Conselhos concretos para não se ter uma vida fracassada, sem pessimismos e otimismos tolos

Conversa durante chá no Eremo Praesto Sum, 19 de julho de 1989

 

A D V E R T Ê N C I A

O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.

Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras “Revolução” e “Contra-Revolução”, são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu livro “Revolução e Contra-Revolução“, cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de “Catolicismo”, em abril de 1959.

 

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[pergunta]
O problema está bem posto, mas o modo pelo qual está posto não corresponde a um certo feitio pessoal meu, de maneira que eu preciso explicar este feitio para se compreender a resposta.
Eu sempre tive muito em vista o seguinte fato, que é comum a todos homens. E que é que quando aparece diante de nós uma perspectiva de uma coisa muito desagradável, nós temos uma espécie de recuo, e uma tendência a esquecer aquilo, a não pensar mais naquilo, a não olhar de frente. E depois, uma vez que o perigo parece ainda longe, ainda incerto, a exagerar para nossa própria imaginação as possibilidades que há daquilo não se realizar.
Então, o fenômeno que se passa é o seguinte: à medida que vai se aproximando a coisa, a gente vai ficando dividido entre o medo de que ela se realize – mas um medo então débil, porque não se olhou aquilo de frente – de um lado. E de outro lado uma espécie de esperança também tola e infundada de que ela não se realize.
Eu dou um exemplo. Uma pessoa vai ao médico, o médico diz: “Olhe, o senhor está com tal doença e tem que fazer uma operação. É uma operação grave, desagradável etc., mas infelizmente se torna necessária”.
O sujeito pergunta ao médico: “Há risco de vida?”
O médico diz: “Há”.
O sujeito diz: “Ah! bom, doutor, muito obrigado. Então qual é o remédio para tomar, para ver se eu não tenho que me operar?”
O médico indica alguma coisa, o sujeito começa a tomar o remédio e não pensa mais naquilo. Todas as vezes que vem à cabeça dele: “se eu não melhorar tenho que me operar”, quando vem à cabeça dele, ele procura [pensar]: “Não, mas o médico, naquela hora tinha uma expressão de fisionomia alegre e, portanto, provavelmente é porque ele acha que não é tão grave quanto ele diz, ele fez só para preparar meu espírito.” Começa a inventar umas fábulas dessas e com isso o tempo vai chegando e a hora da operação vai chegando.
Quando chega a hora da operação, pam! de frente: “amanhã eu vou ter que me operar!” O sujeito leva um susto! Uma incapacidade de reagir, de enfrentar, que é uma coisa tremenda!
Isso ainda é maior quando não se trata de uma operação, mas uma coisa que a gente vai ter que agir. Porque na operação, está bom, tem que operar, deita naquela maca e manda operar. O que é que pode fazer? Não depende do sujeito…
Mas às vezes é uma coisa qualquer muito desagradável. A gente tem que considerar de frente, por exemplo, a possibilidade de ter que vender vários bens que a gente tem e ir morar num bairro operário, e passar a viver uma vida mais ou menos como de um operário. É uma perspectiva desagradável! Mas a gente pode, trabalhando, lutando etc., evitar. Dá um jeito de cá, dá um arranjo de lá etc., e ver se evita aquilo que vem.
Se o sujeito é preguiçoso, ele não quer ter um trabalhão. E de outro lado, porque ele é mole e preguiçoso, ele não quer olhar de frente aquilo que o está ameaçando. E o resultado é que ele leva uma vida de esperanças tolas e ao mesmo tempo de pânicos diante dos quais ele é pequeno. E isso forma o fracasso na vida de um homem.
Eu não sei se me exprimi bem, ou não?
E eu toda a vida tive muito medo de que esse defeito se instalasse na minha alma. E tomei muito em vista a Agonia de Nosso Senhor Jesus Cristo no horto, que é uma das causas pelas quais eu tenho uma particular devoção a este Mistério do Rosário que é a Agonia de Nosso Senhor Jesus Cristo no horto, é que Nosso Senhor Jesus Cristo nos dá o exemplo do contrário.
Quer dizer, Ele sabia que a hora dEle tinha chegado. Já na Santa Ceia Ele falou disso aos Apóstolos. Já anteriormente tinha falado disto, e conversando com os Apóstolos, várias vezes Ele preparou o espírito deles para a ideia que o santo sacrifício da Cruz tinha chegado.
E chegou um determinado momento em que a gente vê que a tristeza dEle vai aumentando cada vez mais. E a tristeza é ainda maior durante a Ceia. Durante a Ceia há uma atmosfera de alegria, mas há uma atmosfera de tristeza. Alegria que é páscoa. Os judeus celebravam a passagem deles do Egito para a terra prometida etc.
Mas, de outro lado, era tristeza dEle porque Ele ia passar pelo túnel negro da morte e, mais ainda, Ele ia sofrer dores inenarráveis de alma e de corpo para resgatar a humanidade.
Então, o que é que Ele fez? Chegou a hora, Ele se pôs em oração no horto, rezando ao Padre Eterno, continuamente, e meditando o que ia acontecer com Ele.
E a gente vê que Ele como era Profeta, o maior de todos os profetas, o Homem-Deus, que profetizava e fazia acontecer aquilo que Ele tinha profetizado. Quer dizer, é o dono do futuro. Era o dono, Ele fazia acontecer o que Ele queria.
Resultado é que Ele sabia ponto por ponto o que é que ia acontecer. E a gente vê que naquele período tremendo, Ele mediu por assim dizer, milímetro por milímetro todas as dores, todos os sofrimentos que Ele teria, considerou de frente. E foi tal o peso daquela previsão sobre Ele, que Ele se pôs a suar sangue.
Ainda outro dia o Dr. Edwaldo estava dizendo que os médicos consideram que esse fenômeno do transudamento de sangue – é um fenômeno raríssimo! – acontece. Está estudado cientificamente porque é, são as capilaridades das veias que começam a se arrebentar. Ele deu uma explicação médica de que eu não me lembro bem qual é, mas enfim, acontece. Mas é uma coisa raríssima que uma pessoa leve a tensão a tal ponto, que chegue a suar sangue. É uma coisa muito rara.
Pois bem, isso se deu com Ele. E Ele ficou por assim dizer encharcado do Seu divino sangue.
Então, o primeiro sangue que o Redentor do gênero humano derramou por nós, este primeiro sangue foi na previsão do que Ele sofreria.
Mas daí veio o resto. É que Ele, considerando isto de frente, Ele mediu a desproporção entre essa enormidade de dores, e a natureza humana dEle. E pediu ao Padre Eterno que se fosse possível se afastasse dEle aquele cálice. Mas se não fosse, que o Padre Eterno Lhe ajudasse. Pediu que fizesse a vontade do Padre Eterno, e pediu ajuda. E veio um Anjo e trouxe um cálice misterioso para Ele beber. Ele bebeu o cálice e tomou a força para enfrentar tudo. E enfrentou a Paixão como os senhores viram, na lucidez completa até o último momento, sem um momento em que Ele denotasse arrependimento, tristeza, pesar por ter feito o que tinha. Pelo contrário, sustentando a nota até o fim! E passando por lances como esse: cair debaixo do peso da Cruz uma vez, respirar um pouco, tomar com ânimo a Cruz, duas vezes, três vezes, e depois disso ter que subir o Gólgota.
E Ele estava derramando sangue por todo o corpo que tinha sido flagelado, tinha sido batido. A sagrada Cabeça dEle tinha sido, por assim dizer, martelada com aquela coroa de espinhos, vertia sangue também.
Ele tinha uma contusão num olho. Uma coisa horrorosa! Ele subiu e chegando em cima, deitam a Cruz no chão “deita-te aqui, serás crucificado!”. Ele se deitou e começaram as marteladas nos pés e nas mãos. Ele sabia que daí para frente ainda ia tudo piorar. Até o extremo em que Ele ficou cravado na Cruz.
O Dr. Edwaldo estava explicando isso em casa, outro dia, que os crucificados nessa situação, ficavam assim: eles tinham que se apoiar sobre as mãos e os pés para não caírem. E aqueles pregos iam cada vez mais rachando aqui… Os senhores podem imaginar a dor! Sofrer isso só com uma das mãos e com o resto todo do corpo sadio, já seria uma coisa tremenda! Em qualquer hospital do mundo anestesiariam a pessoa, dariam coisas para dormir, para ter que furar a mão assim. Imaginem ali nas condições em que Ele estava, as duas mãos furadas.
Ele, para evitar a dor, quando ficava muito forte, Ele se apoiava contra a Cruz. E parece que Ele não tinha aquela espécie de acolchoadozinho para pegar os pés. Ele tinha que esfregar os pés dEle naquele lenho duro da Cruz, para tentar subir. Quando subia, Ele conseguia respirar um pouco melhor. Quando Ele respirava um pouco melhor, a dor nas mãos e nos pés estava tão tremenda que Ele afrouxava.
E entre essas dores e a falta de ar, que é uma das sensações mais terríveis que uma pessoa possa ter, Ele ia hesitando, como que pulsando até o fim.
Pois bem, até o fim as palavras dEle são de quem seguia um caminho que ia seguir etc., até o momento em que Ele diz: “Meu Pai em Vossas mãos Eu entrego Meu espírito”. Depois o Evangelho acrescenta: “et consummatum est”. Consumou-se tudo. “Efflavit spiritum”. Quer dizer, Ele morreu, a alma dEle deixou o corpo dEle.
Bom, tudo isto Ele previu ponto por ponto. Mas tudo isso Ele aguentou porque Ele previu, pediu forças, e venceu.
Então, o caminho do homem na perspectiva da dor é prever, pedir forças e aguentar.
E eu procuro fazer isso em todos os episódios ou perspectivas amargas de minha vida. E aconselho aos senhores: é prever! Apareceu a coisa do fato doloroso, apareceu a possibilidade de sofrermos com isso ou aquilo, primeira coisa: prever mesmo, e olhar até o fim a pior possibilidade qual é que é.
Depois pedir forças para aguentar, se vier aquela possibilidade. E para aguentar, a gente não diminuir o alcance do risco em nada. Preferir exagerar a probabilidade do risco, do que exagerar a quota de não acontecer.
Depois, se acontecer, pedir forças, é claro. Sem pedir forças não se aguenta nada, não se vale nada! O homem que não pede o apoio da graça é um pelutrica, porque ele não tem força para o sacrifício de sua vida.
E depois, vamos!
Então, chegando ao ponto que o senhor acabou de dizer há pouco: quando no “Em Defesa da Ação Católica” – antes de escrever o “Em Defesa da Ação Católica” [1943] – eu vi o que vinha, eu procurei ver até o fim.
Não consegui ver com os pormenores com que isso se apresenta hoje, porque não havia fatos que justificassem essa previsão assim. Mas de qualquer forma, eu procurei ver até onde me era possível ver com os dados que eu dispunha. E percebi bem que se caminhava para aquilo que se poderia chamar entre aspas o “assassinato da Igreja”. Quer dizer, o extermínio da Igreja.
E percebi confusamente – porque os dados não me davam para ver mais do que isso – confusamente, genericamente, eu percebi que era preciso me preparar para o último. Pedi forças, meti-me isso na cabeça: “você vai caminhar para o último, peça sempre forças e caminhe”!
De maneira que essa perspectiva que para os senhores era mais ou menos nova – os senhores são tão novos, não tiveram tempo de estudar os pormenores todos etc., etc. – para mim era uma perspectiva com a qual eu estava habituado há quarenta anos. E com a qual eu tinha me tornado familiar.
Não sei meu filho se fui claro?
Agora, daí decorre um fato. E aqui fica para os senhores um conselho: diante da dor, procurem ter essa coragem. E para ter essa coragem, peçam-na a Nossa Senhora. Ela é Medianeira de todas as graças e nos obtém a coragem para isso.
É interessante, quando a gente fala para um auditório de filhos numeroso como está esse aqui, a gente ver as reações das várias psicologias diante da dor. Porque o problema toca… os senhores todos nas suas jovens idades já tiveram perspectivas desagradáveis: tiveram medo e a coisa aconteceu, ou a coisa não aconteceu. Tudo isso mais ou menos em ponto pequeno, na proporção da idade dos senhores, os senhores já tiveram coisas dessas.
E são coisas que o homem tem horror a isso. E provavelmente – o mundo está reduzido hoje a isso – os senhores não tiveram muita gente que lhes ensinasse isso, nem que lhes explicasse isso, nem que desse esse exemplo em nada. Então, os senhores devem se ter habituado a ter uma espécie de pavor diante das coisas ruins que se aproximam.
E então, diante do pavor, uns otimistas, não querem olhar, e quando chegar a hora de serem tragados pelos fatos, não tem força.
Os outros são pessimistas e fazem uma ideia: “Nããão!! Tudo dá o pior possível, já vi, a vida é isso mesmo…” E há gente da idade dos senhores que já tem uma decepção e um pessimismo com a vida, que é uma coisa que eu julgo injustificável em qualquer idade. Quanto mais na idade dos senhores!…
Bem, qual é a atitude de alma que convém tomar? Não é nem esse otimismo, nem esse pessimismo: a realidade! A verdade! A verdade às vezes é péssima, às vezes é dura. Olhar de frente! Logo depois, pedir forças. Porque sem forças a gente não aguenta. E depois ficar firme naquela verdade como uma flecha que é atirada contra uma árvore, crava na árvore e fica firme na árvore! Vai me acontecer isto, eu vou ter que passar por tal coisa, provavelmente. Mas a probabilidade, eu vou – eu! – por malandragem, eu vou procurar não ver de frente. De maneira que eu vou procurar fazer um exercício sobre mim mesmo, para ver inteira como é: Nossa Senhora está me dando forças para isso, eu vou ver totalmente!
Não vou ter a fraqueza de exagerar. Isso é de poltrão. Mas eu vou ter a força de ver como é. E agora para frente! É o jeito que a pessoa tem para aguentar a vida.
Eu, uma vez estando na França, conversei com um velho senhor que era muito amigo do príncipe Dom Pedro Henrique, que me apresentou a ele. Um dos castelões mais pitorescos que eu tenha conhecido em minha vida: o Conde de Neubourg. E ele me contou o que tinha acontecido para ele na I Guerra Mundial, onde ele tinha combatido. Depois na II Guerra Mundial de novo. E aí ele já estava quase inteiramente velho, mas ainda teve que passar por coisas muito duras.
Mas eu via nele a integridade de um velho cavaleiro dos antigos tempos, habituado a ver as coisas de frente, assim como eu digo.
E ele então estava descrevendo: na guerra – nós aqui no Brasil, desde o tempo da guerra do Paraguai (eu admito que um bom número daqueles que estejam me ouvindo nem saiba bem em que ano arrebentou e em que ano terminou a guerra do Paraguai [dezembro de 1864 a março de 1870]), depois da guerra do Paraguai não tivemos mais guerra, e não estamos habituados a essa perspectiva: qual era a vida de um soldado no front francês no tempo dessa [primeira] guerra? E como é que vivia?
Ele falava então das trincheiras que eles escavavam. Eram trincheiras de um solo úmido, de maneira que ao longo das paredes das trincheiras escorria água suja, cheia de terra, cheia de lama etc., por causa da umidade do terreno. Baratas, parece que se tornavam numerosíssimas ali, não sei bem por quê. E por outro lado muita pouca comida. Agasalho quase nenhum.
E às vezes chegavam dois, três dias antes da batalha o general mandava distribuir, através dos oficiais, para todos os soldados – ele era simples soldado – mandava distribuir a notícia: “dia tanto, a tantas horas da madrugada, nós vamos fazer avançada sobre o front alemão às tantas e tantas horas. Sua trincheira tem que partir para o avanço a tantas horas. Não deem mostra de estar acordados durante a noite. Porque se derem mostras, o inimigo vai perceber que vocês estão se preparando para um combate de manhã. De maneira que passem a noite inteira sem acender nas suas trincheiras o menor fogo.”
Ele disse que começava a noite, jantavam, tentavam alguns brincar um pouquinho, levar a coisa a la leve, mas dentro de pouco tempo a coisa não pegava. Eles sabiam que no dia seguinte tinham que marchar para frente. Sabiam que marchar para frente era marchar de encontro à morte. Era muito fácil morrer… me desculpem a banalidade. Disse que começava a baixa [psicológica], a baixa, a baixa… acabava com a prosa, acabavam as brincadeiras, um ou outro procurava dormir, outro não conseguia dormir, e ficava a noite inteira esperando a hora da batalha.
Afinal de contas, olhando no céu quando é que chegaria a hora em que a corneta tocaria e era hora de sair e tocar para a frente a batalha.
Afinal em certa hora – e ele imitava, ele tinha um dom para imitar sons e imitar cenas extraordinário! era um ator – ele dizia que tocava a corneta: pan-pan-pan-pan! (ele imitava a corneta na perfeição) era o sinal de partir para o ataque.
Então, uns, mais corajosos iam saindo na frente, outros procuravam sair um pouco atrás para ver se diminuía um pouco a possibilidade de morrer. Porque aquele atrás de quem ele corresse servia de trincheira para ele, trincheira ambulante.
Em certo momento a fuzilaria alemã era tão grande que ceifava de todo o jeito. E o tambor batendo a ordem de carga, para frente, para frente, para frente! Se não fossem para frente, eram mortos por detrás pelos próprios soldados franceses.
De maneira que não adiantava fugir da morte da frente, porque se fugisse da morte da frente era morto atrás.
E ele então contava os tiques nervosos, as coisas todas dos soldados antes disso. Depois quando começava a coisa, dava um embrulho, uma encrenca, lá ia. E eles só se davam conta que estavam vivos, quando a batalha acabava.
Agora, o cavaleiro católico não combate assim. Ele pensa outra coisa: “Pode ser, pode ser, pode ser que eu morra durante essa batalha, mas o tiro que vai acertar em mim rompe a clausura que me separa do Céu! E a dor suprema da morte é ao mesmo tempo a aurora da verdadeira vida!”
No atoleiro do campo de batalha fica um corpo que vai ficar poeira. Mas essa alma, essa alma se morrer com a intenção de combater direito para cumprir o Mandamento da lei de Deus, que manda combater direito quando a nação nos convoca às armas, este morre como morre um mártir. E pode morrer tranquilo.
E se levar muito tempo para morrer, agonizando sem remédio, com a gangrena tomando conta do corpo, com dores inenarráveis, ele deve estar pensando que ele está dando glória a Nossa Senhora em sofrer tudo isto por causa dEla. E que quanto maior é o auge de dores por onde ele for passando, tanto mais é verdade que ele vai expiando seus pecados, encurtando seu purgatório e sofrendo por outras almas que estão em pecado, e que devem salvar-se.
Então, ele compreende que de todo sangue que ele verteu, verte e verterá, nenhuma gota se perderá, e ele morre na paz, porque ele sabe que está caminhando para o desfecho de sua vida.
Mas isto precisa prever antes, estar com o espírito habituado antes. Porque se a gente vai para a batalha sem ter esse espírito, na hora da dor não é o que se pensa. E os senhores sabem bem que pode inclusive haver gente que se revolte: “Onde é que se viu?! Deus me abandonou! Estou jogado aqui! O que é que é isto?!”.
E os senhores compreendem então bem como a pessoa tem que se preparar desde logo para esses lances e outros quaisquer.
Preparar como? Como Nosso Senhor Jesus Cristo no horto da agonia. Olhar de frente. É, está bem, vamos lá! Vai e vence!
Isso é meus caros o que eu tinha que dar.

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