Santo do Dia, 21 de setembro de 1965
A D V E R T Ê N C I A
O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.
Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:
“Católico apostólico romano, o autor deste texto se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto, por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.
As palavras “Revolução” e “Contra-Revolução”, são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu livro “Revolução e Contra-Revolução“, cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de “Catolicismo”, em abril de 1959.
Hoje é festa de São Mateus Apóstolo e Evangelista, portanto pregador da Boa Nova, pois o Evangelho é a Boa Nova. Ele estava colocado diante de um mundo que ignorava completamente as coisas que ia anunciar, ou seja o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.
São Mateus domina dois dragões (Andrea Orcagna e Jacopo di Cione)
Nós deveríamos nos persuadir também de que a época de hoje caiu num paganismo pior do que na época de Nosso Senhor; o que difundimos não é outra coisa senão a concepção exata do que seja a religião Católica, Apostólica Romana; aos que não são católicos, ou aos católicos que não compreendem a verdadeira face da Igreja Católica, que são da “esquerda católica”, deveríamos nos dirigir com a segurança com que os Evangelistas anunciavam a boa nova. E “boa” não no sentido de que é gostoso, de que é agradável. Mas no sentido de que é santa, verdadeira, salvífica.
Há, no modo dos Apóstolos se afirmar, uma convicção da santidade da novidade que leva, uma grandeza ao proclamar e ao afirmar que nem sempre a iconografia exprime quando os representa. E que, entretanto, é algo que supera a própria segurança e a própria grandeza dos antigos Profetas.
É por causa disso que eu gostaria que o Aleijadinho – além de ter expresso aqueles Profetas magníficos – tivesse esculpido também os Evangelistas. Mas então os Evangelistas com uma segurança, com uma grandeza, com uma força incomparavelmente maior do que a dos Profetas. E aí se compreenderia o que o Evangelista de fato foi, o que entra nessa vocação, nessa missão e o perfil moral do verdadeiro Evangelista.
Ora, os leigos não temos mandato. Não somos sacerdotes. Nós não temos, portanto, nenhuma incumbência oficial de anunciar a Boa Nova. Mas os que A noticiam são muito pouco numerosos. E que se também nós não A proclamarmos – conservando-nos embora no nosso papel de leigos, de membros da Igreja discente –, muitos ficarão sem A conhecer. E que se não há uma missão oficial, existe pelo menos um convite providencial fortíssimo para que de fato difundamos a Boa Nova.
E este convite deve repercutir determinando uma personalidade de segurança, de profundidade, de altaneria, de grandeza de um Evangelista ou de um Apóstolo.
Profeta Ezequiel (Aleijadinho)
Disso podemos ter ideia contemplando os profetas do Antigo Testamento que o Aleijadinho esculpiu. Ali está a linha para se compreender como a coisa deveria ser.
O Novo Testamento é a plenitude do Antigo. E todas as qualidades dos Profetas deste último deveriam aparecer e apareceram no Novo Testamento com um fogo e uma grandeza incomparavelmente maiores. É assim que os Evangelistas e os Atos dos Apóstolos deveriam ser vistos por nós.
É neste modelo que nos deveríamos inspirar para ser um varão sério, altaneiro, que não tem medo de nada, intrépido, corajoso, que fala em nome de uma verdade eterna, e por isso não fica acanhado nem diminuído diante de ninguém. É essa graça que acho que devemos pedir a São Mateus nesta festa de hoje.