“Catecismo da Doutrina Cristã explicado e adaptado à capacidade dos meninos”, Santo Antonio Maria Claret, Editora “Ave Maria”, 1934, (pag. 304-305):
Quem, pois, não agradecerá a Deus tanto bem e não dará aos sacerdotes, por serem dele dispensadores, toda a honra e reverencia devida? Respeita-os, meu filho, venera-os, já porque assim o exige sua dignidade de representantes de Jesus Cristo, já porque esta é a vontade de nosso Redentor, o qual referindo-se aos Apóstolos e discípulos e aos seus sucessores, os sacerdotes, disse : Quem os despreza, a Mim despreza, e finalmente pela grande utilidade que deles aufere o bem público, pelo seu ministério de oração, sacrifícios, prédica e administração dos Sacramentos, como te tenho explicado.
Se souberes ou ouvires que algum sacerdote caiu em alguma miséria ou fraqueza, nem te admires, nem te escandalizes disso, pois que assim como entre os primeiros sacerdotes, os Apóstolos, houve um Judas, não é de estranhar que também entre os de nossos dias haja quem se esqueça de que deve ser santo, porque o ser sacerdote, não tira a ninguém a qualidade de descendente de Adão e como tal sujeito às mesmas misérias e fraquezas que os demais homens.
Entende, porém, que por ser um meu, não se segue que o sejam todos os demais e ainda com respeito ao meu, quero também que saibas que deves te compadecer da fragilidade que teve como mau e venerar a dignidade sacerdotal que nele marcou Cristo.
Se vires colocado à frente de uma freguesia um mau sacerdote, deves afligir-te, temer e pensar que quiçá os nossos pecados mereceram tão horroroso castigo, pois que a Sagrada Escritura nos ensina que o maior e mais terrível açoite que Deus envia a um povo, é dar-lhe maus sacerdotes. Quando a ira do Senhor não chegou ainda a seu cúmulo, permite que as nações se armem umas contra as outras, que fiquem estéreis os campos, que a fome, a desolação e a morte exerçam seu domínio sobre a terra; porém, quando Sua justa indignação chega ao auge, envia o ultimo e mais atroz de seus castigos, permitindo que ministros infiéis, sacerdotes manchados, pastores escandalosos se coloquem entre os homens. Então se verifica que as abominações do povo são causa dos maus sacerdotes e os maus sacerdotes são o maior castigo com que Deus aflige ao povo.
Para evitar danos tão terríveis, a Igreja, zelosa sempre do bem dos povos e do decoro ilustre dos ministros do altar, estabeleceu como lei doze jejuns por ano, três em cada princípio das quatro estações que chamamos Temporas, que é o tempo escolhido para a ordenação dos sacerdotes, com os quais obriga a todos os fiéis a que com Ela supliquem ao Senhor que não nos castigue dando-nos maus sacerdotes, ao contrário, compadecido de nossas misérias, nos envie ministros dignos e pastores zelosos que nos guiem pelo deserto deste mundo, até chegarmos com felicidade à terra da promissão, à eterna glória. Amém.