São Pio X (21/8): vítima expiatória pelo bem da Santa Igreja Católica

Eremo do Amparo de Nossa Senhora, almoço,  9 de junho de 1993

A D V E R T Ê N C I A

Gravação de conferência do Prof. Plinio com sócios e cooperadores da TFP, não tendo sido revista pelo autor.

Se Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras “Revolução” e “Contra-Revolução”, são aqui empregadas no sentido que lhes dá Dr. Plinio em seu livro “Revolução e Contra-Revolução“, cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de “Catolicismo”, em abril de 1959.

 

Eu penso às vezes, quando eu penso na morte, eu penso às vezes na morte de São Pio X: um Santo que a Igreja canonizou e que, portanto, foi modelo até o fim de sua vida. Mas foi até a noite em que percebeu que caiu doente, ele esteve trabalhando até tarde com o Cardeal Merry del Val.

Podem imaginar as confabulações, os golpes que estava preparando contra o Modernismo, os planos que tinha para o futuro…

Na manhã seguinte, ele amanhece mudo e paralítico, incapaz de escrever. E, portanto, encontrando o Cardeal Merry del Val, ele quis se exprimir e fez um gesto pedindo papel. Merry del Val arranjou logo papel para ele, pôs o lápis na mão dele; ele tentou escrever… resignadamente colocou de lado uma coisa e outra e fez assim [um gesto indicando que não conseguia escrever]. Quer dizer, acabou.

Mas ele ofereceu a vida dele ali como vítima expiatória por toda Igreja Católica. E quem sabe se nós estamos aqui porque ele ofereceu esse sacrifício. E quem sabe se no Céu, prevendo as nossas lutas e acompanhando-as hoje em dia, prevendo as vitórias de hoje em dia, ele dirá “Meu sacrifício está na raiz disso”. E uma alegria enorme invadi-lo!…

Isso, nem Clemenceau, nem Bismarck, nem ninguém teve…

Ele deve ter tido uma desilusão medonha. Porque diziam que a grande ilusão dele era o Francisco Ferdinando [Arquiduque da Áustria, 1863-1914], que ele [São Pio X] não considerava como um Príncipe perfeito, mas um Príncipe que dava muitas esperanças.

Mas o Cardeal Merry del Val conta nas Memórias dele que São Pio X, conversando com ele, algum tempo antes da morte, se mostrava muito abatido, dizendo que viria um “guerrone”, uma grande guerra e que o mundo ia ter uma queda medonha e tal. E houve uma guerrinha qualquer nos Balcãs e o Cardeal Merry del Val disse a ele: “Santidade, aqui está a guerra que Vossa Santidade temia, mas já acabou, o mundo está de novo sobre os trilhos e continuando”…

Dias depois… pam! Desastre de Sarajevo [28-6-1914]. O Príncipe cai e com o Príncipe, a esperança temporal do mundo.

Pouco tempo depois, um crime do gênero se executa sobre ele [São Pio X], que era muito mais esperança do mundo que Francisco Ferdinando. Nem tem comparação! E o mundo rolou mesmo! E está no que está…

“Voilà l’affaire” !

Mas tudo isso tem uma grandeza que Churchill e essa “coisarada” toda somada não tem nem de longe! É outra questão!

(Dom Luís: São Pio X, ao morrer, teve a intuição de que mais cedo ou mais tarde viria a vitória da Igreja ou podia achar que estava tudo acabado?)

Meu filho, se ele tivesse uma intuição de que era o fim do mundo, não seria o mais trágico. O mais trágico seria se ele tivesse a intuição de que viria o que veio. Porque se nós soubéssemos agora que começou o fim do mundo, era uma sensação de libertação! Mas agora imaginar que isto continue…

Imagine Dom Luís daqui, digamos, 50 anos, vendo chegar a morte e alguém lhe dizer que o mundo vai durar mais 500 anos… Sua vontade não seria de dizer para a morte “Então venha mais depressa! Por que está demorando?”

Porque isto… Qualquer coisa é melhor do que isto [situação de degringolada do mundo]… O que não é melhor do que isto?… Um horror! Mas um horror!

Bom, Monseigneur, Messieurs…

Nota: Para mais documentos de Dr. Plinio sobre São Pio X, clique aqui.

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