Casa de Portugal, São Paulo, 12 de dezembro de 1988
A D V E R T Ê N C I A
Gravação de conferência do Prof. Plinio com sócios e cooperadores da TFP, não tendo sido revista pelo autor.
Se Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:
“Católico apostólico romano, o autor deste texto se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto, por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.
As palavras “Revolução” e “Contra-Revolução”, são aqui empregadas no sentido que lhes dá Dr. Plinio em seu livro “Revolução e Contra-Revolução“, cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de “Catolicismo”, em abril de 1959.
Meus diletos sócios ou cooperadores das várias TFPs aqui representadas. Em termos mais precisos, meus diletos filhos em Nossa Senhora [aplausos].
É costume meu, quando na vossa generosidade ou no vosso entusiasmo me aplaudis, que eu tome alguma providência para fazer cessar os aplausos. Algumas vezes não o fiz durante essa projeção. Por exemplo, quando se aplaudiu demoradamente um magnífico aspecto da Sagrada Imagem. Como fazer cessar os aplausos que se dirigem a Nossa Senhora? Inteiramente impossível! Eu gostaria de passar uma noite inteira aplaudindo. Como pode passar pela minha cabeça fazer o sinal tácito de que era preciso, afinal de contas, acabar de aplaudir?
Assim também quando vós me aplaudistes agora porque eu vos chamei “filhos”, como poderia fazer cessar esses aplausos? Antes, pelo contrário, eu gostaria que nós nos aplaudíssemos mutuamente: vós, na alegria de serdes filhos, e eu na alegria de ser pai [aplausos].
Palavras estas que se estendem inclusive, “mutatis mutandis”, inclusive aos quatro sacerdotes que nos honram aqui com sua presença que num certo sentido analógico da palavra são meus filhos enquanto fulguram como estrelas de primeira grandeza no firmamento da TFP, mas que sobretudo no sentido próprio da palavra são meus pais, embora tão mais moços do que eu. São meus pais como de todos que são aqui porque são Padres e porque são Ministros do Senhor. [aplausos]
Parei de aplaudir por não conseguir aplaudir muito tempo. Porque de fato eu durante muito tempo gostaria ainda de aplaudir em uníssono com os vossos aplausos esta afirmação.
Nesse momento a vós todos, aos senhores e senhoras Correspondentes que em tão belo número lotam a galeria deste vasto auditório, a vós todos eu posso dizer nesse momento que realmente não sei muito que dizer.
Eu entrevia que no fim haveria de pedir uma palavrinha. E enquanto se sucediam as em série, em série, em série as reminiscências do passado tão bem evocadas com uma generosidade sistemática que fica bem a um filho – a um filho se perdoa até o exagero sistemático das qualidades do próprio pai -, bem, então, enquanto sucedia, de vez em quando me passava no meio das recordações de outras eras, de outras lutas, de outras batalhas etc., me passava pela cabeça isso: o que responder? E eu dizia: não sei, quando eu estiver lá em cima, eu verei que responder.
Bem, chegando aqui, qual é a minha resposta?
Os Srs. imaginem um homem que se coloca para rever os 80 anos de sua existência, que magnificamente bem evocados, tiradas as unilateralidades e os exageros de filho, magnificamente bem evocados, com uma pobreza de documentários dos primeiros anos, aproveitada e suprida com um jeito extraordinário, que vê depois os anos de sua luta que desabrocham, que vê a luta, que vê tudo quanto vós sabeis porque muitos de vós sois trabalhadores da primeira hora e outros foram se incorporando à luta durante várias épocas e alguns são dos mais recentes que figuram na fotografia ao meus lado enquanto vejo algum documento ou qualquer coisa e que vieram na última hora.
Então eu olhando para eles, eu me digo: o que dizer diante deles a respeito desse passado que ficou? Fazer atos de humildade compete-me fazer diante de Nossa Senhora, mas no segredo da oração. Fazer atos de jactância, Deus me livre deles! O que eu devo dizer na sinceridade de minha alma?
Nós praticamos sempre entre nós – e eu jamais deixarei de inculcar esse método – nós aplicamos a política da verdade. A política da verdade consiste em dizer com simplicidade, lhanamente, fortemente aquilo que se deve dizer. Está bem. Há um aspecto que é o elogio do homem: não considero esse; há um aspecto que é elogio da luta. Pois bem, esse elogio na tranquilidade da minha consciência eu digo: é verdadeiro! [aplausos]
Não houve um só golpe dado que hoje eu não repetisse. Não houve uma só palavra proferida que eu hoje retraísse. Nem eu posso dizer que se hoje eu me encontrasse em iguais situações, eu não iria tão longe quanto eu fui. Não, senhor! Eu iria tão longe! E acho que não deveria ter ido mais longe porque ir mais longe seria perder a batalha. E durante todo este tempo, o que nós quisemos foi ganhar batalhas, batalhas, batalhas para ganhar a guerra para chegar até o Reino de Maria!
Então, o que me resta? Evidentemente agradecer a Nossa Senhora pelo que foi feito.
Nós sabemos muito bem que sem a graça divina, nada disso se faz, nada disso teria acontecido. E que é a graça obtida por Nossa Senhora, mediante as orações dEla, obtida de Nosso Senhor Jesus Cristo, é essa graça que moveu nossas almas, nossos corações, é a Providência que preparou tantas circunstâncias sem as quais teríamos sido esmagados.
Enfim, a Mão alva e tutelar de Nossa Senhora nos abençoando até nas horas de pior borrasca, até por detrás das nuvens onde se poderia dizer: “onde estais, minha Mãe?” E a bondade e a graça dEla dando a força a nosso coração para mesmo nessas horas dizer: “Eu não A vejo, mas Ela está por detrás das nuvens e eu A amo inclusive quando Ela está por detrás das provações, por detrás da aridez – talvez eu possa dizer – que eu desejara amá-La especialmente por detrás das provações, por detrás da aridez, a exemplo dEla que adorou o Divino Filho dEla de um modo todo especial e todo único quando Ele morria na Cruz por detrás da aridez e das provações supremas”. Esta foi a hora do amor dEla.
Assim, dessa maneira, Altezas, Revmos. Srs. Padres, permiti-me agora dizer minhas senhoras, meus filhos, nesse momento a minha alma se volta inteiramente para Nossa Senhora para agradecer tudo que nós sabemos que Ela fez, tudo que Ela fez e que nós não sabemos, tudo que Ela teria feito e que Ela não fez porque de um modo ou doutro a nossa falta de generosidade opôs a isto, e voltarmos a Ela e dizermos:
“minha Mãe Santíssima, Senhora de Fátima, a verdade é que vossos lábios pronunciaram as palavras de promessa como as palavras de justiça que foram o nosso farol e nossa luz durante todo esse tempo. Nós cremos na “Bagarre” e cremos no Reino de Maria porque Vós revelastes a Jacinta, Francisco e a Lúcia todos esses fatos e porque, por causa disso, nós sabemos de Vós que aquilo que o raciocínio, a análise histórica, o senso das coisas nos faz esperar, aquilo é uma promessa Vossa que não se desmentirá jamais. Virão os castigos, mas virá depois o momento em que Vós direis: “o Meu Imaculado Coração triunfou!”
Nesse tempo que se aproxima do Santo Natal, a Igreja canta uma antífona muito bonita: “Veni, Domine, et noli tardare, relaxa celare plebis tuae Israel – Vinde, Senhor (é o Messias que estava para vir), e não tardeis, perdoai os crimes de Vosso povo Israel”.
Assim também nós dizemos a Nossa Senhora: “Veni, Mater, noli tardare, relaxa celare plebis tuae Sancte Ecclesia Catholica Apostolica Romana”.
O desejo desse instante bendito em que Vós direis “Por fim o Meu Imaculado Coração triunfou” é tão grande que nós gostaríamos, ó minha Mãe, que este momento chegasse ainda hoje. Mas ainda hoje quer dizer dentro desta hora, é meia-noite e meia; antes que fosse uma hora que já viesse o Vosso Imaculado triunfar. Mais ainda: antes que eu terminasse de pronunciar esta frase, Vosso Imaculado Coração triunfasse!
Este é o desejo de todos nossos instantes. Essa a explicação de todos nossos movimentos. Essa é a pulsação de todos nossos corações. Cada um de nós é uma tocha ardente que Vos pede, ó minha Mãe, isto: já! Já! Já! Vosso Reino já! E é nesse espírito filial de súplica, de confiança que todos nós, em espírito, osculamos os pés da Imagem que aqui está. De maneira tal que possamos bradar agora:
Por Maria!!!
Tradição, Família, Propriedade!