Plinio Corrêa de Oliveira
Na formidável luta engajada em nossos dias entre o comunismo e a presente ordem de coisas, a força não está no campo dos vermelhos. Não acredito nem na superioridade militar, nem econômica, nem em outra qualquer, do bloco comunista sobre o nosso. Não acredito, também, na possibilidade, para qualquer Partido Comunista do Ocidente, de conquistar, pela persuasão, a maioria da opinião pública. Acredito, isto sim, na gravidade do perigo comunista. Mas tal gravidade decorre do contraste entre, de um lado, a moleza e a imprevidência de incontáveis anticomunistas de cúpula e de base, e do outro lado, o fanatismo, a sagacidade, a agilidade e a requintada técnica de manipular a opinião pública, das minorias autenticamente comunistas.
Não me farto de insistir sobre a insensibilidade da opinião pública à propaganda comunista. De Marx a nossos dias, os comunistas só conquistaram o poder e só se mantiveram nele pela força. Jamais pela persuasão. Quanto mais estendem seu poder, tanto mais se lhes torna difícil manter sob jugo o crescente número de suas vítimas. Um colosso assim estruturado tem evidentemente pés de barro. E, quanto mais cresce, mais está prestes a cair. Por isto mesmo, considero uma obra-prima da propaganda comunista, que ela tenha conseguido desviar deste ponto capital a atenção de numerosos anticomunistas, a ponto de os persuadir de que diante do poderio vermelho a resistência anticomunista se tornou inútil.
A luta contra esse pessimismo gratuito deve ser um dos empenhos mais contínuos dos que reagem contra o comunismo.
É para este efeito, que trago ao conhecimento dos leitores um documento reconfortante. Prova ele que — ao contrário do que muitos imaginam — o operariado contemporâneo não é um mare magnum de esquerdistas, a dois passos de se tornar um mare magnum de comunistas.
Não versa o documento, propriamente, sobre o comunismo, mas sobre o progressismo. Nem por isto deixa ele de fundamentar minha tese. Pois — pense-se o que se pensar sobre as relações entre o progressismo e o comunismo — é incontestável que os católicos contrários ao progressismo são necessariamente anticomunistas.
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Como muitos no Brasil sabem, Mons. Bolatti, bispo de Rosário, tem desenvolvido uma atuação admirável contra progressistas, clérigos e leigos, que empreenderam uma verdadeira mazorca naquela importante diocese argentina.
Em aplauso a sua atitude heróica, recebeu o benemérito prelado uma mensagem do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Construções do Interior daquele país irmão. Desse documento, tenho em meu poder cópia enviada pelos signatários à TFP argentina. Dele cito alguns textos:
“Em primeiro lugar, fazemos chegar ao senhor, com o maior respeito, em nome de mais de cem mil trabalhadores agrupados em nossa organização em todo o interior do país, nossa solidariedade ante a tremenda falta de disciplina, ética, e, acima de tudo, o esquecimento, por parte dos denominados “sacerdotes renunciantes” (estes são os sacerdotes progressistas em revolta contra seu bispo).
“Dizemos esquecimento, porque não respeitam a Instituição à qual pertencem e que durante milênios foi mestra por sua seriedade, sua equanimidade, sua sabedoria.
“Dizemos falta de ética, porque depois de analisar e avaliar a conduta dos falsos sacerdotes, cremos ser necessária a construção de edifícios especiais para que estes senhores digam suas “missas vermelhas” ou qualquer coisa semelhante.
“(…) Por fim, aí estão eles com sua postura, com a qual fazem um mal tremendo à Santa Igreja; aí estão eles com sua atitude de caudilhos de comitê, entrincheirados em suas igrejas; faltos de respeito inclusive para consigo mesmos, perderam a dignidade, a seriedade, o respeito; são eles qualquer coisa. Essa é a apreciação da maioria do povo católico, não dos quatro ou cinco fanfarrões que, como comparsas, os acompanham em suas ridículas posições.
“Nós estivemos e estaremos com nossa querida Igreja, como era e para o que era, (…) estimamos a todos os dignos sacerdotes que vestem batina, porque são sinceros e porque quem é católico os estima, com batina ou sem ela. Por isso repudiamos estes senhores, traidores de nossa religião.
“Sem mais, aproveitamos o ensejo para saudar a S. Exa. com o maior respeito, e rogamos a Deus para que triunfe a sua posição — Juan Farias, secretário de Atas — Luís L. Villaverde, secretário geral”.
Diga-me o leitor se não o reconforta essa linguagem despretensiosa, marcada ao mesmo tempo por uma nobre e varonil rudeza, e por uma profunda e filial veneração para com a Igreja.
Publiquei estas citações, repito, porque dissipar as trevas do desânimo me parece um dos principais deveres do momento.