São Paulo, 7 de março de 1976 |
O ambiente que, de 1960 até hoje, os comunistas mais tem procurado infiltrar, no Brasil, é o ambiente católico: Seminários, noviciados, Universidades e colégios católicos, associações religiosas, meios de comunicação social etc. Segundo o consenso geral, os resultados obtidos pelo comunismo neste campo vêm sendo impressionantes, e não raras vezes até espetaculares. Ainda segundo o consenso geral, isto não teria chegado a ser assim se não fosse a colaboração pública e ativa de bom número de eclesiásticos, a colaboração discreta e sabiamente dosada de um número maior deles, e a abstenção comodista da maioria. Estas considerações levam a TFP a tomar atitude diante de numerosas declarações de importantes Prelados vindas a público simultaneamente e com grande destaque, nos últimos dias. Esta Sociedade se abstém, no momento, de comentar as declarações feitas pelo Cardeal D. Paulo Evaristo Arns, Arcebispo de São Paulo, sobre o comunismo e sua expansão no Brasil. São elas no espírito da recente e desconcertante “Declaração de Itaici” dos Bispos deste Estado. Apresentam matiz diverso, e merecem ser comentados a parte pela TFP os recentes pronunciamentos de D. Aloísio Lorscheider, Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e do Conselho Episcopal Latino-americano, do Cardeal D. Eugênio Sales, Arcebispo do Rio de Janeiro, do Cardeal D. Avelar Brandão Vilela, Arcebispo da Bahia, do Cardeal D. Vicente Scherer, Arcebispo de Porto Alegre, e de outras altas figuras do Episcopado, sobre o comunismo enquanto perigo para o Brasil (“O Estado de S. Paulo” de 4, 5 e 6 do corrente). A propósito a TFP se sente na obrigação de afirmar que a imensa maioria dos católicos brasileiros não dá importância a tais pronunciamentos. Surgem eles juntos e de súbito, não se sabe porque neste momento, depois de tantos anos de expansão do mal, impune de sanção eclesiástica, e só agora, quando ele já vai tão alto. E o público católico, por isto, não sabe como explicá-los. Carece de seriedade que esses pronunciamentos, reconhecendo a periculosidade do comunismo, fiquem em generalidades, e que um deles, de D. Aloísio Lorscheider, em face do incêndio que lavra um pouco por toda parte, mencione tão somente, como exemplo da gravidade do mal, o contágio – aliás real – que se estende no setor das Comunicações Sociais e nos meios universitários. Não, Eminências. Não, Excelências. Isso não basta. Os católicos só tomarão a sério pronunciamentos anticomunistas de fonte eclesiástica que dêem especialíssimo relevo à denúncia do perigo que avulta de modo escandaloso no campo imediatamente confiado à vigilância e à ação defensiva dos Bispos, isto é, no campo católico. Descrevam os Prelados em toda a sua extensão o perigo comunista que se alastra claramente nos meios católicos. Expliquem ao Brasil desconcertado e apreensivo quais as causas que conduziram à atual situação e quais os meios para conter a ação destas causas. Tranqüilizem o público anunciando-lhe um plano amplo e eficaz de erradicação do mal. E sobretudo anunciem que já teve início a execução desse plano. Então, e só então, o rebanho de Nosso Senhor Jesus Cristo reconhecerá no que digam tais pronunciamentos, a autêntica voz do Pastor. São Paulo, 7 de março de 1976 Plinio Corrêa de OliveiraPresidente do Conselho Nacional da SOCIEDADE BRASILEIRA DE DEFESA DA TRADIÇÃO, FAMÍLIA E PROPRIEDADE
(*) O documento acima foi publicado na íntegra em “Catolicismo”, nº 303, de março de 1976; “O Estado de S. Paulo”, 7-3-76; “Correio do Ceará”, Fortaleza, 8-3-76; “O Povo”, Fortaleza, 8-3-76; “Tribuna do Ceará”, Fortaleza, 8-3-76; “A Cidade”, Ribeirão Preto (SP), 9-3-76; “Diário de Pernambuco”, Recife, 9-3-76; “Diário do Paraná”, Curitiba, 9-3-76; “Estado de Minas”, Belo Horizonte, 9-3-76; “O Diário”, São Carlos (SP), 9-3-76; “O Estado”, Florianópolis, 9-3-76; “O Estado do Paraná”, Curitiba, 9-3-76; “Tribuna do Paraná”, Curitiba, 9-3-76; “A Tribuna”, São Carlos (SP), 10-3-76; “Diário da Região”, São José do Rio Preto (SP), 10-3-76; “Folha de Londrina” (PR), 10-3-76; “A Tarde”, Salvador, 11-3-76; “Correio do Povo”, Porto Alegre, 11-3-76; “O Popular”, Goiânia, 11-3-76; “A Cidade”, Campos (RJ), 12 e 17-3-76; “Tablóide da Nova Paulista”, Olímpia (SP), 12-3-76; “A Voz do Povo”, Bom Jesus do Itabapoana (RJ), 13-3-76; “Correio de Barretos” (SP), 13-3-76; “Jornal da Cidade”, Olímpia (SP), 13-3-76; “Diário de Notícias”, Rio de Janeiro, 13-3-76; “O Globo”, Rio de Janeiro, 15-3-76; “Correio Popular”, Campinas, 17-3-76; “Folha do Comércio”, Campos (RJ), 17-3-76; “A Notícia”, Campos (RJ), 19-3-76; “Monitor Campista”, Campos (RJ), 19-3-76; “Eco/um”, Várzea Grande (MT), 20-3-76; “O Regional”, Itaperuna (RJ), 20-3-76; “Comércio de Franca” (SP), 21-3-76; “O Repórter”, Goiânia, 23 a 29-3-76; “O Imparcial”, São Luís, 24-3-76; “Jornal Pequeno”, São Luís, 25-3-76; “O Estado do Maranhão”, São Luís, 25-3-76; “A Notícia”, Manaus, 28-3-76; “O Democrata”, Jaboticabal (SP), 31-3-76; “Jornal da Cidade”, Bauru (SP), 7-4-76; “O Social Democrata”, Cuiabá, 10 e 11-4-76; “Diário de Marília” (SP), 11-4-76; “A Comarca”, Araçatuba (SP), 13-4-76; “Correio de Garça” (SP), 14-4-76; “Diário de Birigui” (SP), 14-4-76; “Atualidades”, João Monlevade (MG), 14 a 20-5-76; “O Comércio”, Niterói (RJ), maio de 76; “O Noticiário da Fronteira”, Mafra (SC), 29-8-76. – Resumos foram publicados em “Diário da Noite”, São Paulo, 12-3-76; “Diário de S. Paulo”, 12-3-76; “Correio do Estado”, Campo Grande (MT), 16-3-76; “Diário da Manhã”, Recife, 17-3-76; “O Diário”, São Carlos (SP), 23-3-76; “A Comarca de Penápolis” (SP), 18-4-76. |