Como atrair as graças de Nossa Senhora e as almas: reação aos defeitos dos ambientes (conclusão)

A D V E R T Ê N C I A

O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.

Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério tradicional da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras “Revolução” e “Contra-Revolução”, são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em seu livro “Revolução e Contra-Revolução“, cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de “Catolicismo”, em abril de 1959.

 

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1. O modo de atrair as graças de Nossa Senhora e de atrair as almas

Ambiente da sede definidamente contra-revolucionário – Talvez não tenha sido antes explicitado que o modo de atrair as almas para Nossa Senhora é ser fiel nesse ponto. Ou talvez não tenha sido usada esta fórmula. Mas Nossa Senhora está dando esta graça agora. O modo de atrair as almas – em primeiro lugar, atrair as graças de Nossa Senhora – é este: uma posição militante, na sede, contra os erros que infectam os ambientes revolucionários. As pessoas percebem a razão de ser delas na sede, quando encontram a diferença entre a TFP e o que há de revolucionário no mundo que as cerca. Quando não encontram essa diferença, instintivamente todo o Grupo não tem sua razão de ser.

Onde o ambiente é de indefinição, por exemplo, a formação a ser dada deve ser frontalmente de definição. Se não for isso, o Grupo fica vazio. Resultado: não atrai. Está bem – alguém poderia dizer -, mas não repele. Repele, porque uma sede que não tem rádio, não tem televisão, não tem isso ou aquilo, mas também não tem uma outra coisa para atrair, fica vazia. Além do mais, nós só devemos querer de fato atrair aqueles que são frontalmente contrários ao espírito dos ambientes revolucionários que os envolvem.

Vivências revolucionárias que afastam as graças – Isso supõe um trabalho prévio, por parte dos militantes da Contra-Revolução: ter o espírito contra-revolucionário na hora das vivências, e não apenas no plano teórico.

2. O fracasso no apostolado

Um grupo de pessoas que desejam combater a Revolução, e que, entretanto, não faz seriamente a crítica e a reação ao espírito revolucionário dos ambientes que o cercam, vive em um estado de conivência comum, corrente, com esses ambientes moldados pela Revolução. Resultado: estanca. A conseqüência é que as pessoas vão à sede e não encontram o contrário dos ambientes revolucionários que conhecem. Encontram uma espécie de coisa adaptada, melhorada. Mas não cria aquele caso de consciência (o “choque” contra-revolucionário, como está escrito na RCR, n.d.c.), que resultaria de uma posição definidamente contrária à Revolução tal como ela existe no lugar. Quer dizer, na ordem prática das coisas há uma porção de vivências que não são as vivências contra-revolucionárias.

Quando isso acontece, o resultado é o que vemos algumas vezes em vários exemplos históricos: as graças caem poucas; ou melhor, são muitas e entram poucas, porque são rejeitadas. E dentro do ambiente do movimento não há aquele sal forte do verdadeiro ultramontano. É uma coisa meio aguada.

Imagine-se alguém chegando aqui e tendo um choque. Vem falar comigo, e me encontra com uma pilha de títulos [aplicações financeiras], e eu o tratando assim: “O senhor me desculpe, pois eu não vou conversar com muita atenção, porque há aqui uma transação financeira muito importante, que preciso fazer, e que me está tomando muito a cabeça. Mas, enfim, vamos conversar”. Só de eu dizer isto, seria como se eu tivesse dado na pessoa uma pancada! E a comunicação dessa pessoa comigo cairia. O que houve aí? Eu teria aderido à mentalidade errada, dos ambientes sinárquicos.

Alguém pode me perguntar, a respeito da mentalidade dos vários tipos de ambientes revolucionários, se são um pecado. Eu digo: para as noções correntes de pecado, não são; mas quando a gente vai ver o que é o amor de Deus, são. Eu me meter assim com os títulos seria pecado, não porque a transação é desonesta, mas porque entra uma impostação do espírito que me afasta do amor de Deus.

3. Os novos querem ver o holocausto dos mais velhos

Uma certa admiração, que aqueles que se aproximam dos militantes da Contra-Revolução devem ter em relação a estes, e que uns e outros devem ter em relação aos mais velhos e aos dirigentes dos Grupos da TFP, tem algo de pessoal, como não pode deixar de ser, mas não nasce se não encontra uma oposição definida e frontal ao espírito revolucionário.

Os que entram querem ver em nós almas sofredoras, que de fato estão sofrendo. Eles querem, simbolicamente falando, ver nosso sangue. Se não sentirem nosso sangue, nosso suor, nossas lágrimas – como dizia Churchill – derramados em favor da causa católica, nós não atrairemos gente em torno de nós. Há uma expressão da Escritura que diz: “Sine sanguine non fit remitio” – Sem sangue não se faz a remissão dos pecados, não se atraem as almas. Se, por exemplo, alguém achasse que, segundo a expressão corrente, eu sou um “boa vida”, eu não teria a amizade dessa pessoa, a sua confiança, que poderiam alegrar-me tanto. Por quê? Porque ela desejaria ver em mim a pessoa que se sacrifica de fato pela Contra-Revolução, que está inteira na Contra-Revolução. Isto os contra-revolucionários, consciente ou subconscientemente, querem ver em mim. E se não vissem, eu não teria a confiança deles.

Se em algum lugar houver esse estado de espírito que acabei de descrever, de não oposição frontal aos ambientes deformados pela Revolução, não aparece o sangue. E o resultado é o vazio. Porque, no fundo, aí não se encontra essa ruptura com o espírito revolucionário, não se encontra esse fogo, não se encontra esse sacrifício.

4. Como agir, concretamente, em cada lugar

Em cada lugar, os sócios e militantes devem estudar um modo que seja, o mais definidamente possível, contrário ao estado de espírito, aos estilos de vida, aos erros explícitos ou implícitos que impregnam os ambientes revolucionários que os envolvem fora da sede.

Uma coisa, sobretudo, que seria muito importante, é uma formação que procurasse acentuar muito os valores culturais e artísticos que a Civilização Cristã fez desabrochar através dos séculos, e a criação de um ambiente digno, elevado, e que fale de combatividade, sublimidade, etc. tudo isso em oposição à conaturalidade com a vulgaridade, com o descomposto, com o igualitarismo, com o brinca-brinca, com a idéia de que todos os homens são bons, etc. Pôr nas paredes aqueles quadros e gravuras adequados, indicando uma coisa completamente diferente e elevada. Começar a chamar a atenção das pessoas que freqüentam a sede para todas as riquezas da Civilização Cristã. Enfim, em cada lugar, as peculiaridades ou o tônus do espírito contra-revolucionário dos sócios e cooperadores, do ambiente das sedes, das técnicas de apostolado, etc., devem ser estudados e aplicados, concretamente, com o intuito de oferecer uma frontal oposição à mentalidade que caracteriza os respectivos ambientes, deformados pela Revolução.

É da maior importância que aqueles que se dedicam ao recrutamento de novos contra-revolucionários apliquem os princípios aqui estudados nos lugares em que exercem suas atividades. Isso lhes será útil, não apenas para se imunizarem contra as várias manifestações locais do espírito revolucionário – cujo colorido varia de região para região, e que precisa ser detectado em seus diversos matizes – como também lhes possibilitará fazer a modelagem do ambiente interno das sedes, dos estilos de vida interna, das modalidades de atuação junto aos novos, etc., de modo a que tudo reflita um estado de espírito definidamente contrário à mentalidade revolucionária que conseguiram perceber em torno de si. Sem essa crítica e essa oposição frontal ao espírito dos ambientes deformados pela Revolução, os que fazem apostolado terão sua vida interior e o seu trabalho apostólico expostos à esterilidade.

São as graças de Nossa Senhora, antes de tudoque deverão ser almejadas pelos que trabalham pelo aumento das fileiras da Contra-Revolução. Tais graças não caem – ou caem poucas, ou então caem muitas e poucas ficam – se as almas não se transformam em “tabernáculos” da Contra-Revolução.

Para isto é preciso, em primeiro lugar, recorrer a Nossa Senhora, e depois aplicar os princípios aqui desenvolvidos: crítica e reação contínuas diante da Revolução tal como ela, in concreto, se manifesta em torno de nós; e atitude frontalmente oposta à mentalidade dos ambientes revolucionários.

É assim que se cria em cada sede, em cada lugar, o ambiente que Nossa Senhora quer. Os senhores devem fazer o seguinte raciocínio: a sede deve ser tal como seria se Nossa Senhora estivesse presente. Não sendo assim, não está bom!

 

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ORAÇÃO

Ó Coração Sapiencial e Imaculado de Maria, imploramo-Vos que torneis profunda a nossa formação e eficaz a nossa ação, para a Vossa maior glória neste lugar. Assim, nós Vos suplicamos que nos concedais a plenitude de Vosso espírito e uma fidelidade inteira aos princípios da Contra-Revolução, e que nos abrais os olhos para conhecermos, rejeitarmos e combatermos aquelas disposições de alma, aqueles modos de ser, de pensar e de viver que caracterizam, no ambiente em que nos encontramos, a oposição à implantação do Vosso Reino.

Cor Sapientiale et Immaculatum Mariæ,

Opus tuum fac!

 

Parte 1a – A Revolução não existe apenas no plano teórico, mas se manifesta, concretamente, nas pessoas, nos costumes e nos ambientes

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