Santo do Dia, 14 de fevereiro de 1972
A D V E R T Ê N C I A
O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.
Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:
“Católico apostólico romano, o autor deste texto se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto, por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.
As palavras “Revolução” e “Contra-Revolução”, são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu livro “Revolução e Contra-Revolução“, cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de “Catolicismo”, em abril de 1959.
Imagem de São Dimas, século 19, Igreja Paroquial de Santo Agostinho de Baliuag (Filipinas) – Wikipedia
Texto do P. Emmanuel d’Alzon (1810-1880), fundador dos Assumpcionistas, sobre São Dimas, o bom ladrão:
“A mais bela história sobre São Dimas, o bom ladrão, foi relatada e escrita por Santo Anselmo, ao compor, para uma de suas irmãs, uma meditação sobre a infância do Salvador. Se o relato não é verdadeiro, segundo o gosto moderno, era aceito por todos ao tempo em que vivia o grande Bispo de Canterbury.
“Era no tempo dos massacres dos inocentes. Jesus, Maria e José fugiram da cólera de Herodes. Quando a Santa Família saiu de Belém, penetrou em terras do Egito. O Egito, na Escritura Sagrada, era o país do pecado, de onde Deus retirou o seu povo, país que só o sacrifício de Cristo poderia remir. Nessa fuga para o país do demônio, Jesus, Maria e José penetraram numa floresta onde viviam criminosos e, entre eles, Dimas.
“Dimas, nascido e criado entre malfeitores, era assassino e ladrão. Mas, trazia no fundo da alma graças ocultas. Estando ele um dia de emboscada, esperando ocasião para conseguir bons despojos, viu aproximaram-se um homem, uma jovem e uma criança. Os três viajantes traziam alguma bagagem, talvez os presentes dos magos, reservados pela Providência para essa longa viagem. Dimas julgou que essa frágil caravana não oporia resistência. O bastão de São José não o atemorizava. E ele avançou para maltratá-los. Mas, seu olhar pousou no rosto do Menino Jesus e essa fisionomia lhe apareceu tão cheia de beleza que ele, comovido profundamente, protegeu os viandantes e os hospedou em sua caverna.
“Assim é que a Providência socorreu a Santa Família, desta vez não por um anjo, mas por um ladrão que por um momento se transformava em Anjo bom. Dimas ofereceu tudo o que possuía e o Divino Menino se deixou acariciar por esse criminoso. No dia seguinte, Maria Santíssima, considerando o respeito do ladrão pela Criança, assegurou-lhe solenemente que ele seria recompensado por isso antes de sua morte. Dimas conservou a lembrança dessa promessa, e em meio a seus desmandos, confiou que ela se cumpriria.
“O que aconteceu a esse malfeitor durante os 33 anos de vida de Jesus nada se sabe. Contudo ele aparece ao lado de Gestas, outro ladrão, carregando a sua cruz para ser morto ao lado de Jesus Cristo. Entretanto, seus crimes haviam de tal modo empanado sua alma, que ele não pode reconhecer nem Jesus nem Maria.
“As cruzes foram erguidas e durante três horas Dimas, como Jesus, viu o espetáculo da multidão que representava o mundo inteiro, que blasfemava; ele também aliou-se às blasfêmias. Mas Maria, olhando-o, reconheceu-o e rezou por ele. Assim, quando à sexta hora, hora das trevas, se aproximou, a sombra da cruz de Jesus alongou-se sobre a colina e passou sobre o corpo de Dimas. Nesse momento Gestas gritava: ‘Se és o Cristo, salva-te e a nós também’.
“Mas as sombras das chagas divinas penetraram o coração de Dimas e ouviram-no responder: ‘Não temes a Deus? Tu que és condenado ao mesmo suplício que Ele? Para nós é justo, pois recebemos um castigo merecido. Mas Ele nada fez de mal’. Depois dessa confissão suprema, feita com contrição, o ladrão, transformado em bom ladrão, pronunciou um ato sublime de fé, esperança e amor: ‘Senhor, lembrai-Vos de mim quando estiverdes em Vosso reino!’ E Jesus: ‘Em verdade te declaro que estarás comigo hoje no Paraíso’. Nesse momento Jesus cumpria a promessa feita por Maria e, sem dúvida, Dimas, antes de morrer, reconheceu Nossa Senhora. O bom ladrão, purificado pelo sacrifício de Cristo, ao morrer recebeu as primícias da Redenção.
“São Dimas é considerado patrono dos condenados à morte, dos infelizes cujos negócios são desonestos, que não sabem como restituir o que usurparam e não querem morrer nesse estado, dos grandes pecadores, dos filhos pródigos, das almas que desanimam porque seus empreendimentos são maus ou porque pecaram, ou porque são perseguidos. São Dimas livra ainda da impenitência final.”