Nossa Senhora do PERPÉTUO Socorro (27/6)

Santo do Dia, s/d mas de 1964

A D V E R T Ê N C I A

O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.

Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério tradicional da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras “Revolução” e “Contra-Revolução”, são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em seu livro “Revolução e Contra-Revolução“, cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de “Catolicismo”, em abril de 1959.

 

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A devoção a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro generalizou-se pelo mundo inteiro e, por uma série de razões históricas e concretas, tornou-se a invocação especial da Congregação dos Redentoristas. Ela tem sido, como se sabe, o objeto da difusão de um número enorme de graças dentro da Igreja, e é cumulada de favores, de proteções, de indulgências.

Devemos tratar do título pelo qual Nossa Senhora quis ser venerada nessa devoção, e que se diferencia de vários outros.

Mas, antes de tudo, gostaria de fazer sentir que  esse título coincide com outros aspectos e com outros títulos que invocam a mesma ideia. Por exemplo, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e Nossa Senhora Auxiliadora: quem  auxilia, socorre e quem socorre, auxilia; Nossa Senhora Auxiliadora e Nossa Senhora do Amparo: quem ampara, socorre; quem ampara, auxilia; quem auxilia, de algum modo, ampara e socorre.

Quer dizer, essas invocações que se distinguem, porque nasceram em lugares diferentes, porque foram recomendadas aos fiéis a propósito de ocasiões e circunstâncias diferentes, entretanto, por vários aspectos, essas invocações celebram ora a solicitude com que Nossa Senhora intervém nos acontecimentos da vida quotidiana, quer de ordem espiritual, quer de ordem temporal, quer nos acontecimentos que digam respeito ao destino dos indivíduos, quer aos que digam respeito ao das famílias, Estados, da Santa Igreja, das famílias de almas, dos interesses da causa ultramontana. E ora celebram o desvelo, a frequência, a bondade, a condescendência com que Ela intervém, para  auxiliar aqueles que se voltam para Ela.

Esse conceito, entretanto, comum a tantas invocações, na invocação de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro tem um elemento próprio. É a palavra “perpétuo”. “Nossa Senhora Auxiliadora” não se diz “Nossa Senhora do Perpétuo Auxílio”, como não se diz “Nossa Senhora do Perpétuo Amparo”. Portanto, nessa invocação de Nossa Senhora, o que se glorifica especialmente não é o fato de que Ela, com muita frequência, com muita liberalidade, com muita ternura, auxilia os católicos, mas, é o fato de que esse auxílio é perpétuo. A perpetuidade desse auxílio é a norma sobre a qual cai o acento tônico dessa invocação.

Mas, por que a perpetuidade desse auxílio? Porque, se o auxílio é uma coisa muito preciosa, sobretudo quando provém da Rainha do Céu e da Terra, que tudo pode porque foi chamada “A Onipotência Suplicante” – Aquela que pelo valor de suas súplicas tudo pode –, entretanto o que tem, por um lado, de mais belo é o fato de ser perpétuo.

Imaginem uma pessoa que é um mendigo, um miserável, um leproso. Mas, esse indivíduo recebe, por exemplo, graças de uma rainha. Digamos que seja um miserável da Inglaterra, mas, que a Rainha Elisabeth II tem pena dele e, de vez em quando, lhe dá um auxílio. Podemos nos entusiasmar com a condescendência da Rainha de se voltar para o mais humilde e miserável de seus súditos e, do alto de seu trono, de vez em quando, fazer descer algo para esse seu súdito. Podemos nos extasiar com a condescendência dela, podemos nos rejubilar com a felicidade desse súdito quando essa graça inesperada e imerecida lhe chega, e podemos, então, cantar as glórias da Rainha.

Mas, fica sempre isso: um auxílio tão facultativo, um auxílio dado por tal liberalidade, para uma pessoa que de tal maneira não merece, esse auxílio não cessará? Não virá um momento em que a pessoa abusará? Em que ela, tantas e tais, terá feito, que não mais será auxiliada? Não haverá momento em que a Rainha, ocupada com outras coisas, esquecerá aquele miserável? Não haverá um momento em que ela diga, cansada de tanto dar: – “Eu tanto dei a esse homem e ele nunca conserta sua vida; vou cessar de dar agora.”? Não haverá um momento em que a rainha diga: – “Afinal de contas, tenho muitos que me pedem. Já dei muito para ele. Agora vou dar para outro”… Quer dizer, a cessação do auxílio é a sombra que fica dentro do próprio auxílio.

Não haverá uma situação em que a Rainha, tendo que mandar seu auxílio, sabe que ele está numa canoa nos mares entre a Escócia e o Polo Norte, e ela decide não mandar o auxílio, uma vez que o local é distante, que o pobre faz demais coisas erradas, tendo-se até metido naquelas distâncias? “Não será possível – dirá a Rainha – mandar um helicóptero da marinha real buscar esse homem, puxá-lo do local onde está, trazê-lo para um lugar seguro.”

E se, por exemplo, esse homem fizesse alguma coisa contra a própria Rainha? Se tivesse o infortúnio de atentar contra ela, que fizesse uma calúnia contra sua régia benfeitora? A rainha não poderia dizer que ele ultrapassou as medidas e agora ela nada mais tem a ver com uma pessoa tão ingrata?

Quer dizer, podemos considerar mil circunstâncias em que esse apoio poderia cessar, e em que a Rainha se desinteressaria desse miserável.

Ora, precisamente, Nossa Senhora não é assim para conosco. E a perpetuidade de Seu auxílio indica expressamente o contrário. Por pior que façamos, por mais que abusemos, por mais incríveis que sejam nossas ingratidões, por mais agudo que seja o risco, por mais extraordinário e por mais improvável que seja o milagre que tenhamos que pedir, desde que não seja uma coisa em si má, Nossa Senhora é a Mãe do Perpétuo Socorro.

Quer dizer, é a Mãe que se glorifica em atender sempre, em acudir sempre, em acolher sempre, de maneira que não há uma hipótese possível em que, rezando para Ela, não sejamos atendidos e socorridos.

É claro que Nossa Senhora nos reserva, em certas circunstâncias, o não conceder aquilo que pedimos. Mas, o não conceder é apenas um modo de dizer, porque Ela pode atrasar o momento de conceder aquilo que Lhe rogamos, mas isso é para nos dar depois o cêntuplo. Felizes aqueles em relação aos quais Nossa Senhora demora. Ela vem com as mãos carregadas com dons multiplicados.

Pode ser também que Nossa Senhora não dê a graça que pedimos, mas Ela acaba concedendo outras muito mais preciosas.

Nota: Eis uma jaculatória que o Prof. Plinio formulou em outra ocasião e que se aplica muito bem aqui: Ó boníssima Mãe, dai-nos o que Vos pedimos e inspirai-nos a Vos pedir o que nos quereis dar.

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