Catolicismo, N° 336, Dezembro de 1978 (www.catolicismo.com.br)
A ODISSÉIA VIETNAMITA
Telegrama da TFP a João Paulo II
A BORDO DO cargueiro “Hai Hong”, a temperatura é de 40 graus. Nele apinham-se como podem 561 homens, 620 mulheres, 125 velhos e 1260 crianças. As doenças de pele proliferam. A fome ameaça a todos. A 14 de outubro, o “Hai Hong” deixava secretamente o Vietnã do Sul em busca da liberdade. Agora, é um inferno flutuante. No porto malaio de Klang, as autoridades não permitem o desembarque.
Diariamente chegam à Malásia 700 fugitivos, em pequenas embarcações. Outros 40 mil encontram-se em campos de refugiados, cujas condições de vida são deploráveis. Em uma semana, três barcos superlotados, impedidos de atracar, soçobraram, ocasionando os naufrágios centenas de mortes. Essas cenas dramáticas tornam-se freqüentes. Os passageiros do “Hai Hong” exibem faixas: “Nações Unidas, salvem-nos”. Enquanto a ONU não tomava nenhuma providência prática, e com a urgência exigida pela gravidade dos fatos, a Unesco — organismo cultural daquela entidade internacional — proclamava em Paris a “Declaração dos direitos dos animais”.
João Paulo II, entretanto, pronunciou-se a favor dos infelizes vietnamitas fugitivos do comunismo. A esse propósito, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP, enviou a Sua Santidade telegrama de felicitações nos seguintes termos:
“A SOCIEDADE Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP), entidade cívica anticomunista inspirada nos ensinamentos tradicionais do Supremo Magistério da Igreja, se tem empenhado vivamente para obter dos Governos brasileiro e norte-americano uma intervenção decisiva a favor dos infelizes vietnamitas que, implacavelmente recusados pelas nações próximas, afrontam dramáticos perigos nos mares do Extremo Oriente.
Ao Governo brasileiro a entidade tem pedido que abra a esses desafortunados heróis as vastidões ainda inabitadas do território nacional. Ao Governo norte-americano tem ela suplicado que aumente em toda a medida do necessário a sua ajuda para que os beneméritos fugitivos sejam acolhidos em naves norte-americanas e conduzidos a portos de nações amigas.
Assim, esta Sociedade pede vênia para apresentar a Vossa Santidade o testemunho de sua profunda emoção ao tomar conhecimento da intervenção paternal de Vossa Santidade em favor daqueles infelizes. E felicita respeitosamente a Vossa Santidade por esse gesto.
Estou certo de que os Presidentes das Sociedades de Defesa da Tradição, Família e Propriedade e entidades congêneres, irmãs e autônomas, existentes na Argentina, Bolívia, Canadá, Chile, Colômbia, Equador, Espanha, Estados Unidos, França, Uruguai e Venezuela se associam de todo coração a esta respeitosa e filial mensagem. E que se unem a mim para pedir a Vossa Santidade a Bênção Apostólica”.