recompense ao cêntuplo pelo apoio que dão à nossa Causa;

* Pelos nossos adversários, para que Nossa Senhora lhes toque a alma e os converta;

* Por todos os que sofrem na imensa urbe, para que Nossa Senhora os console, ajude e santifique;

* Por todos os que agonizam, para que Nossa Senhora lhes sorria na hora extrema;

* Por todos os que perseveram na virtude, para que Nossa Senhora lhes dê constante progresso;

* Por todos os que lutam, vacilando nesta noite entre a virtude e o pecado;

* Por todos os que pecam, para que Nossa Senhora os preserve do desespero e os reconduza ao bem;

* Pelas intenções de todos aqueles que se recomendaram às nossas orações.

 

Tais vigílias de orações vêm sendo feitas ininterruptamente desde 1° de maio de 1970. Até o dia 31 de maio deste ano, no oratório foram rezados, durante 97.510 horas, 390.040 terços do Rosário e 130.013 ladainhas lauretanas.

 

 

[Para aprofundar o tema, vide os seguintes artigos na “Folha de S.  Paulo” de autoria do Prof. Plinio: Maio de 1970: dois jovens rezam por você; E Nossa Senhora sorrirá ao Brasil]