Os revolucionários radicais jamais atrairiam se não existissem os moderados revolucionários: o jogo para embair os ingênuos

Conversa durante almoço no Eremo de São Bento, 29 de julho de 1987

 

A D V E R T Ê N C I A

O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.

Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras “Revolução” e “Contra-Revolução”, são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu livro “Revolução e Contra-Revolução“, cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de “Catolicismo”, em abril de 1959.

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(Pergunta: se o Sr. concordar, talvez lermos as perguntas que temos preparadas. São 15 perguntas… Qual seria o ponto que o Sr. prefere tratar e que o Sr. mesmo deu: crise na Igreja, Convergência, guerra psicológica revolucionária ou ação da TFP no mundo?
Eu quero por onde vocês quiserem, eu quero absolutamente o que vocês quiserem. Eu vou dizer porquê. É porque aí se sente melhor qual é o caminhar da graça nas almas, o por onde deve entrar etc.
Você quer ler os 4 pontos, Jean?
(Crise na Igreja; Rússia e expansão do comunismo no Ocidente; escoamento(?) das economias ocidentais na Convergência; guerra psicológica revolucionária no Ocidente e amortecimento dos espíritos; ação da TFP no mundo)
Bom, isso é um simpósio… eu dei para escolherem o ponto que quisessem, ou dois; tratar dos 4 acho extremamente difícil. Enfim, vamos tentar tratar. Leia um pouco as perguntas (as 15).
Vou dar uma introdução comum a toda essa matéria, e que ficaria a priori, antes, do que pediu Dom Bertrand, como do que pediram vocês.
As perguntas são todas muito boas, eu gosto muito. Mas, há uma coisa a priori, para a qual se deveria chamar a atenção, e que sem a qual, não seria possível responder, nem atender ao pedido de Dom Bertrand, nem o de vocês. Então, essa coisa eu dou agora, nesse almoço.
Há uma expressão que eu não sei bem se é inglesa ou norte-americana, mas enfim, que eu ouvi na sua fórmula inglesa – quer dizer, em inglês – e que me pareceu exprimir muito um certo tipo de realidade psicológica, que tem que estar na raiz destas respostas todas. Eu não sei inglês, de maneira que eu vou pronunciar miseravelmente: “wishful thinking”, um pensar cheio de querer. Que define um estado de espírito do homem, por onde o homem quer determinadas coisas muito intensamente, e por isso chega a pensá-las. Não é um sonho propriamente dito, mas é uma influência do querer sobre o pensar, por onde a lucidez do pensamento fica meio empanada, e o sujeito acaba chegando a conclusões, que ele quereria que fossem verdadeiras, e deformando, portanto, um tanto o seu pensamento, para realizar à conclusão que ele quer.
Isso, evidentemente é um defeito. E, esse defeito, é um defeito muito frequente no pensar humano. Um número enorme de pessoas tem uma espécie de wish full thinking, mas às torrentes. E se define da seguinte maneira: a pessoa começa a pensar e para articular o pensamento começa a sondar a realidade para ver o que é que encontra de cá, de lá e de acolá, naquela linha. Porque, em cada raciocínio que a pessoa faz, cada nova premissa que põe, vem gotejando de realidades, ou de fantasias. E a pessoa, no formular a premissa, comete a fraqueza de incluir na premissa aquilo que ela percebe que vai servir para a conclusão chegar onde ela quer. Ela não falseia propriamente o jogo lógico, mas ela falseia a qualidade das premissas que ela vai pondo no marco do seu caminho.
Bem e com isso, o gênero humano muitas vezes se extravia por erros colossais etc., etc. As vezes são os particulares, que na sua própria vida se deixam transviar por um defeito de pensamento desse gênero.
Agora, isso entra poderosamente, no que diz respeito à Bagarre, ao Reino de Maria e as essas coisas todas. Quer dizer, o desejo de que a coisa seja de um certo modo, leva-nos a falsear o nosso raciocínio, e admitir que, de fato ela acabará sendo mais ou menos daquele modo.
Bom, a Revolução tem utilizado isso de modo imenso; esse produzir pensamentos cheios de desejo, ou seja, falsificados pelos desejos, isso ela produz às torrentes. E, essas torrentes são responsáveis pelo seguinte: é o erro mais fácil de encontrar na estrutura psicológica dos revolucionários moderados – é: Eles estão continuamente atraídos por uma espécie de quimera revolucionária. Vamos dizer, por exemplo: liberté, egalité, fraternité. Eles sabem que a última consequência disso acaba sendo o comunismo. Quer dizer, se tomar a liberdade sem matizes, a igualdade sem matizes, a fraternidade sem matizes, se chega ao comunismo.
Ora, nesse lema a “igualdade, liberdade, fraternidade”, está expresso sem matizes e, portanto, se entende que deve ser tomado sem matizes; porque, o que sem matizes está expresso, sem matizes deve ser entendido.
Depois, tem outro aspecto da questão, é a carga emocional das multidões, que em várias épocas da história, em várias revoluções, em vários países tem caminhado sob a égide desse lema, tem caminhado inúmeras vezes sem matizes, visando realmente a liberdade, a igualdade, a fraternidade absolutas. E portanto, deve-se entender, que a marcha terminal disso vai para o comunismo.
Agora, se bem que isso seja verdade, o burguês médio, o homem comum, não gosta de chegar a essa conclusão. E se bem que, no fundo do horizonte lhe agrada a ideia de um mundo mítico, com a liberdade, igualdade, fraternidade completa, ele não quer reconhecer que essa liberdade, igualdade, fraternidade consiste realmente no comunismo. Então, ele põe uma espécie de névoa em seu pensamento, entendendo o seguinte: que formas moderadas de liberdade, igualdade, fraternidade podem representar pontos de chegada estáveis da marcha revolucionária.
E, que por causa disso, esses movimentos bem podem não ter como ponto terminal de seus impulsos, senão uma forma moderada; e que, portanto, esse tri-lema mais provavelmente pode ser entendido em seus sentidos mais moderados, que são os sentidos mais sensatos. Então, se inscrevem nos que procuram seguir a liberdade, a igualdade, a fraternidade, moderados. Mas, eles no fundo sabem bem que dando apoio a esses movimentos que se apresentam como moderados, eles estão de fato engrossando, dando substância maior a um impulso imoderado.
Eu não sei se eu expliquei bem isso, ou se eu deveria dar… sobretudo para os mais moços, se eu deveria dar alguma explicação mais pormenorizada, mais completa. Está bem claro isso?
(Sim, claríssimo)
Bom, agora, acontece que por causa disso, a Revolução joga constantemente com a seguinte coisa: ela apresenta ao mesmo tempo, ela faz aparecer no mesmo cenário, e sob o mesmo lema, dois movimentos: um movimento descabelado, jogando para o fim último; e um movimento moderado, que rejeita o fim último, mas não o rejeita expressamente. E também não rejeita a ordem de coisas contra a qual se levanta, que é por meios moderados, evoluir um pouco, não quer chegar até o fim, mas sabe que vai chegando até o fim. Há ilusão intencional nisso.
E sempre acontece que os radicais não atrairiam a si ninguém, se não fosse os moderados irem fazendo os não revolucionários andar passo a passo.
Vamos dizer, por exemplo, na história francesa, a república. A república burguesa, como ela existia por exemplo em 1914, no ano em que arrebentou a I Guerra mundial, representava uma realização relativamente moderada dos princípios da Revolução Francesa. Por exemplo: na organização política a nobreza não tinha quase influência nenhuma; mas na vida social, no ”le haut du pavê”, a parte mais importante da vida francesa, ainda estava com a nobreza. O clero estava até perseguido em 1914, mas perseguição contra o clero provocava convulsões colossais no organismo social; o que fazia entender bem, que havia possibilidade de o clero ainda ganhar a batalha inteira; e portanto, aquele estado ostensivo, era um estado que estava a meio terno da abolição completa da Igreja, sonhada pelos radicais, etc.
Bom, se algum radical, no ano de 1914, pouco antes da guerra, declarasse extintos os títulos de nobreza, declarasse sujeitos à guilhotina quem os usasse, e decretasse contra a nobreza todas as leis da Revolução Francesa, e restaurasse as leis de perseguição religiosa da Revolução Francesa também, ele faria um grande bem para a boa causa, porque ele arrancava a máscara do movimento moderado; e arrancando a máscara do movimento moderado dava a vitória aos contra-revolucionários.
E a Revolução caminhou exatamente o tempo inteiro assim. De 1914 para cá ela foi dando, quase ano por ano, às vezes várias vezes no mesmo ano, passos em rumo à realização radical do ideal da Revolução Francesa, mas nunca ela chegou a uma tal posição, que se poderia dizer: Saint Just, Robespierre etc., venceram. [Manteve sempre] uma certa distância.
E as almas sem força, sem energia, que intencionalmente não queriam ter a clarividência necessária para ver o que é que estava se passando, depois de uma primeira resistência sempre aceitavam mais esse passo, porque queriam não ver que eles estavam chegando ao fim.
Bom, essa tática era indispensável, mas apesar de tudo quanto o mundo caiu, ela continua indispensável para o mundo. E a partir do momento em que eles rasgarem – como se diz em português, rasgar a fantasia, quer dizer, mostrar a coisa como ela é, ainda hoje em dia, em 1987 – o senhor calcule tudo quanto andou de 1914 a 1987 – ainda hoje em dia eles perderiam a batalha…
Então, o mundo caminhou enormemente para a Revolução, mas a grande maioria continua a não querer ver que é para a vitória da Revolução que nós caminhamos.
A pergunta dominante dos que estudam a luta contra a Revolução é a seguinte: haverá um momento na marcha da Revolução, em que ela fique tão clara que o partido do “wishful thinking” fica obrigado a ver a realidade e opera uma contração do nosso lado? Ou isso vai indo até um certo ponto tal que nunca esse partido do centro operará uma contração do nosso lado?
E a abolição do “lumen rationis” foi feita para eles poderem andar muito sem se descobrirem, porque quanto mais irracional ficarem os homens, maior é esta cegueira. Eles poderão então andar, sem estarem se descobrindo por que os homens ficarem cegos, ou quase completamente cegos.
Mas, apesar de tudo haverá um determinado momento, em que eles vão ter que se descobrir. Esse momento como será? Especialmente no que diz respeito a Igreja Católica. Aí então nós encontramos a sua pergunta.
Especialmente no que diz respeito a Igreja Católica, o progressismo terá um momento em que ele vai negar formalmente determinados dogmas da Igreja Católica, em condições tais, a provocar uma reação? Ou haverá uma saída, pela qual até o fim, esses espíritos vilmente intermediários, poderão se iludir a respeito do que está acontecendo?
Bom, todo o modo de ser da “Bagarre” [realização das profecias de Nossa Senhora em Fátima] já é influenciado por isto, porque se na Bagarre eles forem obrigado a se desmascarar, a Bagarre é uma; e se na Bagarre eles puderem não se desmascarar, a Bagarre é outra…
Eu – o senhor deve lembrar-se disso- mas enfim, eu tenho lembrado várias vezes aqui ultimamente, que eu disse há anos atrás que quando o “lumen rationis” [uso da razão, da lógica] tivesse chegado a um certo grau de extinção, não seria mais possível nós fazermos previsões regulares e ordenadas, como fazíamos no tempo em que o lumen rationis existia. Porque ali era gente que havia… duas forças em luta, uma com a outra, mas uma luta em que ainda se realizava em termos mais ou menos lógicos; e conhecendo a lógica se podia prever cada passo como seria.
Eu me lembro que houve uma ocasião, uma confrontação – acho que Dom Bertrand era aluno de Faculdade de Direito, quando isso se deu – entre alunos da Faculdade de Direito, católicos, mas católicos da TFP, não a JUC [Juventude Universitária Católica] – entre alunos católicos de um lado, e de outro lado alunos comunistas. E, me vinham de véspera os nossos, me perguntar quais eram os slogans; e eu conseguia sem esforço dar quais eram os slogans com que nós devíamos abrir a luta, e como é que eles responderiam a cada slogan; e como é que daria a tréplica. E, quase mecanicamente, inventar o diálogo. Chegava lá era aquilo mesmo, eles diziam tudo aquilo que a gente tinha previsto. Porque havia uma lógica imanente, por assim dizer, nos acontecimentos.
Bom, hoje já não existe mais. De maneira que as minhas conjecturas – o que o senhor está me pedindo- faz bem de pedir, previsões. As minhas previsões são muito mais frouxas, muito mais moles, muito mais condicionadas, do que naquele tempo. Naquele tempo eu previ que haveria um momento em que, pelo apagamento do lumen rationis, as conjecturas seriam mais frouxas, mais moles; e cessaria de haver conjecturas em determinado momento.
Nós estamos no limite entre uma coisa e outra. Eu faço conjecturas de fragmentos da realidade; mas disso mesmo hipóteses e eu acho que eles do lado de lá estão também na mesma situação; quer dizer, eles sabem o que é que eles vão procurar produzir, mas eles não sabem se conseguirão produzir aquilo que querem. E por causa disso, eles mesmos não sabem o terceiro lance deles como vai ser, ou um segundo. E a gente tem que viver… é um duelo entre cegos, vai como for possível. É nesta perspectiva que eu respondo.
Então eu digo o seguinte: eu acho que a Revolução está fazendo o possível para levar o grau de embrutecimento da opinião pública a tal ponto, que as concessões mais claramente contrárias à doutrina católica, o povo não queira ver que são contrárias e continue a aderir àquilo. De maneira que é levado para dentro da apostasia, por causa desse jogo. Quando eles estiverem habituados a isso, se forem dizer para eles que isso é apostasia, eles já não aceitam mais, está criado o hábito…
Mas eles já chegaram a um grau de embrutecimento tal, que se acontecerem coisas piores, eles ainda vão, meio achar, e meio fingir que acham, que aquilo ainda é a ortodoxia.
Até onde isso poderá chegar?
Para certos progressistas, Nosso Senhor Jesus Cristo existiu, mas Ele foi um ente como Buda, como tantos outros personagens que se disseram iluminados; um ente humano, exclusivamente humano, mas penetrado de luzes não sobrenaturais, mas extraterrestres, que existem no cosmo. E isto fazia com o povo o tomasse como Deus.
Bom, isso para nós, em matéria de heresia, é explosivo; e é a maior radicalidade em matéria de heresia, porque se Nosso Senhor Jesus Cristo não é Deus, então tudo arrebentou!
Bom, é pensável que homens, imaginando-se católicos, cheguem a aceitar essa tese, sem ter que reconhecer que saíram da Igreja? Quer dizer, o embrutecimento pode chegar a esse ponto?
A meu ver, pela deformação das mentes, na proporção em que está se dando, pode! Em tese pode, e se chegar na hora em que nós dissermos: “isso é uma heresia, porque Nosso Senhor Jesus Cristo é Deus”, eles respondem com sono: “deixe de radicalidades”… É a posição… não querem ver e está acabado. Qualquer argumentação não adianta nada, porque eles não querem ver, não querem que seja assim.
Então, como explicar a possibilidade da vitória? A possibilidade da vitória viria claramente de uma intervenção celeste. Mas, os que dentro dessa situação dramática se conservassem fiéis, teriam depurado de tal maneira a sua fidelidade, que eles mesmos ficariam depurados de muitos relativismos que habitassem as almas deles. E assim estava aberto o Reino de Maria. Isso em linhas muito gerais…
Em certo momento, não é que eles não tivessem conseguido ocultar, porque sem ter certeza, eu tenho a impressão que se conseguiria ocultar o caráter heretizante dessas coisas – mas eu acho que isso, em número pequeno denunciaria esse caráter heretizante, apesar de tudo. E diante da indiferença da terra, e até da vindita da terra contra eles, a Providência interviria! Mas, é uma hipótese! Eu não tenho certeza da validade dessa hipótese. É uma hipótese; não passa de hipótese.
Bom, agora, o senhor vai ver essa hipótese condiciona a resposta a um bem grande número das perguntas que o senhor fez, porque uma porção de coisas que o senhor aponta aí, é condicionada por isso: haverá uma revelação inesperada e brusca, por inabilidade deles, por indiscrição deles, por qualquer coisa, haverá uma revelação do que eles fizeram? Essa revelação vai ser conseguida pela TFP? A partir de uma determinada obra que denuncie tudo? Essa revelação provocará inesperadamente uma reação maior do que nós imaginamos? Aí seria um caso a Bagarre, seria um curso de coisas.
Ou, pelo contrário, não desperta isso, e a coisa vai anoitecendo, anoitecendo… quando se espera menos, numa noite de inteira tranquilidade material, aparente, sai uma briguinha entre dois ou três, disso sai uma encrenca, sai uma conflagração mundial. Também não sei.
Não sei o que é que me dizem a isso?
(Pergunta: Como é que o senhor consegue conduzir uma batalha dessas proporções e com incógnitas tão grandes e conservar a calma, a confiança e a certeza da vitória? Porque quase é difícil imaginar, na história, em que está em jogo o que há de mais supremo na Terra, que é a Igreja Católica. A gente imaginaria que o sr. teria uma série de dados. Sem embargo agora acaba de nos dizer, com toda franqueza, que Nossa Senhora lhe pede este sacrifício)
Deixa eu ver se a minha resposta responde a sua pergunta. Graças a Nossa Senhora, eu tenho uma certeza calma e velha, forte, de que realmente o Reino de Maria virá! Que o Grand Retour virá! E que através de todo o remexe mexe, a gente pode perceber que uma certa linha condutora, levará até lá. Agora, em cada movimento que passa, a gente não sabendo qual é o próximo movimento que tem que realizar, sabe que acabará realizando, se a gente tiver um puro amor de Deus, um puro amor de Nossa Senhora, será o que Ela quer!
De maneira que não trata de a gente quebrar a cabeça, ficar angustiado, andar de um lado para o outro na sala “meu Deus, o que?”… à maneira, mais ou menos de um escritor romântico do século passado, inventando uma coisa… Não! É calma: “vamos ver aqui…” é uma partida de xadrez. Onde é que eu vou mover aqui o cavalo no tabuleiro: penso, rezo, depois movo o cavalo…
Por que? Porque se é uma coisa que Nossa Senhora não quer de mim, é que eu me perturbe. Há um princípio que está na Bíblia: “Non in comotione Domine. Deus não está na perturbação”.
Então, seja como for, eu não ajo com desinteresse, procuro examinar com muita antecedência, procuro conhecer a fundo, coordenar dados, pensar muito etc., etc., longamente, longamente, mas sem apreensão; o que der deu, se não der certo, Nossa Senhora me perdoa, e porá a vitória na ponta da minha espada.
Não sei meu filho, se está claro?
(Está claríssimo)
Meu caro Jean, está clara a relação que esse ponto tem com todos os outros?
(Está claríssimo!)
Então, não perdemos nosso almoço, porque foi dada uma resposta parcial a várias dessas perguntas. Vamos ver se amanhã a gente progride nas respostas.

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Leia os comentários de São Tomás de Aquino em sua “Catena Áurea” sobre a Epístola de São Paulo a Timóteo (II, 4):
1.Conjuro-te diante de Deus e de Jesus Cristo, que há-de julgar os vivos e os mortos, pela sua vinda e pelo seu reino:
2.prega a palavra, insiste a tempo e fora de tempo, repreende, corrige, admoesta com toda a paciência e doutrina,
3.porque virá tempo em que (muitos) não suportarão a sã doutrina, mas acumularão mestres em volta de si, ao sabor das suas paixões, (levados) pelo prurido de ouvir.
4.Afastarão os ouvidos da verdade e os aplicarão às fábulas.
5.Tu, porém, vigia sobre todas as coisas, suporta os trabalhos, faze a obra de evangelista, cumpre o teu ministério.
(abaixo o link para a versão em francês)

“Il viendra un temps où les hommes ne pourront plus souffrir la saine doctrine” : Commentaire de Saint Thomas d’Aquin à la seconde épître de saint Paul à Timothée

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