Carta do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira à “Folha de S. Paulo” (15/8/1984)

Catolicismo, N° 404, agosto 1984, pág. 11

Em 15/8/84, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira escreveu carta à “Folha de S. Paulo” sobre a utilização do nome da Sra. sua Mãe. Reproduzimos abaixo o texto da missiva, publicada pelo matutino na edição de 17/8/84:

POR CURIOSA coincidência, precisamente hoje – festa da Assunção de Nossa Senhora – se completam 5 anos do dia em que assinei uma carta ao sr. Júlio de Mesquita Neto, diretor de “O Estado de S. Paulo”. Nela, formulava eu caloroso protesto contra comentários daquela folha sobre disparates postos em circulação em certos ambientes, acerca de preces e homenagens dirigidas por sócios e cooperadores da TFP à alma de minha querida e veneranda Mãe.

A esse protesto, publicado na íntegra pelo matutino, e comentado por ele com urbanidade, nada mais se seguiu sobre o assunto.

Longe estava eu de esperar, então, que os jornais dirigidos com brilho por meus amigos Frias, e Frias Filho, sendo eu embora há 16 anos colaborador da “Folha de S. Paulo”, houvessem de me colocar em análoga contingência, decorrido exatamente um lustro.

É entretanto o que se dá a propósito do artigo intitulado “Líder da TFP é acusado de autopromoção”, que ambas as “Folhas” publicaram hoje.

Assim, aqui fica consignado, por análogas razões, análogo protesto.

Sendo público o comparecimento de elevado número de pessoas à campa de minha Mãe, no Cemitério da Consolação, é compreensível que, sobre a consonância deste fato com a doutrina e as leis da Igreja, apareçam aqui e acolá comentários e perguntas; se bem que análogas preces e homenagens se dirijam – cumpre notar – em nosso País, aos restos mortais de numerosas pessoas falecidas em odor de santidade, mas cuja beatificação ou canonização a Igreja não decretou, e talvez jamais venha a decretar. Dou como exemplos o querido Frei Galvão, em São Paulo, o ínclito Bispo D. Vital, em Recife, o Pe. João Batista Reus, em São Leopoldo (RS), o Pe. Eustáquio van Lieshout, em Belo Horizonte, e tantos outros. E a respeito da liceidade canônica desses atos não se levanta qualquer objeção.

Assim, eu não censuraria que as “Folhas”, ou qualquer outro jornal, tratasse do assunto no alto nível a este inerente.

Pelo contrário, eu contribuiria até de bom grado para um diálogo sobre o tema. E hoje mais do que nunca, já que foi este exaustivamente tratado pela obra “Refutação da TFP a uma investida frustra“, editada por nossa entidade em dois volumes, o primeiro com 497 páginas, e o segundo com 453.

Mas, o que absolutamente não posso deixar passar sem o mais formal e caloroso protesto é o modo irreverente, deselegante, eu quase diria soez, com que esse assunto foi posto no artigo em questão.

Basta que eu diga que esses são os defeitos imputáveis a tal publicação, para que eu tenha a certeza de que ela terá saído a lume sem a prévia autorização dos amigos Frias, e Frias Filho.

Entretanto, a divulgação deste protesto é de todo necessária, já que o numeroso público leitor das “Folhas” está no direito de esperar de mim que não me contente em o formular verbalmente, mas lhe requeira a difusão pela imprensa.

Tenho todos os motivos para esperar que o atendimento a este meu pedido será feito do modo cortês e elegante que corresponde à maneira de ser e ao trato de ambos.

E, por isto, antecipo cordialmente meus agradecimentos.

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Nota deste site: Para o contexto da carta acima, consulte Depois do fracasso de dez estrondos publicitários, singular tentativa de “implodir” a TFP

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