(Viena, 2 de novembro de 1755 – Paris, 16 de outubro de 1793)
Discurso pronunciado na 5a. sessão da Academia Jackson de Figueiredo, em São Paulo, 21 de agosto de 1929 (*)
Maria Antonieta, Arquiduquesa d’Áustria, Rainha de França e Viúva Capeto
Reverendíssimo Monsenhor Diretor da Academia,
Senhores Acadêmicos
A simples enumeração dos títulos com que foi conhecida durante sua curta vida Maria Antonieta de Habsburg, mais tarde Maria Antonieta de Bourbon, traz consigo a recordação da série de acontecimentos extraordinários e imprevistos que constituíram a trama da existência feminina mais interessante do século XVIII.
Na sua primeira fase, a vida desta princesa decorreu feliz e brilhante como um sonho dourado, em que se reunissem, na mesma pessoa, toda a glória do poder, todo o brilho da fortuna, e todo o encanto de uma radiosa juventude. Subitamente, porém, este longo encadeamento de venturas foi cortado por um tufão medonho, que provocou o naufrágio da Monarquia, a profanação dos altares e a derrocada de uma nobreza que, através dos séculos, vinha escrevendo com a própria espada as páginas mais brilhantes da história de França. E em pleno desabamento do edifício político e social da monarquia dos Bourbon, quando todo o mundo sentia o solo ruir sob seus pés, a alegre arquiduquesa d’Áustria, a jovial rainha de França, cujo porte elegante lembrava uma estatueta de Sèvres, e cujo riso tinha os encantos de uma felicidade sem nuvens, bebia, com uma dignidade, com uma sobranceria, e com uma resignação cristã admiráveis os goles amargos da imensa taça de fel com que resolvera glorificá-la a Divina Providência. Há certas almas que só são grandes quando sobre elas sopram as rajadas do infortúnio. Maria Antonieta, que foi fútil como princesa, e imperdoavelmente leviana na sua vida de rainha, perante o vagalhão de sangue e de miséria que inundou a França, transformou-se de um modo surpreendente; e o historiador verifica, tomado de respeito, que da rainha surgiu uma mártir, e da boneca uma heroína.
No ano de 1755, nascia no magnífico palácio de Schönbrunn, em Viena, a arquiduquesa Maria Antonieta, filha da impetuosa Maria Teresa , Rainha da Hungria e Boêmia, e de Francisco I, soberano do Sacro Império Romano Alemão. A diferença entre os caracteres de seus progenitores talvez explique as desconcertantes contradições que se encontram em todos os atos e durante toda a vida de Maria Antonieta. Maria Teresa era viril e enérgica a ponto de fazer face, gloriosamente, ao grande Frederico da Prússia, e tal era a força com que fazia pesar sobre seus súditos a autoridade real, que estes a chamavam, mesmo nos documentos oficiais os mais importantes, de Rei e não de Rainha. Francisco I, ao contrário, era fraco, pusilânime e pouco inteligente. Conta-se que, quando se repetiam em sua presença as injustas objurgatórias de Voltaire contra a forma Monárquica, o pobre soberano, não tendo cultura e energia suficientes para defender os princípios de que era guardião, limitava-se a dizer a seus cortesãos: que quereis, meu ofício exige que eu seja monarquista!
A infância de Maria Antonieta teve como cenário a pomposa corte de Viena. A jovem arquiduquesa mostrava ser dotada de um natural bondoso, que se aliava a um gosto acentuado pelos estudos. Ainda é conhecido hoje em dia seu noivado com Mozart, o grande pianista, que, sendo então apenas uma criança de 5 anos, acreditava ingenuamente estar noivo da formosa filha dos soberanos do Sacro Império.
A diplomacia de Choiseul, o influente ministro do Rei da França, Luís XV, veio, porém, pôr um termo a esta infância sem nuvens, promovendo o casamento de Luís XVI, então ainda príncipe herdeiro, com Maria Antonieta. Evidentemente, o amor não ligara o coração dos jovens príncipes. Tratava-se apenas de um acordo diplomático em que a Áustria, fiel à sua política de casamentos, e visando exclusivamente as suas próprias vantagens, cedia uma de suas arquiduquesas, mediante determinadas compensações por parte da França.
Concluídas as últimas negociações diplomáticas, e feitas as necessárias despedidas, a jovem Maria Antonieta pôs-se a caminho do País do qual viria a ser, futuramente, a poderosa Rainha. Acompanhava-a um séquito brilhante, constituído por tudo quanto a nobreza do Sacro Império tinha de mais elevado. Na fronteira francesa realizou-se a curiosa cerimônia da “entrega da arquiduquesa”. Havia um edifício que se compunha de duas partes absolutamente idênticas, das quais uma ficava em território francês, e outra em território alemão. O séquito da arquiduquesa, penetrando pela porta alemã, conduziu Maria Antonieta até os aposentos onde ela deixou definitivamente seus trajes de princesa do Sacro Império, trocando-os pelos de dama francesa. Assim vestida, Maria Antonieta penetrou, acompanhada apenas pelo embaixador austríaco, na parte francesa do edifício. Aí, toda a fidalguia a esperava, ostentando a incomparável elegância, a imensa riqueza e o requintado gosto artístico que caracterizavam a corte francesa de então.
Luís XVI, então simples príncipe herdeiro, era conhecido pela austeridade de sua conduta, e pela piedade, bondade e honestidade que ornamentavam seu caráter. Seus mais encarniçados adversários conseguiram levantar contra ele apenas três acusações: a de ser apático, glutão e habilíssimo serralheiro. No novo lar principesco, que se formava sem os vínculos de uma afeição profunda, o espírito cristão de que estavam imbuídos os nubentes, supria com vantagem a ausência de amor. Maria Antonieta e Luís XVI sempre foram esposos exemplares que construíram sobre os sólidos alicerces do respeito mútuo e da moralidade absoluta a indiscutível felicidade de sua vida familiar.
Os anos decorridos entre o casamento e a coroação, foram, talvez, os mais venturosos de toda a curta existência de Maria Antonieta.
Formosa, poderosa, rica, bem casada e venerada pelo povo com carinhosa dedicação, a jovem princesa tinha por única ocupação passear pelos suntuosos palácios da coroa de França, trazendo consigo sua corte estouvada e todo o luxo fulgurante de que se cercava constantemente. Entre seus dissabores, neste tempo de venturas, contavam-se as suas freqüentes e interessantes altercações com a condessa de Noailles, sua severa mestra de etiquetas, que a jovem princesa apelidara impertinentemente “Madame Étiquette”. Conta-se que, certa vez, tendo Maria Antonieta caído de um burrico que montava na presença de toda a corte, exclamou rindo ainda deitada no chão: chamem Madame Étiquette, para que me explique como se deve levantar a herdeira do trono da França, quando cai de um burrico.
Uma das feições curiosas do caráter da jovem esposa de Luís XVI era seu desejo ardente de possuir uma amiga íntima, confidente de todos os momentos, e de todas as situações. Logo que atravessou os umbrais da porta que separava o passado da arquiduquesa do futuro da princesa de França, seu olhar pousou sobre uma dama de beleza ideal, a princesa de Lamballe, aparentada com a Família Real, e infeliz viúva de um dos fidalgos mais estouvados da França. A Princesa de Lamballe era jovem, formosa e essencialmente aristocrática na graça de seu porte, de uma elegância sem par. Seus olhos, de um azul profundo, refletiam toda a candura de sua alma sem maldade, e a imensa tristeza de sua juventude sem riso. Sua delicadeza era tal que, certa vez, desmaiara de susto diante de uma pintura representando um caranguejo. Esta foi a primeira e a mais sincera das amigas de Maria Antonieta. Pouco depois, porém, era substituída pela frívola condessa de Polignac. A princesa de Lamballe sofreu seu afastamento com a dignidade própria de uma grande alma: não se queixou e não se rebaixou. A princesa de Lamballe só reaparece no cenário decepada e mutilada nas ruas de Paris, quando vinha da Inglaterra, à procura da infortunada mártir, a quem a princesa perdoava, assim, nas amarguras do sofrimento, a infidelidade do tempo de venturas. Aquela que desmaiava diante de um caranguejo pintado, teve ânimo suficiente para arrostar o tufão revolucionário, e morrer pela causa da amiga que, no tempo dos esplendores, lhe fora infiel. A condessa de Polignac, porém, em vez de exercer sobre Maria Antonieta uma influência salutar, arrastou-a a uma jogatina desenfreada. Estava, então, em voga o jogo de azar extremamente dispendioso, chamado Faraó. As partidas de Faraó começavam à noite, na residência dos Polignac, e terminavam com os primeiros albores do dia, aos olhos da população escandalizada pela co-participação assídua da herdeira do trono. Foi esta uma fonte de merecidas censuras dirigidas a Maria Antonieta. Pouco depois, foi descoberta em um baile popular carnavalesco aquela que devia ser Rainha de França, que se divertia, aliás inocentemente, sem se lembrar da dignidade de sua posição. Pouco a pouco, os rumores foram se acentuando, e quando morreu o velho Luís XV, Maria Antonieta subiu ao trono contando já com numerosas antipatias.
Mesmo assim, foi grande o entusiasmo do povo, quando os aplausos anunciaram a Maria Antonieta, a altas horas da noite, que chegara, com o falecimento de Luís XV o momento de ser coroado rei de França e de Navarra o fraco e bom Luís XVI.
As festas da coroação foram um contraste curioso de miséria e pompa. Luís XVI, depois de sagrado e coroado rei de França, na antiquíssima e suntuosa Catedral de Reims, na presença de toda a nobreza e de todo o clero de França, depois de ter sido ungido pelo representante do Santo Padre com o óleo que, segundo a tradição, descera do céu no dia da conversão de Clovis, depois de ter recebido as homenagens dos elementos mais representativos e nobres da nação, saiu da Catedral acompanhado pelo Bispo de Autun, a tocar com suas mãos as chagas de mais de 2000 doentes de toda a espécie, que esperavam enfileirados na porta da Igreja, a saída do Rei que, segundo a tradição, deveria curar, com o simples toque de suas mãos soberanas, determinadas moléstias. Conta-se que, como prenúncio de tristes acontecimentos, a coroa, ao ser colocada sobre a cabeça do Rei, caiu das mãos do Núncio Apostólico, e, atingindo Luís XVI, na testa, feriu-o a ponto de fazer correr sangue.
Com a coroação, começa o longo padecimento da Rainha. O povo sofria fome, e não queria compreender que os gastos da corte eram, em grande parte, necessários para o decoro da Monarquia. O povo, sempre vítima de exploradores de torpe inconsciência, não compreendia que a nobreza gozava grandes privilégios, mas que, em compensação, sustentava a expensas próprias o exército e a marinha, provendo, por outro lado, aos gastos de grande parte da administração. O povo, enfim, não compreendia que o clero, esta classe denodada que sempre lutara pelo bem, contra todos os males, pelos fracos, contra todos os poderosos, e por Deus contra seus inimigos, este clero custeava, sozinho, as despesas dos atuais ministérios franceses da Instrução Pública e dos Cultos. Não, os sofismas de um espírito demolidor como Voltaire, a eloqüência lacrimejante e perversamente oca de Rousseau, haviam gangrenado toda a sociedade francesa. Esta nobreza frívola, que afetava esquecer-se de seu Deus, haveria de mostrar dentro em breve, que se esqueceria igualmente de seu Rei, de seu passado, e do enorme peso de glórias que representavam as nobres tradições de que era depositária. Estes fidalgos, cujos antepassados tinham sido leões, a vida dissipada e irreligiosa da corte os transformara em bailarinos. E o povo, movido pela inveja mais do que pela fome, e esquecido de que representar na sociedade um papel humilde é, também, desempenhar um mandato divino, lança-se furioso contra a organização política da França.
O 14 de Julho, a invasão de Versailles por um bando de megeras arrastando atrás de si a vasa da população parisiense, a impor ao Rei fraco o boné frígio, e a insultar baixamente uma monarquia que estava impossibilitada de se defender, o massacre de sacerdotes inocentes, que pagavam com a própria vida o enorme crime de se terem dedicado de corpo e alma ao serviço de Deus, pregando Seu santo Nome e Sua Lei de paz e de amor, o assassinato de diversos fidalgos que não queriam desertar na hora do perigo do trono em volta do qual tinham passado a vida a dançar, este encadeamento horrível de crimes que veio sujar as páginas da História da Humanidade, abateu porventura a rainha de França, a filha dos altivos Habsburg? Nunca! Nunca, esta boneca de porcelana dos bailes do Trianon dobrou sua cabeça diante da ignomínia de seus inimigos. Nunca, nem um só momento, a soberana destronada deixou de ser Rainha, pois que, maior no sofrimento do que na glória, demonstrou, ao afrontar desarmada e com o filho no braço aqueles bêbados furiosos que invadiam os paços reais, que era de uma raça que não teme o perigo, máxime quando encarna uma causa justa.
Arrastada a realeza na lama de Paris, vergada a fraca personalidade de Luís XVI sob o peso do infortúnio, o único baluarte da resistência era Maria Antonieta, que, fazendo de sua desdita um trono fulgurante para sua personalidade, afronta impávida, enorme, diante do sofrimento, armada apenas com a couraça sublime da fé e da resignação cristã, a onda que ia submergir a França. Até o último momento, esta soberana quis salvar seu trono, não por interesse pessoal, mas por amor ao princípio monárquico. E isto ela o fez sem vacilar, encorajando a todos, e nunca desesperando, mesmo quando a população a arranca das Tulherias, onde estava detida, e a conduz, ao som dos clamores e apupos da plebe, à sombra mortal da lúgubre prisão do Templo, mesmo quando é obrigada a ver, transida de horror e de remorso, a cabeça da denodada Princesa de Lamballe, de olhos vazados, cabeleira empoada e salpicada de sangue, e lábios lívidos, introduzida na ponta de uma haste, entre as grades da janela de sua masmorra, como testemunho da morte atroz e imerecida de sua melhor amiga.
Eis, senhores, sua tortura de Rainha. Foi completa, nada faltou, e tudo ela suportou com calma e resignação, arrancando, de quando em vez, brados de admiração de seus próprios adversários.
Maria Antonieta, da prisão onde se encontrava na Conciergerie (Paris), enviou esta última carta à sua cunhada Madame Elizabeth de França, expondo-lhe suas derradeiras vontades que permanecerão letra morta. Com efeito, esta carta não chegará jamais à sua destinatária, também ela guilhotinada em nome da “liberdade, igualdade e fraternidade”…
Como esposa, Maria Antonieta sofreu o maior dos martírios. Seu marido, ao qual ela dedicava todos os sentimentos de uma esposa católica exemplar, depois de ser alvo das mais cruéis afrontas, foi, enfim, arrastado a uma morte gloriosa para os pósteros, mas que parecia então absolutamente deprimente. De sua prisão do Templo, ouviu Maria Antonieta, certamente, o rufar dos tambores anunciando que a Convenção Nacional, em nome da igualdade, destruía o inocente representante da realeza, em nome da liberdade o impedia de se despedir, à beira do túmulo, de seu povo a quem muito amara, e em nome da fraternidade lhe iria tirar a vida na guilhotina.
Mas, senhores, foi a mãe que, em Maria Antonieta, sofreu as mais horrorosas torturas. Quando a Convenção foi separar Maria Antonieta de seu filho, esta, durante duas horas, cobrindo com seu corpo o do inocente principezinho, lutou contra o brutal sapateiro Simon e seu bando sinistro, só abandonando o filho quando, de todo em todo, lhe faltaram forças para resistir. Longos foram os meses da separação. Só, terrivelmente só, presa à vista em um quarto horrível da prisão do Templo, a infeliz mulher tinha como consolo único, e aliás poderoso, sua oração. Até hoje, conserva a França seu livro de Missa, sobre o qual caíram, com certeza, as lágrimas amargas daquela mãe que, no auge da infelicidade e do abandono, soube sempre agradecer a Deus o desamparo em que se encontrava.
Finalmente, foi ela processada pelo “Comité de Salut Public”, por trair a pátria, por ser uma nova Catarina de Médicis, por ser má esposa e mãe e, principalmente, pelo motivo menos confessável de se opor às pretensões heréticas de certa associação beneficente secreta que não é de todo desconhecida.
Maria Antonieta ante o tribunal revolucionário (quadro de Pierre Bouillon)
No processo, culminou o seu padecimento. O seu filho, embrutecido pelo álcool, tornou-se um verdadeiro animalzinho, que tinha como único e constante sentimento o medo. Imagine-se a cena: sobre um estrado, sentados os algozes que, no processo, se intitulavam juízes. Numa série de bancos, meia dúzia de indivíduos repugnantes, cheirando a álcool, desempenhavam o papel de jurados. A Rainha, magra, em uma longa roupa preta, de cabelos brancos inteiramente, velha na sua mocidade abatida e triste, entra com toda a majestade de sua decadência ainda altiva, ainda bela, e sempre digna e invencível, nesta jaula onde sua reputação e seu coração de mãe vão ser estraçalhados pelas feras mais desalmadas da História francesa. O interrogatório começa brutal, felino, perverso. A Rainha, ou responde com dignidade, ou se cala, desdenhando com seu silêncio a infâmia de certas acusações. Eis que é introduzido na sala o príncipe herdeiro dos tronos de França e de Navarra. Calçado de toscos tamancos, com um boné frígio na cabeça, um ar embrutecido e tristonho de quem, há muito, padece todos os horrores da barbaridade de um carrasco como Simon, e com a fisionomia estúpida dos alcoólatras inveterados, com uma voz chorosa, lança contra a mãe as maiores injúrias. Eis, senhores, o cúmulo do sofrimento. A cena, horripilante em si, dispensa comentários. Dir-vos-ei somente que a Rainha, num brado magnífico de coração de mãe ulcerado pela mais atroz das dores, lança, na eloqüência de sua alucinação, no horror de seu padecimento dantesco, um apelo a todas as mães presentes, perguntando-lhes se acreditam nas injúrias do menino. E, como se a natureza humana, no fundo daqueles corações de megeras, comprimida por muito tempo, explodisse enfim, foi na sala uma chuva de aplausos, e um delírio de entusiasmo daquele povo que fora ao tribunal para assistir feroz ao desenrolar do processo, toma-se subitamente de um formidável entusiasmo por sua vítima, e Maria Antonieta, no banco dos réus, no auge da ignomínia recebe uma formidável e sincera ovação de seus algozes. Que dizer, senhores, deste lance histórico?
Execução de Maria Antonieta em Paris, na Praça da Revolução, hoje chamada Praça da Concórdia
Veio, enfim, a morte. Deus, na sua imensa bondade, preparara no Céu o lugar digno daquela que tanto tinha sofrido, amando-O mais quando lhe enviava penas, do que na plenitude de seus prazeres. No dia 16 de outubro de 1793, cessou seu longo martírio, na guilhotina cuja lâmina, ao mesmo tempo criminosa e caridosa, cortou o fio de sua extraordinária existência.
Assim terminou a soberana mártir, cuja história lembra um minueto delicado e palaciano cujas notas harmoniosas fossem bruscamente abafadas pelo rugido pavoroso de uma horrenda farândola revolucionária.
(*) Nota: Primeiro discurso público de Plinio Corrêa de Oliveira, o qual o datilografou e assinou a última página do mesmo, conforme consta nos documentos por ele deixados.