Sede do Reino de Maria, 2 de março de 1991 – Santo do Dia
A D V E R T Ê N C I A
Gravação de conferência do Prof. Plinio com sócios e cooperadores da TFP, não tendo sido revista pelo autor.
Se Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:
“Católico apostólico romano, o autor deste texto se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto, por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.
As palavras “Revolução” e “Contra-Revolução”, são aqui empregadas no sentido que lhes dá Dr. Plinio em seu livro “Revolução e Contra-Revolução“, cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de “Catolicismo”, em abril de 1959.
* * *
…peça a Nossa Senhora, a Virgem dolorosa, que tenha pena de você e o mude. Quando Deus foi capaz de Se imolar por cada um de nós para nos salvar, não seremos capazes de sermos eternamente gratos a uma bondade dessas, incomensurável? Ó meu Jesus, tenha misericórdia de mim e faça com que, pelas lágrimas de Vossa Mãe Santíssima, eu aproveite este período para refletir no dom inapreciável que Vós me concedestes e que, por fim, eu me converta.
Neste Santo do Dia, Dr. Plinio nos ajuda nesse caminho que todo católico verdadeiro deve percorrer, rumo à plena realização da vocação a que a Providência chamou cada um.
Para tomar conhecimento de outras considerações do Prof. Plinio sobre a Quaresma e a Semana Santa, clique aqui.
Então, meus caros, parece que estamos retomando mesmo a regularidade de nossas reuniões de sábado.
Hoje, por uma pequena circunstância, a reunião teve que se realizar ainda aqui [neste auditório], mas provavelmente já serão no próximo sábado, no auditório de Nossa Senhora Auxiliadora, no Praesto Sum, então em condições de podermos nos ver uns aos outros durante o Santo do Dia todos os presentes, e, portanto, em condições mais normais.
* É preciso ter uma compreensão bem exata das festas da Semana Santa para participar de modo atento e devoto
Nós vamos entrar diretamente no assunto, porque já é tarde, e os senhores sabem que depois dessa reunião eu ainda tenho outra à noite.
Nós estamos na Quaresma e já não estamos muito distantes do tempo em que começa então o Domingo de Ramos, depois Domingo da Paixão, e a Semana Santa etc., e nós devemos ter uma compreensão bem clara do que é que significam essas festas para a Igreja e do bem que Ela tem intenção de obter para as nossas almas durante essas festas. De maneira que com uma compreensão exata da coisa nós possamos participar dessas festas de modo atento, de modo devoto, e de modo esperançado.
* Seriedade e atenção, elementos indispensáveis para se fazer qualquer coisa de bom, sobretudo em matéria de piedade
De modo atento porque se não se presta atenção nas coisas, não se faz nada bem feito. Isto vale mais ainda para os atos de piedade do que para qualquer outra atividade que o homem tenha. Vamos dizer que um homem seja um pintor. Se ele não presta atenção no que está pintando, pinta uma porcaria. Se um homem é um professor e se ele não presta atenção na aula que está dando, não sai nada que preste. Atenção é a capacidade de fixar atenção onde deve, e mantê-la ali durante o tempo que deve estar fixada, é uma condição para que o homem faça qualquer coisa de bom. E evidentemente também, e sobretudo, para aquilo que o homem faz de mais importante, que são os atos de piedade pelos quais ele se volta a Deus, pede as graças de Deus, recebe, porque Deus é infinitamente misericordioso, infinitamente bom, concede essas graças e o homem então tem que recolher essas graças e aproveitá-las, tem que agir na linha em que essas graças indicam.
Tudo isso supõe muita atenção, muita seriedade; e para nós termos essa seriedade bem atenta, durante esse período importantíssimo do ano, para o católico, em que se comemora a Paixão e Morte de Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, a Compaixão de Nossa Senhora, e depois a Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.
* Ilustração do imenso benefício que nos fez Nosso Senhor Jesus Cristo e de nossa ingratidão para com Ele
Bem, então nós temos que ter bem uma noção das coisas como são. E para dar uma primeira introdução a essa noção agora à noite, eu vou imaginar com os senhores uma situação.
Os senhores imaginem que os senhores têm um amigo que tem dores atrozes. Ele tem, por exemplo, uma das formas de padecimento mais desagradável: dores noturnas. Vamos dizer que ele tenha dores de cabeça noturnas, ou qualquer incômodo noturno, que impeça a ele de dormir. As noites dele são em branco, ele acorda de manhã, tem que passar o dia inteiro trabalhando. Chega à noite ele já sabe que vai passar a noite inteira em claro. Ele prevê a hora em que ele vai estourar.
Ele encontra com um dos senhores na rua, os senhores perguntam: “Fulano, como vai passando?”
– Ah, muito mal porque houve isso assim, assado.
– Bom, mas você peça a Nossa Senhora, Salus infirmorum, Saúde dos enfermos, Salvação dos enfermos, que reze por você etc.
Os senhores pensam que na fisionomia dele vão notar pelo menos um pouco mais de esperança, um pouco mais de alegria, porque se abre para ele uma possibilidade. Ele acaba de se queixar que recorreu a toda espécie de médicos, tomou toda espécie de remédios, não adiantou nada. Mas, afinal, se abre para ele uma possibilidade: rezando a Nossa Senhora quem sabe se ele obtém alguma coisa.
Ele diz: “Olha, eu vou dizer o que é que há comigo. Eu estou tendo esses padecimentos etc., e não tenho coragem de pedir a Nossa Senhora para remover. Porque eu sei bem que eu estou sofrendo isso em consequência de um pecado muito mau que cometi, e acho justo que eu esteja sofrendo isto. Mas de outro lado, não aguento. E, portanto, minha situação não tem por onde escapar. Nossa Senhora não vai querer atender ao meu pedido, porque é merecido que eu sofro, e eu não consigo escorar a coisa. De maneira que eu vou me arrebentar, vou morrer, eu não sei o que vai acontecer comigo, mas eu não estou mais aguentando”.
Os senhores ficam com pena do rapaz e dizem a ele: “Bem, mas então vamos fazer o seguinte. Eu ofereço para que Nossa Senhora tire esses padecimentos de você, eu ofereço a Ela ficar com uma parte desses padecimentos… [Exclamações]
O “Nooossa!” significa que os senhores teriam muita dificuldade de fazerem esse oferecimento, porque não é brincadeira ficar com um padecimentos desses nas costas. Ele diz: “Mas, está bom, você está disposto a aguentar o quê?”
Diz: “Eu estou disposto a aguentar, por exemplo, toda a noite enquanto estiver dormindo, uma pontada furiosa, de um minuto na ponta do dedo médio da mão direita. Depois eu acordo, assusto um pouco, e depois durmo. É um minuto de dor. Você tem uma noite inteira de dor, e eu suporto por você um minuto de dor. Mas a questão que o meu ato de virtude querendo carregar uma parte da pena merecida por seu pecado, esse ato de virtude tem seu valor, além da dor que eu ofereço, tem o ato meu de querer favorecer a você, é um ato que um católico como irmão na fé do outro católico, oferece por ele. Então, eu aceitaria isso de bom grado”.
Ele diz: “Olha, você é um grande amigo. Eu nunca pensei que você fosse capaz disso. Mas enfim, muito obrigado, vamos juntos à igreja próxima lá, e vamos rezar juntos nesse sentido, porque eu estou aguentando”.
Bem, os senhores vão com ele para a igreja, e aquele dos senhores que aceitou o sacrifício se ajoelha ao lado dele, e rezam diante de uma imagem de Nossa Senhora, ou diante do tabernáculo onde está o Santíssimo Sacramento, os senhores rezam uma Salve Regina, jaculatórias ao Coração Eucarístico de Jesus, ou qualquer outra invocação ao Santíssimo Sacramento, os senhores rezam, e aquele dos senhores que resolveu fazer esse sacrifício, toma o pacto no duro. Mas depois ele vai cuidar de uma coisa ou outra, não pensa mais no assunto, e dorme. À noite, quando a noite dele está no mais agradável, às 3 horas da manhã… pan!! Ele acorda com uma sensação de que a última falange do dedo indicador está estraçalhada.
Que é isto! Acende a luz, não tem nada. Ele se lembra: “Ah, bom, é o oferecimento que eu fiz pelo fulano. Nossa Senhora atendeu o meu pedido e está me mandando a dor que eu pedi. Eu não tenho, portanto, razão nenhuma de me surpreender, eu fiz esse oferecimento a Ela porque eu quis, e Ela me atendeu, Ela me tomou a sério, graças a Ela que Ela me tomou a sério. Tal seria que nem Nossa Senhora me tomasse a sério”.
Bom, a dor passou, e vou dormir. Afunda nas cobertas… acorda de manhã com uma noção vaga daquela dor. Quer dizer, não está mais lá, mas tem uma lembrança que houve aquela dor, e toca o dia.
Às três horas da manhã do dia seguinte: Tan!! Novo estraçalhamento do dedo. Vai ver, não tem nada.
Bem, daí a alguns dias encontra o amigo.
– Como vai você?
– Olha, sarei.
– Você não imagina como eu estou contente, em casa todos como estão contentes com você, até minha mãe quer oferecer um jantar a você, porque você está me curando destas dores, e eu estou muito grato a você, ta-ra-ta-ta-tá.
Bom, realiza-se o jantar, agradecimentos etc., ta-ta-tá, mas chega às três horas da manhã, pan! A dor de novo. Ao cabo de uma semana, toda noite, toda noite, toda noite, aquela dor, aquele susto, aquele sono, entre sono-dor, susto, sono, é uma coisa que ao cabo de uma semana o sujeito está achando que aquela semana foi comprida.
Bem, apesar de tudo ele vai aguentando. Ele resolve fazer uma estrepolia, ele põe um esparadrapo em torno do dedo, embrulha bem, para ver se não dá a dor. Não é correto, ele ofereceu, e não deve estar usando meios para não usar a coisa. E vamos imaginar – estamos no terreno da imaginação, tudo isso que eu estou contando é imaginário –, vamos imaginar que naquela noite o rapaz acorda, e tan! Apesar do esparadrapo, mas com uma diferença: é que nas noites anteriores ele sentia apenas na última falange a dor, e agora a dor se prolongou no dedo inteiro até a raiz.
Os senhores estão entendendo bem, os senhores se imaginem na posição do rapaz, não tem que explicar nada: Nossa Senhora não gostou da atitude. Na outra noite seguinte o dedo está perfeito, sem esparadrapo nem nada: “Assim não vai!”
Os senhores daqui a uns 15 dias encontram com o rapaz numa roda, na rua, por exemplo, ele vai, cumprimenta os senhores com ar distraído. Ele está bem disposto, corado! E cumprimenta os senhores com ar distraído: Ah… você como vai?!” Depois continua na prosa com os outros amigos. Na hora de despedir ele está de automóvel e os outros amigos não estão, e os senhores também não estão. Ele convida este, aquele, aquele, voltar no automóvel para a casa dele, e não convida os senhores. Que, entretanto, mora perto da casa dele. Mas na hora de ir embora ele diz aos senhores: “Olha, também para você ´até logo´, ouviu? Você vai a pé, nossas casas não são longe, você vai a pé mesmo, ouviu?” E vai embora…
Os senhores percebem que ele está numa posição diferente dos senhores. Ele primeiro já foi beneficiado, portanto, tende a não se lembrar mais. Segundo lugar, ele não gosta de estar imaginando quanto os senhores estão sofrendo por ele. E é desagradável, e ele até evita a companhia dos senhores para [não] estar pensando nisso que é desagradável. Pode acontecer! Os senhores sabem que a cabeça humana dá para isso… Eu acho que não estou decepcionando nenhum dos senhores, os senhores sabem que é isso. E depois, no vai-e-vem da vida, ele está achando mais graça em outros amigos. E está achando que os senhores não têm graça. E, portanto, rifa. Isso acontece à toda hora, de todo jeito, e, portanto, está metendo um pontapé nos senhores.
Há duas saídas: uma é ir para a igreja, para aquela mesma igreja – sem dizer nada ao rapaz – ajoelhar-se diante da imagem de Nossa Senhora ou diante do Santíssimo, e dizer: “Olhe, vede a posição em que eu estou. Eu ofereci assim etc., etc., e ele está me pagando desta maneira assim, assim, assado. E Vós vedes bem que é injusto o procedimento dele comigo, e até gravemente injusto. Pelo que eu venho Vos pedir por caridade que me desembarace dessa dor. Ele que aguente a dor que ele sofre, ele que carregue o peso das coisas dele, e eu carrego das minhas. Não há razão para eu estar carregando essa dor de um tipo que se esquece até do bem que eu fiz a ele, esquece que eu sou a razão de todo bem-estar dele, que está em mim, e ainda me trata dessa maneira”.
É uma coisa que se compreende. E, conforme o caso, Nossa Senhora poderia atender o pedido, e daí a alguns dias o rapaz começa a se sentir mal. Um belo dia tilinta o telefone da casa dos senhores: “O fulano está?”
– Sou eu.
– Ó! Eu sou fulano – é o tal…
– Meu caro, você como vai passando?
– Ah, aquilo tudo voltou! Me diga uma coisa, aquela sua promessa do dedo você está mantendo direito?
Bom, resposta: “Não. Eu verifiquei que você esqueceu daquilo tudo, eu também esqueci”.
– Não, eu nunca esqueci! que coisa é essa? Olha aqui, nós precisamos conversar um pouquinho, venha aqui. Olhe, mamãe gostou muito de você. Ela até mandou pedir para você vir de novo jantar aqui que ela gostou muito de sua prosa. Eu passo aí de automóvel por sua casa e pego para vir aqui.
O que é que seria mais virtuoso? Era voltar, conversar com o homem, e depois dizer a Nossa Senhora que suportava de novo aquela martelada no dedo, ou dizer para o homem: “Olha aqui, eu vou te dizer. Você teve comigo um procedimento porco. Você fez assim, assim, assim, e, portanto, você arranje um outro para ir ter a pancada no dedo, que eu não quero mais. Você tem quatro irmãos, tem ainda uma série de primos, peça a cada um que aguente um tanto por você, eu não sou seu irmão nem seu primo, por que que eu vou aguentar?”
Qual dos dois procedimento é mais virtuoso? É aguentar de novo, ou é de dar a segunda resposta: fale com seus irmãos e seus primos?
Os que acham que a primeira é mais virtuosa levantem o braço.
Agora, quais são os que teria muita dificuldade em seguir o primeiro, e uma vontade louca de dizer como o segundo para ele?
Bem, os senhores vão me dizer: “Que relação isso tem com a Semana Santa?”
Pela reação, eu tenho a impressão de que os senhores já perceberam inteiramente por onde corre o caso, não é?
Quer dizer, esse sofrimento que um dos senhores teria aceito por um conhecido ou por um amigo, pode ser cacete, e ao longo do tempo pode pesar realmente, pode tocar nos nervos, é possível. Mas é insignificante, mas absolutamente insignificante, é ridiculamente insignificante, em comparação com o que Nosso Senhor Jesus Cristo sofreu por cada um de nós.
E, por outro lado, a vantagem que esse homem teve com o nosso sacrifício, é uma vantagem muito pequena em comparação com a vantagem que Nosso Senhor Jesus Cristo nos deu sofrendo tudo quanto sofreu, morrendo na Cruz por nós, e nos redimindo. Não há nenhuma comparação.
Porque aquele era um homem doente que passa a ter noites boas. Mas não é um homem tão doente que não andasse na rua, não trabalhasse etc., etc., ele tinha uma saúde meio encrencada como muita gente tem, mas vivia uma vida mais ou menos normal como todo o mundo leva. Então, a vantagem de se sentir livre daquelas dores, era uma real vantagem, mas insignificante em relação ao que Nosso Senhor Jesus Cristo obteve por nós.
* As consequências do pecado original
O que é que Nosso Senhor Jesus Cristo obteve por nós? Exatamente o que é que houve?
Houve o seguinte: é que Adão e Eva tendo pecado, eles eram no tempo deles o gênero humano. No Paraíso eles eram o gênero humano, porque homens só tinham no Paraíso Adão e Eva. E quando eles pecaram, não pecaram só Adão e só Eva, pecou o gênero humano. Está claro isso?
De maneira que esse pecado sendo de todo gênero humano, embora nós não tenhamos uma culpa moral, não vamos para o inferno por causa disso, entretanto o fato é que nós temos que carregar uma série de sofrimentos, de padecimentos etc., por causa disso. E foi por causa disso que Nosso Senhor fez aquele castigo para Adão e para Eva, expulsou do Paraíso, declarou que eles passavam a ser mortais.
Eles tinham um dom de Deus especial por onde eles não morreriam, e todo gênero humano passou ficar sujeito à morte, passou a ficar sujeito a dores, a tormentos etc., etc. O gênero humano passou a fica sujeito a doenças, às tais indisposições do tal rapaz imaginário. E ficou com a inteligência limitada, perdeu o domínio que tinha sobre toda a natureza, hoje os animais não obedecem ao homem. Desde o tigre mais feroz, ou do leão mais feroz, até o último mosquitinho, pode nos amolar e nos ameaçar como quiser, que nós não podemos dominar; podemos, com o mosquito, abanar e ele volta quantas vezes ele quiser, nós não temos domínio.
No tempo de antes do pecado não… Acabou-se! Adão tinha o domínio completo sobre toda a natureza. O trabalho se tornou para nós uma coisa difícil. Com o trabalho o estudo, e outras coisas se tornaram para nós difíceis, quer o trabalho manual, quer o trabalho intelectual se tornou difícil. Por outro lado, para a mulher, a gestação se tornou frequentemente acompanhada de incômodos de saúde, e o dar à luz o filho passou a ser dolorido, como castigo. E daí para fora uma série de consequências. Mas isso não é nada.
É que como o gênero humano pecou, e pecou de um pecado de uma gravidade a bem dizer infinita – eu daqui a pouco vou dizer por que – pecou um pecado com essa gravidade, ficaram fechadas para o homem as portas do Céu. E pelo contrário, o homem padecia nesta terra e ficava com risco fácil de ir para o inferno.
Por que ir para o inferno?
Porque o homem depois do pecado ficou muito mais inclinado para o mal do que ele era antes do pecado. Antes do pecado nós vemos como Adão foi tentado por Eva, que foi tentada pela serpente, que de fato era um instrumento na mão do demônio. Mas a gente vê também que se deu o seguinte fato: que Adão e Eva foram expulsos do Paraíso etc., mas não é só isso, eles não podiam ir para o Céu, eles ficavam sujeitos ao inferno. E com muita dificuldade para praticar o bem, e os senhores vêem isso logo com Caim e Abel.
* Um dos padecimentos de Adão e Eva: ver o primeiro morto do gênero humano, o filho de sua predileção, e a maldição sobre o filho assassino, errante até o fim de seus dias
O caso de Caim e Abel eu creio que os senhores todos se lembram, eu não vou fazer perguntas aqui, mas eu quero saber se eu perguntasse quem estaria em condições de contar o caso de Caim e Abel aqui, levante o braço. Podiam ser mais numerosos! Devia ser 100%, não é?
Adão e Eva tiveram muitos filhos, entre outros Caim e Abel. Abel era o predileto deles, e era muito bem apessoado, muito bom, muito direito, filho muito dedicado etc., etc., e amava a Deus. Caim era, pelo contrário, um homem irascível, de mau gênio, de maus bofes etc., e invejoso.
E em certa ocasião, Caim viu Abel oferecer um sacrifício a Deus, tomar frutos, colocar sobre um altar – não tinha igrejas naquele tempo, tudo era ao ar livre, mas enfim, era um altarzinho preparado ao ar livre – e tocar fogo naquilo para destruir aquelas frutas em louvor de Deus. E o fogo tocou naquilo, fez a fumaça subir em linha reta para o Céu.
Caim ficou vendo aquilo, e ele tinha armado também um altar. Mas ele tinha posto frutas podres, e a fumaça era feia… os senhores podem imaginar. Ele se tomou de um ódio de Abel, de uma inveja, e matou Abel.
E para os senhores verem o que Adão e Eva sofreram com isso, Adão e Eva nunca tinham visto uma pessoa morta, a primeira vez que Eva viu um morto, e Adão também, foi o filho predileto deles que era… [exclamações].
E era para eles dois tormentos, porque eles nunca tinham visto um assassino. E, então, viram Caim com uma cara péssima que tinha cometido um homicídio. Homicídio é um pecado que clama ao Céu e brada a Deus por vingança. E depois não é só um homicídio qualquer, é um fratricídio, ele matou o irmão dele, não é um qualquer da rua que ele matou, é uma agravante tremenda.
Bem, e podem imaginar o choque deles vendo o filho da predileção morto e vendo um outro filho, horrível, e amaldiçoado por Deus, e que começa a cumprir o castigo que Deus deu a ele. Andar, andar, andar por toda parte sem poder parar. De maneira que de tempos em tempos eles viam Caim meio desvairado passar, talvez, parar, falar um pouquinho com eles e dizer: “Eu não posso parar, eu tenho que andar, andar, andar sem parar, porque eu matei meu irmão…” […] [sair] pelo mato. Os senhores podem imaginar a dor disso.
* Deus quis salvar o gênero humano, e a própria Segunda Pessoa da Santíssima Trindade veio à terra para salvar-nos
Mas Nosso Senhor queria salvar o gênero humano, e para salvar o gênero humano era preciso que alguém oferecesse a Deus uma reparação do tamanho do pecado que fora cometido, e então Deus na sua bondade infinita resolveu oferecer uma reparação infinitamente superior ao pecado cometido. Era a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade fazer-se homem, quer dizer, encarnar-se, fazer-se homem, vir à Terra sofrer tudo quanto Nosso Senhor sofreu para que até o fim do mundo ficassem abertas as portas da graça e do Céu para o homem.
* Depois de 5 mil anos de espera, o Verbo encarna-se no seio puríssimo de Maria
Bem, e com isso passaram-se mais ou menos cinco mil anos, em que aqueles que ficaram fiéis à comunicação de que viria um Salvador, um Messias, ficaram esperando, esperando, esperando, e em cada geração eles se perguntavam: “Virá o Messias? Será o filho de um de nós?” E passaram-se cinco mil anos quando, afinal, numa manhã puríssima, uma Virgem mais pura do que essa manhã, estava rezando. E os senhores conhecem o resto da sublime História.
O Anjo era Gabriel, e disse a Ela que Ela era cheia de graça, quer dizer, perfeita aos olhos de Deus e repleta deste dom sobrenatural que se chama graça. E que por causa disso, Deus tinha resolvido que o Messias nascia dEla, e em última análise perguntava se Ela concordava com isso. E Ela ficou perturbada. Conta o Evangelho que Ela se perguntava qual era o sentido dessa saudação que o Anjo tinha feito a Ela, e aí o Anjo explicou para Ela o que era. E ela concordou em palavras sublimes.
Ela disse: “Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim a vontade dEle. Faça-se em mim, segundo a tua palavra”. Que era a vontade de Deus. Naquele ato, o Divino Espírito Santo interveio em Nossa Senhora e o Verbo se Encarnou e habitou entre nós.
Há uma versão muito bonita que diz – sem que isso seja de fé – que Nossa Senhora estudava, estudava as Escrituras para saber como seria o Messias, porque Ela queria compor – antes de receber a visita do Anjo –, Ela queria compor a fisionomia do Messias como é que seria. E à força de compor como seria, Ela acertou, e quando Ela compôs o último traço, o Anjo apareceu. Mas havia uma diferença entre o que Ela esperava e o que se passou. Ela naquela adoração pelo Messias que viria, Ela queria ser a servidora da Mãe do Messias, quando veio o Anjo e disse que Ela seria Mãe do Messias.
* Nosso Senhor em todos os dias de sua vida tinha em vista o sofrimento atroz pelo qual passaria por causa dos homens e para salvar os homens
Mas os senhores devem notar que em todo presépio bem feito, o Menino Jesus aparece sorrindo, afável, como uma criança que está encantada em ver sua Mãe – que Mãe! Bem, pode-se imaginar o encantamento dEla em ver que Filho! Com “F” maiúsculo – que coisa incomparável! –, mas com os braços abertos, Ele: Era o formato da Cruz…
Quer dizer, Ele vinha à Terra já ciente de que Ele viria para sofrer o sofrimento da Cruz. E querendo sofrer esse sofrimento da Cruz com tudo quanto Ele que era profeta sabia que haveria de acontecer. Nosso Senhor Jesus Cristo foi o Profeta perfeito, o ápice dos profetas. Porque ele não só previa o que acontecia, mas Ele fazia o que previa.
Então, Ele sabia tudo que ia sofrer e em todos os dias de sua vida Ele sabia, Ele via, Ele tinha em vista esse sofrimento atroz que Ele ia receber por causa dos homens e para salvar os homens. Até há composições muito bonitas – São José era carpinteiro – que representam o Menino Jesus, já adolescentezinho trabalhando com o pai na serraria. Em certo momento como quem pega duas madeiras, dois pedaços de madeira assim, e compõe o formato da Cruz. Sozinho, olhando para a Cruz.
Outras composições também muito bonitas que mostram Nossa Senhora na casa de Nazaré, olhando assim por uma porta entreaberta, e olhando para a sala vizinha Nosso Senhor Jesus Cristo rezando com os braços abertos em Cruz. Já compreendendo que viria, e pré-sofrendo em relação ao que viria.
* Nosso Senhor começa sua vida pública, onde suscita entusiasmos e ódios
E afinal de contas, depois dos trintas anos de vida privada, vida particular que Ele passou na oração, no recolhimento junto com São José e Nossa Senhora, depois de ter passado pela morte de S. José que é o patrono da boa morte, porque é certo que Ele morreu tendo Nosso Senhor Jesus Cristo alentando a ele para a morte, e Nossa Senhora também. E, portanto, não se pode ter melhor morte do que ele teve.
Então, depois de ter passado tudo isso, um dia Ele se despede de Nossa Senhora e Ela compreende que Ele vai para a sua vida pública. Não é mais a vida do lar, mas é a vida do mundo, e que Ele vai começar a pregar, Ele vai começar a fazer milagres, Ele vai começar a converter pessoas, Ele vai começar a suscitar um entusiasmo e uma veneração sem nome, de que os senhores têm sinal com o Domingo de Ramos.
Mas também Ele vai começar a suscitar o ódio, a inveja. E os Evangelhos contam que Nosso Senhor Jesus Cristo no dia em que Ele ressuscitou Lázaro, tinha uns fariseus e uns canalhas juntos, e viram ressuscitar Lázaro, eles viram a Nosso Senhor chegando ao sepulcro de Lázaro e chorando pela morte de Lázaro. E depois dá ordem: “Lázaro, saia fora!” E Lázaro se levantar de dentro da sepultura, provavelmente ainda todo enfaixado com as tiras com que os judeus envolviam os mortos, e desfazer-se daquilo tudo, e estava curado.
Vejam a coisa fantástica. Lázaro a quem Ele ressuscitava, todo o mundo que estava lá presente viu, e viu que ele estava ressuscitado, ele estava, diz o Evangelho, há três dias na sepultura. Já devia – porque dizia uma das irmãs dele – ele já devia estar apodrecido. Nosso Senhor mandou sair, ele ficou perfeito.
Os senhores podem calcular a alegria sem nome das irmãs, podem calcular também o entusiasmo dos que seguiam a Nosso Senhor, mas o ódio dos que tinham ódio de Nosso Senhor.
Ódio por quê? Porque Ele era bom. Ódio porque Ele era santo. Ódio porque Ele pregava a virtude, e os maus odeiam o bem, odeiam a virtude, e odeiam quem faz milagres para propagar o bem e a virtude.
Resultado: combinaram entre si de matá-lo. É a primeira vez que se fala no Evangelho de matar a Nosso Senhor é nessa ocasião. O que quer dizer muito como são as coisas…
* Nosso Senhor celebra a Páscoa e chora sobre Jerusalém
Afinal chega o momento. Era Páscoa, Nosso Senhor está com os seus no Cenáculo, celebram a Páscoa também, Ele institui a Sagrada Eucaristia, Ele depois vai com seus apóstolos cantando, como era o costume, para um lugar onde pudessem fazer oração, Ele vai assim ao Horto das Oliveiras, depois de ter passado por um lugar por onde viam de longe o templo de Jerusalém e de ter chorado sobre Jerusalém.
Ele, que era Profeta, que era Deus, Ele sabia perfeitamente o que ia acontecer, e chorou, dizendo que aquele templo ia ser destruído, que viria castigo… E tem uma comparação linda: quantas e quantas vezes Ele procurou reunir a população de Jerusalém em torno dEle como a galinha reúne os pintainhos. Entretanto eles não quiseram. Viria o castigo.
* Veio a Paixão, cujo lance mais pungente é o encontro com Nossa Senhora
Veio depois todo o resto que os senhores sabem: a Paixão dEle, inenarrável, não se pode quase dizer qual é o lance mais doloroso da Paixão dEle…
A meu ver o mais doloroso foi quando Ele se encontrou com Nossa Senhora, porque Ele viu Nossa Senhora sofrer tudo quanto se pode imaginar que um coração de Mãe pode sofrer vendo naquela situação, no meio daquela canalha vil etc., etc., e sabendo Ela também que Ele estava sendo conduzido para a morte. E indo Ela com Ele, fidelíssima, até à Cruz e ficando embaixo da Cruz até o momento dEle morrer.
No alto da Cruz ainda, quando os estertores das piores dores os atormentavam Ele ainda fez um ato boníssimo, Ele converteu o bom ladrão, e depois disse ao bom Ladrão: Hodie eris mecum in paradisum – “tu estarás comigo hoje no Paraíso”. É a primeira canonização. O bom ladrão chamava-se Dimas, a Igreja o saúda como São Dimas. Era um ladrão de estrada, um bandido, mas abria-se a era da misericórdia.
* Os últimos e terríveis sofrimentos no alto da Cruz e o prêmio inigualável para o apóstolo São João, que recebeu Nossa Senhora como Mãe
Bem, e os médicos recentes estudaram – eu acho que já falei disso aqui –, os médicos estudaram o que é que Ele devia sofrer na Cruz, e Ele estava com um prego aqui, na palma da mão, outro na outra palma da mão e parece que Ele não tinha uma tábuazinha embaixo como tem nos crucifixos em geral, não tinha: Ele estava com os pés presos com um cravo que atravessava, eu não me lembro bem, se os dois pés ou os dois tornozelos, e metia, entrava no próprio madeiro da Cruz.
De maneira que Ele estava perdendo sangue em quantidade – os senhores podem imaginar – já tinha perdido muito, e quando Ele tinha falta de ar, às vezes para respirar melhor Ele se apoiava sobre as mãos sagradas dEle – as mãos que tinham abençoado e curado, e ajudado a fazer a pregação etc. –, Ele se apoiava nas mãos para sentir um pouco menos de dor nos pés, e os pregos começavam a rasgar ainda mais a mão. Depois Ele sentia aquela dor e se apoiava no tornozelo; e a dor das mãos diminuía um pouco, mas a do tornozelo aumentava, e a falta de ar cada vez maior.
Foi nesse tormento medonho que Ele ainda disse a Nossa Senhora: “Mãe, eis aí o teu filho!” E apontou São João Evangelista. E disse depois: “Filho, eis aí a tua Mãe”.
Entrava também um perdão enorme, porque São João Evangelista tinha fugido no Horto da Oliveiras. Segundo parece, ele fugiu nu. Naquele tempo usavam uns panos, eles se embrulhavam, e os algozes que prenderam Nosso Senhor parece que quiseram prender os apóstolos, e um deles quis deitar a mão em São João, e São João deixou os panos na mão dele e fugiu nu.
Bem, o fato é que São João, a partir daquele momento passou a ser especialmente filho de Nossa Senhora. Ele era parente muito chegado de Nossa Senhora, porque a mãe dele era prima muito chegada de Nossa Senhora. Mas isso não é um filho, o filho foi quando Nosso Senhor disse: “Filho, eis aí a tua Mãe”. O fujão de algumas horas antes, passava a receber o maior prêmio que o homem pode imaginar.
E Nosso Senhor no auge das dores, teve aquela exclamação: “Meu Pai, meu Pai, por que me abandonaste?” Ele sabia que não estava abandonado, mas era uma expressão, uma exclamação pelo auge que Ele sofria. Quer dizer, o seu sofrimento tinha chegado ao total.
Aí Ele exalou o espírito, a alma saiu do corpo e inclinou a cabeça, estava tudo pronto.
* No alto da Cruz Nosso Senhor tinha presente cada um dos atos que hoje praticamos
Mas no alto da Cruz, Ele que tinha a ciência de tudo, porque era o homem Deus, Ele conheceu todos os homens que viriam, conheceu a cada um dos senhores, ao Pe. Gervásio, a mim, a cada um dos senhores, Ele conheceu individualmente, Ele tinha ciência de todo presente, passado, futuro, sempre. Mas no alto da Cruz Ele teve em vista, e teve em vista todos os pecados que cometemos, como também todos os atos de virtude. E teve em vista esta noite, e teve em vista o que eu estou falando e que os senhores estão ouvindo. E Ele ofereceu os sofrimentos e a vida dEle por cada um de nós individualmente.
* Nosso Senhor livrou-nos do inferno e abriu-nos as portas do Céu. Qual é nossa atitude para com Ele?
Agora, que papel nós fazemos com Ele? Vamos comparar com o tal negócio dos dois amigos que eu falei no começo.
Quer dizer, Ele nos salvou do inferno, Ele levará nossas almas para o Céu, Ele abriu o Céu para nossas almas; passaremos ou [não] passaremos. Continuamente estamos recebendo graças, Ele está vindo ao nosso coração por meio da Sagrada Comunhão, a Mãe dEle está rezando o tempo inteiro no Céu por nós como nossa Advogada, e a misericórdia dEle está continuamente baixando sobre nós.
O que é que nós fazemos? Eu vi que os senhores ficaram – e é explicável – muito implicados com o rapaz que esqueceu do sofrimento que o outro estava tendo, mas que papel nós fazemos em relação a Ele? Está clara a comparação?
E cada vez que nós pecamos, como seria bom que nos lembrássemos disso, para, na hora do perigo e do pecado, nós lembrarmos disso e dizer:
“Maria, Mãe de Misericórdia, dai-me forças; eu não pecarei porque eu ouvi isto, aquilo, aquilo outro”.
* Que o problema central de nossa vida seja de praticar cada vez mais atos de virtude, sermos cada vez mais imitadores de Jesus Cristo, cada vez mais calcando aos pés o demônio
Se acontecer de pecarmos, nós nos arrependermos imediatamente e por meio de Maria Santíssima pedir a Ele que nos perdoe. Se é um pecado mortal, irmos imediatamente à confissão para que a mancha repugnante, horrível do pecado mortal se apague de nossas almas e que nós voltemos à graça de Deus. E que desta maneira o problema central de nossa vida seja de praticar cada vez mais atos de virtude, sermos cada vez mais imitadores de Nosso Senhor Jesus Cristo pelas graças de Maria; e por outro lado, cada vez mais calcando aos pés o demônio, recusando as solicitações para o pecado que ele nos faz, e, pelo contrário, insistindo: “Não pecarei, in eterno nom pecabo, eternamente eu não vou mais pecar”.
Para que tudo isto daqui a dez minutos não esteja apagado da alma dos senhores – os senhores se lembram do beneficiado como se esqueceu logo do benefício que recebeu –, para que isto não esteja apagado da alma dos senhores, é preciso que os senhores rezem já para isto, para pedir a Nossa Senhora que Ela não permita que isso se apague da alma dos senhores, mas que, pelo contrário, Ela lhes dê as graças necessárias e superabundantes para os senhores não pecarem mais, e assim a vida dos senhores transcorrer na contínua amizade de Deus e de Nossa Senhora, até o momento bem-aventurado em que os senhores também entregarem a sua alma a Deus e subirem para o Céu.
É uma introdução a esses dias de meditação. Pensem nisso e que Nossa Senhora os ajude.
* A leitura que o Sr. Dr. Plinio fez dos Exercícios Espirituais, para radicalizar-se em relação ao mundo e em relação a Deus
Há uns exercícios espirituais de Santo Inácio de Loyola comentados por um comentador de que muitas pessoas não gostam, eu gosto muito desse comentador, o Pe. Pinamonte, que tem uma série de casos e até, aliás, no fim tem fatinhos saborosos e tem a teoria, depois tem uma aplicação com a vida dos santos etc., e depois tem alguns fatos mais diversos.
E quando eu tinha mais ou menos uns 18 anos, assim, 19, eu em vista de uma série de circunstâncias – graças a Nossa Senhora eu vivia na graça de Deus – mas eu entendi que eu deveria, para não sair deste bom caminho, me consagrar muito mais, que assim só como estava a coisa não ia para frente, as pressões do século, do mundo, etc., eram enormes e ou eu tomava uma atitude muito mais categórica contra o mundo, de um lado, e de outro lado muito mais categórica em relação a Deus e a Nossa Senhora, entregando-me a Eles mais, ou isso não ia para frente. E resolvi ler nessa ocasião os Exercícios Espirituais.
E li, e gostei enormissimamente! Nem sei dizer quanto eu gostei. Mas li uma meditação que era mais ou menos do gênero desta que eu fiz aos senhores, e me fez um bem enorme, e me ajudou a tomar as boas resoluções que eu tomei naquele tempo. Contei-as aos senhores com o propósito de que com a graça de Nossa Senhora fazer aos senhores o mesmo bem.
Não sei se o padre Gervásio, cujas palavras têm o dom e as graças especiais das palavras do sacerdote, queria acrescentar alguma coisa a isso?
(Pe. Gervásio: Está perfeito.)
Então vamos pedir ao padre Gervásio o favor de rezar e vamos andando.
Salve Regina…