Como se prevenir para as possíveis tentações do demônio na hora da própria morte? Conselhos de ouro

Santo do Dia, 29 de setembro de 1984 – Sábado

A D V E R T Ê N C I A

O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.

Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério tradicional da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras “Revolução” e “Contra-Revolução”, são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu livro “Revolução e Contra-Revolução“, cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de “Catolicismo”, em abril de 1959.

 

 

Meus caros, os senhores pedem com uma “verve”, com uma vivacidade, com uma originalidade de meios que me faz sentir com que saudades eu estava das proclamações, inclusive com o recurso original de suscitar esse juveníssimo… com tanto desembaraço, tanta naturalidade e apresentar um pedido que vós tínheis a me fazer. Vós levantastes o tema do juízo final.

Assim, de momento, para dizer alguma coisa sobre o assunto me ocorre lembrar que uma imagem do Juízo Final se encontra numa parábola do Evangelho [parábola dos talentos, n.d.c.].

Nosso Senhor conta, uma parábola, um caso inventado por Ele para instruir e formar as pessoas que o ouviam, conta o caso de um homem que tinha dinheiro para empregar e que foi viajar. Então, ele chamou os seus escravos e deu o dinheiro para eles aplicarem na ausência dele. A um ele entregou (eu não me lembro bem, mas enfim…) 3 moedas, a outro 2 moedas e ao terceiro uma moeda. Uma quantidade de moedas assim… Os 3 deveriam fazer render esse dinheiro na ausência dele. Ele foi viajar e os 3 começaram a perguntar o que é que fariam.

O de 3 moedas fez render o dinheiro. Ao cabo de algum tempo, ele tinha 3 moedas a mais. O de duas moedas fez render dois dinheiros: Faz pensar um pouco no sistema capitalista moderno em que se aplica o dinheiro e do dinheiro se tira o dinheiro… O terceiro tinha uma moeda só, ele pensou e disse aos companheiros:

Esse senhor nosso é um homem severo e vingativo. Se eu vou aplicar essas moedas e perder, eu posso sofrer uma punição muito grande. É melhor eu enterrar a moeda no chão num lugar que só eu conheço. Quando ele vier, eu desenterro a moeda e entrego para ele. Não sou passível de punição, porque afinal o dinheiro dele está aqui. Naturalmente não sou passível de prêmio ou de recompensa, porque também não fiz nada por ele. Mas ficam elas por elas. Eu fico sem a recompensa dele e fico sem o castigo dele. Vou vivendo. Eu acho que é a melhor solução”! Foi e enterrou a moeda.

Ao cabo de algum tempo, o senhor desses três escravos voltou e chamou, e disse:

– Agora, prestem as suas contas!

– Um disse:

– “Vós me destes três moedas, eu ganhei três com isto. Aqui estão.”

Ele chamou-o de servo bom e fiel e manifestou o seu agrado.

O outro das duas moedas, apresentou também duas moedas a mais. Foi chamado de servo bom servo e fiel e também recebeu uma manifestação de agrado do senhor.

Chegou o último que tinha recebido uma moeda e disse-lhe:

– “E tu com essa moeda?”

Ele disse ao dono:

– “Tu és um homem cruel e vingativo…” Uma coisa assim … “Por causa disso, eu enterrei a moeda e agora que chegas aqui está.”

Ele castigou este. Por quê? Porque ele deveria ter feito render a moeda e não o fez. Portou-se como um homem preguiçoso. Naquele tempo não havia banco – é um dos progressos que foi inventado mais tarde – e o homem não podia depositar a moeda no banco. Então, enterrou. Era um modo pelo qual muitas pessoas antigas guardavam o seu dinheiro contra roubos etc. Era enterrar escondido num lugar aonde ninguém sabia. De vez em quando, ainda se encontram, na Europa, no subsolo, caixas com moedas que foram enterrados por antigos que depois morreram e não tiveram tempo ou não quiseram contar aonde é que estava o dinheiro.

Bem, então, este foi castigado.

Este ato pelo qual um senhor entrega uma moeda, duas moedas, três moedas a escravos para que façam render e depois volta e pede contas, lembra a síntese do que se passará no Juízo Final. Porque na síntese, na síntese, é isto!

Porque Deus nos criou e entregou a cada um de nós com a alma que ele insuflou em nós, com o corpo, com as condições em que nascemos, com as circunstância em que vivemos, Ele nos pôs à disposição um mundo de circunstâncias favoráveis. Pôs também junto a nós muitos obstáculos. Circunstâncias favoráveis e obstáculos constituem em torno de nós um como que jogo. Trata-se de utilizar as circunstâncias favoráveis, trata-se de vencer os obstáculos, de remover os obstáculos e daí tirar um bom resultado para Deus.

Ao longo da vida, Deus faz muito mais do que isso para nós. Ele com ação inapreciável da graça penetra em nossa alma, desde o batismo, ele nos torna membros do corpo místico de Cristo, que é a Santa Igreja Católica Apostólica Romana. Ele nos torna membros do Corpo Místico de Cristo. E com isso Ele faz viver em nós a graça dEle, que é uma participação criada na própria vida incriada dele. É, portanto, um pouco como se Ele vivesse em nós. Um pouco… É ele vivendo em nós, de algum modo.

De outro lado, nós temos os Sacramentos: a Confissão, a Comunhão. Nós temos o Rosário, nós temos a devoção a Nossa Senhora, nós temos tantos, tantos e tantos recursos que a Igreja põe à nossa disposição até à última hora da morte. A Unção dos Enfermos, que era tão mais belo e tão mais correto chamar a Extrema Unção, que era dada “in extremis” para o homem, quando está em perigo sério de vida, lhe davam a Extrema Unção. Em perigo real de vida, não precisava de ser extremo… lhe davam essa Unção, que tonificava as forças física e preparava a alma… tonifica as forças físicas e prepara a alma para enfrentar a morte.

Tudo isto Deus nos dá e nos acompanha com a sua graça e com seus auxílios até o fim, até ao último instante antes da alma se separar do corpo, a graça está agindo em nós. O anjo da guarda está rezando por nós, está espantando de junto de nós os demônios. Nossa Senhora está pedindo por nós. Na corte celeste, santos e anjos de cuja existência nem temos conhecimento se interessam por nós, rezam por nós. Cada um de nós, quando morremos: -“Presta as tuas contas!” Presta as tuas contas!”

E num relance nós vemos tudo o que recebemos. Nós vemos tudo o que rendemos… Nós vemos tudo o que não rendemos…

E o Senhor Nosso… quem é esse senhor? É Nosso Senhor Jesus Cristo, é a Santíssima Trindade nos exige as contas: -“ Agora, vamos ver!”

No juízo final, isto se repete de maneira solene, um julgamento de todos os homens em conjunto. E mais uma vez, então, não é o juízo individual, em que cada um é julgado e toma o rumo que a justiça divina mandou. Não é isto. Mas é diante de todos, cada um é julgado. Aos olhos de todos se fará justiça. E a cada um é dito aquilo que é e recebe o caminho que deve receber.

Na biografia de Simon de Montfort [1160-1218] que eu estou lendo, encontrei um modo de injuriar da Idade Média limpo, forte e belo. Quando um daqueles lá queria dizer um desaforo para outro, dizia: -“Ó seu palha para o Inferno!”

É palha que vai para a fogueira eterna do Inferno. -“Paille d’enfer!” Palha de Inferno! O livro é em francês. Palha de Inferno. Esses todos vão ser palhas do inferno quando Nosso Senhor os mandar embora. Os outros vão para o Céu…

Há uma coisa que é de fé e que é absolutamente certo: nem um homem escapará desse julgamento. Não haverá um homem que não será julgado. Elias e Enoch que estão à espera no Juízo de Deus, eles devem antes vir à Terra, devem enfrentar o Anticristo. Elias deve ser morto pelo Anticristo. Enoch também. Depois, eles ressuscitam etc. Bem, Elias e Enoch com dois mil anos… muito mais de dois mil anos de existência (ninguém sabe o dia da morte deles quando será, ninguém sabe o fim do mundo quando será…), depois de uma vida tão venerável, tão admirável, tão extraordinária, morrendo, são julgados e tem que prestar contas: “Rede rationem tuam! – Presta as tuas contas!”

E isto vai acontecer com cada um de nós. O Juízo particular é terrível. O Juízo final é terrível também.

Eu me lembro que o primeiro homem que eu vi morrer em minha vida foi um contínuo do Instituto… da Faculdade de Medicina Veterinária aonde eu era bibliotecário, quando eu era estudante. Era um homem com um aspecto comum. Eu nunca tinha prestado atenção nele. Eu encontrava-o quando entrava ou saía, dizia “bom dia” ou “até logo”, mas não prestei atenção nele. Ele trabalhava numa outra seção. Eu trabalhava na outra biblioteca, ele trabalhava no almoxarifado. Acho que ele também não prestou atenção em mim. Nada… Zero vezes zero igual a zero. De repente, eu ouço um corre-corre lá e dizem:

– “ No almoxarifado, Fulano (nem me lembro mais do nome desse coitado) de tal está morrendo.”

Eu fiquei impressionado e pensei logo na alma dele. Mas havia o perigo de ser um engano. Aquela gente lá eram funcionários administrativos os que estavam lá. Os médicos já tinham ido todos embora. Estaria morrendo mesmo ou não?

Entrei no almoxarifado e encontrei esse homem, era um homem assim de meia altura, não muito gordo nem muito magro, lembro-me que tinha muito cabelo castanho. Ele tinha uma coisa esquisita, que devia ser sinal de má saúde, pois era um pouquinho gorducho e muito amarelo, mas de um amarelo sem sangue, assim cor de cera de vela amarela, uma coisa assim… Era de raça branca, não era de raça amarela. Mas era o colorido que ele tinha. Deitado no chão, ele estava até com o avental de trabalho dele. Deitado no chão, ele teve um ataque, com os dois braços abertos, assim… mas que se via que não tinham uma intenção religiosa. Era uma coisa casual, em forma de cruz. Os olhos vidrados, não vendo mais nada. Nhhhaaa… respirando…

Eu tomei depressa um táxi que estava passando pela rua, e fui pegar um padre agostiniano daquela igreja vermelha, na Aclimação… (não sei como se chama a Igreja) O padre veio com boa vontade e pegou o coitado em vida ainda… Deu-lhe a absolvição, tudo isso foi muito rápido, porque o padre veio logo. Mas eu percebi que ele já tinha adiantado muito os passos rumo à eternidade naquele pequeno instante ou naqueles poucos minutos em que nós não nos víamos. Ele já estava com o olhar mais vidrado, com o amarelo mais amarelado, com o rosto mais inchado, mais alheio à Terra. Parecia estar a meio caminho entre o Céu e a Terra.

Eu tive aí a impressão pungente que eu tive depois sempre que eu vi pessoas morrerem, quando vi o meu pai morrer, por exemplo. O isolamento em que fica muitas vezes aquele que não morre de imediato. Quer dizer, toma um ataque ou uma coisa qualquer e perde o contato com a terra. E fica só, sem que ele mostre ter conhecimento de que outros estão mexendo com ele, nem nada. Ele fica só, olhando para um ponto fixo como que chupado pela morte que o vai arrancando da vida. Naturalmente, pensando, pensando, pensando… Pensando no quê? No Juízo que vai vir.

Uma coisa tremenda… Uma coisa tremenda…!

Esse isolamento, eu li em livros de leitura espiritual etc., que é muito perigoso, porque nessa hora, o homem fica assim vendo que vem a morte, o demônio tenta. Porque o demônio quer, num último assalto, ver se leva o homem para o Inferno. Então, faz, dá a tentação que parece que é mais frequente…

Há vários casos de pessoas, já li também sobre isto, que quando sofrem um desastre ou quando estão numa situação em que sofrem um trauma muito forte, com iminência da morte, como numa fita rapidíssima, a vida inteira se passa diante deles. Lembram-se de tudo. Naturalmente, com senso crítico, eles se lembram de todas as coisas que fizeram e aí analisam coisas que eles não analisaram. Pecados que eles cometeram e que eles não perceberam que eram pecados. Atos de virtude que eles fizeram e que eles não perceberam que eram atos de virtude. Ações, nem pecado nem virtude diretamente, mas ações que eles levaram na despreocupação sem pensar em Deus, praticando-as como se fossem uns ateus. Tudo, tudo, tudo junto forma um dilúvio de setenta, de oitenta anos de existência pelos quais o homem, de repente, tem obrigação de dar contas.

Os senhores compreendem como pode vir a tentação: -“ Qual, para você não existe mais solução. Você está perdido. Tal ponto assim, você não confessou para o padre. Não confessou, não por má vontade, mas porque você se esqueceu. E agora, se o padre não vem te dar mais a absolvição, o padre liquidou com você as coisas, se o padre não vem mais te dar a absolvição, você está perdido, porque não foi perdoado.”

Na verdade, esses pecados estão incluídos nas confissões que ele fez. Mas o demônio mente. Na hora, o sujeito está com a cabeça atarantada, tendência a se desesperar. Muitas vezes tendência a blasfemar. Blasfemar na hora da morte.

Os senhores estão vendo como é perigoso o Juízo. Como é terrível o Juízo.

De que tesouros Deus nos vai pedir contas? Para nós aprendermos a prestar contas por este tesouro.

Há um tesouro  –  eu estou, portanto, falando em função do Juízo  –  há um tesouro que existe em nós. Este tesouro  –  em nós existem muitos tesouros  –   mas esses tesouro é especial: por causa da torpeza do mundo de hoje, pelo fato do mundo de hoje se ter entregue à Revolução no grau em que os senhores sabem, este tesouro quase todos os homens ou não usam ou destroem. E daí decorre uma série de males que não tem conta.

Muitas vezes, um homem que está assim para comparecer diante do Juízo de Deus, lembra-se: tal mau pensamento, tal mau olhar, tal coisa que ele fez de repente e irrefletidamente… Quantas ações más o homem comete irrefletidamente? Não chega a perceber que são ações más, ou se ele chega a perceber, não percebe inteiramente. Então, dir-se-ia que a culpa dele é nenhuma, pois se ele não percebeu, coitado, que culpa ele tem de ter feito aquilo? Não sei se está claro o problema.

A pessoa tem, então, vontade de dizer a Deus:

 – “Senhor, eu não percebi. Eu não sabia!” Para dar a entender a Deus (como se Deus pudesse ser enganado): se eu soubesse não teria feito! Se eu tivesse percebido, eu não teria feito. Logo não tenho culpa. Não me julgueis por causa disso!…”

Deus poderia dar a seguinte resposta  –  aqui nós batemos no ponto:

– “Ah! tu não percebestes? Tu não soubeste? Eu não te dei um entendimento, um senso capaz de notar o que está se passando em você? O seu corpo, você protegeu-o consciente ou inconscientemente contra a morte e a doença, cem vezes, mil vezes, cem mil vezes na vida. Bateu um mosquitinho na sua mão, você percebeu logo que estava se passando alguma coisa com você… Você tocou fora o mosquito e ainda limpou com um pouco de cuidado. Esse mosquito levava um veneno. Você o tocou fora, até assim, automaticamente. Mais adiante você estava no automóvel, guiando, veio outro e você disterçou depressa. Você não foi morto. Mais adiante, havia uma comida estragada no restaurante, você desconfiou e mandou vir outra. E isto, aquilo e aquilo… Você é capaz de perceber o que se passa em si!

“Você chega para o médico e conta direitinho o que você está sentindo. Às vezes, inferniza o médico de tanto contar sintomas dos quais alguns vem ao caso e dos quais outros não vem ao caso. Você leva contanto a lengalenga para o médico, mais ou menos indefinidamente. O médico ainda está impaciente e você ainda tem que contar que sentiu aqui no pavilhão da orelha uma pontada durante a noite.

Tudo o que se passa com o seu corpo, que atenção você presta! Mas se você é capaz de prestar atenção e de conhecer aquilo que se passa no seu corpo, você não é capaz de conhecer o que se passa na sua alma? Oh! Então, lhe foi dada a capacidade de observação, de conhecimento portanto, para aquilo que é secundário, para proteger a vida terrena e não lhe foi dada essa capacidade para proteger o capital que é a vida eterna? Oooohhhh! O que é isto? A obra de Deus é muito perfeita e ela não comportaria esta desordem. Você teria esta capacidade.

Mas por preguiça, por indolência, para não ver a realidade de frente, você não se habituou a prestar atenção no que se passa dentro de você. E você se sente, de repente, assaltado por uma tentação, tentação essa que você pensa que lhe pulou no pescoço na última hora, mas de fato, há alguns dias que você está com aquela inclinação má, te roendo por dentro sem que você tenha tomado providências. Você não quis prestar atenção, porque se prestasse era obrigado a combater. E você achou mais gostoso ir brincando com a tentação, ir utilizando um pouco da apetência deleitável que ela dava. Você achou melhor por causa disso, não prestar atenção. Você perdeu o hábito de prestar atenção em si. Donde, do fundo de sua alma, o pecado original, lançando toda a espécie de vermes a toda a hora, te conduziu a toda a espécie de perigos. E você não se deu conta.

Esses perigos, às vezes, você tropeçou neles… e caiu muitas vezes. Depois, depois, você se arrependeu, você se confessou. Mas para que você se emendasse, você deveria ter tomado o hábito de prestar atenção no que se passa em você, porque foi por falta dessa atenção que você pecou. E se você queria não pecar, de novo, você deveria começar a prestar atenção no que se passa em você. Você não o fez. O resultado é que a coisa se repetiu. Repetiu duas vezes, repetiu-se cinco vezes, repetiu-se cinqüenta vezes… e você ainda assim não tomou o hábito de prestar atenção no que se passa diante de você!

O resultado, é que você acabou perdendo a confiança em Deus!

Pedi a Nossa Senhora e Ela não me ajudou. O Memorare, que o Dr. Plínio calca tanto para nós rezarmos e ele garante com a ênfase dele que aquilo é assim… “e que nunca se ouviu dizer…” Eu recorri quantas vezes a Nossa Senhora… entretanto, não recebi ajuda! O que é esse Memorare? Nada! Eu não confio no “Memorare!” Eu não confio na oração… Eu já estou de pé, pronto a blasfemar. Ou já estou entregue a mim mesmo, pronto a desistir da vida espiritual, pronto a não mais lutar. Não adiantou… eu fiz o possível… o auxílio não veio, eu me deixei levar pela maciota…”

Quantas vezes isso se passa? quantas vezes?!

De tantos e tantos rapazes que os senhores atraem para Acies Ordinata, para a Saúde, quantos saem? Logo no primeiro mês, no terceiro mês… Por que saem? Em última análise, por causa disso. Quer dizer, eles deveriam tomar o hábito de prestar atenção continuamente no que se passa dentro deles. Não tomam este hábito. São assaltados pelo demônio de qualquer jeito. São assaltados pelo demônio de qualquer jeito… vem a tentação; é a tentação de preguiça, a tentação de ira, tentação de gula, tentação de inveja. Daí para fora. Todos os vícios capitais assaltam o homem. O homem não prestou atenção, tomam conta. Está acabado!

Os senhores falam aqui com um homem de 75 anos. Eu lhes garanto que se eu, agora enquanto falo aos senhores não prestar atenção no que se está passando em mim, em alguns trechos esta conferência fica ainda menos boa do que é, porque eu deixo de exigir de mim o necessário, me deixo levar pela preguiça. Ou, de vez em quando, a conferência sai dos trilhos e perde o seu sistema, sua ordem, porque eu começo a falar daquilo que eu estou com vontade e não daquilo que eu tenho que dizer, de acordo com o esquema que eu tenho que seguir. Começo que nem começo por fazer esquema: Vou falando ao léu. Por que? Porque é mais agradável ir falando como um doido que anda pela rua.

Quer dizer, nas menores coisas, ou nós prestamos atenção em nós dia e noite! E uma atenção crítica: o que é bom e o que é ruim. De que defeito meu procedeu tal inclinação? Quais são as principais inclinações más que há em mim, por nascença, porque eu fui concebido no pecado original, porque eu sou atormentado pelos demônios, porque cometi pecados atuais que deixaram em mim mais más ocasiões.

Todo o mundo vive hoje num meio mau, porque hoje o mundo é péssimo. Então, o meio também me solicitou. Essas solicitações podem ter deixado marcas em minha alma. Se eu não tenho noção disso e não me estou vigiando a todo o momento... mas “a todo” não quer dizer a maior parte dos momentos, não. É cada momento sem excepção de nenhum! Se eu não estou me vigiando a mim mesmo, eu farei o que eu não devo. Quererei o que eu não devo querer, tenderei ao que eu não devo tender. Acabarei fazendo o que eu não posso fazer! Precisa prestar atenção em todo o momento.

Ora, meus caros… Ora, meus caros… isto é a coisa mais dura na aparência para quem não tem esse hábito.

Eu vou dizer mais, parece impossível. Mas eu pergunto aos senhores: se não fizer isto, como sair da estória? Se todos nós prestássemos atenção, se todos nós prestássemos atenção em nossas almas como prestamos em nossos corpos, que almas primorosas nós teríamos! Se nós todos prestássemos ao nosso corpo a atenção que prestamos às nossas almas, que corpos esmolambados nós teríamos!…

Alguém… Alguém me dirá: – “Dr. Plínio, um homem pensa num só assunto. Ele não deve pensar em mais de um assunto de uma vez, porque ele pensa mal pensado. O objeto da atenção de um homem é um ponto. Então, se o senhor está falando aqui a respeito do Juízo, o senhor não pode ao mesmo tempo estar prestando atenção em si. Porque a atenção se divide e o senhor fará mal uma coisa e outra. Não prestará atenção no Juízo e, de outro lado, não prestará a atenção em si. O senhor tem certas horas em que tem que esquecer do senhor mesmo e de sua vida interior para prestar unicamente atenção no que está fazendo. É até um dever! Porque, de contrário, por exemplo, o senhor fará mal a sua conferência, que é uma obrigação do senhor fazer bem, ao menos tanto quanto eu possa!“

Agora, qual é a resposta?

A resposta é: sofista, chicanista, cala-te! Eu vou te mostrar, patife, que você está fazendo isto, está dizendo isto, exclusivamente para me criar o embaraço porque é meio difícil demonstrar o contrário. Mas eu vou provar que você está continuamente pensando em mais de um assunto. E aqui, vou te provar aqui, na palma da mão!

Basta que se faça uma pequena referência capaz de lisonjear o seu amor-próprio, ou de contrariar o seu amor-próprio, que você tem um sismógrafo que imediatamente registra, e com uma vibratilidade extraordinária.

Você está sempre à procura,  com a atenção posta no que lhe é humilhante ou no que lhe é elogioso. E aquilo, de tal maneira que você pode estar tratando do que quiser, se entrar um pontinho que toca no seu amor-próprio, você sente imediatamente. Você está ou não está prestando atenção em dois assuntos? Agora, me diga!

Não tem “vueltas y vuelteretas” [fugas]. Isto é assim! É assim e não é de outra maneira. E não é só consigo. É numa série de pontos. Se o bem ou mal falado disser respeito aos senhores seus pais, disser respeito aos seus irmãos, disser respeito a pessoas com as quais você tem rivalidade… um elogio que se faça a uma pessoa com quem você tenha rivalidade, seu amor-próprio percebe e a inveja ferve. Não me venha dizer que não, porque eu sou homem como você e sei como é a criatura humana. É claro.

Então, você tem um verdadeiro caleidoscópio de coisas em que você presta atenção continuamente. E já a atenção viva, pronta a entrar de lança em riste, caso se toque na questão. E você quer me dizer que você não pode prestar atenção em dois assuntos ao mesmo tempo?!

Você presta atenção em vinte assuntos, cinquenta ao mesmo tempo. Você o que não faz é prestar atenção no destino eterno de sua alma! Você o que não faz é prestar atenção nos direitos de Deus. Você não gosta de se lembrar que Deus existe. Você não gosta de se lembrar que um dia você será julgado. Não é tema de que as pessoas gostem.

Os senhores imaginem uma roda social. Quantas vezes acontece isso? Hoje em dia que é a época das doenças, em que todo o mundo vive em médico: todo o mundo tem intoxicação, tem alergia, tem não sei o que, não sei o quê… todo o mundo vive com uma mazela qualquer. As pessoas já usam caixinhas de remédio com três, quatro pastilhas, cinco com as cores da mentira. São remédios, uns cor de rosa, outros verde claro… outros azulzinho… para entender que tomar um remédio é quase como comer um bombom. As cores da mentira. O mundo vive mentindo.

Está-se conversando sobre doença. Bons médicos e maus médicos… está a conversa solta e os senhores entram… os senhores imaginem que em certo momento da conversa, quando a conversa morre um pouco, um dos senhores diga:

– “Meus senhores e minha senhoras (ninguém mais usa essa linguagem; ninguém! Ninguém; Ninguém!) – minhas senhoras, meus senhores, estão conversando sobre tema tão interessante, estão tratando da saúde de seu próprio corpo, coisa tão importante…

Todos já [ficam na expectativa do que vem]

“Estão se ajudando, pelo que contam, cada um vai tomando um pouco mais de experiência desses assuntos, vai sabendo quem são os médicos de boa fama, quais são os médicos de má fama, quais são os remédios bons, quais são os remédios maus. Numa hora de doença todas essas informações podem ser interessantes… Os outros todos concordam: está bem!

“Tudo isto os senhores fazem para evitar a morte.

Pronunciada a palavra morte, uma névoa… uma névoa entra na sala.

“Os senhores sabem que o homem de hoje gosta de qualquer tema, menos da morte. E se ele fala da doença é para fugir da morte. Mas ele é um inimigo da morte. Isso de um lado.

“De outro lado – os senhores continuam – os srs. estão falando para evitar a morte, mas, as vezes o homem não evita a morte. Todos havemos de morrer.

As caras mudam… Imediatamente, na roda, um conversa com a outra. Outro boceja, outro abre um jornal, que é para dar a entender: cale a boca! Porque é que você veio nos lembrar essas verdades, entretanto, incontestáveis!

Os senhores puxam mais longe a coisa e dizem:

– “Eu estou falando isto… já perceberam o que é que se está passando no interior dos senhores? Eu vou analisar o calafrio que deu, quando falei de morte...“

A visita não continua… Os senhores de um modo ou de outro, os senhores saem da casa. Por mais liberal que seja o ambiente que os senhores estejam visitando  –  o ambiente que tolere as maiores imoralidades, as maiores asneiras, diante do qual se possa dizer as coisas mais banais ou mais fúteis, ou piores e que toleram tudo (porque a educação manda tolerar o que dizem os visitantes), se os senhores falarem desse ponto…

Meus caros vivam prestando atenção no seu interior para saber o que é pecado ou não, e assim vocês terão o Céu!”… a visita acaba! Os senhores, dentro de cinco minutos, têm que sair da casa.

Eu acho que os senhores não têm a menor dúvida. Quer dizer, é impossível. É gente que não quer prestar atenção no seu interior e gente que vive com outros que não prestam atenção no seu interior. Não querem saber, porque uma das coisas que a Revolução mais meteu no homem é o horror de prestar atenção dentro de si mesmo.

Agora, vejam como é o mundo… Isto é assim! Eu conheço experiências dessas, aonde na véspera morreu alguém. Vão fazer uma visita de pêsames. Não se faz no dia seguinte ao da morte, mas se faz no outro dia depois do da morte. É uma convenção que no dia em que morreu o indivíduo, no dia seguinte, a família está acachapada de dor. Então, só se visita no outro dia.

Bem, vai visitar… entra lá… procurem conversar a respeito do morto. Não querem. Morreu, não falam mais no que morreu. Foi-se embora. Vão dividir as coisas dele, certamente… isso é… não tem a menor dúvida… vão dividir o que é dele e só se fala dele para dividir. Às vezes, por cerimônia, põem no living uma fotografia dele, numa bonita moldura, se a família tem dinheiro; numa moldurinha de matéria plástica se a família é pobre. Mas põe ali uma fotografia, é o máximo! Depois, não se fala mais. Porque transpôs o limiar da morte. Há três ou quatro dias, essa pessoa era a vida e a animação da família. Morreu, é o terror da família falar-se a respeito dela. Desapareceu. Todo o mundo procura recompor a vida, sem aquele que morreu. Foi embora, foi embora, foi embora… A eternidade está longe. Resultado: procuram nem se lembrar do morto…

Prestam atenção em si mesmo, fazem uma espécie de exame de consciência de si mesmo, quando se sentem tristes. Por que estou triste? Ah! Estou me lembrando de tal que morreu. Não vou mais pensar, muda de assunto.

Estou me lembrando de tal doença que talvez eu tenha. Enquanto não chega o resultado do exame, vai me fazer mal para a saúde eu pensar. Então, eu não vou pensar no resultado do exame até a hora do exame chegar porquê do contrário… Aí eles se controlam. Aí, fazem exame interior e sabem o que se passa dentro deles. Fora disso, não. Quer dizer, para tornar a vida agradável, eles fazem exame. Para servir a Deus, para evitar que a alma se lance nas mãos do demônio, não tem exame.

O resultado: quanto por cento de possibilidade de salvação tem uma pessoa que procede assim?

Agora, um dito afetuoso: quando uma pessoa tem o hábito de prestar atenção em si, ela fica com uma fisionomia especial. É uma outra dimensão que a pessoa adquire. Dimensão psicológica, dimensão interna. A pessoa adquire outra dimensão. A gente olha, o olhar é consecutivo, ordenado, não borboleteia de um lugar para o outro; os gestos da cabeça e de tudo mais, as atitudes são atitudes que têm propósito. Tudo se segue de acordo com certa lógica, com certa re-fle-xão… reflexão! Com certa cal-ma.

Se pusessem numa sala cinco pessoas, quinze pessoas ou vinte, um número qualquer de pessoas obrigadas a ficar quietas sem poder falar, sem poder ler. Só, assim, nunca sala razoavelmente confortável. Essas pessoas estarem, por exemplo, dez horas nessa sala, ao cabo da primeira hora, como não estão habituadas a prestar atenção em si, começavam todos a prestar atenção uns nos outros.

Ao cabo da primeira hora, já se teriam conhecidos uns aos outros, sabiam como eram, já não estavam prestando atenção uns nos outros. Começavam as recordações e as fantasias. Ao cabo da segunda ou da terceira hora, as recordações e as fantasias tinha desaparecido. A pessoa estava agitada, infernizada. Consulta o relógio. Faz um sinal para o outro, para perguntar se o relógio está certo. Por quê? Porque está só, está só! E só pode prestar atenção em si. Não quer, porque o seu interior lhe contará coisas desagradáveis.

Soltem essas pessoas na rua: [elas] olham para todos os lados, conversam inconsideradamente, andam de um modo descompassado… Todas as espécies de gestos, de atitudes de fisionomia, que indicam a frivolidade, a irreflexão, a mudança contínua de estados de espírito interiores.

Se a gente filmasse, através de um pequeno buraco feito no teto, numa posição estratégica, essas caras ou uma pessoa que estivesse olhando essas caras, poderia facilmente dizer quem tem o hábito de prestar atenção em si e de governar-se a si próprio e quem não tem esse hábito.

Quem tem o hábito de governar-se a si próprio [quando] não tem o que fazer, senta-se calmamente numa poltrona, reza, põe em dia as suas orações. Terminadas as orações fica numa certa tranquilidade, bem-estar… Tem vida interior. Vive dentro de si mesmo.

Quando a pessoa não é assim, quando a pessoa não tem o hábito de prestar atenção no seu interior, esvoaça para todos os lados, se agita, bate com o pé; se tem um cigarro ao alcance, fuma; mas também fuma um pouquinho e apaga logo o cigarro, porque enjoa do cigarro, depois, pega noutro cigarro… Uma porcaria… Enche os cinzeiros. É a imagem da desordem, porque está com a desordem dentro da casa. E quem tem desordem dentro, tem desordem fora.

Como se pode evitar uma coisa dessas?

Então, eu aqui vejo tantas fisionomias diante de mim. Não é mau que eu me pergunte quem tem o hábito de se examinar a si próprio. Os senhores não acham que é inevitável que eu me pergunte isso? Eu acho que é inevitável. Eu me pergunto. E eu devo confessar que não é a maioria, exprimamo-nos assim, que tem hábito de prestar atenção em si mesmo. Eu fico ardendo, ardendo, ardendo pela oportunidade de ter um dia em que eu possa tratar disso!

Hoje, se apresentou essa oportunidade de um modo muito natural. Eu peguei imediatamente a oportunidade.

Mas do que é que adiantará eu dizer isto se as pessoas não tem o hábito de prestar atenção em si mesmas? É um ciclo vicioso: elas vão esquecer. Ela sai daqui dizendo que o santo do dia foi fenomenal. Depois vão pensar em outra coisa, porque como isto não é agradável, não tem perigo, não volta à memória. O homem que soit disant, que na aparência não presta atenção em si mesmo, presta bem atenção de afastar da atenção o que lhe possa incomodar.

Então, nós deveríamos sair daqui com uma resolução prática. Os senhores compreendem que eu não vou dizer o seguinte: a resolução é essa – passar o dia inteiro prestando atenção em si.

Depois, meus caros, vamos falar com franqueza: todos nós fomos concebidos no pecado original, não é? De dentro de nós sai tudo quanto é droga. Acontece… acontece… acontece… que muitas, muitas vezes, o homem se habitua a prestar atenção em si próprio e ele começa a prestar atenção mega [vaidosa] em si. Olha para as qualidades que tem e encontra até as qualidades que não tem. E forma um panorama completamente mega das coisas e de si próprio.

Fica com o que nós chamamos espiritualite”. É uma visão mega de si e um gosto doentio de se coçar a si próprio. Imaginar, dentro de si, problemas espirituais que não existem, para poder fazer uma consulta e chamar a atenção do diretor espiritual, só! Ser o centro da atenção do diretor espiritual durante algum tempo. Fabrica problemas que não tem.

Então, a complexidade é tal que a gente tem que prestar atenção sobre o modo de prestar a atenção. Então, como é que nós podemos vencer isto? Como é que nós podemos tomar uma atitude séria perante a vida? Uma atitude forte perante a vida? Se não somos sérios nem fortes perante nós?

O que eu proponho é um primeiro passo. Mas um primeiro passo tão simples: é começar a rezar a Nossa Senhora, para ela nos dar o desejo de prestar atenção em nós. De prestar retamente atenção em nós. Prestar atenção em nós, não para nos admirarmos, mas para encontrarmos os nossos defeitos. Um homem não deve nunca prestar atenção nas suas qualidades. O ideal é que um homem ignore as suas qualidades; conheça os seus defeitos, isto sim.

As qualidades ele encontrará na contabilidade do Céu, maravilhosamente contabilizadas, com os melhores juros que jamais ninguém pagou a ninguém. Juros mariais! Portanto, pratiquem a ação boa, interior ou exterior, e não pensem mais nela. Ela entra nas balanças do Céu, mais carregada ainda de ouro. Como os senhores, ao menos a grande maioria fez a Consagração [a Nossa Senhora segundo] São Luiz Maria Grignion de Montfort, ela toma essas nossas pobres ações e ela oferece, porque como somos escravos dela, ela oferece as nossas ações:

– “Meu Filho, aí está!”

Ele diz:

– “Minha Mãe, que pobre frutinha esta que está aí. É um araçá do campo, é um ingá sem sabor, mas vejo de Vossas mãos, Vós sorristes para este fruto e ele para mim ficou saboroso.”

Então, peçam todos os dias, mas em ocasiões fixas, determinadas do dia. Podem pedir também a mais do que isso. Mas nessas, certamente: por ocasião da Comunhão, por ocasião do Rosário – um dos terços do Rosário ser destinado a isso; na hora de dormir e na hora de acordar. Quatro ocasiões! Aliás, eu deveria ter dado na ordem mais exata; na hora de acordar, na hora da Comunhão, na hora do Rosário e na hora de dormir. Esta é a ordem cronológica mais ou menos do dia de um homem.

E peçam simplesmente isto: tomem os mistérios que estão rezando. Ou os gozosos, os dolorosos ou os gloriosos, os senhores ofereçam, peçam a Nossa Senhora:

“Minha Mãe, eu durante todas as contas deste terço que eu vou rezar, ainda que eu me esqueça desta intenção, eu quero Vos pedir:

1º) Devoção a Vós (porque é sempre o primeiro pedido: pedir a Nossa Senhora devoção a Ela – primeiro pedido sempre, sempre-sempre-sempre; a gente tendo isto tem todo o resto): então, primeiro, eu chegar ao píncaro da devoção a Vós;

2º) Vós me dardes a força, a disposição de mim tal, que eu esteja sempre prestando atenção em mim e me guiando adequadamente.“

Peçam! Peçam! Que os senhores verão que isso que lhes possa parecer impossível, se tornará possível. Essas próprias palavras que eu estou dizendo aqui podem servir de oração. Uma oração simples, a mais simples possível. Essa oração os srs. podem dizer, é muito, muito bom, é inapreciável, quando os senhores assistem à Missa, na hora da Consagração, em que Nosso Senhor Jesus Cristo renova, de um modo incruento o Sacrifício do Calvário, os senhores pedirem por meio de Nossa Senhora, que ele ofereça o Sacrifício do Calvário por essa intenção:

1º) Devoção a Nossa Senhora, que traz consigo a devoção a Ele;

2º) Atenção a si mesmo. Atenção a si mesmo. Atenção a si mesmo.

 É tão simples, por que não fazer isto? Fazer metodicamente. Se os senhores simplesmente levarem daqui esta resolução, eu poderei dizer que esta noite terá sido uma noite bendita!

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Uma vez eu estava rezando na igreja da Luz [foto acima – PRC, ABIM – Agência Boa Imprensa] e meus olhos caíram naturalmente sobre a lápide funerária que está na capela-mor. Eu li. E vi que estava ali enterrado o famoso Frei de Santana Galvão – Luiz de Sant’Ana Galvão, se não me engano – frade franciscano (as freiras lá são franciscanas), que tinha sido o fundador daquele convento. Ele está sepultado lá. É um convento de freiras concepcionistas, um ramo das franciscanas.

Então, vem o elogio dele: “Aqui jaz Frei de Sant’Ana Galvão, etc. … (depois vem o elogio) que “aninam suan in manus semper tenens”, no dia tanto “eflavit spiritum”,  que tendo sempre nas mãos a sua alma, no dia tanto… piedosamente exalou o seu espírito.

Eu fiquei empolgado com a sobriedade e a riqueza desse elogio. É um homem que tinha nas suas mãos a sua alma. Fazia dela o que ele queria, porque prestava nela atenção constantemente e tinha bastante virtude para fazer dela o que queria. Que elogio! Que magnificência!

É querer-lhes muito bem, desejar-lhes este grande bem.

E com isto fica dado o santo do dia…

(Aparte: Pedem um episódio da infância do Prof. Plinio, um “fatinho”)

“Fatinho”… Eu estou querendo ver se encontro um fatinho relacionado com a matéria.

Aqui os senhores veem a diferença de preocupações: os senhores estão querendo o fatinho. Não se lembraram do que se vão esquecer do que eu disse. O “fatinho” vai apagar, nas almas dos senhores, o que eu disse. Por quê? Porque não olharam para dentro de si. Não se conhecem? Querem o fatinho!

Os que acham que se passou isto com os outros, levantem o braço!

(Burburinho…)

Porque aos outros a gente conhece melhor que a gente… É terrível, é assim!

Está dado o fatinho?… Ahahah… Vamos ficar no assunto.

Nota: Para outras matérias sobre o mesmo assunto, consulte

* 1974-02-02 – Meditação segundo S. Inácio de Loiola: a morte e o Juízo particular. O verdadeiro arrependimento

* 1983-07-23 – “Meditai nos vossos novíssimos (morte, juízo, Céu ou inferno) e não pecareis jamais” (Ecli. VII, 40) – Considerações e aplicações concretas desta sapiencial máxima das Sagradas Escrituras

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