O povo eleito até a vinda de Nosso Senhor: indecisão culposa – Não rompemos com vossos inimigos!

Jantar, Eremo do Amparo de Nossa Senhora, 19 de março de 1987 

 

A D V E R T Ê N C I A

O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.

Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras “Revolução” e “Contra-Revolução”, são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu livro “Revolução e Contra-Revolução“, cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de “Catolicismo”, em abril de 1959.

 

 

A atitude da opinião pública dos judeus diante de Nosso Senhor, como é que se qualificava, como é que se definia a meu ver?
Naturalmente eu faço desde já uma ressalva, que é a seguinte: é possível que pela Tradição Católica – que eu não conheço a esse respeito – quer dizer, pelas narrações orais das pessoas que pertenciam à Igreja contemporâneas a Nosso Senhor, ou contemporâneos de contemporâneos dEle, muita coisa passou para as gerações sucessivas.
Aquilo que foi admitido assim por toda a Cristandade daquele tempo, de modo exatamente igual e por toda parte, se considera a Tradição Católica, que tem o valor de órgão idôneo para a transmissão da Revelação. Então, o que estiver nos Evangelhos, nos Atos dos Apóstolos, ou o que estiver na Tradição Católica, tudo isso eu deveria conhecer para fazer uma avaliação da opinião pública. E é, portanto, possível que involuntariamente alguma hipótese que eu levante não se encaixe adequadamente com o que está na Tradição, na Revelação.
Se isto é assim, então indiscutivelmente eu considero que o que eu digo não está certo. Está certo o que está na Revelação. Mas fazendo hipóteses com as impressões que eu tive lendo o Evangelho etc., e toda a atmosfera da Igreja a respeito do assunto, eu descreveria a opinião pública do povo judaico da seguinte maneira.
Este povo já tinha uma Revelação anterior. Eles tinham a Revelação primitiva, e tinham depois a Revelação que foi se acumulando, e estava na Bíblia. Eles tinham, portanto, um ato de Fé e um ato de amor que prestar a essa Revelação.
E essa Revelação falava a respeito de tudo o que os senhores sabem, mas era centrada para eles, na ideia de que viria o Messias, e que o Messias, esse Messias seria da raça de Israel, da Casa de David, e que ele salvaria o mundo inteiro. De maneira que o Céu ficaria aberto para os homens, a obra do demônio querendo levar todos os homens para o inferno ficava truncada, a salvação do gênero humano ficava franqueada. E com isso, esse Rei, que deveria governar no mundo de ponta a ponta, e cuja glória não tinha comparação com nenhum etc., etc., e que deveria ser o Rei dos Judeus, esse Rei precisamente nasceria esplendorosamente do povo de Israel!
Agora, diante dessa Revelação, qual foi a atitude que eles tomaram?
De um lado, uma atitude muito louvável, porque se bem que eles fossem um povo relativamente pequeno na antiguidade, com horas de esplendor, horas de glórias, mas um povo relativamente pequeno, eles perseveraram no meio de todos os pagãos, com a pressão de todo o paganismo universal em torno deles, eles perseveraram, e perseveraram de tal maneira que grosso modo, eles eram fiéis ao Antigo Testamento até o nascimento de Nosso Senhor, e ainda continuam hoje a professar o Antigo Testamento.
O que significa no total uma adesão muito profunda ao Antigo Testamento. Mas muito profunda não quer dizer muito perfeita. As recriminações de Nosso Senhor às infidelidades deles durante o Antigo Testamento são pungentes.
Nosso Senhor mandou a eles profetas – Nosso Senhor no caso é Deus, é a Santíssima Trindade, ainda não é Jesus Cristo, porque o Verbo não tinha Se encarnado – Deus mandou a eles os profetas. Os profetas incumbidos de fazer em termos lindíssimos, eloquentíssimos, as censuras as mais graves, as mais sérias, as mais pungentes. Ao mesmo tempo profetizando o Salvador que deveria vir.
Os profetas tinham, portanto, duas missões: eles deveriam apontar os erros do povo para que o povo se convertesse; e de outro lado acender a fidelidade do povo chamando a atenção da devoção deles para a ideia do Rei que deveria vir.
Eles em vez de cumprirem os mandamentos como deviam, eles pelo contrário aberraram muitas vezes, pecaram, fizeram pecados horrorosos etc. O povo, tomado como povo, era de uma fidelidade muito poca.
Destacaram-se de dentro desse povo grandes figuras: os profetas, figuras como Judite, como outros homens notáveis. Mas é preciso dizer que eram as exceções, não estavam na linha da massa do povo. O povo foi, portanto, o mínimo que se pode dizer é que o povo foi muito medíocre.
De outro lado, as religiões pagãs procuraram infiltrar o povo de Israel. E os senhores vêem numa famosa revelação feita não me lembro a qual dos profetas, Nosso Senhor falar a respeito, Nosso Senhor mostrar a ele, ao tal profeta, o que se fazia no templo. E no próprio templo, no Santo dos Santos, no lugar mais sagrado do templo, havia ritos pagãos sacrílegos, portanto, blasfemos. E os sacerdotes realizavam às ocultas. De maneira que publicamente para o povo eles cumpriam toda a lei, todos os ritos etc., e davam ensino próprio para camuflar ao povo a apostasia deles. Mas de fato eles pertenciam a uma outra religião. E esses eram os sacerdotes do Templo.
Bem, os senhores vêem que daí decorre uma profunda maldade, mas ainda nessa maldade um aspecto que, para ter uma visão inteira da realidade, pede para ser contemplado em separado: as cúpulas eram muito piores do que a base.
Tanto é que sacerdotes que faziam, praticavam às ocultas uma religião pagã péssima, não praticavam às claras, por quê? Eles deveriam querer, uma vez que a preferência deles era por uma certa religião, eles deveriam querer empoleirar essa religião dentro do templo… Enfim, do conjunto de instalações de riqueza, de prestígio, que a religião de Nosso Senhor tinha.
Eles não fizeram por quê? Porque julgavam que a oposição do povo seria fatal. Eles não queriam aumentar a famosa decalagem, eles não queriam aumentar. E por causa disso eles se mantinham numa posição forçada pelo povo. Então não é só dizer: “Aquilo não era senão aparência”.
Da parte dos sacerdotes era, pelo menos dos sacerdotes que estavam engajados nesta história. A Revelação não nos diz que eram todos. Agora, da parte do povo não, uma vez que o povo exigia tacitamente dos sacerdotes que se conservasse fiel.
Agora eu vou mostrar aos senhores um outro lado da questão.
Essa fidelidade é uma fidelidade perseverante, mas poca. Querem a prova de que era assim? É que eles não percebiam que os sacerdotes eram assim. E não eram capazes de levantar o bró da oposição contra os sacerdotes que prevaricavam assim na casa de Deus.
Então os senhores vêm a justaposição, parece quase um biombo. Os senhores vêm um biombo como se faz: põe uma folha do biombo aqui, depois outra assim, depois outra assim, depois outra assim. Isto parece um jogo de biombos. A gente vai tocando, é bem e mal, bem e mal, se mesclando na alma do povo. E eu estou estudando a alma do povo.
Bem, a gente vê que uma coisa que pesava muito sobre eles era de eles serem diferentes do mundo inteiro.
Está dito isto quando se tratou de abolir a melhor forma de governo que jamais um povo tenha tido na Terra, que foi o governo dos Juízes. Esses juízes não eram juízes como os juízes de hoje, que vai, senta numa escrivaninha no fórum e começa a despachar papéis… Não tem nada de comum com isso. É um modo de chamar – não sei bem por que razão – certos homens bem amados de Deus, a quem Ele fazia diretamente a Revelação do que Ele queria, numa espécie de colegiado. Era, portanto, um governo teocrático ao pé-da-letra, em que Deus diretamente governava o povo.
Eles sabiam disso, e eles quiseram instituir a monarquia. Por quê? Um deles deu a razão: “Todos os povos são governados por monarcas; nós também queremos ser”.
Deus Nosso Senhor, com a Sabedoria infinita dEle, com a bondade infinita dEle, retrucou de modo interessante: Vocês querem ter reis? Vão ter. Mas vocês vão ver que reis vocês vão ter!
Mas fez nascer o Messias da Casa Real de Judá, da Casa Real de David. Quer dizer, os senhores estão vendo, Ele institui a realeza porque esse povo não teve coragem de não ter reis como os outros povos. Mas de outro lado, Ele abençoa esta realeza que Ele permite que seja levada, e a respeito da qual Ele profere um castigo, uma ameaça, e que é um castigo. O castigo se verifica, mas o Messias nasce da dinastia dada como castigo!
Os senhores estão vendo, pelo modo de reagir eu percebo isso bem, que os senhores percebem bem a bela complexidade de tudo isso. E como o espírito tem que se habituar a essas complexidades, não pode ser um espírito simplista na consideração dessas coisas…
Bom, agora, no meio de tudo isso, toda essa miséria, um veio muito minoritário bom. E nesse veio muito minoritário bom e a religião secreta no templo explicam em parte a flutuação da opinião pública. Porque veio minoritário bom tinha como expoentes acima de qualquer qualificativo de tão admiráveis que eram, Nossa Senhora, os pais dEla (São Joaquim, Santa Ana), São José, Santa Isabel, Zacarias etc. Depois São João Batista, as pessoas que viviam na família de Nosso Senhor, São João Evangelista, São Tiago etc., tudo isso constituía alguma coisa, vê-se que naquele ambiente havia alguma coisa de magnífico que tinha um nexo com o Messias que havia de aparecer.
Bom, e naturalmente onde numa sociedade humana há uma santidade estupenda, celeste, numa minoria, a presença dessa santidade naquele conjunto segura a derrapagem. Por quê? Porque Nosso Senhor julga a comunidade toda, e segundo aquilo que ela tem. E se a bondade dos bons é saliente de tal maneira, vai além da maldade dos maus, a promessa se cumpre. E aí está a maravilha da situação.
Bom, agora, de outro lado tem a infâmia dos maus. A santidade dos santos como que impede os maus de arrastarem todos os medíocres. E de outro lado a infâmia dos maus impede os santos de arrastarem todos os medíocres.
Os medíocres ficam colocados entre uma escolha: o que escolher? Eles ficam colocados entre os dois elementos de uma escolha. E o medíocre, mesmo medíocre, se recusa a escolher e anda tateando.
Aí os senhores têm a situação do povo judaico quando Nosso Senhor nasceu, como eu imagino, a situação da opinião pública…
* Atitude “fofa” do povo judeu no Domingo de Ramos: aclamaram a Nosso Senhor, mas não O reconheciam como Deus, nem queriam romper com seus inimigos
Trinta anos depois dEle nascido, Ele entra na vida pública do povo e começa a pregar. E cabia ao povo percebê-Lo, adorá-Lo e segui-Lo. O povo percebeu ou não percebeu? Ficou às meias.
Teve por Ele um entusiasmo que se exprimiu no Domingo de Ramos. Não tem dúvida que aquilo é um entusiasmo. É uma manifestação – se não fosse poluir o tema -, eu diria que era uma manifestação popular, é como se chamaria hoje. Aquela entrada hoje seria acompanhada por todos os rádios e televisões, e horrores do mundo moderno etc., etc.
Bem, ele teve uma aclamação como destas que se fazem ao Messias, embora não O proclamassem Deus. Proclamaram-No filho de David. Filho, evidentemente, quer dizer descendente de David. Proclamaram Filho de David, porque todos sabiam que Ele tinha nascido de Nossa Senhora, não conheciam a Maternidade Divina, pensavam que o pai era São José. Do lado legal São José era pai, porque ele tinha um verdadeiro direito ao fruto das entranhas da Esposa dele. Embora ele não tivesse ocasionado a paternidade, ele tinha um direito. E nesse sentido legal, Nosso Senhor era filho de David. E por Nossa Senhora era no sentido natural, porque Ela era descendente de David.
Bom, e eles aclamaram “filho de David, bem aventurado aquele que vem em nome do Senhor, Hosana” etc., etc.
Mas há uma qualquer coisa na entrada de Nosso Senhor em Jerusalém, por onde eu tenho pelo menos a impressão de que Ele recebeu aquela homenagem com bondade, com compaixão, mas com um fundo de severidade triste. Ele recebia as homenagens, Ele abençoava, Ele percorreu o trajeto que presumivelmente tinha sido planejado para o cortejo dele atravessar. Não há um momento em que Ele tenha uma palavra em que Ele retribua a manifestação de que estava sendo objeto. Nem um comentário de ninguém nem nada. Ou Ele atravessou aquilo tudo de boca cerrada, ou se Ele disse alguma coisa, foi uma coisa tão íntima, que Ele deu ordem para ninguém repetir.
E qual era o povo que fazia aquela manifestação? A vida pública dEle tinha chegado ao fim. Dali a pouco ia começar a Paixão e Ele sabia. Ele sentia o ódio ferver contra Ele.
Não consta em nenhum momento que aquela gente tivesse exclamações de oposição aos inimigos dEle. E é tão natural: quando uma pessoa a quem nós ovacionamos, está cercada de inimizades, é natural, o sentimento humano impõe que se diga alguma coisa contra quem está perseguindo aquele homem.
Nada! Eles não quiseram romper… aclamaram, mas não quiseram tomar uma atitude a favor dAquele que era aclamado, contra os que O combatiam.
É fofo! Tudo isso é vazio, é fofo!…
Bom, mas naquela passagem dEle por Jerusalém, último ato público dEle na cidade que ia passar a ser amaldiçoada, pelas ruas depois cobertas pela maldição, por aquelas ruas passava o próprio Filho de Deus, montando um jumento, um burrico – não um jumento, um burrico – animal humilde. Não das pompas da alegria nem da festa, mas da humildade um pouco tristonha. Ele ainda vai fazendo conversões: Zaqueu, isso, aquilo, vai se convertendo pelo caminho, mas… o povo, o fim daquela festa é:
“Nós não vos seguimos até o fim; nós não vos aclamamos como Deus, nós não rompemos com os vossos inimigos”.
* Há certas neutralidades nojentas que são um insulto a Deus
Bom, isso é o conteúdo do que se passou. Pouco depois de eles, por esta forma, terem se recusado a romper com Nosso Senhor, não, romper com os inimigos de Nosso Senhor, julgando talvez tomar uma atitude equidistante, eles não perceberam que tomar equidistâncias diante de quem é Deus, é romper com Deus. Pouco depois eles haveriam de aclamar as barbaridades da Paixão, haveriam de assistir aquilo ou com entusiasmo ou com indiferença, e começarem a coisa por preferir Barrabás a Nosso Senhor.
As mulheres pedem que o sangue dEle caia sobre eles e os filhos deles. E caiu!
Bom, agora, o que dizer de tudo isso? É que os fofos fazem manifestações fofas. E na medida em que eles se deixam impressionar pelos adversários de Nosso Senhor, eles vão rompendo com Nosso Senhor e aderindo aos adversários. Ainda que presumam o contrário! Mas há certas neutralidades nojentas e que são um insulto contra Deus.
Daí vem o horror. Porque quando Nosso Senhor expirou, quer dizer, o crime deles chegou ao fim, houve um terremoto em Jerusalém. E esse terremoto ocasionou fraturas no Templo – era o edifício religioso deles por excelência – ocasionou fraturas no Templo, o véu do Templo se rasgou em pleno horror; as sepulturas dos justos do Antigo Testamento se abriram e eles que eram enterrados, o cadáver introduzido em aromas, para ver se atrasava a putrefação, enterrados assim, e todos cheios de umas tiras que amarravam inteiras, eles saíram de suas sepulturas, como cadáveres! Andando – andando, hein! – deslizando pelo ar de um lado para outro, e increpando o povo o mal que tinha feito.
Nosso Senhor permitiu que sobre esse fato passassem quarenta anos antes dos castigos previstos por Ele se realizarem. Quarenta anos de maldição, em que com certeza muitos deles comentavam entre si: “Está vendo? Ele profetizou castigos e não veio nada. Era um charlatão”…
* Por se deixarem ficar numa indecisão culposa, os judeus acabaram por sofrer a maior queda da História
Bem, jogo de opinião pública. A gente vê muito entrar dentro desse jogo o demônio. Porque era o demônio uma espécie de mantenedor que manteve durante séculos nessa maldita indecisão.
Bom, era o demônio que depois levantou aquele furor contra Nosso Senhor. Eles se entregaram ao demônio! O que fazer?
Era o resultado da incerteza. Nas vias da incerteza, quando ela é culposa, o sujeito anda de tal maneira que ele manca; e quanto mais ele manca, mais ele vai para a esquerda, onde está o fraco dele. Eles levaram séculos mancando, um dia caíram! A maior queda da História!
Bem, saíram da História? Não. Eles ficaram na Terra de modo interessante. Sempre aglutinados, sempre coordenados, desde que os católicos caiam numa tibieza parecida com a deles no tempo do Antigo Testamento, eles punem, porque eles caem em cima. E eles nos castigam a nós quando nós cometemos o pecado que eles cometeram. E católico “nhonhô” [que idolatra o comodismo espiritual, n.d.c.] é armazém de pancada do demônio. Não tem por onde escapar! Isso de um lado.
Agora, de outro lado, no fim, eles ainda se converterão. E são dois povos – aliás, um pouquinho mesclados, hein – o povo português tem uma promessa: “O dogma da Fé não se apagará em Portugal”; o povo judeu tem uma promessa: antes do fim do mundo eles se converterão.
* Os Apóstolos participaram do pecado de indecisão do povo judeu e por isso abandonaram a Nosso Senhor na hora da Paixão
Nosso Senhor recrutou dentre os judeus os Apóstolos. E de algum modo algo que aconteceu com os Apóstolos foi parecido com o que aconteceu com os judeus. Quer dizer, eles em vez de resolverem ser o contrário do pecado de suas nações, eles foram fiéis a Nosso Senhor, mas neles habitavam uma certa semente do pecado de sua nação: o pecado da indecisão.
Quer dizer, os Apóstolos levaram um tempão para dizer que Nosso Senhor era Deus. Eles deviam ter visto muito antes.
 E quando São Pedro disse que Ele era Deus, Nosso Senhor disse: “Bem aventurado és Simão Bar Jonas” etc., e o constituiu Papa, num movimento que dá impressão – na natureza humana dEle, não na divina – de uma certa surpresa. Que foi assim provocado pelos Apóstolos, provocado por Nosso Senhor que São Pedro falou. E assim mesmo não consta que quando São Pedro disse isso, todos tenham aplaudido. Vê-se que eles aceitaram, mas não tinham aplaudido.
Bem, o resultado é que Nosso Senhor foi abandonado por eles, e o que eles fizeram a Nosso Senhor nem de longe é como o deicídio, mas não deixa de ter uma certa analogia. Um tal repúdio, um tal abandono, que não deixa ter uma certa analogia… [Vira a Fita]
Uma coisa eu devo dizer também: eu falei muito que os judeus ficaram com Nosso Senhor. Depois falei muito que nós ficamos com Nossa Senhora. Mas a verdade inteira é outra: Nosso Senhor ficou com eles, porque eles não mereciam ficar com Nosso Senhor. Nosso Senhor ficou com eles com o intuito de no fim dos tempos cumprir a promessa feita a Abraão. Mas foi Ele que ficou.
Porque quando nós ficamos com Ele, Ele é que ficou conosco. Evidente!
E também no nosso caso, nós dizemos: “Nós, afinal, perseveramos na TFP”. Nossa Senhora perseverou conosco. Ela não nos abandonou, então nós continuamos.

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