Observem esse quadro de Fra Angelico representando a Anunciação do Anjo a Nossa Senhora, festividade celebrada pela Igreja no dia 25 de março.
Um claustrozinho com dois átrios, umas pequenas abóbodas, nele se esparge uma luz maravilhosamente difusa. Fazendo uma análise desse jardim, que parece de brinquedo, dir-se-ia que cada graminha foi penteada, que cada coisinha foi posta em ordem. É um jardinzinho comum, mas tudo está arranjadinho e ajeitado.
Nossa Senhora rezando e o Arcanjo São Gabriel reverente diante d’Ela. Ele proclama a saudação angélica e anuncia que Ela vai ser a Mãe do Verbo Encarnado.
Olhando-se para a pintura, vemos que na imagem de Nossa Senhora resplandece uma luz. A figura d’Ela é tão santa que fica-se sem saber o que dizer. O Anjo é tão transparente e diáfano que nos arrebata. Numa palavra, angélico!
A Virgem Santíssima e o Anjo são o foco de luz do quadro, mas essa luz se esparge de modo meio difuso por todos os lados. Tem-se a impressão de que a própria vegetação tem um verde e um viço recebidos pela presença d’Ela e do Anjo descido do Céu.
Se eu imagino Nossa Senhora andando sobre a relva, parece que onde Ela punha os pés a relva ganhava vida e se tornava mais bela e mais esplendorosa, mais parecida com as relvas do Paraíso. Com o contato d’Ela, tudo ficava meio paradisíaco. Há como que presença angélica naquele ar que as pessoas notam sem perceber, elas veem sem ver e se encantam sem saber por quê.
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Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 6 de abril de 1972. Esta transcrição não passou pela revisão do autor.
Fonte: Blog da Família Católica.