Auditório São Miguel, 29 de dezembro de 1984, sábado – Santo do Dia
A D V E R T Ê N C I A
Trechos de gravação de conferência do Prof. Plinio a sócios e cooperadores da TFP, não tendo sido revista pelo autor.
Se Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério tradicional da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:
“Católico apostólico romano, o autor deste texto se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto, por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.
As palavras “Revolução” e “Contra-Revolução”, são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu livro “Revolução e Contra-Revolução“, cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de “Catolicismo”, em abril de 1959.
Eu me pus, quando vós faláveis, eu me pus na vossa idade. Na idade de um enjolras de 14 anos, 15 anos, o que representa para ele o ano que entra?
Em primeiro lugar, o ano é muito mais longo na vossa idade do que na minha. O tempo corre devagar, um dia é muita coisa! Uma hora já não é pouco… um minuto já se conta… Na vossa idade começa-se a desprezar apenas os segundos. Minuto já é um tempo em que se presta atenção. Uma hora? Mas, é um tempo enorme! Um dia? mas que colosso! Um ano é uma eternidade!
Quando a gente faz previsões para o fim do ano, a gente faz previsões mais ou menos como um da minha idade faria para daqui a 20 anos? Daqui a 20 anos o que acontecerá? Na minha idade, se não estiver no cemitério, o que estará acontecendo? É a pergunta. Na idade dos senhores é um ano.
O que eu considerava as coisas que podiam acontecer? Eu ouvia falar, naturalmente de acontecimento internacionais. Os senhores considerem que eu nasci…, quando eu tinha 6 anos arrebentou a I Guerra Mundial [1914]. Eu me desenvolvi, portanto, ouvindo falar das batalhas, das tragédias etc. Depois, da queda dos impérios centrais, da queda do império russo, do estabelecimento do Comunismo, das agitações sociais pela Europa inteira; da americanização da Europa; americanização da América do Sul etc., enfim, mil transformações. O Japão que começava a entrar na constelação das nações de primeiro progresso, e que deslocava, portanto, para a Ásia o rumo do futuro, que até aquele momento só pertencia às nações de raça branca. E daí para fora mil modificações, mil modificações… Elas tocavam pouco.
O que a gente queria saber, porque não chegava a compreender bem o alcance destas coisas gerais, o que a gente queria saber é o que ia acontecer com a gente, e com o mundo no qual a gente se movia.
O que ia acontecer? Primeira pergunta, ao menos no meu tempo, não sei se é assim no tempo dos senhores: “será que a imobilidade das coisas vai continuar este ano, ou nós vamos ter algo que quebre a monotonia da vida de todos os dias, por uma porção de acontecimentos sensacionais?”
A vida de todos os dias parecia monótona quando eu tinha 14, 15 anos, e qualquer fato novo que acontecesse, mesmo que não fosse dos melhores, mas mudasse os quadros, já parecia uma coisa agradável. Então a pergunta era: “Vai haver ainda muita monotonia este ano? Ou pelo contrário, neste ano que entra vamos ter fatos novos? Que fatos novos serão? Estes fatos comportarão o que? O que vai acontecer com o meu mundo de menino, meu mundo de mocinho, o que vai ser?” São perguntas que os senhores podem fazer.
Mas, os senhores com uma felicidade, e uma dimensão que não eram as que eu tinha no tempo da idade dos senhores. No tempo que eu tinha a idade dos senhores, é inútil dizer, ninguém ainda tinha fundado a TFP! A TFP vivia, quando muito, como um projeto, ardente e vago, na minha mente, no meu coração! Mas, ainda estava muito longe de ser uma realidade. Ela passaria a ser uma realidade daqui a 8 anos, daí a 10 anos. Mais ou menos aí é que as formas precursoras do apostolado da TFP começariam a nascer. Os senhores compreendem que, portanto, tudo que os senhores têm em torno de si, todo o maravilhoso que os senhores têm em torno de si, eu não tinha.
Quer dizer, eu tinha anseios, formar um grupo; ter um amigo que pense como eu. Um que seja, que pense como eu. Será que acontecerá isto este ano? Ou eu continuarei na monotonia desta solidão? Talvez das formas mais desagradáveis de solidão, porque era a solidão no meio da multidão.
A solidão em que a gente pode estar só, ainda vai. Mas uma solidão na qual a gente é obrigado a estar continuamente com os outros, conversando com os outros, tratando com os outros, mas sentindo-se só em relação a esses outros, porque a nossa alma ruma para um lado, e os desejos deles rumam para os outros… Que solidão difícil! Será que este ano que se abre, ainda tendo isso? Ou será que este ano não tem mais isso, não tem nem sequer isto? O que pode ter o ano que vem?
Uma aflição que me fazia sentir aqui fechar o coração! É tão difícil perseverar. Eu tenho tantas dificuldades para perseverar. Nossa Senhora me dará esta perseverança? “Salve Regina, Mater misericordiae, vita dulcedo, spes nostra salve”!
Depois, de outro lado, os problemas: os estudos. Conseguirei passar no exame, conseguirei passar para o outro ano do curso? Ou vai me acontecer como no meu exame de matemática, em que eu fui desastrado, completamente. A começar que eu calculei, num problema que deram, uma hora com cem minutos, e levei uma rotunda bomba, uma reprovação!
Depois, outras perguntas: o que acontecerá com este, com aquele, com aquele outro etc. Os senhores como tem uma situação avantajada a este respeito! Os senhores são tão jovens, e já os senhores são guerreiros do Reino de Maria! A adolescência dos senhores se compara com a minha, como a adolescência de jovens que nasceram às margens do rio Amazonas, e que tomam aquelas barquinhas e vão de um lado para outro, parece com a adolescência de um que viveu no deserto, no meio dos arenais, passando uma vez ou outra um camelo cansado no horizonte, andando… e depois desaparecendo.
Os senhores têm ideais que os convidam; os senhores têm todo o incentivo para a prática da Religião; os senhores têm amigos; os senhores não tem o problema tremendo de que o fazer do domingo que vem; o que fazer do sábado que vem, a quem encontrar, com quem marcar uma conversa, a quem visitar. Não tem nada disso! Tudo está na abundância para os senhores; os senhores nadam nessa abundância completamente.
E olhando para a despreocupação dos senhores, e para o tumulto alegre que os senhores fazem, e me lembrando das preocupações que pesavam sobre minha fronte, tão grandes que, quando eu – já contei este fato aqui – aos 17 anos me apresentei como datilografo numa repartição pública, onde eu estava nomeado como funcionário, o homem que tomava nota do registro dos funcionários, nome, endereço, etc., etc., estava com um livrão aberto e tomou nota do meu nome, etc., etc., e me disse: “Qual é a sua idade?” Como eu era sobrinho do secretário de Estado, me tratava assim… E ele me disse: “Qual é sua idade?” Eu disse 17 anos.
Ele parou, e disse: “Me desculpe, mas eu sou obrigado a lhe pedir a caderneta de identidade, porque o senhor parece tão mais velho do que é, que só mesmo com caderneta de identidade eu acredito no que o senhor está dizendo. O senhor não estará brincando comigo?“ Eu disse: Não, eu tenho 17 anos.
Ele disse: “Bem, como o senhor é sobrinho do secretário, nós lhe damos um prazo. Quando vier trabalhar amanhã, ainda há ocasião para apresentar a sua caderneta de identidade. No dia seguinte apresentei. Ele verificou a identidade da fotografia comigo, e disse: “É verdade!” E eu pensei com os meus botões: “Está vendo? É nesta idade, já o tempo vai acumulando deficitariamente sobre a minha fronte. Os encargos, as preocupações, as lutas e as batalhas!”
Como isto é diferente do que acontece com os senhores. E como os senhores de toda alma, e santamente são invejáveis.
Para os senhores, como é o ano que se abre? Como é que se põem todos esses problemas? Agora vem a pergunta e vem a resposta.
No meu tempo já se cultivava uma espécie de entusiasmo tolo e quase maníaco pela juventude. Considerava-se que a época de ouro da vida do homem, era a época em que ele era jovem. E, portanto, vamos dizer, esticando muito a corda, mas muito, dos 15 aos 25, 30 anos. Esse era o período em que o homem era jovem. Era o auge da vida do homem. E depois, o resto, era um tempo sabugo, que o homem tratava de viver como devia.
Eu muito cedo verifiquei quanto isto era mentira. E que na realidade a mocidade é um tempo de preparação; e que o homem – não tem dúvida que a mocidade tem suas vantagens: não tem as enxaquecas e os revezes de saúde que se tem quando se é mais velho, não se tem mais algumas outras coisas. Mas, isto, como é pouco em comparação com os problemas de um moço sério, que procura encontrar os caminhos da vida. O peso de uma vida inteira para viver, uma incógnita do que é que a gente será, como a gente terminará esta vida, e como se apresentará diante de Deus?
Quantas vezes, nas várias idades dos senhores, eu via passar diante de mim velhos, e perguntava o seguinte: “Se eu chegar a velho, eu vou ser um velho de que espécie? Como aquele lá? Ou aquele outro? Ou aquele outro mais respeitável e mais distinto? Como eu poderia saber como eu serei, quando eu estiver no outono de minha vida, porque eu poderei saber aí como é que foram a primavera, o verão e o inverno. Como é que vai ser a minha vida?
Grande problema: será uma vida de fidelidade? Será uma vida integrada nos ideais da Santa Igreja Católica, aos quais eu tinha me dado? Ou será uma vida que extrapolará de repente disso? Então, não é melhor morrer? Não é melhor pedir a Nossa Senhora que me leve, a permitir que uma coisa dessas se realize?”
É uma pergunta. E com essa pergunta vem o peso da mocidade.
Se eu fosse enjolras hoje, como é que essa pergunta se formularia para mim? A pergunta se formularia da seguinte maneira: como é lindo ser da TFP! Como é honroso, como é glorioso ser da TFP. Como sobretudo significa proteção de Nossa Senhora, bondade de Nossa Senhora, o ser chamado para lutar por Ela no momento em que quase ninguém luta. Ela, em certo momento, pela voz de um amigo, pela voz de um parente, pela voz sei lá de quem, passou perto de mim e disse: “Venha, e siga-me”, como Nosso Senhor disse no Evangelho!
E eu segui! Que bondade me ter dito isto! Que bondade me ter dado as graças, por onde eu tive coragem e força para seguir!
Agora, a vida da TFP é uma coisa tão bela! Como é belo progredir, e progredir incessantemente nas vias de Nossa Senhora! Como é belo ver este, aquele, aquele outro – todos mais moços que eu, mas vem me seguindo de perto no caminho da idade, progredindo num ponto, progredindo noutro, abrindo os olhos para isto, abrindo olhos para [aquilo]…
Ainda agora à noite, quando eu jantava, trouxeram-me uma rosa [da sede em Itaquera, cujo nome era] de “Jasna Gora”: linda, e com uma gota de água, que se não era orvalho tinha sido uma água artisticamente posta no lugar, era uma verdadeira obra de arte. E eu estava pensando: quando a flor se expande assim, como é belo, e como é bonito a gente ver a flor que se abre, e que desabrocha. Quem não gosta de ver botão de rosa nas várias etapas de sua formação? Como seria interessante se alguém fizesse a história dos botões de rosa em fotografias! De maneira a apanhar cada botão no momento em que, em que, em que… como seria bonito isto!
Muito mais bonito é acompanhar o desenvolvimento das almas!
Muito mais precioso, sem comparação mais precioso, é ver as almas que se expandem, que se abrem e que tendem para Nossa Senhora. Nosso Senhor não se teria encarnado e não teria morrido na Cruz por uma rosa. Não teria sentido. Mas, por qualquer homem, por um só homem, por mais modesto e apagado que fosse, Ele se teria encarnado e teria morrido na Cruz. Este é o valor de um homem, este é o valor de cada um de nós que estamos neste auditório, de todos os homens que estão pelo mundo inteiro. Este é o valor de um homem.
Como é belo a gente ver um homem que entra no bom caminho, e continua, continua, continua… A gente o vê às vezes provado; às vezes a gente o vê opresso; outras vezes a gente o vê alegre, a gente compreende que é a travessia da alma através das horas difíceis e das horas fáceis que vai formando o homem.
Belo na sua evolução, quer quando ele está acabrunhado pelo peso das fidelidades difíceis, quer quando ele está estimulado pela alegria da graça que sopra e ele parece um barco tocado pelos ventos e que singra pelas ondas.
Se é belo ver os outros serem assim e evoluírem assim, quão mais belo é a gente ser assim, e quão mais belo é a gente ser o jardineiro de si próprio. E trabalhar valentemente em si mesmo para realizar aquilo que Nossa Senhora quer de nós.
Aqui está, meus caros, então, uma pergunta:
Os senhores veem quanta gente entra na TFP. Os senhores veem também – hélas! [infelizmente], que sai gente. Os senhores mesmos já viram gente sair. Gente sair porque está proibida, coitados, rezemos por eles. Gente saiu porque não quis continuar. E a primeira pergunta, uma pergunta cheia de preocupação, uma pergunta cheia de humildade, é esta:
Minha Mãe, no fim deste ano, eu serei ainda vosso? Dai-me a graça de morrer, se eu não for vosso, mas “non permitas me separare ad Te”, diz o “Anima Christi”, aquela sequência maravilhosa de jaculatórias de Santo Inácio de Loyola. “Non permitas me separare ad te”! Que empenho, que ênfase, antes de tudo, mais do que tudo, ó Mãe, não permitais que eu me separe de Vós e de Vosso divino Filho! Tudo, menos isto!
Outra pergunta: eu estarei me desenvolvendo? Eu estarei melhor, eu estarei menos preocupado comigo e mais preocupado com o Grupo? Menos preocupado com minhas vantagens, com o papel que eu faço no meio dos outros, com minha importanciazinha miserável, e mais preocupado em saber se a Causa está sendo bem servida dentro da TFP?
O que é que eu sou dentro da TFP? Um spray de egoísmo, ou um spray de amor de Deus? Spray todo homem é. Spray mais modesto ou menos, que esguicha mais longe ou mais perto a sua influência, mas spray todo homem é.
O que é que eu spreyei, ou terei sprayado no fim deste ano? Dos que estão em volta de mim, quantos progrediram por minha causa? Dos que estão em volta de mim, quantos estagnaram por minha causa? Houve – ó dor! – houve – ó dor! – alguém que retrocedesse por minha causa?
Meu Deus, a pergunta me atormenta: alguém terá saído por minha causa? Porque na hora em que precisava de um contato com uma alma idealista, forte, cheia de amor de Deus, encontrou a minha “nhonhozeira” [comodismo egoísta e supino, n.d.c.]? E eu fui, sem saber, o último destroço do navio em que ele poderia se agarrar, e este destroço rompeu nas mãos dele, e ele foi ao fundo porque eu não dei o bom exemplo?
Meus filhos, isto não são só as perguntas para o ano que vem. São as perguntas para o ano que foi… Claro! Claro! Se essas perguntas são razoáveis em 84 no momento em que nós vamos transpô-lo para 85, eu pergunto se não eram razoáveis em 83 no momento em que íamos transpor 84?
E agora, então, nós estamos pensando em 85 para 86 na reflexão que nós faremos de 85 para 6, não é o caso de nós refletirmos em 84 que nós deixamos atrás?
Estas perguntas se puseram para nós durante o ano? Eles foram o roteiro para nós durante o ano? Nós tomamos bem nota de quais são as almas que nós tivemos a alegria de ajudar? Tomamos bem nota de quais foram as almas que nós ajudamos insuficientemente? Nosso exame de consciência estava sempre bem feito a este respeito?
Ou nós fomos vivendo na alegre e tumultuosa despreocupação de nossa mocidade? Despreocupação que não é justa, nem é lícita, quando se é um guerreiro de Maria?
Não acham meus caros, que estas perguntas se põem?
Há um provérbio francês que diz mais ou menos isto: “Cuidado com aqueles que todo mundo esquece, porque eles não esquecem”. Um homem que é esquecido por todos, se ele foi esquecido por 100 outros, e o homem 101 esquecer também, ele se lembra dos 101.
Não há gente dentro do Grupo apagada, humilde, que não tem realce, ou porque não tem brilho pessoal, ou porque não conversa bem, ou enfim, porque, porque… porque é poca, pronto está acabado; e que nós não procuramos porque não nos distraem? Entretanto, uma palavra amável para um poca, no momento em que ele chega à sede, iluminaria a alma dele a tarde inteira?
Meus filhos, são perguntas. Os senhores me perguntaram…
Quando a gente vê um filho de Nossa Senhora, que Ela chamou para dentro da TFP por meio da graça, que é uma participação criada na vida de Deus, esta graça foi obtida a pedido dEla; esta graça foi conquista por Nosso Senhor Jesus Cristo na Cruz, e aquele entrou, começou a frequentar a sede atraído pela graça, e a gente vê, ele está num canto, jururu, conversando desinteressado, com alguém que também é poca. E a gente poderia chegar lá, parar um pouquinho, conversar um pouco, dissolver aquela roda de desanimados! Espalhá-los nos meios dos animados e ir embora.
A gente olhou e disse: Hiii, não vou ficar aqui! Esta roda não dá prestígio, eu vou naquela roda que dá prestígio!… Os anjos das guarda deles, não se queixam a Deus, de nós? É necessário pensar nestas coisas, é necessário ter em linha de conta.
Há uma reunião. Na hora exata desta reunião, nos passa pela cabeça um assunto que nos preocupa. O resultado: acompanhamos a reunião – graças a Deus não está acontecendo – com olhar distraído, fitando outra coisa. Na hora de bater palmas, de participar da alegria comum, nós temos umas palminhas assim… Nós temos ideia de que o indivíduo alheio a uma reunião é um peso que puxa a reunião inteira para baixo? Um!
Ele se terá lembrado disso? E terá mudado de posição? Terá feito um esforço para participar, para aplaudir, para estar alegre? Dizendo: Não! Nós estamos todos juntos remando nesse barco! Não vai ser por preguiça do meu braço que o barco vai menos depressa!
Vejo um proibido [de frequentar a TFP por ser menor de idade], que se distancia tristemente do Grupo. Eu me terei lembrado de rezar algumas vezes durante a semana, pelo menos durante aquela semana, três Ave-Marias por ele? Eu me terei lembrado que a graça de Nossa Senhora pode tudo? E que se Nossa Senhora der a ele graças extraordinárias, ele tem condições de perseverar? É possível que ele não mereça, mas Nosso Senhor Jesus Cristo mereceu, Nossa Senhora mereceu! Nós, pedindo a Ele e a Ela, nós podemos obter uma graça a que aquele coitado não teria direito. Para que ele seja de fato estimulado, convocado e entre naquilo! Que maravilha!
Então, teremos rezado por eles? Nós rezamos habitualmente pelos proibidos, para que Nossa Senhora os ajude? Que linda intenção colocar habitualmente, na Saúde, uma oração pelos proibidos. Até assim:
“Pelos que estão em risco de serem proibidos, pelos que foram proibidos, para que Nossa Senhora, aos primeiros, os conserve, e aos segundos traga de volta! Para que no momento em que eu estou proferindo, estou enunciando esta intenção, neste momento, uma graça vinda do Céu, atinja a alma de todos os apóstatas, e traga alguns, felizmente perdoados à casa materna. Que boas coisas nós podemos fazer.”
Bom, com certeza as fizemos todas em 1984… Seria uma razão, um conjunto de sugestões, previsão, eu faço uma afetuosa previsão: é que tudo isto vai ser tomado em alguma consideração, e que vai ser um programa para a vida interna do Grupo em 1985. Quando 1985 estiver para dar as últimas badaladas, onde estaremos nós? É o caso de dizer “Memento Venezuela” [referindo-se à injusta perseguição movida pelo governo socialista Lusinchi que fez com que os da TFP venezuelana deixassem todos, definitivamente, aquele país, n.d.c.]… Não estaremos nós mesmos dispersados sobre a face da Terra?
Que maravilha, se estando reunidos, nós pudermos fazer um exame de consciência, e dizer: tais coisas, tais coisas, tais outras, Doutor Plínio, foram transformados em tais e tais resoluções, e deram tais e tais resultados.
É um programa. Os senhores perguntam o que acontecerá?
Minha resposta… Os senhores estão vendo o seguinte: a pergunta é legítima. Minha resposta é: em grande parte acontecerá o que os senhores previrem, o que os senhores quiserem, o que os senhores fizerem. Em grande parte nós fazemos o nosso futuro! O ano de 1985 não começou, e já a história dele para os senhores está começando. Porque os senhores me fizeram uma bela pergunta, e eu estou tentando dar resposta à altura da pergunta que os senhores me fizeram. Aí está o ano de 1985…
Todo ano tem suas surpresas. Quando nós olhamos para trás, para o ano de 1984, pelo menos duas lindas surpresas afloram ao meu espírito: 1) é o belo dia em que entraram aqui os “Torreões” [livros com refutações da TFP brasileira – volume I, volume II]! E se cantou vitória. E ontem, a linda noite de ontem, em que o auditório só faltou vir abaixo de tanto bater palmas! Memento Venezuela!
Que alegrias o novo ano nos reservará? Como estas alegrias são alegrias cristalinas e brilhantes, por que nascem da luta e nascem da dor? Há alegria mais bela do que aquela que jorra como um chafariz de dentro da dor?
E já me passou isto pela cabeça: a água para chegar da sua fonte até o lugar onde ela jorra, ela passa por que canos obscuros, porque terras profundas, atormentada por que condutos torcidos… Afinal de contas, chega o momento em que na ponta do chafariz ela vê a luz e se lança para o ar! É um belo símbolo da alegria da vitória! Como é bela a alegria da vitória! Muito mais bela do que a mera alegria do prazer! Que belas alegrias, estas duas de que eu me lembro neste ano. Magnificat!
Quantas dores antes… Como é que a gente… eu vou continuar…
Como é que a gente vive bem estas alegrias e estas dores? Exatamente fazendo com que na vida pessoal de cada um dos senhores, mesmo dos mais moços, os senhores tomem o hábito de não fazer com que a vidinha pessoal seja o mais importante, mas que o mais importante seja o que acontece na TFP!
O grupo tal, ao qual eu estou filiado dentro da TFP, vai continuar no mesmo alojamento, ou vai mudar de alojamento? Que importância tem saber se vai acontecer comigo isto, ou aquilo? É secundário!
Nós entramos na TFP para nos esquecermos de nós, e pensarmos apenas na Causa da Igreja e da Civilização Cristã! E para alcançar isto, para levar isto à boa meta, o que nós temos que fazer, é desde muito jovens, é nos desabituarmos dos egoísmos da juventude, e compreendermos que nós vivemos para um horizonte muito maior. E por causa disso, nas reuniões, procurar participar da vida da TFP.
Quer dizer, perguntarmos a nós mesmos o que está acontecendo. Perguntarmos a nós mesmos porque é que nós devemos desejar que aconteça bem o que está acontecendo: ou que não aconteça aquilo que a TFP quer evitar que aconteça. Por que devemos desejar isto? Qual é a importância do nosso desejo?
Um erro na vossa idade é considerar que quem é muito moço não tem importância. E por isso pode pensar e sentir como quiser, que isto não tem resultado.
Seria mais ou menos a mesma coisa do que dizer: Bom, planta tem importância, semente não é nada! É um carocinho! A resposta seria: Não, isto é uma imbecilidade! A planta será o que foi a semente! E se se cuida bem do plantio, para que a semente tenha condições de se desenvolver, daí nasce uma grande planta!
Eu chamo a atenção dos senhores para uma coisa magnificamente simbólica disso. Eu sei que os senhores vão com frequência ao cemitério da Consolação. Se os senhores saírem pela porta do fundo, dão na rua Mato Grosso.
E andando uns poucos passos, encontram uma espécie de larguinho, tão insignificante, que eu acho que nem sequer tem nome. No desinteresse geral, este larguinho vegeta, ao pé da letra vegeta, porque ele é iluminado pela presença de um belo vegetal! Tem ali uma árvore enorme, que se espraia de maneira a, exagerando, encher quase todo o larguinho.
É uma árvore que foi plantada em condições favoráveis de maneira que ela se pode expandir em todas as direções, e os seus galhos se estendem para todos os lados. A árvore cobre o largo, ela é a alma do largo, ela é o encanto do largo. Vale a pena os senhores um dia pararem e prestarem atenção. Eu presto sempre atenção quando eu passo por lá. É um tronco que não é alto, mas depois a galharia cresceu e fez em torno dela uma circunferência enorme! E ela representa um aspecto de pujança etc.
A gente vendo as árvores da rua Pará, que entra à esquerda, da rua Itacolomy não garanto, mas da rua Pará, eu não entendo nada de botânica, mas ou eu me engano muito, ou são da mesma espécie que esta. Mas são todas esquisitas e tortas, porque foram plantadas muito perto das casas e por isso de um lado não cresceram, e cresceram tortas para outro lado. E o resultado são árvores que nem de longe tem a beleza daquela; que foi plantada em condições adequadas!
Vejam a importância de plantar uma coisa na hora certa, no lugar certo, para o desenvolvimento da coisa.
Ora, ora, ora, acontece que para o amor de Deus a hora certa de começar é amá-Lo o quanto antes! É evidente! E para isso, é preciso a gente começar a amá-Lo, amar a Causa dEle, amar a Igreja Católica, amar a civilização cristã; amar aqueles que trabalham pela civilização cristã no mundo; amar, portanto, também a TFP, e notadamente a TFP, uma vez que é a ela que nós estamos ligados. Amá-los; mas de toda alma! De maneira que a gente queira saber por que é que é tão importante, isto, porque é que não é… Faça perguntas…
Por exemplos, se eu agora fizesse uma coisa que eu não vou fazer, seria mal gosto, e a hora tardia, “fugite, fugite”! A hora tardia impediria isto, se…
Nós ficamos ontem tão alegres com a libertação dos rapazes da Venezuela. Que tal se nós espalhássemos um papel, aqui, papeis entre todos, e disséssemos o seguinte: Em 15 minutos escreva as razões pelos quais você ficou alegre pela libertação [dos rapazes] da Venezuela!
Quantos de nós saberíamos dizer? Alguém dirá: Mas é intuitivo! Pois são nossos irmãos de ideal, foram soltos… Havia um lobo mau que os prendeu, e foram soltos. Nós estamos alegres! É simples demais, não é? Não é só por isso!…
O que é que poderia acontecer se eles não saíssem? O que poderia acontecer se eles fossem retidos no caminho? O que poderia acontecer se eles fossem recambiados de volta? Nós já pensamos nisto?… E já pensamos então na alegria que eles sentiram no momento em que eles verificaram que a fronteira estava transposta, e que eles estavam fora da garra do lobo? Bem, e a alegria dos anjos no Céu, louvando a Nossa Senhora, por que isso se tinha se dado?
Bem, mas isso é com fatos muito preponderantes, como o fato da Venezuela, mas é com outros fatos. Nós ouvimos falar pelo sr. João, por exemplo, que o grupo da Alemanha está crescendo! Ao que conduz isto? Por que é diferente crescer o grupo em Frankfurt, ou crescer o grupo na cidadezinha de x, no Estado ou Província de y, no país z? Que consequências isto produz?
Nós devemos ter o espírito maduro e saber fazer a pergunta. E quando não sabemos a resposta, é aí que a gente pergunta. Qual é a vantagem disto para a Causa? Por que eu devo desejar isto? Por que eu devo rezar para isto? Então aí eu compreendo, eu levo a vida da TFP.
Constrói-se um novo auditório. Qual é a vantagem para a TFP de um novo auditório? Qual é a vantagem, quer dizer o seguinte: não é apenas uma vantagem de prestígio.
Primeira pergunta: do que adianta para a Causa da TFP ela ter prestígio? Vamos ver. Vantagem do prestígio, tem seu papel. Então, agora, qual é a razão pela qual o prestígio adianta. Mas eu estou falando em apenas prestígio. Estou dando a entender que o prestígio é muito menos de que uma série de outras coisas. Quais são as coisas mais importantes para a existência do auditório?
Eu aqui, já que estou tratando da questão, posso enumerar. Não é, não é que a gente sinta menos calor, nem é que a gente fique menos acotovelado. Eu vejo tantos filhos, de pé, acotovelados aqui no fundo da sala, nos “irmãos separados” [parte do auditório que ficava longe do conferencista, n.d.c.]. Bem, eu gostaria muito que isto não acontecesse com eles. Mas é secundário, totalmente secundário. O importante é diferente. É que as reuniões podem ter outra grandeza. As condições para prestar atenção nelas melhoram.
E as cerimonias, as proclamações podem ter outro desdobramento. E com isso, com isso sim, o espírito da TFP se torna mais visível a nós! Mais visível, se torna mais intenso; mais intenso, nós somos mais fiéis; mais fiéis, está alcançado o que nós queremos, somos mais apostólicos, somos mais de Nossa Senhora e de Nosso Senhor!
Mas, então, é preciso saber isto, é preciso perguntar. Não sei se não seria uma coisa interessante, cada mês fazer uma pergunta ou aqui, num sábado, ou na própria Saúde, nos próprios eremos etc., etc; sobretudo no “Praesto Sum”… fazer um modo qualquer de introduzir isto. O que aconteceu, porque foi bom, porque foi ruim. Na TFP em geral e no mundo. Depois, no próprio setor, no próprio grupo etc., porque foi bom, porque foi ruim.
Não seria um modo de nós nos tornarmos muito mais conscientes de tudo quanto acontece e sermos muito mais nós mesmos? Não é um outro belo ponto para nós desenvolvermos o nosso programa de 85?
Eu não poderia concluir sem o ponto dos pontos. Eu vejo que Nossa Senhora favorece todas estas intenções dando um clima de alegria, de excelente receptividade até a este auditório. Graças a Ela, porque se não fosse isto, não daria resultado nenhum.
Nós estamos rezando para Ela o suficiente? Ou poderíamos falar algo mais? O que é que poderíamos fazer algo mais por Ela? Seria preciso algo que não pesasse. Nós não devemos fazer da oração um fardo que nós carregamos como uma espécie de fantasma durante o dia. A oração deve ser para nós uma alegria, deve ser uma satisfação. Pode ser que por aridez, para provação de nossas almas, às vezes seja fardo. Mas a gente então carrega com amor, como Nosso Senhor carregou a Sua Cruz, desejando que aquela aridez sirva para as almas dos outros.
Então, o que nós poderíamos fazer?
Eu sugiro por exemplo isto – mas sem se tornar nada de obsessivo nem de fatigante: em quase todas as salas da TFP há imagens de Nossa Senhora. A gente ter o hábito de não passar diante de uma imagem sem rezar uma jaculatória. Uma jaculatória rápida, poderia ser como cada um a queira recitar. Por exemplo, os senhores conhecem a linda jaculatória: “Cor Sapienciale et Imaculatum Mariae, fac cor meum secundum cor tuum – fazei o meu coração segundo o teu”. Não precisa nem recitar tudo. Só dizer: “fac cor meum, secundum Cor Tuum”. Está acabado. Só isto. Olhar e passa.
Mas cada imagem de Nossa Senhora, a gente reza alguma coisa nesse sentido. Que a imagem nos sugira no momento… Quando não tem nada, dizer: “Minha Mãe, eu não tenho nada para Vos pedir, mas peço a graça de pedir o que eu devia! Meu Santo Anjo da Guarda, vede minha bobeira. Sorri para ela, corrigi-me dela, e arranjai-me agora a jaculatória que eu deveria fazer…” Está feito, está feito!
Bem, aqui está um conjunto de coisas que poderão acontecer em 85. Acontecerão ou não. Há ainda uma jaculatória de que eu gosto enormemente, e eu não quereria terminar sem falar dela. Canta-se logo no começo do “Anima Christi”. “Anima Christi, santifica me.” Quando eu penso na alma… Nosso Senhor Jesus Cristo, era Homem-Deus, mas ele era completamente homem. Ele tinha, portanto, um corpo humano e uma alma humana. E tinha depois, este corpo e alma humanos ligados hipostaticamente à Segunda Pessoa da Santíssima Trindade.
“Anima Christi santifica me”. Alma de Cristo, santifica-me! Não pode haver foco de santidade mais perfeito do que a alma de Cristo! De alma a alma, do abismo profundo de minha alma, para o sol da alma de Nosso Senhor Jesus Cristo. Por intermédio de Nossa Senhora, evidentemente, santifica-me! Tornai-me santo! É o que eu quero! O resto, Senhor, levai se quiserdes, mas dai-me esta graça: tornai-me santo! Anima Christi, santifica me! Que linda jaculatória!
Às vezes a gente olha para um outro, gostaria que o outro estivesse progredindo: Anima Christi, santifica eo ou santifica nos! Uma jaculatória… A Nossa oração a Nosso Senhor, deve ser por meio de Nossa Senhora. Não precisa dizer, mas já se entende, é por meio de Maria, sem a qual nada nós obtemos. Está tudo feito.
Meus caros, 1985 está predito! Nós podemos encerrar!
[Abaixo, a continuação deste mesmo Santo do Dia]
Atendendo ao pedido dos mais jovens da TFP, o Prof. Plinio narra como transcorria a passagem de Ano quando era jovem e as orações que costuma fazer nessa ocasião.
O belvedere e o restaurante no Parque Trianon (junto à Av. Paulista, em São Paulo, mencionados nessa reunião) existiram até inícios da década de 50 do século passado.
Eu já contei aqui qual foi a primeira passagem do ano em que eu rezei… Eu acho que sim. Os senhores às vezes me fazem repetir um pouco as histórias, mas enfim… Em fim de ano, vamos lá. Os senhores sabem onde é o Trianon na Av. Paulista, não é? Onde tem o museu de arte moderna etc. Ali tem um terraço e depois, sobre estacas, um prédio medonho, o museu de arte moderna, ou de arte, simplesmente não sei bem.
E ali embaixo, como o terreno é em declive, há janelas, etc., para fora, e aquilo deve estar sendo aproveitado para outras coisas. Antigamente toda esta parte de baixo era tomada por uma imensa sala de festas. E a primeira vez que eu rezei na passagem do ano, eu tinha mais ou menos uns 14, 15 anos, e a alta sociedade de São Paulo comparecia a um baile de fim de ano que havia lá. Mas aquilo era um tempo, meu tempo de moço, de muito mais esplendor do que o tempo de hoje.
São Paulo era uma cidade muito menor, mas havia muito mais pessoas ricas, e essas pessoas eram todas do mesmo ambiente, se conheciam umas às outras, e com muita distinção, muita tradição ainda nobiliárquica do tempo do império, e do mundo geral não era só isto, o mundo todo era mais educado naquele tempo.
E houve este baile no Trianon, e meus primos, minha irmã foram, e eu era dos mais moços, mas fui convidado a ir também, e pela primeira vez pus um smoking numa festa, e fui de smoking ao baile. Quando eu cheguei ao baile, o salão estava magnificamente adornado, todo cheio de mesinhas, e no centro uma pista de dança, as mesinhas formavam uma espécie de meia-lua em torno da pista de dança, e as famílias, à medida que chegavam iam sentando.
Eu com a minha família também me sentei, e começaram a servir. A orquestra [começa] a tocar, começaram a servir, e os senhores sabem que eu nunca fui insensível a isto, uma galantine estupenda! Que absolutamente não me deixou indiferente, e que completou harmoniosamente as impressões agradáveis da sala e do ambiente. Mas, de outro lado, enquanto eu via a atração daquilo tudo, eu percebia também quanto aquilo tudo atraía para o oposto. Quanto tinha de mundano, de superficial, de gozo da vida, sem ideal nem nada, e me sentia atraído, mas ao mesmo tempo me sentia puxado para onde eu não queria. E diante disso, muito perplexo. Quando eu vejo de repente – as coisas passam quase simultaneamente, entoam o Hino Nacional, e todas as pessoas se levantam: as senhoras, homens, todos se levantam e tocam o Hino Nacional.
E entra um velho, naturalmente gente paga, um velho, um homem que fazia o papel de velho, apoiado sobre uma bengala, andando com dificuldade etc., e todo esfarrapado. E um moço, também era um moço pago para isto, vestido com um smoking rapado, mas que enfim pretendia ser um bonito smoking, que entra dando pontapés no velho, e expulsa o velho do outro lado. Era o ano novo que entrava expulsando o ano velho. E enquanto isto o hino nacional tocava.
E eu pensava: que mentalidade é a desse ambiente. Este ano que agora acaba foi o moço do ano passado. E expulsou o ano anterior aos pontapés. Daqui há um ano vamos ter horror deste moço, porque a vida causa horror, o sofrimento que ela dá. Essa gente não olha isto. E com o pavor de me deixar levar.
Os outros entoavam o hino nacional, eu estava respeitosamente de pé, associando-me a este ato. Mas, meu coração foi mais alto do que o Brasil e eu rezei a Nossa Senhora.
Por que a Nossa Senhora? Os senhores já sabem.
Que oração, os senhores já sabem também: Salve Regina!
E nesse lugar eu formei a resolução de nunca deixar passar um ano sem recitar a Salve Regina. Entretanto, não posso dizer que tenha cumprido esta resolução, porque apareceu coisa melhor. Quando eu tinha 22 anos, mais ou menos, eu li o Tratado da Verdadeira Devoção a Nossa Senhora de São Luís Maria Grignion de Montfort. E eu compreendi que era muito bonito a gente rezar a consagração na passagem do ano. Como quem diz: escravo de Nossa Senhora eu termino, escravo de Nossa Senhora eu começo!
Não abandonei a Salve Regina, rezo-a antes, e logo depois vem a consagração!