Assunção de Nossa Senhora – Meditação bela, racional, equilibrada

Auditório São Miguel, Sábado, 1º. de novembro de 1975

A D V E R T Ê N C I A

Gravação de conferência do Prof. Plinio com sócios e cooperadores da TFP, não tendo sido revista pelo autor.

Se Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras “Revolução” e “Contra-Revolução”, são aqui empregadas no sentido que lhes dá Dr. Plinio em seu livro “Revolução e Contra-Revolução“, cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de “Catolicismo”, em abril de 1959.

 

Sobre a Assunção de Nossa Senhora aos Céus, eu recorri ao texto de Maria de Ágreda para isto.

Ela nos coloca, a narração da Assunção se situa no contexto dela no momento em que a alma de Nossa Senhora morreu e Sua alma santíssima foi levada ao Céu. Então ela [Sor Maria de Agreda, 1602-1665] descreve, por ocasião da morte de Nossa Senhora, a ida da alma de Nossa Senhora ao Céu e o Corpo permanecendo na terra, e sendo conduzido pelos Apóstolos a uma sepultura de pedra onde também esteve jazendo – eu vou empregar o pretérito perfeito do verbo “jazer”, embora eu tenha certeza de que não seja muito conhecida aqui – jouve também o Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo durante três dias.

Então a alma dela está no Céu, o corpo na terra, está feita a separação. Trata-se de estudar como é que se deu a Assunção.

Então começa a consideração, Nossa Senhora no Céu gozando o deleite inefável da visão direta de Deus. Nossa Senhora já tinha inúmeras vezes na terra tido graças de caráter místico, e já tinha tido, portanto, a visão beatífica na terra; além do mais Ela tinha visto inúmeras vezes Nosso Senhor Jesus Cristo na sua humanidade santíssima. Não são coisas iguais. Uma coisa é ter visto Nosso Senhor na sua humanidade santíssima, outra é por uma graça insigne ter visto a Santíssima Trindade no Céu. É verdade que Nosso Senhor Jesus Cristo é a Pessoa da Santíssima Trindade hipostaticamente ligada, unida à natureza humana. Mas uma coisa é ver o corpo Sacratíssimo dEle e ver a alma humana dEle transparecendo no Corpo e a divindade hipostaticamente ligada à alma, percebida, e outra coisa é ver a divindade face a face.

Esta visão altíssima tem, em graus diversos, todas as almas que estão no Céu. É mesmo, como os senhores sabem bem, o grande gáudio do Céu é de ver a Deus face a face.

Então nós devemos imaginar Nossa Senhora sendo beneficiada por este gáudio no mais alto grau concebível, no mais alto grau imaginável por nós. Porque como Ela teve uma santidade inexprimível e insondável por uma simples criatura humana, por isto mesmo o que Ela conheceu de Deus Nosso Senhor, e conhece, é uma coisa que nós não podemos ter ideia do que é. E, portanto, também de inundação de felicidade, de alegria que sua alma recebia por estar vendo Deus assim e por conhecê-lo tão bem é verdadeiramente inexprimível.

Passam-se esses três dias. No Céu Nossa Senhora recebe a comunicação: é preciso voltar para a terra. Era preciso voltar para a terra que Ela tinha deixado, e que tinha sido para Ela mais do que para qualquer outra pessoa um verdadeiro “vale de lágrimas”. Basta os senhores pensarem em tudo quanto Nossa Senhora sofreu com a perda do Menino Jesus no Templo, em tudo quanto Ela sofreu com a Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, depois o que Ela sofreu vendo-se separada do Divino Filho dela por muitos anos, vivendo Ela na terra e Ele no Céu, e o que Ela sofreu com as dificuldades que a Igreja nascente sentia, diante de toda pressão do adversário. Os senhores podem compreender perfeitamente o que foi a vida de Nossa Senhora na terra…

Pois bem, Ela é convidada a deixar o Céu e voltar de novo para a terra, mas desta vez em condições profundamente diferentes. Ela vinha apenas para reassumir o seu corpo sagrado e para levar o seu corpo para o Céu.

Razão pela qual Maria de Agreda nos descreve, então os senhores estão vendo a narração feita por ela como é metódica. Primeiro a situação anterior à Assunção. Depois em segundo lugar, o chamado para ir para a terra.

Agora, Ela obedece ao chamado e os senhores vão ver então é o terceiro ponto da exposição, como é que se organiza a ida dela para a terra. Nosso Senhor Jesus Cristo vem pessoalmente com Ela, e de um modo simbólico  ––  porque uma alma não tem mão  ––  como que segurando-A pela mão.

O que quer dizer esse “segurando-a pela mão”? É que no “Ancien Regime”, no qual Maria de Agreda escrevia, quando um rei queria conduzir uma dama de alta categoria, em geral quando um cavalheiro queria conduzir uma dama de alta categoria para algum lugar de honra, tomava-a pela mão aqui no alto. Ele fazia assim…e ela punha a mão aqui e ele a ia conduzindo. E a maior honra para uma senhora era ser conduzida assim pelo rei.

Então Nosso Senhor conferiu a Nossa Senhora uma honra que seria à maneira da que um rei da terra confere conduzindo assim uma senhora. E Ele desceu com Ela acompanhado de um cortejo incontável de Anjos, de santos etc., que chegaram até à sepultura dela.

Chegando diante da sepultura dela, Nosso Senhor se deteve, todo o cortejo se deteve também, e a alma dela penetrou sozinha dentro da sepultura, e uniu-se novamente ao corpo que estava ali tranquilo, naquele sono, numa atitude tão parecida com uma pessoa que está dormindo, que a Igreja não fala propriamente da morte de Nossa Senhora, mas da “dormição” de Nossa Senhora. Então aquele corpo puríssimo, castíssimo, régio, majestoso, materno, mas morto, pagando o tributo que todos os mortais pagaram à morte, e que Ela pagou porque Ela quis pagar, aquele corpo no meio de invólucros, de lençóis, de sudários etc., etc., que A recobriam, segundo o antigo costume judeu, aquele corpo que jazia lá na sombra da sepultura.

A alma penetra sem abrir a sepultura, e é natural porque uma alma não é detida por obstáculo nenhum, e depois penetra no corpo. E o corpo imediatamente se move. Mas como o corpo tinha recebido os quatro dons, recebeu na hora da Assunção, Nosso Senhor conferiu o dom de estar presente em todos os lugares, de se transferir com suma rapidez, de atravessar qualquer corpo compacto etc., etc., por esse dom o corpo santíssimo dela saiu de dentro dos invólucros que A atavam sem romper nenhum invólucro, apenas coberto com a túnica que Ela deveria levar. E depois saiu de dentro da sepultura sem ter aberto a porta da sepultura. Glória mais esplendorosa do que aquela que foi patenteada por ocasião da morte de Nosso Senhor, a Santa Maria Madalena. Santa Maria Madalena viu a sepultura aberta. Com Nossa Senhora não, Ela saiu com a sepultura fechada.

Os senhores estão vendo muito bem o que estava lembrado aí. É Nosso Senhor Jesus Cristo que deixou o corpo virginal de Nossa Senhora fazendo com que Ela fosse virgem não só antes, mas durante e depois do parto, sem ter, portanto, “non horruiste Virginis uterum”, diz o Te Deum. Quer dizer, Ela em nada foi dilacerada pela saída do corpo de Nosso Senhor. Para lembrar isto também: o corpo dela, santíssimo, já restaurado sai de dentro de sepultura lembrando a Sua integridade virginal. E se une então a todos os que estavam ali à espera, e é recebido com indizível alegria na glória da Sua ressurreição!

Diz Maria de Agreda que estavam ali alguns Apóstolos rezando, e que esses Apóstolos tiveram a alegria enorme de ver Nossa Senhora passar e que puderam venerar a Nossa Senhora.

Depois disso, então, Nossa Senhora se apresenta a Nosso Senhor, apresenta-se a todas as outras almas que estavam lá. E Ela é objeto de toda a homenagem, de toda a veneração de todos que estavam ali presentes.

Mas especialmente Soror Maria de Agreda menciona as seguintes pessoas: em primeiro lugar São José. É muito natural, porque São José é esposo de Nossa Senhora. E se bem que ele fosse virgem e Ela o fosse também, havia entre eles um vínculo de alma constituído pelo casamento. E a este vínculo de alma correspondia uma afinidade de alma, porque aquele casal foi constituído por Nosso Senhor. O Padre Eterno escolheu São José para marido de Nossa Senhora, porque a personalidade de São José era tão alta, tão excelsa que convinha para esposo de Nossa Senhora. E Ele escolheu Nossa Senhora para esposa de São José porque ele era um tal santo que para ele era adequado ter por esposa a Esposa do Divino Espírito Santo. De maneira que realmente se constitui uma afinidade de alma.

Então São José tinha para com Nossa Senhora uma devoção ardentíssima que era derivada do tríplice fato: 1) de se conhecerem e de serem unidíssimos de alma, de um modo embora perfeitissimamente casto; em segundo lugar porque Nossa Senhora era esposa dele; em terceiro lugar porque Nossa Senhora era Mãe de Verbo encarnado.

Os senhores podem imaginar então a alegria da alma de São José vendo afinal o corpo de Nossa Senhora unido à alma dela, e Ela com todo esplendor que Ela apresentava na terra, e um esplendor ainda maior.

Por que esplendor maior? Porque os corpos ressuscitados são corpos resplandecentes, eles deitam luzes de todos os lados, eles são perfeitos. O corpo de Nossa Senhora era perfeito, mas não tinha aquela glória que teve depois de ressuscitado.

Mais ainda: a pessoa é ressuscitada na idade perfeita. Uma pessoa morre por exemplo com 90 anos, não ressuscita para dar um velho de 90 anos, mas ressuscita como um jovem na perfeição de sua idade, e parece que a perfeição da idade são os 33 anos, idade em que morreu Nosso Senhor Jesus Cristo.

Ela ressuscita, portanto, no Seu apogeu físico, mas também no Seu apogeu espiritual. E aí a maturidade do corpo e a maturidade da alma se ligam. Quer dizer, Nossa Senhora foi crescendo continuamente em graça e em santidade. E quando Ela morreu, Ela era muito mais santa, por incrível que pareça, do que era quando São José morreu. E quando ele A viu ressurecta, ele A viu em toda santidade que Ela devia atingir segundo os planos de Deus e que de fato Ela atingiu. Essa santidade transluzindo em toda pessoa dela e marcando a Sua Pessoa com uma beleza incomparável.

Os senhores podem imaginar a veneração dessa alma, a alegria, a profunda união que ele sentiu. E a alegria de Nossa Senhora em se ver assim compreendida e homenageada por São José, vendo que nela São José de fato compreendia e homenageava o Verbo encarnado que tinha nascido dEla, e as três Pessoas da Santidade Trindade.

Depois tinha também São Joaquim e Santa Ana, o pai e a mãe de Nossa Senhora. Era justo que tendo eles dado Nossa Senhora ao gênero humano, era justo que eles assistissem num lugar de destaque a ressurreição. E os senhores sabem qual é a propensão natural que tem os pais pelos seus filhos, sobretudo quando são excelentes pais. Os senhores sabem também, podem bem imaginar como eles em vida meditaram sobre a personalidade de Nossa Senhora e A conheciam perfeitamente e como eles estavam, portanto, prontos para compreender e amar esta filha incomparável que de repente lhes aparecia diante dos olhos. Os senhores podem imaginar o entusiasmo que eles tiveram e a veneração que tiveram também…

São três! Os senhores me perguntarão quais são os outros dois? E a gente pensa por exemplo em Santa Isabel, pensa em São João Batista, pensa em São João Evangelista ––  mas São João Evangelista estava vivo, não podia ser. Então quem seriam os dois outros eleitos para homenagearem a Nossa Senhora? Os senhores vão ter um pouco de surpresa: Adão e Eva! Entretanto, profundamente bem pensado, mas profundamente bem pensado! Eles eram os pais do gênero humano. Como os senhores sabem, eles se arrependeram do pecado que cometeram, sofreram muito na terra e foram levados por Deus ao Céu.

Nossa Senhora apresentada ressurrecta, era a primeira mera criatura que se apresentava nessas condições. Nosso Senhor Jesus Cristo ressurgiu, é verdade, mas Ele era o Homem-Deus, Ele não era uma mera criatura. Ela era a primeira mera criatura que se apresentava nessas condições.

Era, portanto, uma glória para todo o gênero humano, desde Adão e Eva, até o último homem que deitar o último suspiro na terra, ou que assistir sem morrer a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo para o Juízo final, desde o primeiro ao último é uma glória e é uma graça que Nossa Senhora tenha ressuscitado dos mortos.

Então compreende-se que os primeiros pais do gênero humano estivessem ali presentes, e que eles que contemplaram tantas desgraças causadas pelos pecados deles, que eles contemplassem também o remédio que Deus Nosso Senhor deu a esse pecado, fazendo nascer Nosso Senhor Jesus Cristo e glorificando de tal maneira a Mãe Imaculada de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Os senhores percebem como isso está bem pensado. E os senhores podem imaginar para Adão e Eva quanta consolação! Eles veem afinal esta Rainha que era a alegria e a glória deles, revestida de tanto esplendor. No meio de todas as disposições de alma, tendo ali perto dele Isabel.

Então o cortejo constitui-se na mesma ordem em que se constituiu, para voltar para o Céu, mas com uma diferença. Quando se tratava de vir para a terra, Nosso Senhor e Nossa Senhora iam primeiros; quando se tratou de voltar para o Céu, o cortejo foi em ordem inversa. Quanto menos importante, mais na frente; e os mais importantes iam bem atrás, e, portanto, bem atrás Nosso Senhor e Nossa Senhora.

Por que razão? É que quando eles vieram à terra Eles baixaram para operar uma ação, gloriosa sem dúvida, mas que não era a grande glorificação, que era a Assunção. Na [Assunção] era o cortejo de honra. E nos cortejos de honra, convém sempre que os personagens segundos vão na frente e os primeiros atrás, para os segundos como que abrirem alas e abrirem caminhos para os primeiros.

Então nós podemos imaginar o desfile maravilhoso das almas eleitas, e dos Anjos que foram receber Nosso Senhor, entrando no Céu por assim dizer gradualmente, como um desfile esplendido… Anjos aguerridos que nós podemos imaginar brandindo armas e cantando hinos de glória. Santos perfeitíssimos, enlevados com Deus e também cantando as glórias de Deus e cânticos de triunfo. E afinal de contas o Céu todo se pôs a cantar quando Nosso Senhor, levando Nossa Senhora pela mão, aí no sentido físico da palavra, entra no Céu e A leva até o trono da Santíssima Trindade.

Agora aparece uma dificuldade: a narração termina tão alta que quando eu estava lendo aqui para fazer a exposição aos senhores, eu me perguntei: como é que termina isso? Por que depois disso um ponto final? Isso tem ponto final?

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Versailhes, “le tapis d’eau”, o tapete de água. Wikipedia – (foto de Paolo Costa Baldi)

As grandes perspectivas são perspectivas que a gente não percebe o fim. Por exemplo, no parque de Versalhes a parte central do parque de Versalhes tem assim uma espécie de grande alameda de água chamada “le tapis d’eau”, o tapete de água. De um lado está o castelo, de outro lado o que iam por? Arranjaram um panorama que não tem nada no fundo.

Como é que Maria de Agreda, mais ainda, como é que Deus que revelou as coisas a Maria de Agreda, haveria de solucionar esse problema, o final dessa narração? Como apresentá-la a espíritos humanos, ávidos de sabedoria e, portanto, propensos a analisar ponto por ponto as coisas?

A narração não podia ser de um modo mais bonito!

Nosso Senhor apresenta Nossa Senhora que se inclina diante do trono da Santíssima Trindade, e as três Pessoas da Santíssima Trindade juntas circundam a Nossa Senhora e A abraçam. E Ela fica deleitada com esse circuito da vida trinitária, que sem propriamente entrar nela enquanto vida incriada, entretanto A inunda de graças, e A coloca no máximo da intimidade com as três Pessoas da Santíssima Trindade, e ponto final.

Realmente, melhor não podia terminar. E assim também eu termino.

Isso faz ver aos senhores como tudo é racional nas obras de Deus, como tudo é maravilhoso, como tudo satisfaz à fantasia mais exigente, mas como de outro lado como tudo é bem pensado, tudo é racional, tudo obedece a um plano de sabedoria.

Assim também devemos ser nós. Nós devemos ser ávidos de grandes e magníficos panoramas, devemos ser voltados com toda a nossa alma ao sublime, mas com uma condição: é que seja tudo inteiramente conforme à doutrina católica, inteiramente conforme à sã razão, inteiramente conforme à verdade, porque o que não é racional é bobagem e não presta para nada!

Mas a pura razão sem a beleza das coisas, também não satisfaz o espírito humano. É este ósculo entre a razão e a beleza que nós notamos tanto nas narrações de Maria de Agreda que a mim me agrada muitíssimo observar, e que eu creio que é um fator de alegria, de entusiasmo, de devoção e de equilíbrio para as almas das gerações chamadas a viver depois da minha, num mundo tão maluco, tão caótico, tão parecido com as desordens do inferno!

Haveria, segundo o espírito da TFP, algo a acrescentar a essas magnificências todas?

É o que fazia o demônio durante isso! Porque nós devemos nos alegrar em pensar no demônio derrotado, esmagado, confundido nos rugidos inúteis dele, nas exacerbações estúpidas, e na derrota irremediável dele!

O demônio viu tudo isto. Todas as almas do inferno tiveram conhecimento de tudo isto, e todas as almas do inferno estremeceram de ódio por causa disso. E nesse momento os tormentos no inferno aumentaram, nesse momento os rugidos se tornaram mais pavorosos e eles se agrediram – como é de costume entre si -, se agrediram uns aos outros pavorosamente.

Este ruído era em grande parte o estampido do ódio inútil: “fomos derrotados e para todo o sempre. Aquela que pôs no mundo a Quem nos derrotou, Aquela que já nos derrotou e nos esmagou sendo Imaculada, e destruindo, portanto, a obra do pecado original, Eles estão vencendo completamente, vencendo eternamente e os derrotados somos nós, e para todo sempre de uma derrota total, inexorável, completa… ohhhhhhh!” E nas vastidões negras e fétidas no inferno, no meio das torturas, dos tormentos e dos gemidos, um brado de dor, um brado de dor que estraçalhava tudo aquilo.

Do alto do Céu Nossa Senhora sorria. Mas nunca deixando de esmagar a cabeça da serpente. E eu creio que está a nota TFP do comentário. Assim devemos ser nós.

Então os senhores veem como é bom a gente fazer uma leitura piedosa, como é bom nesta ocasião a gente se lembrar de fatos tão memoráveis e tão edificantes, como é bom acrescentar a nota TFP, porque não sei se os senhores sentem como eu, que posta esta meditação, a nossa alma se sente inteiramente dentro de casa, no tema, e daí ela se rejubila.

É que a nós nos foi dado compreender que os próprios rugidos do inferno proclamam, se bem que não cantam, a glória de Deus! E nos alegrarmos em ver nesta época em que o demônio triunfa tanto, que ele é o grande derrotado, e que nós somos chamados por Nossa Senhora, pela nossa fidelidade, a participar do ato pelo qual Ela esmagará ele.

Diz São Luís Grignion de Montfort que o calcanhar de Nossa Senhora [é] a parte mais humilde do corpo, mas é onde Ela esmaga a serpente, esmaga na cabeça! É o que nós devemos querer! Nós devemos querer esmagar a cabeça da serpente.

Então o fim da meditação é: que Nossa Senhora nos dê a graça de subir junto a Ela, mas que Ela nos dê a graça de esmagar os inimigos dEla antes de termos subido até lá. E com isso está feito nosso Santo do Dia. Vamos encerrar.

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