Reunião de 13 de março de 1971, Sábado
A D V E R T Ê N C I A
O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.
Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:
“Católico apostólico romano, o autor deste texto se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto, por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.
As palavras “Revolução” e “Contra-Revolução”, são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu livro “Revolução e Contra-Revolução“, cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de “Catolicismo”, em abril de 1959.
Pintura representando a tomada da Bastilha, em Paris, 14 de julho de 1789
Outra notícia completamente diferente. É apenas uma notícia cultural, mas ela tem seu interesse.
Os senhores sabem bem que nas nossas reuniões não temos cessado de lamentar que a reação da cultura católica e do pensamento católico contra a Revolução Francesa, em seus princípios e em seus erros, não tem sido aquela que deveria ser. E consideramos que a moleza dessa reação é a responsável por tudo quanto no mundo se deu.
Quer dizer, a Revolução Francesa foi a consequência lógica do Protestantismo. Se a cultura católica, o pensamento católico, tivesse tomado contra a Revolução Francesa a posição que tomou contra o Protestantismo – lógica, coerente, entrando a fundo nas coisas -, ter-se-ia barrado a expansão da Revolução no mundo, como se barrou a do Protestantismo. Ela teria ficado pelo menos circunscrita a um certo número de países. Mas não aconteceu isso.
Teoricamente, alguns princípios da Revolução Francesa foram condenados pela Igreja: por exemplo, o laicismo. Muito mais palidamente foi condenado também o igualitarismo. Encontram-se textos de documentos pontifícios – aos quais não foi dado nem de longe o realce necessário – em que o igualitarismo em concreto foi condenado também. Mas não houve uma reação por parte dos membros da Igreja tão incisiva contra o igualitarismo quanto a natureza do perigo exigiria: não se combateu como a natureza do perigo exigiria. E daí para a frente.
O que resultou? No que diz respeito ao igualitarismo, as mentalidades católicas se intoxicaram de igualitarismo até à medula dos ossos, sobretudo com o “Ralliement” de Leão XIII, que não era bom, que foi mal interpretado e que deu nas consequências que os senhores estão fartos de conhecer.
Por outro lado, no que isso diz respeito ao laicismo – não digo quanto ao igualitarismo; o “Ralliement” intoxicou de igualitarismo os meios católicos – quanto ao laicismo, os senhores viram que a famosa distinção entre a tese e a hipótese, declarando ilícito que a Igreja fosse separada do Estado, mas depois mandando que na prática se aceitasse essa situação quase como normal, isso fez com que o espírito laico penetrasse nos meios católicos aos borbotões.
Na RCR, eu me lembro bem que vem citado um documento do Mons. Dell’Acqua, portanto um documento de um dignatário da Santa Sé no exercício de sua função, escrevendo uma carta oficial, como Subsecretário de Estado da Santa Sé, em que ele faz essa afirmação cheia de conteúdo: a separação da Igreja do Estado no mundo inteiro, encheu o espírito do Ocidente de laicismo.
Agora, por que é que se encheu? Porque por toda a parte se ensinou que era preciso pactuar com a hipótese, embora se condenasse a tese, e acabou-se não condenando a tese.
Aí nós temos a imensa flexão da estrutura eclesiástica diante da Revolução e os resultados que daí decorreram. É interessante que isso, que é uma apreciação que caracteriza muito o espírito da TFP, quer dizer, não tem o espírito da TFP quem não tenha feito essa apreciação histórica e quem não tenha defendido seu espírito contra os efeitos funestos desses acontecimentos históricos – isso nós encontramos narrado por um observador muito insuspeito.
Insuspeito, porque está do lado da Revolução. E também porque é muito pouco lúcido e, portanto, se ele observou isto, é uma coisa que salta aos olhos. É mais ou menos como se digo que um indivíduo extraordinariamente catacego vê uma coisa dentro da sala. Então, não pode ser uma mosca, porque uma mosca ele não pode ver…
Esse personagem diz o seguinte (vou apresentar apenas o resumo, porque ele se espraia muito):
“Reivindicando a liberdade de consciência para os católicos do mundo vermelho, a Igreja está reivindicando…”
Isto é uma justificativa da missão Casaroli, ele faz um discurso justificando a missão Casaroli.
“…a Igreja está reivindicando também os demais direitos humanos para todo cidadão que viva sob o regime comunista. Assim como a Revolução Francesa esvaziou-se de seu conteúdo violento e sanguinário e legou à Humanidade alguns princípios válidos que influenciaram a estrutura política das democracias em todo o mundo, assim o ideal seria que o comunismo pusesse de lado seu caráter de opressor das liberdades humanas, contribuindo dessa forma ao estabelecimento de paz e da justiça no mundo.”
Quer dizer, em primeiro lugar, ele acha que a Revolução Francesa tinha de ruim apenas o lado de violência. Esvaziado esse lado, restariam princípios bons, os quais foram legados à Humanidade, modelaram o mundo democrático contemporâneo.
Os senhores estão vendo que, na sua expressão mais protuberante, é a falsa posição que inúmeras autoridades tomaram em face da Revolução Francesa. Daqui a pouco ainda vou tirar uma conclusão concreta a esse respeito, um pouco inesperada, mas eu a tirarei.
De outro lado, os senhores estão vendo que ele quer a mesma coisa com a Revolução Comunista, e julga a Revolução Comunista como julgou a Revolução Francesa. Quer dizer, esvaziada de seu caráter opressor e tirânico, a Revolução Comunista pode gerar o mundo de amanhã, como a Revolução Francesa gerou o mundo de hoje. Os senhores estão vendo que é a anti Contra-Revolução.
Não quero dizer nem um pouco que ele tenha tido a RCR em vista ao dizer tais palavras. Também não me importo. Quer a tenha lido, quer não a tenha lido, acho que a RCR não cresce se leu; não a diminui, se não leu. São quantidades heterogêneas. É mais ou menos como um poste e um bicho que passa perto dele. Se o bicho passa perto do poste, o poste não diminui; se ele não passa, não aumenta; são coisas que não têm nada a ver uma com a outra.
O importante é vermos a justificação aqui do “Bucko” [livro “A liberdade da Igreja no Estado comunista”]: a tese de que dada à Igreja a liberdade, o resto não é mais nada. A aplicação me parece importante para a ordem prática das coisas. E depois direi por que essa entonação que dei, involuntariamente, quando disse “a ordem prática das coisas”.
A aplicação é a seguinte: os senhores veem que no fundo todas as nossas divergências com quem fez essa afirmação, poderiam resumir-se no modo de apreciar a Revolução Francesa, porque se ele acha isso da Revolução, tem que achar todo o resto que se acha em matéria de Teologia e do que os senhores queiram, se ele visse a função desse problema.
Os senhores notem o método dele qual é: lançar o aluno de cheio dentro da Revolução Francesa; é dar uma aula em que a Revolução Francesa seja apresentada como uma coisa que está acontecendo agora; ele acaba as aulas sobre a Revolução Francesa sem fôlego – contando um acontecimento que é de 200 anos atrás! -, como quem acaba de contar o bombardeio de Chicago por mísseis vindos de Moscou e ele consegue comunicar essa falta de fôlego aos seus alunos. O resultado é que alguns dormitam, outros protestam e alguns aceitam. Mas ele toca o ponto que deveria ser atingido.
Os senhores me dirão: “Por que o senhor não nos disse isto?”
Mais de uma vez – estou repetindo – não fui feliz em conseguir tornar isto inteiramente claro ao espírito dos meus ouvintes. E sobretudo não fui feliz no seguinte ponto: em lhes mostrar que deem eles que doutrinas derem, enquanto nos subconscientes das pessoas ficar uma visão errada da Revolução Francesa, eles não conquistam as chamadas vivências. E quem não conquista as vivências, acaba não conquistando nada no mundo de hoje.
Quer dizer, esse pequeno episódio me vale muito pela própria nulidade do personagem. Aqui se aplica bem o princípio: como todo o mundo é como ele, ele é como todo mundo; e que ele é o homem qualquer que passa pela rua e que é uma testagem muito interessante do homem que, como os senhores podem ver, sentado num ônibus, ou guiando um ônibus, ou consertando um ônibus, ou perdendo um ônibus, é o jogo de todo o mundo, é assim a psicologia de todo o mundo. Não há apostolado da Contra-Revolução que não se desenvolva em torno disso.
Aqui há vários membros do grupo da Aureliano. Os senhores todos sabem que os senhores não teriam tido a luz do que é a TFP, se não tivessem tido a luz do que é a Revolução Francesa. Esse é um ponto de estratégia da Contra-Revolução.
(Pergunta: Como é que uma pessoa que não conhece algum detalhe da Revolução Francesa, qual é o processo pelo qual ela é levada a negar isso, as vivências do mundo moderno, se ela não tem a visão da Revolução Francesa clara?)
Também não sei como isso é possível. De onde, concluo que é impossível: exatamente confirma a minha tese. É preciso ter claro isso para que certas vivências sejam desintoxicadas.
Quer dizer, no fundo, podemos ver o ponto da discórdia [com quem fez o discurso] na Revolução Francesa. Não que, doutrinariamente falando, este seja o ponto da discórdia, mas é que psicologicamente falando, esse homem foi primeiro formado na admiração da Revolução Francesa para daí ser conduzido de “proche en proche” [aos poucos, gradativamente, n.d.c.] até as outras posições. E, portanto, se nele for abalada a simpatia para com a Revolução Francesa, é abalado todo o edifício em que se baseou sua premissa.
Vamos dizer, dialeticamente falando, isto é assim. Não é assim de um modo absoluto doutrinário, mas é assim do ponto de vista dialético, quer dizer, da arte de discutir, de influenciar as pessoas, tocando-as no ponto sensível. Nesse sentido da palavra, vemos que inúmeras pessoas são como ele e que se pensassem sobre a Revolução Francesa como se deve pensar, se recebessem uma investida a respeito da Revolução Francesa, como a investida deve ser feita, essas pessoas seriam vulneradas no ponto que é o fundamento concreto, psicológico e, até certo ponto lógico, das suas convicções.
O que leva a essa conclusão: o verdadeiro apostolado ultramontano consiste, para ele ser eficiente, em despertar nos espíritos uma certa sensibilidade para com o fenômeno Revolução Francesa, aonde a pessoa sinta toda a problemática do mundo moderno enquanto contida na Revolução Francesa, percebendo que a Revolução Francesa não foi um acontecimento que se deu em 1789 e que se encerrou, mas que foi um acontecimento prototípico no qual todos os problemas de hoje estão contidos e no qual toda a História de hoje está contida à maneira de um resumo que precede depois uma grande narração.
Os senhores conhecem certos livros antigos em que no início de cada capítulo havia um título e depois embaixo, em caracteres itálicos ou quaisquer outros, pequenos, um resumo do capítulo, e depois vinha toda a narração do capítulo.
Assim a Revolução Francesa foi um destes espécimes de resumo inicial, de resumo introdutório, o histórico do que hoje se passa. E seria preciso saber narrá-la assim e saber contar a maldade por essa forma. Se isso se desse, o apostolado contra-revolucionário cresceria em eficácia de um modo extraordinário!
Eu creio que esse carisma não teria eficácia a não ser em (…) mentalidade que não veja o fenômeno Revolução Francesa dessa maneira, de forma que possa construir todo o seu arcabouço doutrinário sem estar de tal maneira baseado na apreciação da Revolução Francesa? Eu digo: Vejo. E até vejo muito bem.
Apenas duas observações: são mentalidades excepcionais. Eu digo “excepcional” no sentido próprio da palavra, que constitui uma exceção. Ou, segunda observação, se essa pessoa seguiu um curso de Revolução Francesa revolucionário, eu me pergunto se essa pessoa não lucraria em ter uma noção da Revolução bem mais completo.
(Pergunta: Qual é o ponto mais profundo da Revolução Francesa, que seja como a Revolução Russa para o comunismo?)
Eu lamento não ter aqui à mão uma página do Churchill sobre a França. É uma dessas páginas de fogo do Churchill, extraordinária: descreve as duas Franças no tempo dele. O senhor sabe que Churchill era um inglês que foi incontáveis vezes à França. Daqueles ingleses ricos que às vezes vão passar o fim de semana na França e voltam; fazem de tudo na França. De um lado.
De outro lado, ele era um grande amigo da França. Quando a França esteve para cair sob o impacto das tropas alemãs, ele propôs a fusão das duas nações, para que a Inglaterra pudesse desembarcar na França, e com um ímpeto maior do que quem defende um aliado, salvar a França. O De Gaulle, com a “grandeur” dele, não quis. Mas a sugestão do Churchill, aliás meio… foi essa.
O Churchill falava das duas Franças: uma que era a França que estava no poder, a França revolucionária, vulgar. E, do outro lado, a França nobre, a França tradicional, a França – a palavra francesa é intraduzível – “meurtrie”, contundida, mas de uma contusão que tem algo de mortal, a França esmagada, a França opressa. Esta segunda França estava separada da primeira por um rio de sangue.
Então, dizia ele, todas as nações da Europa estão como a França: divididas; todas elas estão separadas por um rio de sangue. Não existe, entretanto, no mundo inteiro um lugar aonde o rio de sangue tenha marcado tão fundo e aonde os dois lados da nação sejam tão dissemelhantes um do outro.
Quer dizer, a alma francesa tinha resquícios de Idade Média com uma vivacidade incomparável e tomou a Revolução com uma perfídia e uma malícia incomparável também. E o que se deu lá, foi uma coisa – vou dizer uma expressão muito exagerada, mas é para de algum modo exprimir meu pensamento – mais próxima da luta entre Anjos e demônios do que nas outras Revoluções do mesmo estilo que houve no resto do mundo.
E o resultado é que os fatos que se passaram na Revolução Francesa têm uma nitidez doutrinária, todos os pormenores desses fatos marcam tão bem a presença de cada doutrina de cada lado, e a psicologia de cada doutrina de cada lado, que a Revolução Francesa é como uma espécie de espetáculo tremendo que a Providência permitiu que o inferno desse à terra, para alertar os homens contra o que haveria de acontecer, e que os homens não aproveitaram.
É uma espécie de, mais ou menos, como seria se, para alertar os homens, Deus tivesse permitido que se visse retrospectivamente algo da batalha tremenda que houve no céu entre Anjos e demônios.
Isso criaria um senso contra-revolucionário prodigioso. Nós veríamos a Revolução – para usar a expressão castelhana – “en su tinta”; nós veríamos também a Contra-Revolução em seu maior esplendor.
Ninguém pode imaginar o deslumbramento contra-revolucionário que haveria, em ver o momento em que São Miguel Arcanjo bradou: Quit ut Deus? Que entonações, que sublimidades, a aclamação angélica dos Anjos fiéis nesse momento e o fragor espiritual da luta.
O que pode ter sido essa misteriosa luta espiritual? E a derrubada dos anjos malditos, no meio de blasfêmias, e o hino de vitória depois da ordem, fazendo a operação perfeita do efeito que volta para a sua causa e que O glorifica? São coisas das quais não se tem nenhuma espécie de ideia, de uma santidade!… A Revolução dos anjos, de uma iniquidade que nós não temos ideia, e a Contra Revolução [dos Anjos] de uma santidade da qual nós não temos ideia também.
Em ponto muito pequeno, em contraste com esse imenso exemplo – mas muito grande em comparação com as outras Revoluções – isto foi o que se deu na história francesa.
Em última análise, se uma parábola pode ilustrar um princípio e pode dar ao povo comum não doutrinado um conhecimento de um princípio muito mais eficaz, mais quente do que a pura formulação abstrata desse princípio, se a parábola…
Por exemplo, a parábola para o perdão das injúrias, a parábola do homem que tinha uma dívida, que foi perdoado, que depois não perdoou aquele que lhe devia e que então foi castigado e severamente. Se esta parábola dá de um modo exímio o princípio teórico da reciprocidade entre o perdão que se recebe e o perdão que se deve dar, se é verdade isso, a Revolução Francesa foi a mais magnífica das parábolas da doutrina católica: foi uma parábola suntuosa, faustosa, em que tudo foi parabólico. De tal maneira parabólico, que se a Revolução Francesa for estudada 5.000 anos depois, um homem de espírito quadrado e cético alemão, poderia levantar um problema: se ela não seria uma parábola inventada para explicar um mito, de tal maneira é uma parábola.
Nós desdenhamos a parábola e ficamos na pura formulação doutrinária, sem tomar em consideração que Aquele que foi por excelência O doutrinador e O Mestre, entendeu que para falar às multidões eram necessárias as parábolas, e que a maior das parábolas é a História – não são as pequenas histórias divinamente inventadas e contadas por Ele, mas a grande História da Humanidade -, a imensa parábola que nos ensinou.
(Pergunta: Com sentido prático, não seria interessante fazer uma exposição sobre a Revolução Francesa aqui para aplicar aos pontos concretos de hoje?)
Eu quis muitas vezes: não senti terreno. Notava que logo no começo, quando ia fazer as aplicações, um ente, ao qual eu darei a máscara de um personagem mitológico, Morfeu, entrava no auditório e – eu estou “saint-simoneando” [usando uma linguagem muitíssimo amável, n.d.c.] – tolhia o desenvolvimento do curso.
Estou fazendo esta reunião para ver se depois eu sinto terreno para isto. Pegar, por exemplo, um episódio qualquer da Revolução Francesa em todos seus pormenores e mostrar o espírito da Revolução ali para depois mostrar como esse espírito existe hoje, mostrando ali a parábola.
Esse terreno eu vou sentir ou não sentir dentro de 4 ou 5 reuniões. Não aqui, no momento em que me deixei levar um pouco pelo entusiasmo. Mas a verdade é que em alguns de nós o espírito da Revolução entrou tão fundo, que é só começar a mencionar os nomes de alguns personagens franceses de antes da Revolução, que estavam do lado que a Revolução Francesa varreu, para que os nomes franceses – na sua musicalidade aristocrática e sonora – comecem a dar implicância e tédio.
Verifiquei isto concretamente com o nome do Duque de La Rochefoucault-Liancourt… que se moveram subconscientes, eu senti resistências que acabo de sentir aqui.
Ou então uma pergunta ressentida: “O que pensaria de mim esse homem se ele me conhecesse? E se ele não me desse importância é porque é um homem orgulhoso e ruim, e eu não estou do lado dele”. Minha vontade é de perguntar: “Está bom, mas você está do lado de quem? De Marat? Diga-me de uma vez!” – “Dr. Plínio é ruim, é um homem sem caridade…” – “Então vá para o Partido Democrata Cristão: é a solução!”…
Ai meus caros, ai meus caros! Quanta dor vai atrás desse gemido e quanta espera atrás dessa dor! Mas, enfim, que Nossa Senhora nos ajude. Creio piamente que Ela nos espera e que este momento virá. Creio até que nessa exposição se tornou mais próximo.
Quem sabe se com a sugestão que o senhor faz, se tornará ainda mais próximo do que nós podemos esperar? Vamos pedir a Ela. Mais do que uma excursão ao Vietnã, em outras terras, em Cuba, uma imersão na Revolução Francesa nos faria bem.
« O vos omnes qui transitis… – Ó vós todos que passais pelo caminho…” O fato é que, se a sugestão dada pelo Dr. Adolpho fosse bem acolhida por nós e se tivéssemos – e há tempos que podíamos ter – um manual de Revolução Francesa escrito para nosso uso, e que se desse para os nossos neófitos estudarem, isto só faria do apostolado uma outra coisa!
Enfim, de uma coisa eu estou bem certo: é que a misericórdia de Nossa Senhora a todos nos espera e que não há razão para ninguém ficar nem soturno, nem desanimado depois do que disse. Eu poderei me exprimir com uma certa força, mas não sem muito afeto e sem muita esperança em Nossa Senhora.