Santa Isabel, Rainha de Portugal (4/7)

Legionário, 4 de junho de 1939, N. 351, pag. 5

 

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Santa Isabel (1271-1336), rainha de Portugal, reconcilia o marido (Dom Dinis) com o filho. Quadro de Luigi Agricola, na encantadora igreja Santo Antonio dos Portugueses, em Roma. Para ver outras fotos, em formato grande, desta muito bela igreja clique  http://www.ipsar.org/pt/index.php?option=com_content&view=article&id=16&Itemid=133  

Santa Isabel era filha do rei Pedro III de Aragão. A sua santidade já era grande e ela ainda menina, já era estimada pelas suas virtudes. Todo o tempo que a sua vida de princesa deixava livre, era empregado em atos de caridade para com os pobres, e de piedade. A igreja era o lugar onde gostosamente passava, quando podia, horas inteiras rezando. Com 8 anos tomou a resolução de rezar diariamente o Ofício Divino, perseverando nela por toda a sua vidaDesde menina fazia ela jejum todos os sábados, e nas vésperas das festas de Maria.

Todo o seu exterior denotava o seu grande amor à virtude da purezaApesar de inteligentíssima, a sua atitude sempre modesta, atraía a simpatia e admiração de todos.

Na idade de 12 anos, foi dada como esposa ao rei de Portugal.

Não tendo liberdade de escolher a sua vocação, sujeitou-se serenamente às obrigações impostas às pessoas de sua qualidade, e dispôs-se a continuar no trabalho de sua santificação.

Três vezes por ano, jejuava ela por 40 dias, só se alimentando de pão e água. A sua vida era extremamente metódica, sendo dividida entre as suas obrigações de estado, oração e algum trabalho útil. Nunca alguém a encontrou ociosa. Era muito assídua na recepção dos Sacramentos, e muito cuidadosa na sua recepção.

Quanto mais santa é a pessoa, maior número de amigos que se julgam bons insistem em afastá-la de seus deveres. A esses sempre respondia ela: “Poderá haver maior utilidade e necessidade de oração que na idade em que os perigos e as paixões se apresentam mais fortes?”

Costumava sempre dizer: “Outro motivo Deus não teve em me fazer rainha, se não de proporcionar-me os meios de socorrer os necessitados”. E todos os dias ia a Santa Rainha à procura de um doente ou de um pobre, em que pudesse exercer a sua caridade.

Deus a recompensou com o dom do milagre. Uma pobre mulher, coberta de úlceras, recuperou a saúde com um abraço da rainha. Tinha ela o hábito de lavar em todas as sextas-feiras os pés a 13 mulheres, em memória do que havia sido feito com os Apóstolos. Numa das vezes, uma mulher apresentou-se com um pé roído por um câncer horrendo, para que a rainha o lavasse. Ela não só o lavou com todo o carinho, mas ainda debruçou-se, beijou-o, como costumava fazer. Deus logo a recompensou, e para não lhe permitir que beijasse a chaga nojenta, curou-a imediatamente. Entre outros muitos doentes curados pela Santa Rainha, conta-se uma cega de nascença.

O rei seu esposo não podia exatamente ser chamado virtuoso. Isabel muito se entristecia com os seus desregramentos, mas nunca proferiu um queixume. As suas orações foram atendidas e ela teve a alegria de observar a lenta conversão de seu marido.

Além disso, porém, o rei recebeu a denúncia caluniosa de que a rainha tinha no seu escudeiro não um simples auxiliar na distribuição de suas esmolas. Como para ele, os atos pouco honestos não eram coisas fora de toda a cogitação, acreditou na calúnia e deu ordem ao caieiro da corte que lançasse ao forno, onde se cosia a cal, o escudeiro que lhe viesse perguntar de sua parte se o serviço já estava feito. Chamou então o escudeiro da rainha, e como que se lembrando, na hora, de uma providência que havia esquecido, manda-o que procure o caieiro, e pergunte se o serviço já estava feito.

Dispôs-se o pajem a cumprir a vontade de el rei, mas como, ao passar pela capela, ouvisse o sinal da entrada de uma Missa, achou que bem podia a ordem de el rei esperar um pouco.

Estando el rei e o escudeiro que denunciara o outro muito curiosos por saber o resultado da operação, pediu o moço licença para ir perguntar ao caieiro como se tinha passado a cena. Como, porém, vinha da parte de el rei, disse a senha sem o saberFoi assim agarrado, e lançado ao forno, apesar de seus protestosLogo depois veio o pajem da rainha, e ouvido do caieiro que realmente o serviço já estava feito. Como ele de nada soubesse, foi-se tranquilamente ao rei e lhe disse que o caieiro lhe respondeu que sim. Dom Dinis, muito admirado por ver em sua presença quem devia estar morto, indagou cuidadosamente do que acontecera, e reconheceu o braço da Providência protegendo a inocência.

Muito se arrependeu Dom Dinis da leviandade com que deu crédito à calúnia e com que praticou aquele assassinato, e foi o remorso desses dois pecados o primeiro passo para a sua conversão.

Entretanto, esse remorso não impediu que ele desse novamente crédito aos ditos de que a rainha apoiava o seu filho Afonso, que se rebelaraSem examinar a questão, o rei proibiu à rainha a entrada do palácio, dando-lhe como morada uma simples casa de campo. Deus, entretanto, provou-lhe claramente a inocência de sua esposa, passando então Dom Dinis a trata-la com toda a consideração.

Logo depois, caiu gravemente enfermo, sendo tratado pela própria rainha que já tratara a tantos enfermos muito menos ilustres. Arrependido de seus pecados, morreu bem o mau marido dessa Rainha Santa, deixando-lhe ao menos a consolação de ter morrido no Senhor.

Isabel imediatamente se retirou para o convento das Clarissas em Coimbra, convento que ela mesma havia edificadoMas a superiora não a quis receber mostrando-lhe ser o seu lugar no mundo.

Duas peregrinações fez à CompostelaA segunda fez ela a pé, na companhia de duas criadas, vivendo as três unicamente de esmolas.

seu último trabalho foi evitar uma guerra entre o rei seu filho, e um soberano vizinho. Pouco tempo depois, adoecia e morria depois de ter recebido de joelhos os últimos Sacramentos.

Trezentos anos depois de sua morte, o seu corpo foi encontrado em perfeito estado. Desde então, Deus digna-se fazer grandes milagres no túmulo de sua serva.

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