Sejamos Cirineus da Santa Igreja e ajudemo-La a carregar Sua Cruz – O verdadeiro bem-estar da alma vem da lógica

Sede do Reino de Maria, Palavrinha, 18 de outubro de 1987, Domingo

 

A D V E R T Ê N C I A

O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.

Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras “Revolução” e “Contra-Revolução”, são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu livro “Revolução e Contra-Revolução“, cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de “Catolicismo”, em abril de 1959.

 

 

 

O Simão Cirineu, pelo que contam pessoas que tiveram visões etc., ele não queria levar a Cruz. E foi preciso que os soldados o obrigassem a levar a Cruz. Ele era um qualquer. É chamado de Cirineu porque era da cidade de Cirene, uma cidadezinha que havia por perto.
Ele, com certeza, tinha ido a Jerusalém para fazer algum negocinho, ganhar algum dinheirinho, devia ser provavelmente isso. E encontrou de repente [uma turba] que estava levando um condenado para a morte. Ele foi olhar curioso… Ele não sabia que ele ali entrava para a História!
Um soldado disse: “Vem cá, você carrega a ponta dessa cruz”! Ele não quis. Uma cruz pesada, depois aquele Homem sofrendo tanto com aquelas dores… Ele ficou com medo. Então quis tirar o corpo.
– Não senhor, não tem conversa! Pega essa Cruz aqui!
Ele pegou. E no momento em que ele pegou a Cruz, Nosso Senhor deu uma graça a ele! Ele começou a sentir qualquer coisa. E à medida em que ia ajudando a subir o Monte Calvário, ele também cansado, mas ouvindo os gemidos de Nosso Senhor, gemidos que eram doces como cânticos, que rachavam as pedras de compaixão, e vendo jorrar sangue que caía nele, Cirineu sentia honra de aquele sangue jorrar sobre ele. Ele ficou assim… ficou conquistado por Nosso Senhor!
Assim nós somos também. A Igreja Católica luta em nossos dias: Ela é perseguida, é negada, é enxovalhada. Mas nós ajudamos a Igreja a carregar a Cruz. É difícil, mas nós ajudamos. Isso fez o Cirineu.
Mas como é que o Cirineu conseguiu aquelas graças? Como é que foi tudo isso? Alguém rezou por ele! Quem foi que rezou por ele? Uma pessoa que ele não podia suspeitar e provavelmente nem sabia que existisse: Nossa Senhora!
Os srs. imaginem a cena. Nossa Senhora sabe que o divino Filho dEla está carregando a Cruz, e Ela tem pena e pede ao Padre Eterno que pelo menos dê alguém que ajude o Filho a carregar a Cruz. Mas Ela sabe que esse que seria chamado a carregar a Cruz com o Filho dEla, teria uma graça enorme. E Ela pediu e pediu para aquele homem. Ela quis, e o que Ela pede Ela consegue.
Foi portanto Nossa Senhora que ajudou o Cirineu. Nossa Senhora sob que invocação? Nossa Senhora das Dores. Nossa Senhora enquanto seguindo a Paixão dEle se chama Nossa Senhora das Dores. Então, aí está: Simão Cirineu e Nossa Senhora das Dores.
[O texto que segue não se encontra nesse áudio]
Atendi o pedido. Virgo Dolorosa, ora pro nobis!
(Pedido: Quando o senhor viu pela primeira vez toda a seriedade da vida?
Eu vou fazer uma análise da falta de seriedade, está bom?
A lógica é a felicidade da alma: tudo coerente, tudo razoável, tudo sério. Na seriedade o homem encontra a felicidade. O homem pensa que encontra a felicidade na gargalhada, na brincadeira, e é uma ilusão.
Aqueles de vocês que são muito brincalhões, eu tenho certeza de que à noite na hora de dormir, se sentem frustrados. Porque no fim do dia a brincadeira termina e a gente percebe que não é nada. O que foi aquele brinca-brinca? Uma frustração. Mais um remorso…
A gente tem um outro colega que estuda e que está progredindo, um outro que se exprime bem, fala de modo agradável; um outro que é inteligente, tem bons argumentos… A gente brinca! E percebe que, quando ficar homem, não vai adiantar nada brincar. Então percebe que está perdendo tempo.
Nunca aconteceu a vocês de terem uma sensação assim, depois de brincarem muito? Não é verdade que essa sensação dá uma infelicidade? E para fugir dessa infelicidade, a pessoa brinca mais ainda; fica frustrado e, para não perceber a frustração, brinca mais. Brincando mais, piora.
Com a lógica, não! A pessoa raciocina, vê a verdade, está calma, tranquila, tem coragem para tudo. É homem! É gente! Ah! como é bom!
Então os srs. devem lembrar disso que estou dizendo e pedir a Nossa Senhora para lhes dar amor à seriedade. Virgo Sapientíssima, ora pro nobis! Sapiens, no latim, não quer dizer a pessoa que sabe muita coisa; quer dizer a pessoa que tem muito juízo, muito bom senso, muita lógica, muita virtude.
Virgo Sapientíssima, ora pro nobis!]
[Continuação do áudio] 
(Pergunta: Quando o Sr. viu pela primeira vez toda a seriedade da vida?)
Quando eu vi a vida. No primeiro olhar eu percebi que ela era séria. Mas a questão é que eu amei a seriedade logo que eu a vi. Eu gostei das coisas sérias. Nunca fui menino de saber dizer muita coisa engraçada. Fui menino de gostar de pensar, de estar muito tempo sozinho, pensando nas coisas como são; ordenando. E isso me dava alegria.
E eu gostaria que vocês fossem do mesmo jeito. Por quê? Porque vocês se enganam, achando que na brincadeira encontram a verdadeira felicidade. A felicidade está na tranquilidade, na ordem, na beleza que têm as coisas vistas assim.
Seria o caso de organizar – eles são graças a Deus numerosos demais para que se faça isso direito, mas num dia em que a sede aqui não estiver cheia, dia de semana portanto, combinar grupinhos de no máximo dez, que passem uma meia hora, ou uma hora aqui na sede, mas com o compromisso de não falarem entre si. Verem a sede, verem as coisas, sem ninguém falar, ninguém explicar nada. Talvez pôr um cicerone… Vocês sabem o que é Cicerone? É um sujeito que nos museus explica aos visitantes certas coisas – que explique todos esses quadros o que são, o que é isso, como é aquilo, para entenderem como é que é.
E eles façam uma hora ou meia hora aqui, andando de um lado para outro, por onde quiserem, compreenderem o bem-estar que a gente tem quando está num ambiente sério. Seria bonito que fosse numa hora em que os camaldulenses aqui estão rezando o Ofício. Ainda que eles não assistam o Ofício inteiro, mas ouvem um pouquinho, já faz bem.
* * *
[Entra outro grupo de novatos]
* O verdadeiro bem-estar da alma vem da lógica
[…] muito necessário. Para um grupo menor de “enjolras” [novatos], eu estava sustentando o seguinte: que o verdadeiro bem-estar da alma vem quando a gente tem a lógica dentro da cabeça. A lógica ordena tudo. Quando a gente não tem lógica, é o que vocês sabem… Então, ter lógica é uma felicidade.
E quem nos dá a lógica especialmente é Nosso Senhor Jesus Cristo, a Sabedoria Encarnada. Nosso Senhor Jesus Cristo não é lógico, Ele é a lógica! Tudo o que Ele fez é coerentíssimo. E quando chegou a hora “H”, em que Ele teve que pagar por tudo quanto Ele tinha feito – quer dizer, Ele tinha feito tanto bem, que os homens haviam de matá-Lo – Ele caminhou para a morte. E morreu na perfeição!
Vocês sabem que Ele deu aquele brado: “Meu Pai, Meu Pai, por quê Me abandonaste?” Parece um brado de desespero, não é? Não é. É o início de um Salmo, que prevê a ressurreição dEle. Então, do alto da Cruz, na hora de expirar, Ele profetizou a própria Ressurreição.
Depois Ele teve aquela palavra: “Meu Pai, em vossas mãos Eu deposito o Meu espírito”. Vocês olham para Ele, é aquela respeitabilidade!… A gente nem sabe o que dizer diante da respeitabilidade dEle. A única coisa que tem é a vontade que a gente tem é de cavar um buraco no chão, para ficar no fundo do buraco olhando para Ele, tanto Ele é superior a nós! Superior a tudo, a todos, não tem comparação com ninguém!
Bom, um dos predicados dEle é a lógica. Eu ouvi dizer que as gerações assim mais novas não gostam muito da lógica, não é? Gostam da brincadeira, não é?. Quem brinca muito não gosta da lógica, mas quem tem lógica não gosta de brincar.
Mas manda a lógica que se diga que a gente deve obedecer muito a um instrumento lógico, que é este aqui: o relógio. Não é lógico este instrumento? Então, “fugit…” Eu estou com a Comissão Médica à minha espera. Como vamos arranjar? Salve Maria!
Vamos então rezar um Memorare, para Nossa Senhora nos tornar lógicos.
Memorare…

Nota: Para coletânea de comentários do Prof. Plinio relativos á Quaresma/Semana Santa, clique aqui.

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