Legionário, 20 de março de 1938, N. 288, pag. 7
São Bento, Abade (480-547). Acima, pintura no Mosteiro em Subiaco, representando-o junto com São Mauro e São Plácido, seus discípulos. Clique na imagem acima para aceder ao site desse mesmo Mosteiro, com numerosas fotos e notas explicativas, em italiano e em inglês
São Bento, o Patriarca dos Monges do Ocidente, desde menino correspondeu à graça divina, procurando em todos os atos de sua vida aperfeiçoar-se e servir exclusivamente a Deus.
No entanto, filho de pais ilustres, estes procuravam dar-lhe uma educação que o tornasse apto a conquistar as glórias do mundo, e para isso enviaram-no a Roma para estudar nos seus grandes colégios.
São Bento não se conformou com a sua situação, vendo-se obrigado a viver em um meio corrompido como era por essa época Roma, e resolveu romper completamente com o mundo, fugindo para o deserto.
Hoje, costuma-se supor que esses lugres ermos para onde os santos eremitas fugiam era completamente despidos de tentações e portanto constituía uma covardia a sua fuga para o deserto.
Além da excepcional força de vontade exigida dos eremitas para se manterem afastados, por longos anos de todo contato com o mundo, São Bento, com a revelação das tentações que sofreu, encarrega-se de desmentir cabalmente essa afirmação gratuita.
Tão grande era a tentação que ele sofria no monte Subiaco a que se retirara, que por vezes foi preciso que ele se jogasse em espinhos para vence-la, e por esses meios extraordinários conseguiu a completa vitória do espírito sobre a carne.
Nosso Senhor desejava, no entanto, que a glória de seu filho resplandecesse pelo mundo, e que grande número de almas fossem por ele ganhas para sua causa.
Revelou, por isso, a sua existência a um Santo sacerdote, e dentro em pouco, o número de pessoas que desejava viver sob a sua direção era tão grande que foi necessário a ereção de 12 mosteiros que assim iniciavam a famosa Ordem beneditina.
Dotado de espírito profético e do poder de fazer milagres, São Bento fez um apostolado incalculável em seu tempo, pregando mais pelo exemplo de uma vida austera e irrepreensível. Suas relíquias conservam-se ainda hoje, em grande parte, no mosteiro de Monte Casino (Itália).
Chegam quase a ser incompreensíveis os pretextos inventados pelo mundo para esconder seus pecados e diminuir a glória dos Santos da Igreja.
Se a Igreja apresenta um Santo que viveu no mundo, vencendo as tentações que o mundo lhe apresentava, porque lhe dava essa graça e para isso o tinha chamado, logo o mundo descobre imperfeições, porque – dizem – não tinha coragem de enfrentar a vida recolhida.
Se a Igreja nos mostra um Santo que passou toda a sua vida no deserto ou no recolhimento de um convento, o mundo acusa-o de incapaz de viver no século e, portanto, de ser fraco.
Ambos, no entanto, são heróis, pois ambos devem vencer-se e as dificuldades que tem de sobrepujar são igualmente enormes dentro ou fora do mundo. O mundo é que quer se desculpar.
Daí a necessidade que tem o católico de não prestar ouvidos ao mundo, porque o mundo sempre acha o que falar, e só deixaria de critica-lo quando, pactuando com seus erros, ele deixasse de cumprir o seu dever.