Aborto: quando se mata uma criança inocente, não estão sendo violados os direitos humanos?

Trecho de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira aos Correspondentes Esclarecedores da TFP, 21 de junho de 1984

A capacidade de reagir morreu. As pessoas não se incomodam mais com o bem, elas não têm horror ao mal, elas não têm entusiasmo pelo bem. Que o bem suma e desapareça, não tem importância. Que o mal triunfe, não tem importância! Contanto que na minha vida individual, a 5 metros de circunferência em torno de mim não aconteça nada, eu – pai da vida – do ano de 1984, não me incomodo com nada. Eu não resisto mais. Eu sou o débil, o entreguista que odiaria a quem me dissesse isso. E que por isso antipatiza com a TFP. Porque a TFP lhes lembra continuamente o dever! Esse dever que é seu pesadelo!

(Aplausos)

Mas ai dos povos para os quais o pesadelo se chama dever! Porque eles cairão no pesadelo vivo e não terão a alegria, a glória de ter cumprido o dever. Isso é o que acontecerá. Acontecerá na história contemporânea com esses gozadores da vida.

Os senhores tomam outra coisa significativa: o aborto. Afinal de contas, o aborto é uma matança de inocentes. A TFP espanhola lançou um manifesto (Face à matança dos inocentes, dentro da ordem e da lei: santa indignação) em que falava isto precisamente, que a matança dos inocentes estava desencadeada na Espanha. Ele é a matança dos inocentes! Há alguém mais inocente do que a criança que ainda está no claustro materno, ou que está para sair do claustro materno, que pecado pode ter cometido?

Quando se mata em qualquer lugar do mundo um esquerdista, a imprensa do mundo inteiro reclama porque os direitos humanos estão sendo violados. Eu pergunto: e quando se mata uma criança inocente não estão sendo violados os direitos humanos?

Entretanto, a realidade qual é? Na Espanha, na França, em quantos outros países contemporâneos, no Brasil, a qualquer hora é aprovada uma lei do aborto.

Sabem o que é que dá? Dá um pouco de protesto, um pouco de choramingo e depois acabou e ninguém mais se incomoda. E todo mundo fica sabendo que a quantidades dos inocentes estão sendo mortos nos hospitais, e que estão sendo mortos por uma conspiração do pai e da mãe com a ciência que foi feita para salvar as vidas.

E de um modo de tal maneira cruel e terrível que em muitos e muitos casos de aborto a criança nem sequer recebe o batismo. De maneira que a criança é privada da vida terrena e é privada da glória de Deus no Céu. Vai ter a limitada felicidade do Limbo.

Pergunto: a indiferença diante disso, os senhores já imaginaram o que é que representa? Quer dizer, há crime mais espantoso do que esse? Os senhores já imaginaram o que é que representa?

Os senhores estão notando aqui o terrível da situação. Quer dizer, aquilo que era o liame, o freio que impedia o mundo de cair, e que era esse resto de senso moral e de reação moral que ainda tornava lenta a Revolução, isso está desaparecendo.

O que é que nós temos diante de nós? Nós temos esta coisa terrível, um mundo em autodemolição.

Paulo VI disse que a fumaça de Satanás tinha penetrado na Igreja de Deus. Quanto ele tinha para dizer isto! A fumaça de Satanás tinha penetrado na Igreja. E que a Igreja se encontrava entregue a um “misterioso processo de autodemolição”. Os srs. notem o alcance destas palavras: a Igreja se encontrava num “misterioso processo de audodemolição”, quer dizer, a Igreja se demolia a si mesma. Porque para ser uma autodemolição é ela se demolindo a si mesma. E como a Igreja é hierárquica, tudo o que ela faz, ou é feito pela Hierarquia ou não foi ela que fez. Foi feito pelo menos com consentimento da Hierarquia, com o “placet” da Hierarquia. A autodemolição da Igreja comporta pelo menos o consentimento e o “placet” da própria Hierarquia da Igreja.

Nós temos, ao lado dessa autodemolição da sociedade espiritual, nós temos a autodemolição do poder político.

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