Sociedade orgânica (I) – Finalidades das exposições

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A D V E R T Ê N C I A

O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.

Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras “Revolução” e “Contra-Revolução”, são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu livro “Revolução e Contra-Revolução“, cuja primeira  edição foi publicada no Nº 100 de “Catolicismo”, em abril de 1959.

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(Nota: Exposição definindo “sociedade orgânica”: Sociedade robotizada – Sociedade orgânicaconferência para Correspondentes Esclarecedores da TFP norte-americana, 6-9-1988).

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Eu tenho neste assunto uma meta específica. Desde que nós nos conhecemos, vimos falando a respeito de aristocracia. É um grande assunto clássico que nos foi acompanhando. Mas apareceu um momento, que é a hora da Providência, de lançar a questão da sociedade orgânica (MNF, 28-09-1993 – MNF = conversas dirigidas com um grupo de pessoas sobre temas sócio-filosóficos).

Vamos tomar a deliberação de apressar os estudos de sociedade orgânica, porque um bonito livro sobre o assunto seria uma coisa de inebriar. Ficam assim coisas muito lógicas: R-CR (abreviatura do livro “Revolução e Contra-Revolução”), Nobreza (idem “Nobreza e elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana”, e Sociedade Orgânica (MNF, 07-10-1993).

Se fizermos um trabalho bem feito sobre a sociedade orgânica, completaremos com a aristocracia, pois ela não se compreende fora da sociedade orgânica. Por causa disso eu quis explicitar a sociedade orgânica, que comecei a estudar antes de estudar a aristocracia.

Será preciso destacar esta matéria do conjunto do MNF, para nós darmos uma “vue d’ensemble” (vista de conjunto, panorâmica, n.d.c.). Tanto mais quanto me parece que nesses últimos tempos o tema sociedade orgânica progrediu num ponto muito sensível do meu espírito (MNF, 28-09-1993).

Eu não me vexo de dizer que, com os meus 85 anos, estou ganhando em compreensão das coisas, na exposição que estou fazendo. Tudo o que dizemos sobre a sociedade orgânica é parte de uma visão global dos fundamentos do Reino de Maria. De outro lado, seria na ordem do espírito, por exemplo, o conhecimento total do mundo dos símbolos como completando a capacidade de conhecer do homem, e que está tão longe do que ele costuma aproveitar.

Em todos esses campos teria que haver uma renovação e uma ampliação. Aí nós compreenderíamos o que Nossa Senhora daria na linha do “renovabis faciem terrae – renovareis a face da terra” (MNF, 29-09-1993).

Sociedade orgânica: uma noção enriquecida do que ela seja dará uma noção geral do Reino de Maria

Com o estudo da sociedade orgânica chega-se a um colosso tão grande, e que além disso abarca de tal maneira a noção geral das coisas e a visão geral do Reino de Maria, que nem se sabe o que dizer. No Reino de Maria tudo isso terá uma vida, que cumprirá aquela palavra de Nosso Senhor: “Eu vim para que tivessem a vida e a tivessem abundantemente”. “Emitte Spiritum tuum et creabuntur, et renovabis faciem terrae – Enviai o vosso Espírito e será renovada a face da terra”, pois o espírito é o mais alto grau da vida. Os próprios princípios através dos quais uma ordem orgânica pode recomeçar provêm de uma ação do Espírito Santo (MNF, 29-9-1993).

No Reino de Maria, mesmo a criação material vai ser mais alegre e mais festiva do que antes, ao lado de uma compreensão muito mais profunda da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. São desses contrastes profundosDe um lado a Igreja nos põe diante de mil coisas admiráveis, diante da ideia de vida; mas de outro, nada nem ninguém põe tão alto a morte, o sofrimento, a dor, do que a Igreja com a Paixão de Nosso Senhor (MNF, 28-09-1993).

Essa visão da sociedade orgânica nos daria também uma ideia de quanto o estado de coisas atual não só é revolucionário, e enquanto tal é má, mas acanhado porque não compreende o que seria o mundo na plenitude de seu progresso. Sendo que progresso é caminhar na direção de uma totalidade de perfeição das condições humanas e de todas as condições da criação, e conhecê-la perfeitamente para agir e organizar “en conséquence” (consequentemente) (MNF, 29-09-1993).

Não ver o Reino de Maria seria como não ver a terra prometida

Imaginemos se viesse a “Bagarre” (palavra francesa que significa quebra-quebra, caos, confusão com violência, no jargão utilizado na linguagem corrente da TFP para sintetizar os castigos profetizados por Nossa Senhora em Fátima, em 1917, caso a humanidade não se convertesse e fizesse penitência por seus pecados), se a Revolução estivesse na iminência de ser esmagada, e se nós víssemos os primeiros luzimentos do Reino de Maria aparecendo. Porém, ante um chamado da Providência para oferecermos nossa vida, não pudéssemos beber do vinho cujas uvas teríamos plantado, e tivéssemos de morrer antes como holocausto, para que isto de fato existisse. Seria muito duro. Não poder ver o Reino de Maria seria como não ver a terra prometida. Vê-se o que foi para Moisés não ter podido entrar na terra do povo eleito. Aquilo foi uma espécie de miniatura do que seria não se ver o Reino de Maria (MNF, 29-09-1993).

Nossa responsabilidade

Se a concepção que estamos dando se tornasse para nós usual, facilitaria nossa fidelidade ao estado de graça. O tema, uma vez “éffleuré” (enunciado), fica-nos proibido não aprofundá-lo e não construir esta visão, como quem dissesse: “Eu me interesso mais por esta choldra (confusão, mixórdia) que está aqui fora, e isso eu vou deixar para outros examinarem…”

Se este pequeno grupo de pessoas que está aqui não perpetuar este assunto, ele terá morrido. Também é preciso reconhecer que quem ler a R-CR, lê uma parte muito pequena de tudo isso (MNF, 17-03-1994).

Um esboço para deixar com vocês, para o completarem

Eu tenho a impressão de que sobre a sociedade orgânica não há nada feito de sério nem de profundo. Procurarei compor um esboço para vocês completarem, a respeito da sociedade orgânica (MNF, 17-11-1993).

A fome que precede a conversão do filho pródigo

Este é um tema que pode ganhar terreno dentro da TFP, e acho que primeiro é o caso de ganhar esse terreno.

Não estará a graça preparando alguma coisa? As grandes conversões começam quando o homem transviado adquire uma náusea do mal dentro do qual ele está. Ainda não é o arrependimento, mas é a náusea. A parábola do filho pródigo, nesse sentido, é muito interessante. Ele se lembrou da casa do pai depois das bolotas dos porcos. Não foi logo. A parábola deixa entrever que desejou comê-las durante algum tempo, e depois não suportou mais.

Só depois de ter nascido essa náusea da situação é que vem o lado positivo da graça, indicando um rumo. É um trabalho da Providência na crise (CA, 5-5-1987 – CA = Comissão Americana, reunião com amigos da TFP americana, que vinham a São Paulo em intercâmbio).

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