O milagre de Nossa Senhora de Guadalupe (12/12) e sua confirmação pela ciência

Auditório São Miguel, 30 de outubro de 1981, sexta-feira, Santo do Dia

 

A D V E R T Ê N C I A

O presente texto é adaptação de transcrição de exposição verbal do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, e não passou por revisão do autor.

Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras “Revolução” e “Contra-Revolução”, são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu livro “Revolução e Contra-Revolução“, cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de “Catolicismo“, em abril de 1959.

 

Eu recomendo aos senhores que deem toda atenção a uma notícia muito interessante a respeito da imagem de Nossa Senhora de Guadalupe, foi publicada no “ABC” [Madri, 16-9-1981], um jornal muito conhecido da Espanha. Ele tem uma série de dados técnicos. Ele vai lendo pelo menos a parte sublinhada, e eu vou comentando com os senhores.

Eu li uma pontinha só porque eu fui descansar à última hora.

Segundo a tradição, [a imagem foi] milagrosamente impressa na túnica de um índio chamado Juan Diego, em 1531.

O relato deste acontecimento está escrito na língua dos astecas, com caracteres latinos, e foi editado em seu idioma original e em espanhol em 1649, aproximadamente um século depois de sua primitiva redação, por iniciativa de um bacharel, Luis Lasso de La Vega.

Conta essa história que Juan Diego importunou repetidas vezes ao primeiro bispo do México, o franciscano Fr. Juan de Zumariaga, para manifestar o desejo que lhe havia expresso a Mãe de Deus, em diversas aparições, a respeito da edificação de uma ermida num lugar chamado  Cerro de Tepeyaque.

Para livrar-se deste visionário, o bom bispo lhe pediu que trouxesse uma prova convincente de que dizia a verdade, e que, caso contrário, não o incomodasse mais. Voltou Juan Diego dias mais tarde trazendo como prova umas chamadas “rosas de Castela”, que era impossível que florescessem naquela ocasião, mês de dezembro e que afirmava que lhe haviam sido entregues pela própria Nossa Senhora para que a mostrasse ao bispo. O índio as levou recolhidas em sua túnica. Ao abrir a túnica e ao cair as flores no chão, Nossa Senhora apareceu e todos os presentes, que eram 8 ou 10 pessoas, A viram. E a ponto que esta aparição celestial ficou gravada sobre o tecido da roupa que havia contido as flores.

Espantado e maravilhado o bispo pelo que via, erigiu então a ermida no Cerro de Tepeyac e ali ficou exposta a imagem para ser venerada na própria túnica do índio Juan Diego, aonde fora milagrosamente estampada.

Chegamos ao nosso século em que se forma uma comissão de estudos para investigar não poucos fenômenos inexplicáveis da famosa túnica de Juan Diego.

Em primeiro lugar chama a atenção dos entendidos em tecidos a singular conservação do referido tecido do índio. Hoje em dia está protegido por cristais, mas durante séculos esteve exposto ao Deus dará, aos rigores do calor e à umidade sem que se desfiasse e nem tornasse turva a sua policromia.

A matéria física sobre a qual a imagem ficou estampada é uma malha feita com fibra de tecido da espécie mexicana “agave polute zacc” que se decompõe por putrefação ao atingir os 20 anos aproximadamente, como se tem comprovado com várias reproduções feitas de propósito. Enquanto a túnica do contemporâneo de Cortez [Juan Diego] tem 450 anos sem se desfiar por causas que são incompreensíveis para ditos especialistas e é refratária à umidade e ao pó.

Os senhores vejam a coisa interessante. Nem o Diego, nem o bispo imaginaram e os contemporâneos que a qualidade muito ordinária do tecido era providencial, porque serviria um dia para demonstrar o milagre. E há 400 e tantos anos atrás isto era escolhido assim por Nossa Senhora para que fique bem provado quanto Nossa Senhora é milagrosa, Rainha do Céu e da Terra, e… o risco que há em mexer com Ela!

Passou-se atribuir esta característica ao tipo de pintura que cobre a tela e que muito bem poderia agir como poderosa matéria protetora. Em consequência, foi enviada uma amostra para que a analisasse o sábio alemão e prêmio Nobel em química, Richard Kung. Sua resposta deixou atônitos aos consultantes. Os colorantes da imagem guadalupense, respondeu o científico alemão, não pertencem ao reino vegetal, nem ao mineral e nem ao animal.

Quer dizer, é um milagre palpável. E reconhecido, notem os senhores, por um Prêmio Nobel! Eu não posso [deixar de] registrar isto — que é realmente “épatant”, é singularíssimo — sem um comentário.

Os senhores pegam as bagatelas que anunciam os jornais — crimes, sei lá quanta porcaria — para isso não tem comentário… Quer dizer, aí, silêncio. Conjuração universal do silêncio… Fato importantíssimo, não se fala!

Encomendou-se a dois estudiosos norte-americanos, o Dr Callagan, da equipe científica da NASA, e ao professor Jody B. Smith, catedrático de Filosofia da Ciência em Pensacolla College, que, submetessem a imagem guadalupana à análise fotográfica com raios infravermelhos. E suas conclusões foram as seguintes:

Primeiro: O tecido da túnica de Juan Diego carece de preparação alguma, o que torna inexplicável à luz dos conhecimentos humanos que os colorantes impregnem e se conservem numa fibra tão inadequada.

Segundo: não há esboços prévios, como os descobertos pelo mesmo procedimento, nos quadros de Velasques, Rubens, El Grecco, Ticiano. A imagem foi pintada diretamente tal qual se vê, sem esboço nem retificações.

Aqui talvez comporte uma pequena explicação. O que ele está pressupondo — deve ser verdade, eu não conheço o assunto — é que um pintor quando vai pintar um quadro (sr. Umberto, outros devem saber) desenha no próprio quadro algumas linhas, alguns pontos de referência etc., que ajudam no trabalho da composição do quadro e que a tinta cobre depois. Deve ser isto, não é?

Nos quadros de grandes pintores, ele menciona alguns, El Grecco e outros, passando esses raios infra violetas, se nota na tela, por debaixo da tinta, o desenho que foi coberto pela tinta. Aqui não se nota nada… Quer dizer, como foi feito isso? Foi o Diego que pintou?…

Terceira: Não há pinceladas. A técnica empregada é desconhecida na história da pintura. É inusual, incompreensível e irrepetível…

Inusual, incompreensível e irrepetível! Eles com certeza tentaram algum processo para fazer isto, e viram que não é possível fazer. Não é que eles não conseguiram fazer, chegaram à conclusão de que não é possível fazer! E, realmente, como pintar um quadro com que numa pincelada só? As noções de quadro e pinceladas estão imbricadas uma na outra. Esse quadro não tem pinceladas, como é isso?…

Paralelamente a isso um conhecido oculista de sobrenome franco-espanhol, Torrija Lauvoignet, examinou com um oftalmoscópio de alta potência a pupila da Imagem e observou, maravilhado, que na íris da imagem se via refletida uma mínima figura em que aparecia o busto de um homem.

E este foi o antecedente imediato para promover a investigação que passo a explicar. A digitalização.

Passo a explicar a digitalização dos olhos da Virgem de Guadalupe.

É sabido que na córnea do olho humano se reflete o que está vendo no momento. O Dr. Aste Tonsmann fez fotografar, sem ele estar presente, os olhos de uma filha sua e utilizando o procedimento denominado processo de digitalizar imagens, pôde averiguar tudo quanto via sua filha no momento de ser fotografada. Este mesmo cientista, cuja profissão atual é de captar as imagens da terra transmitidas desde o espaço pelos satélites artificiais, digitalizou o ano passado a imagem guadalupana e os resultados começam agora a ser conhecidos. O procedimento consiste em dividir a imagem em quadrículos microscópicos até o ponto de que, em uma superfície de um milímetro quadrado, caberem 27.778 mínimos quadradinhos.

Uma vez feito isto, cada mini quadrículo pode ampliar-se multiplicando-o por 2 mil permitindo a observação de detalhes impossíveis de serem captados a olho nu.

Os detalhes que se observaram na íris da Imagem guadalupana são: um índio no ato de abrir o seu manto ante um franciscano. Ao próprio franciscano em cuja face se vê deslizar-se uma lágrima. Um camponês muito jovem com mão posta sobre a barba como sinal de consternação. Um índio com o dorso desnudo, em atitude quase orante, uma mulher de cabelo crespo, provavelmente uma da criadagem do bispo, um varão, uma mulher e uns meninos com a cabeça meio raspada e mais outros religiosos com hábito franciscano. Quer dizer, o mesmo episódio relatado em nahualt, por um escritor indígena anônimo na primeira metade do século XVI e editado em nahualt e espanhol por Lasso de La Vega em 1649, acima referido.

Atualmente estão fazendo estudos iconográficos para comparar essas figuras com os retratos conhecidos do arcebispo Zumárraga, e de pessoas de seu tempo e suas relações. O que é radicalmente impossível é que, em um espaço tão pequeno como a córnea de um olho, situada numa imagem de tamanho aproximado ao natural, um artista de miniaturas tenha podido pintar o que foi necessário ampliar 2 mil vezes para poder ser observado. [fim da leitura do artigo do “ABC”]

(Observação de um dos presentes: Atrás da imagem havia um fundo de prata que foi colocado nessa moldura. Isso era limpo. E na época se usava ácido nítrico, que é uma ácido muito forte. O tecido é muito fraco. E um dos limpadores deixou cair ácido nítrico no tecido. E o ácido nítrico quando cai nesse tipo de tecido ele amarela o tecido e depois o tecido se desfaz. Não atingiu a imagem, ele atingiu uma parte lateral que ficou realmente amarelado, mas o tecido não sofreu absolutamente nada, e a mancha amarela está desaparecendo.)

Agora, tudo isso os senhores estão vendo que Nossa Senhora obteve de Deus Nosso Senhor que se realizasse de tal maneira que coincidem dentro da Igreja o auge da Revolução contra ela — fora já não digo — com a manifestação mais clara, pelo sobrenatural, pelo milagre, de tudo quanto a Igreja tem ensinado a respeito dEla. De maneira que nessa época que se jacta de científica,  os senhores estão vendo o entrechoque e como Nossa Senhora afirma a sua vitória.

Agora, aqui está afirmando também outra coisa: o símbolo não poderia ser mais bonito: Vamos dizer que o progressismo seja o ácido nítrico, ou seja a bomba. Pode destruir tudo, não atingirá Nossa Senhora. Pode estar posta no mundo atual uma bomba capaz de rachar tudo, a devoção à Nossa senhora ficará, ninguém atingirá.

Mais ainda! Na hora em que a bomba explodiu, dir-se-ia que era a vitória da bomba. Não, era a liquidação da bomba. Porque ela se desfez em lixo.

E acho muito importante que nós tenhamos consignado isto aqui para todos os efeitos e para todas as razões.

Vejam no ácido nítrico que interessante a coisa: o progressismo pinga na Igreja uma espécie de ceticismo a respeito de Nossa Senhora, faz uma mancha, é esse pingo, é o próprio progressismo. Mas em vez de corroer a Igreja, a Igreja expulsa a mancha, a Igreja se desfará do progressismo! [Este] não há a corroerá, quer dizer não a rachará, não a varará de lado a lado, não conseguirá a demolição radical que eles esperam. Nossa Senhora vencerá!

Se a gente tivesse tempo, teria vontade de escrever isso para essa gente. Mas, não adianta, porque se eles receberem do autor dessas fotografias, um álbum com as fotografias e uma análise e o parecer do alemão, do prêmio Nobel etc., etc., eles não mudam.

E com isso, meus caros, a reunião chega de ponta a ponta.

Nota: Para vasta informação a respeito da presente matéria, consulte o Blog CIÊNCIA CONFIRMA IGREJA

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