Sala de trabalhos do Prof. Plinio na Sede do Conselho Nacional da TFP, à Rua Maranhão 351 (Higienópolis, na capital paulista), 18 de junho de 1990
Repórter (R): Nós estamos passando na rua, e achamos interessante o trabalho da TFP. E queríamos fazer uma reportagem sobre o que é a TFP. Foi o Sr. que fundou. Então nós gostaríamos de saber o que despertou a necessidade de fundar uma entidade… como é que chama…
Plinio Corrêa de Oliveira (PCO) – Sim, a TFP. É uma associação.
R: Uma associação! O que é que levou o Sr. a fundar, quais são os princípios da TFP? E dando esses princípios, tem a família, a tradição, a propriedade, tem o aspecto da moral também, não é? E até o papel da televisão, se o Sr. assiste…
[Interrupção na gravação.]
Repórter: … eu estava conversando com o Dr. Paulo [Corrêa de Brito Filho, diretor do Serviço de Imprensa da TFP], é o seguinte: uma coisa que me chamou a atenção não era especificamente a Lituânia, e sim os trabalhos que a TFP desenvolve. Atualmente a Lituânia está tomando uma postura até de conversação. Eu senti que seria muito mais interessante que a TFP me mostrasse um trabalho que ela já realizou, como uma grande manifestação contra o divórcio… Porque até eu colocar a reportagem adiante, a Lituânia já tomou outra postura…
PCO – Quanto tempo deve demorar nossa conversa aqui?
R: O tempo disponível, eu lhe dou o tempo necessário. Agora, eu gostaria que o Sr. fosse o mais objetivo possível…
PCO – Não, isso é claro… ah, ah, ah!
R1: O mais objetivo é que eu não tenha…
R2: É que são vários assuntos. Cada assunto um minuto, um minuto e meio.
PCO – Ela quer dizer o mais conciso possível.
R: Isso, o mais conciso. Quando eu falo de uma coisa objetiva é por causa do tempo.
PCO – A questão é a seguinte: eu creio que já foi com os Srs. que eu dei uma vez uma entrevista muito comprida. E não foi publicada uma palavra!
R: O Dr. Paulo estava falando disso.
PCO – Agora, eu não acho que convém aos Srs., nem a mim, estar perdendo tempo, papagaiando uma coisa enorme que depois não sai. Que garantia há de que isso vai ser publicado?
Dr. Paulo Brito: Que vai ser levado ao ar, os Srs. garantem? Isso que ele quer saber.
R: Tranqüilo! Tranqüilo!
PCO – Porque da outra vez, perguntamos à repórter que esteve aqui, ela deu uma risadinha: “Sabe, isso agora depende da direção…”
R: Da edição. Ela deve ter falado da edição. É o pessoal que monta.
PCO – Pois bem, direção e edição, é a mesma coisa. Dá na mesma. São palavras. Eu quero saber é o seguinte: se isto passa por uma peneira, e de repente não passa o leite, fica tudo encrencado, ou se é certo que isto sai?
R: É certo que sai. É certo que sai.
PCO – Vocês dão garantia?
R1: Simmm…
R2: A nossa intenção não é passar na peneira…
PCO – Da Sra. está bem, e do Sr. também. E depois, quando chegar na hora da edição, como é o negócio?
R: Se o Sr. falar bem conciso, como ela está pedindo, perfeito. Entra a parte toda.
PCO – Vamos fazer um acordo. Se a Sra. não me faz uma pergunta que supõe uma longa exposição, a gente pode fazer em poucas frases…
R: As perguntas inclusive já foram até formuladas…
Dr. Paulo Brito: Seria bom a Sra. repetir para ele, para ficar bem claro: pergunta tal, resposta tal.
R: A gente pode ir fazendo em etapas.
Dr. Paulo Brito: Então a Sra. pode fazer a primeira pergunta.
R: A primeira pergunta, como eu falei, qual foi o motivo que levou o Sr. a fundar a TFP.
PCO – Bem, eu para dar uma resposta que tenha cabimento, em que o motivo esteja, eu preciso falar um pouquinho da situação no tempo em que a TFP foi fundada. O que explica a fundação de toda sociedade do tipo da TFP é o conjunto das circunstâncias que existiam no momento. Isso não pode ir em um minuto…
R: É muita história para muito pouco tempo.
PCO – Exatamente. São perguntas muito abrangentes, para um tempo muito encolhido. Ou sai uma resposta pífia, ou é preciso que então sejam poucas perguntas, mas que dêem para gente espaço para responder. Agora, formar a idéia seguinte: eu vou fazer ao Sr. 15 perguntas, em 15 minutos, e uma começa com Pedro Álvares Cabral quando chegou ao Brasil, e a outra termina agora com o Governo Collor. Não é possível… Eu posso pôr 15 perguntas nisso. Posso dizer: “O Sr. o que é que me diz a respeito da história colonial do Brasil? Responda em um minuto. Outro minuto: o Brasil Império. Outro minuto: O Brasil República… O Sr. tem treze minutos!” Assim não vai… Isso é um estrangulamento cronológico que não funciona.
R: Bom, então o Sr. seja conciso, que eu não lhe cortarei nenhum…
PCO – A Sra. não seja muito abrangente, que eu serei conciso…
* * *
R: Quais foram os motivos que o levaram a fundar a TFP?
PCO – Os motivos foram os seguintes…
R: Só um minuto: se o Sr. puder colocar a pergunta dela na sua resposta, para dar noção…
PCO – Ainda mais essa, é? Ah, ah, ah! Bom…
A Sra. me pergunta quais foram os motivos que me levaram a fundar a TFP. E eu digo o seguinte, em resposta. Nós éramos um grupo de amigos que tínhamos tido uma atuação muito marcante no movimento das Congregações Marianas, que foi o grosso do movimento católico entre 1930 e 1940, mais ou menos. Depois disso nós tínhamos entrado numa controvérsia que começava a nascer naquele tempo, e que hoje chegou ao seu auge, entre católicos conservadores e católicos progressistas.
Nós éramos anti-progressistas. E o elemento progressista nos pôs mais ou menos à margem. Marginalizados, nós nos organizamos para fundar a TFP que tinha e tem uma finalidade muito definida: o combate ao comunismo, e portanto ao socialismo que é a rampa de acesso ao comunismo, mediante a valorização dos três princípios básicos da Civilização Cristão, que são a tradição, a família e a propriedade.
R: E quais são os princípios, os estatutos da TFP?
PCO – Segundo os estatutos da TFP, são esses os princípios pelos quais a entidade deve bater-se. Não é, portanto, apenas um combate negativo ao socialismo e ao comunismo, mas é a promoção dos valores positivos da Civilização Cristã. Escolhemos especialmente estes: a tradição, a família e a propriedade.
R: A moral. O que é a moral?
PCO – O que é a moral?
R: É.
PCO – A moral é o conjunto de preceitos revelados por Deus no alto do Sinai, ou seja o Decálogo, mais os preceitos e os conselhos evangélicos revelados por Nosso Senhor Jesus Cristo, que dão o procedimento do cristão, e definem o espírito do cristão, a alma do cristão. Esta é a moral católica. A família está baseada na moral católica. Eu não aludo aqui à ordem natural, que alongaria demais a minha resposta.
R: Como o Sr. acredita que a moral esteja hoje na sociedade?
PCO – Ela está manifestamente muito distante dos princípios e dos conselhos do Antigo e do Novo Testamento. Quer dizer, no que diz respeito à família, por exemplo, nós vemos que ela está em franca desagregação. Desagregação na qual muitas vezes a televisão tem parte notável. Nós vemos, por outro lado, a multiplicação de formas de proceder nitidamente contrárias à moral católica, como limitações da natalidade por vários modos, o aborto. Depois, noutro campo, a homossexualidade como se difunde de todos os lados, com reivindicações de impunidade, e até de certos privilégios para a homossexualidade: discriminá-los é crime em certos países!
De maneira que tomar um homem normal, que a gente não aceita para um emprego porque não quer, não tem nada. Mas se é um homossexual, precisa tomar cuidado, porque se a gente não aceitar pode ser processado. No Brasil ainda não tem isso, mas em outros países tem. Isso indica um afastamento da moral católica, mas a léguas e a jardas, não é?
R: A TFP, como entidade filantrópica, ela não teria uma maior divulgação se ela usasse os meios de comunicação, mais especificamente a televisão?
PCO – A TFP considera o seu aspecto filantrópico com uma amplitude muito grande. Nós podemos dizer que há uma filantropia – em termos católicos se deve dizer caridade – há uma filantropia imediata, que remedeia situações. É a que a TFP exerce quando ela, por seus cooperadores e sócios visita hospitais, lugares onde há pessoas que sofrem, etc., leva donativos, leva socorros morais, tem feito campanhas até. Mas há uma filantropia mais importante, que é preventiva, que é de impedir que a sociedade se deixe arrastar para as voragens da miséria. E essa filantropia – está claro hoje em dia mais do que nunca – se chama anticomunismo. Os fatos ocorridos recentemente na Rússia deixaram claríssimo o inferno de miséria, de ditadura policialesca, etc., que é aquilo. E lutar contra o comunismo é uma filantropia preventiva, para impedir que o nosso país caia nas garras do comunismo.
R: A TFP interessa a quem? E quem sustenta a TFP?
PCO – A TFP interessa a todo o conjunto do corpo social. Quer dizer, nós estamos persuadidos de que se houvesse uma compreensão exata dos verdadeiros interesses do país e da sociedade, essa compreensão levaria um número indefinido de pessoas, imenso, a aderir e a apoiar a TFP. Como naturalmente as opiniões divergem, esse apoio maciço não se dá. A TFP tem um apoio largo, mas não é tão maciço quanto se poderia imaginar.
Agora, quem é que colabora para a TFP? A Sra. no segundo sentido de sua pergunta deixa transparecer a idéia do plutocrata riquíssimo, que dá para a TFP uns dinheiros para combater o comunismo que pode abalar a cômoda posição do plutocrata. É tudo quanto pode haver de mais errado. No Brasil, e em outros países também, em geral a plutocracia não favorece o anticomunismo. Ela favorece, pelo contrário, paradoxalmente, e em número não pequeno de casos, ela favorece o comunismo. E nós aqui vivemos então de contribuições de algumas pessoas ricas, de outras de fortuna média, e finalmente de outras pessoas de classe modesta da sociedade.
R: Na maioria é a classe média, pobre ou rica?
PCO – Não, a que mais dá é a pequena burguesia.
R: Outra coisa. Assim como a Igreja abomina o diabo, a TFP abomina o comunismo?
PCO – Bom… ah, ah, ah! A pergunta… Se a TFP abomina o comunismo como abomina o diabo… A TFP se sente, se sabe e se quer numa posição diametralmente oposta à do comunismo. E nesse sentido ela é uma inimiga direta do comunismo. Mas, com uma diferença: é que o diabo está condenado por toda a eternidade às penas totais e completas, irremediáveis. E os comunistas são entes vivos, susceptíveis de conversão, susceptíveis de mudar. E, portanto, o ódio irremediável que Deus tem ao demônio, o verdadeiro católico não pode ter ao comunista. Tem a esperança de, por boas maneiras, por convicção, etc., levá-lo ao conhecimento da verdade. Mas, se ele quiser se impor, ele tem quem se lhe contraponha.
R: Como é que a Igreja Católica pode reagir com esse surgimento de novas seitas?
PCO – Eu acho que para que as seitas não se multipliquem tanto é necessário que a crise dentro da Igreja se resolva. E essa crise só pode se resolver, a meu ver, por um debate franco, fraterno, aberto, e que dê num pronunciamento da autoridade eclesiástica.
R: Antes eu lhe perguntei sobre a moral, o Sr. falou uma coisa interessante: o Sr. acha que a televisão agride a moral da família?
PCO – Não a televisão em si. Eu concebo a possibilidade de haver uma televisão católica. Mas, ela é usada muito freqüentemente para a expansão da imoralidade. Suponho que – não conheço as razões de bastidores que possa haver ou não – mas eu suponho que isso se deve ao fato de que a imoralidade se imagina que atrai muito, e que, portanto, quanto mais salgada a imoralidade, maior o número de aparelhos de televisão ligados para apanhar aquela irradiação. E daí decorre que a televisão mais imoral atrai mais anúncios, e leva mais lucros, etc., etc. Suponho que seja isto.
Bem, não deixa de ser verdade que há um clamor geral na nossa sociedade contra a imoralidade da televisão. Eu ouvi falar até da fundação aqui entre nós de uma organização chamada O futuro dos nossos filhos, que exatamente coordena as famílias descontentes para manifestar por via epistolar, e de outras maneiras, às televisões que transgridem os princípios da moral, manifestar o seu desagrado, e as televisões com isso caírem na realidade: que elas não estão levando consigo o público como imaginam.
R: A TFP no caso dá apoio a essas entidades?
PCO – A finalidade da TFP é um pouco mais ampla do que essa, ou bem mais ampla do que essa, mesmo no terreno da família. Ela entra na consideração da legislação, ela entra nos debates de caráter estritamente ideológico, etc., etc. Nós temos, por exemplo, em nosso passado campanhas brilhantes feitas contra o divórcio, etc. e tal. E essa organização tem mais em vista o caso da televisão. Eu sei que há dois dirigentes dessa organização que são da TFP. Mas é inteiramente distinta da TFP.
R: O Sr. concorda que deveria haver uma censura?
PCO – A Sra. veja, isso é característico: o que a televisão não quer, ela convida a fazer. Porque ela transbordando, como muitas vezes transborda, o remédio que tem é ou fazer que o descontentamento popular contra isso se manifeste, ou fazer com que seja cortado. Porque se nós admitimos que uma criança de 7, de 8, de 10 anos, um adolescente de 12, 15 anos, 17 ou 18 anos, ou uma adolescente, pode sofrer muito prejuízo moral com certas emissões da televisão, se nós admitimos isso, o que é que vamos fazer? Deixar essa gente ser dizimada pela televisão, ou pedir aos poderes públicos que protejam essa gente?
R: Agora, a TFP, uma das defesas dela é atualmente a da Lituânia. O que mais a TFP defende? Assuntos da América Latina? E por que essa defesa?
PCO – Há uma TFP em cada país da América do Sul. A TFP brasileira se ocupa com os assuntos brasileiros. As TFPs são entidades co-irmãs e autônomas. Quer dizer, cada uma tem sua diretoria, tem suas fontes de renda localizadas no próprio país, etc., mas tem uma íntima coordenação de ideais, e se comunicam, etc. A TFP brasileira tem todo um passado de luta contra a Reforma Agrária, portanto em defesa da propriedade privada; contra leis socialistas de toda ordem, mais uma vez em defesa da propriedade privada. A TFP tem lutado muito contra as invasões de terrenos urbanos e sobretudo de terrenos rurais.
A TFP lutou muito contra o divórcio. E só não venceu a última batalha do divórcio porque não houve da parte de outras organizações uma atitude antidivorcista suficientemente firme, porque a TFP desdobrou contra o divórcio todos os seus estandartes e seus meios de ação. Há um livro que dá a história da TFP, e esse livro foi publicado há dois anos atrás. A TFP teve a gentileza de escolher meu 80º aniversário para publicar nessa ocasião. E dá então as batalhas infindas da TFP. A Sra. me pediu para ser conciso, se eu for dar uma história que vai desde 1960 até agora, eu não posso dar isso em três minutos! Mas é quase incontável tudo quanto a TFP tem feito nesse terreno.
R: A TFP continua lutando pelos direitos da Lituânia, e outros povos…
PCO – Sim, da Lituânia sim. A Sra. me dirá: “Mas o que é que a TFP tem que ver com a Lituânia?” Em toda a parte onde é feita uma transgressão grave a um direito, todos os homens que sustentam esse direito são naturalmente aliados daquele que sofreu a transgressão. A Lituânia existe, e ali foi feita uma gravíssima transgressão de um direito. A TFP é aliada da Lituânia.
Qual é esse direito? A Sra. está vendo que eu não estou sendo conciso…
Pacto Ribbentrop-Molotov, pouco antes da Segunda Guerra Mundial, foi um tratado cínico feito entre o governo russo de então e o governo alemão de então, que era nazista, mediante o qual, com vantagens “x” para a Alemanha, a Alemanha consentia em que a Rússia invadisse os três países bálticos – a Lituânia, a Estônia, Letônia – e transformasse aquilo praticamente em províncias russas. E entrou debaixo desse jugo que a Sra. está vendo agora, que há muitos russos que denunciam que querem acabar, etc., etc. Tendo em consideração a política liberalizante do Gorbachev, e tendo em consideração que os países do Ocidente normalmente a apoiariam, a Lituânia, seguida da Letônia e da Estônia, começou a pedir a sua própria independência, e chegou a proclamá-la. É um direito natural. É uma nação que existe, tem sua língua, tem sua história, tem sua cultura, e que quer um espaço ao ar livre para respirar.
E passou pelo grande desapontamento de ver que o Gorbachev, que parece o aliado de todos os oprimidos, oprime a Lituânia! E que o Ocidente todo, com medo de desagradar Gorbachev, com medo que o Gorbachev caia caso ele perca a Lituânia, ele perca o prestígio na Rússia e caia, cruzam os braços e Gorbachev faz o que quer; o Bush não diz praticamente nada a favor da Lituânia, e nenhuma das grandes potências dessa terra diz nada a favor da Lituânia. Bem, a Lituânia fica isolada.
E no fundo se explora na publicidade a idéia que a Rússia, estando pobre assim e dividida, deveria não ter poder. Se essa divisão é autêntica, ela não está em condições de declarar uma guerra. Se ela não está em condições de declarar uma guerra, como é que ela é uma potência? Que potência de fumaça e brincadeira é essa?
“Não! Cuidado! Ela tem os depósitos de bomba atômica, e de repente solta umas bombas!” Mas se é assim: o mundo se divide em duas partes. Uma parte tem coragem de jogar bomba, e a outra tem medo da bomba, a parte que tem coragem de jogar a bomba venceu a parte que tem medo de levar a bomba. Porque o medroso sempre perdeu para o que é aventureiro, para o que é – se quiser chame isso de coragem – corajoso.
Bom, o que é que deveria fazer então a Rússia? O que ela está fazendo: ameaça de jogar essa bomba, todo o mundo fica quieto. Então, a Lituânia não é senão a primeira a capitular. Outras virão depois. Porque se a gente tem que ceder sempre porque se não ceder toma uma bomba, mesmo quando a gente tem bomba a gente não quer jogar porque tem pena dos outros, mas os outros não têm pena de nós e nos ameaça com a bomba – nós estamos perdidos!
Então, no caso da Lituânia é um recuo do mundo diante do poderio russo. Poderio dividido, poderio estraçalhado, cheio de descontentes. O mundo rico, próspero, organizado, treme e não ousa reagir! Nós somos solidários com a Lituânia!
R: Está vendo, Dr. Plinio, o Sr. falou que ia ser…
PCO – Eu fui longo! Eu poderia responder brevemente.
R1: Mas eu até deixei o Sr. falar, porque é interessante eu escutar… Não deixa de ser uma aula de História.
R2: O Sr. é muito simpático!
PCO – Isso é muito amável de sua parte, isso é muito amável. Mas a questão é saber se depois isso passa, não é?
R: Pois é, isso que eu estou falando. Eu lhe pedi: seja conciso. A história para mim é até interessante.
PCO – Mas eu não fui conciso!
R: No final o Sr. se empolgou! Eu entendo…
PCO – A Sra. amavelmente está me dando a entender que talvez não passe.
R: Eu estou falando que na parte da Lituânia o Sr. se estendeu.
PCO – Eu estou me lembrando de um fato…
R1: Sabe o que acontece? O jornalismo do dia a dia, quando não é uma matéria trabalhada, o dia a dia tem 30 segundos, 40 segundos. Isso é um piscar de olhos. Mas em matérias trabalhadas a gente tem mais tempo.
R2: O Sr. ia falando…?
PCO – Eu ia dizer o seguinte: eu não me lembro se foi o Imperador romano Antonino Pio ou Marcos Aurélio, um deles, aqueles imperadores romanos [nota do datilógrafo: trata-se do imperador Adriano; durante seu governo, nasceu Nosso Senhor Jesus Cristo], venceu a guerra, e entrava em Roma com aquele triunfo que preparavam para os imperadores, aquele cortejo com todos os soldados prisioneiros transformados em escravos, depois vinha no fim o monarca que tinha sido dominado, transformado em escravo e apanhando, etc. E o povo romano fazendo uma apoteose.
E o Imperador passou perto de um homem que tinha na mão um papagaio. E o dono ofereceu ao Imperador o papagaio, e o papagaio gritava “viva” ao Imperador. O Imperador disse: “Olhe, papagaio gritando viva ao Imperador já me ofereceram. Eu não tenho nenhum interesse nesse seu papagaio”. E o papagaio disse: “Perdi meu tempo e meu trabalho!” O Imperador caiu na gargalhada e comprou o papagaio.
Mas era o quê? É que o homem que adestrava a ele tinha às vezes mau humor porque o papagaio estava com dificuldade de repetir. Então dizia: “Eu perdi meu tempo e meu trabalho!” E o papagaio aprendeu as duas coisas: “Viva o Imperador” e “Perdi meu tempo e meu trabalho”… Ah, ah, ah!
É aplicar “el cuento” aqui: eu receio de ter perdido meu tempo e meu trabalho se isso não for projetado.
R: Não, vai ser projetado! O Sr. está com medo de que não vá ao ar?
PCO – E’?
R: Não, vai ao ar, claro!
PCO – Vamos ver.
Assessor do Serviço de Imprensa da TFP: Teria meios de saber mais ou menos quando seria?
R: A gente pode ligar.
Dr. Paulo Brito: Como é que chama o programa?
R: “Documentário”.
Dr. Paulo Brito: Vai ao ar que horas?
R: À noite, 10:30. É um projeto novo.
Dr. Paulo Brito: É diário?
R: Não, é semanal.
Dr. Paulo Brito: Em que dia da semana?
R: Não está programado ainda. É quarta ou sexta-feira.
R: Dr. Plinio, muito prazer, muito obrigada pela sua atenção.
PCO – Eu tive um prazer em recebê-la.
R: Gostei muito da sua casa, achei muito bonita.
PCO – Se quiserem, leve um pouco para visitarem aí. Se tiverem tempo.
R: Aqui em São Paulo a gente não costuma ver casas assim bonitas. As casas antigas fora derrubadas…
PCO – Essa é uma casa construída em 1910. E pertenceu a uma família, depois para um outro grupo de famílias. E nós somos locatários da casa. Agora, tem muito móvel antigo aqui que saiu de moda, e as famílias foram dando. E aí forma o ambiente tradicional…
R1: Muito a ver com a tradição…
R2: Parece assim, quando entrei na casa, uma decoração de bom gosto, mas coisas antigas, um passeio por coisas antigas.
PCO – Se tiverem tempo e quiserem visitar, está à disposição. Passe bem…
R1: Muito prazer em conhecê-lo.
PCO – Igualmente. Passe bem.