Plinio Corrêa de Oliveira
Santo do Dia, 26 de julho de 1967
A D V E R T Ê N C I A
O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.
Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:
“Católico apostólico romano, o autor deste texto se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto, por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.
As palavras “Revolução” e “Contra-Revolução”, são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu livro “Revolução e Contra-Revolução“, cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de “Catolicismo”, em abril de 1959.
São Pantaleão (Nicomedia 275-305), ícone bizantino (Mosteiro de Santa Catarina, Monte Sinai)
O santo de amanhã é São Pantaleão, mártir.
“São Pantaleão” – escreve Daras, em sua obra “Vies des Saints” – “era filho de um rico pagão habitante da Nicomedia. Sua mãe, cristã, morrera cedo. Seu pai, fê-lo estudar medicina.
“Ora, para ir à casa de seu mestre, Pantaleão passava no local onde morava o sacerdote Hermolau”.
São umas pessoas com nomes… um São Pantaleão e um sacerdote Hermolau. E a medicina que ele ia estudar naquele tempo o que poderia ser? Uma medicina do arco-da-velha…
“Este, vendo o jovem todos os dias, encantou-se pelo jeito de sua expressão, a serenidade de seu olhar e a dignidade de seu porte”.
Os senhores estão vendo que esse padre achou que ele fosse “catolicizável”, por esses indícios fisionômicos. E mais empenhando que outros colegas dele, resolveu fazer apostolado com o jovem.
“Julgou-o, pelos traços, um vaso de eleição. E, um dia, chamou-o, indagando sua origem. O rapaz respondeu ser pagão, acrescentando que sua mãe desejava que ele se tornasse cristão, o que muito o atraía, mas o pai desejava vê-lo seguir o credo oficial, pois queria que fizesse carreira no palácio”.
Os senhores estão vendo que esse problema [de fazer carreira em detrimento da Fé] é velho… É posição religiosa para facilitar carreira.
“Então, qual é a ciência que estudas, perguntou Hermolau?”
“Então, o nosso Pantaleão, que tinha poesia no falar, em vez de dizer que era simplesmente medicina, deu essa resposta:
“A de Esculápio, Hipócrates e Galeno, e meu mestre me assegura que se eu a dominar bem, poderei curar todas as doenças”.
Os senhores, em 1967, estão bem longe de conseguirem isso. Era o caso de duvidar do mestre de São Pantaleão…
“O sacerdote, então, aproveitou a oportunidade para mostrar-lhe a ilusão de tal ideia, dizendo-lhe do único e verdadeiro médico, Jesus Cristo, e concluir: É Ele que, ainda hoje, torna seus seguidores invencíveis, os consola na perseguição e lhes alegra o coração em meio a tantas penas; Ele não só atende nossas preces, mas prevê mesmo nossos desejos, e comunica, aos que ama, o poder de fazer milagres e lhe dá uma vida que não tem fim”.
Os senhores estão vendo que são palavras de vida eterna. Que coisa bonita! É como um homem de fé vê a Nosso Senhor. Não dessa fé rasteira, comum, bruxuleante, mas de fé verdadeira!
Merece repetir o que lhe disse:
“Ele [Nosso Senhor] que, ainda hoje, torna seus servidores invencíveis”.
E, realmente, o verdadeiro servidor de Nosso Senhor, ainda que aparentemente derrotado, vence sempre. Ninguém consegue vencer um verdadeiro servidor de Nosso Senhor!
“…que os consola na perseguição e lhes alegra o coração em meio a tantas penas; Ele não só atende nossas preces, mas prevê mesmo os nossos desejos”.
Quer dizer, antes mesmo de termos formulado o que queremos, Ele atende o que desejamos. É uma beleza de expressão da Divina Providência, solícita em atender aqueles que querem, de fato, unir-se a Nosso Senhor.
“E comunica, aos que ama, o poder de fazer milagres e lhes dá uma vida que não tem fim”.
O comunicar o poder de fazer milagres não seria muito mais frequente hoje se verdadeiramente tivéssemos fé? Não é a nossa pouca fé que torna raros os milagres? Sem dúvida, também entra nisso a malícia da Revolução, porque ela é tal que não merece mais a aparição de milagres numerosos no mundo. Mas, também, não entra uma certa falta de fé? Uma contaminação do espírito revolucionário por aqueles que são contra-revolucionários?…
“Pantaleão convenceu-se e começou a instruir-se na fé. Um dia, em que ele regressava de sua aula de medicina, encontrou uma criança morta ao lado de uma víbora. O réptil, lá estava, como para mostrar sua culpa. Após um primeiro momento de medo, o jovem achou que a ocasião era boa para provar o que lhe dissera Hermolau. Em nome de Cristo, disse, que a criança se levante e que a víbora sofra a morte que lhe havia dado. No mesmo instante, aconteceu como pedira.”
Essa é a fé que move as montanhas! Está tudo dito…
“Plenamente convencido, São Pantaleão converteu seu pai.”
É duro, hein?! Mas ele usou o método que, também eu não usei e, por enquanto, até aqui, os senhores também não usaram: curou um cego para convencer o pai.
“Mas, invejosos, acusaram-no a Galério, que o mandou prender. Após submetê-lo a horríveis torturas, decapitou-o.”
Essa é a má fé do ímpio! Encontra um santo que faz milagres e considera: Isso é eu não posso suportar! Vou matar! E acabou-se.
“Conserva-se de São Pantaleão, em Amalfi, uma ampola contendo seu sangue que se liquefaz no dia de sua festa. É ele um dos patronos da medicina.”
Os senhores têm aí um esplêndido modo de ser médico: confiar tudo na graça da Providência, que sempre as coisas dão certo.
Que Nossa Senhora nos dê a fé que teve São Pantaleão. E, nos dias da realização das profecias dEla em Fátima, que vão se aproximando, que nos conceda – se for de Sua vontade – o dom de fazer milagres. É uma coisa que devemos começar a pedir e – repito – se for da vontade de Nossa Senhora.
E, para tal, devemos pedir, entre outros dons, este: não ficarmos megas, orgulhosos, vaidosos, se os milagres começarem a acontecer. Porque a tentação não é pequena de dizer e ou pensar: “Veja que santo eu sou! Olha o que aconteceu com aquela parede…”