Plinio Corrêa de Oliveira
Carta para Alceu Amoroso Lima, 15 de Janeiro de 1935
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São Paulo, 15 de Janeiro de 1935
Meu caro Dr. Alceu Recebi hoje sua carta, que me apresso em responder. Desgostou-me sua opinião sobre a situação atual, exatamente porque vejo nela uma confirmação das apreensões que tenho tido ultimamente, e que, provavelmente, o Sr. também alimentará. Realmente, o problema é o seguinte: será suficiente a lei de segurança social? É possível fazer, dentro dos limites estabelecidos pela Constituição, uma lei que arme o Governo dos poderes necessários para reprimir a propaganda comunista? E, em caso negativo, revogada nossa Constituição, o que restará de todo o nosso trabalho na Constituinte? Mas minha impressão é de que há nisto algo de singular. Nós bem sabemos que a ditadura absolutamente não se serviu de seus poderes discricionários para reprimir suficientemente o comunismo. Como o Senhor diz muito bem, foi o próprio Getúlio que soltou as forças para cuja repressão os amigos do Governo sugerem discretamente a revogação da Constituição. Onde iremos parar, no meio de tanto maquiavelismo, nós que perdemos tanto de nossa disciplina e de nossa organização no último pleito? Minha opinião é que, seja como for, convém urgentemente tratar de reorganizar os católicos. Na Liga Eleitoral? Em outra organização que venhamos a fundar? Sua Eminência e o Sr. é que poderão dizê-lo com os elementos de que dispõem, de um panorama geral de todo o Brasil. Em todo caso, o que é imprescindível é agir. Não se trata, aí, tanto do aspecto eleitoral, que na atual situação parece relegado a um segundo plano. Mas é preciso que nos preparemos para o que der e vier; é preciso que haja uma LEC ou uma entidade qualquer que saiba interpretar nas grandes ocasiões o pensamento católico, sem que seja necessário ao Episcopado pronunciar-se. Porque positivamente, meu caro Dr. Alceu, o Brasil ainda não digeriu ou expeliu todos os venenos de que estava cheio até 15 de Julho. Nós estamos em convalescença. Debaixo das aparências de saúde, há uma grande debilidade de todas as instituições, e ainda há germes de moléstia não totalmente debelados, que podem de um momento para outro irromper em uma nova infecção geral. Cumpre, pois, que nos organizemos para o que der e vier. Quanto ao Georges Raeder, teria prazer em conhecê-lo. Não seria possível promover uma aproximação? Outra coisa: qual o tema de suas conferências? Qual a data? Serve Agosto? E ainda outra coisa: nosso Centro Dom Vitral, aqui, está em cacos. Não seria possível fazê-lo reviver? Para isto, acho que seria necessário, por exemplo, que ele fosse incumbido de uma tarefa qualquer, que exigisse a colaboração de todos os seus membros. Isto seria um novo passo para a atividades. Mande-me, por favor, alguma sugestão. Com um afetuoso abraço, peço-lhe que reze por mim. Plinio |
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