A capela da inocência, obra-prima de temperança: a Sainte-Chapelle de São Luís IX, Rei de França

Auditório São Miguel, 12 de abril de 1989

A D V E R T Ê N C I A

O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.

Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto, por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras “Revolução” e “Contra-Revolução”, são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu livro “Revolução e Contra-Revolução“, cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de “Catolicismo“, em abril de 1959.

 

Projeção de numerosas fotos da Sainte-Chapelle que São Luís IX mandou construir para abrigar alguns sagrados pedaços da Coroa de espinhos que foi colocada sobre a Cabeça de Nosso Senhor Jesus Cristo, durante Sua Paixão. Na medida do possível, foram colocadas as fotos na sequência dos comentários feitos pelo Dr. Plinio Corrêa de Oliveira, durante Santo do Dia de 12 de abril de 1989.
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Os senhores estão aqui na parte baixa da Sainte-Chapelle. Eu me lembro que há muitos anos atrás quando visitei a Sainte-Chapelle pela primeira vez, eu pensei que esta fosse a Sainte-Chapelle quando entrei. E achei tão, tão bonita a parte de baixo que eu tive uma pequena exclamação.  Mas que em mim quer dizer muito, porque eu não sou muito exclamativo.

Eu fiquei encantado, mas me disseram para subir logo, porque o fluxo dos turistas estava subindo, porque a Sainte-Chapelle era em cima e que esta era a parte para os servidores.

Como os habitantes do palácio eram muito numerosos e o Rei gostava de assistir missa com todos juntos, celebrava-se uma missa aqui embaixo e outra em cima.  Não cabiam todos em cima então os servidores ficavam aqui embaixo e lá em cima estava o Rei com sua corte.

Mas, eu chamo atenção dos senhores para uma coisa – que pelo menos para mim, me chama muito atenção -, que é a seguinte: há uma qualquer coisa nas proporções já nesta parte baixa, que são inteiramente fora do que se está habituado a ver em matéria de igreja.  Porque se se perguntar se isso é alto, dir-se-á que não. Se se perguntar se isso é baixo, a palavra é um pouco forte para se dizer que isso é baixo, mas que isso tem uma proporção especial para quem ora, que é a seguinte: sentir-se num ambiente muito elevado, mas ao mesmo tempo muito íntimo, e como que recebido por Deus no seu gabinete mais íntimo.  Na sua sala mais interna.  Numa perspectiva que concilia a elevação com a intimidade.

Como é que se consegue isso?  Consegue-se desta maneira.  Os senhores notam que são colunas muito esguias, são tênues, não são colunas fortes, atarracadas, mas todas elas abrem-se como se fossem palmeiras cujas folhas se encontrassem no teto.  E se abrem de modo tão harmonioso, tão gradual, tão perfeito, que a pessoa tem uma certa impressão de que ficam lá no alto o teto onde as folhas das palmeiras se encontram e que ao mesmo, tempo, entretanto, esse muito alto está ao alcance da gente.  Por onde se fica misteriosamente elevado, e na intimidade se tem a uma sensação de uma grande elevação, e na elevação se tem a sensação de uma grande intimidade.

O homem mede toda grandeza de Deus, mas se sente elevado até Deus.  Afetuosamente, carinhosamente elevado até Deus.

Os senhores notaram que as colunas chegam atrás e formam uma espécie…  tem colunas nas paredes formando ogivas aderentes às paredes e depois tem as ogivas que estão fora das paredes e que formam as tais palmeiras.  E a iluminação entra por estes vitrais muito bonitos que estão no alto.  De tal maneira que, se não fosse o refletor elétrico muito oportunamente colocado lá, para se ter uma veem melhor daquilo – que se gostaria ver na penumbra, mas também fora da penumbra -, se não fosse isso, nós deveríamos dizer que a penumbra – mas, uma penumbra doce e suave – seria o elemento dominante desta parte da Sainte-Chapelle.

Os senhores notaram também, é evidente, a parte onde ficava o altar.  Os senhores notam assim que esse espaço pequeno é dividido em várias partes, é uma espécie de galeria de colunas lateral, depois o presbitério. Depois o lado de cá a parte onde fica os fiéis.  Tudo para receber muita gente num espaço pequeno, ou para dar às pessoas que estão dentro deste espaço a veem de que é pequeno, apesar de estar lá muita gente.

As ogivas exercem o seu incomparável fascínio sobre os espíritos.  Os senhores veem como a ogiva é uma coisa bonita e como o jogo de ogivas é mais bonito do que cada ogiva em particular.

A Escritura diz que Deus quando criou o universo, repousou no sétimo dia, considerando a obra que tinha feito.  E que se Lhe tornou patente que cada coisa era bela, mas que o conjunto era mais belo do que cada coisa.

Aqui os senhores encontram isso.  Todas essas colunas são belas, as pinturas as tornam mais belas ainda, mas o conjunto é muito mais belo que tudo.  Colunas, vitrais… tudo.  O mais belo é o conjunto.

Podemos passar para a frente.

Aqui, toda a leveza, o esguio, o elegante,  sobrenatural da Sainte-Chapelle se deixa ver.

Os senhores notam o teto da Sainte-Chapelle e depois a torre. Mas notam aqui no teto, da parte de cá, um florão, no florão pousou um anjo.  Mas o anjo está numa tal proporção com o florão, que a gente diria que se ele se movesse um pouco, o florão vergava, ele perderia o equilíbrio.  É quase como se um pássaro pousasse sobre uma flor.  E dir-se-ia que as pontas destes galhos têm uma espécie de ansiedade de chegar até o anjo e de acariciá-lo.  O que, aliás, certamente não lhe será consentido.  Se a força da árvore chegar até o ponto que lá cheguem os galhos, eles vão ser cortados, para que não arranhem esta obra-prima de escultura que é esse pequeno anjo colocado lá.

Agora, os senhores notem a construção do teto, como o ângulo no qual se encontram no alto os dois lados do teto, é um ângulo pequeno, de maneira tal, que o teto é – quase que se poderia dizer – apertado.  O que aumenta a leveza do teto.  Porque quanto mais o teto é esparramado tanto mais dá impressão de apertado, e quanto mais ele é de fato apertado ele dá impressão de que vai voar.  E uma pessoa poderia ter a impressão que batendo um vento forte a Sainte-Chapelle…

Ali está a torre, o campanário – normalmente deveria haver sinos ali dentro -, e depois a flecha que sobe, e que é uma espécie de símbolo e de gráfico do desejo do homem de subir, subir até Deus.

Os senhores considerem o céu de um azul bonito, meio rosáceo e meio azul, que se diria que é compreensível que até lá queira  voar a Sainte-Chapelle.  Porque ela seria mais bonita imaginada no meio das nuvens e construída no céu, do que na terra.

A imagem a meu ver, dá bem uma ideia do que poderia ter sido São Luiz.  Os senhores veem nele uma indiscutível majestade real.  Não é a majestade de um rei agressor e anexador de terras que não lhe pertencem, mas a de um rei defensor firme, tranquilo de seus direitos, seguro de terras que recebeu e sobre as quais tem o direito de mandar.  Neste sentido um rei guerreiro, que vai à guerra se necessário, como é seu dever, para manter a integridade do seu reino.  E neste sentido a sua fisionomia traduz uma determinação, uma decisão, que é muito bonita.

A coroa não atingiu todo o desdobramento das coroas posteriores, mas o tamanho das flores de lys, o tamanho do diadema lhe dá uma beleza tal, que se pode questionar que as posteriores coroas fechadas, encimadas por uma cruz, são realmente mais bonitas do que esta.

A coroa, mais a fisionomia do rosto, mais a atitude do corpo, dão a impressão de uma calma, uma segurança no direito, e uma decisão a qualquer extremo no caso de ter que lutar, que marcam bem o rei cruzado, o rei batalhador, que teve guerras para sustentar – e numerosas durante seu reinado – mas que soube orientar essas guerras de tal maneira, que não só nelas foi vitorioso, mas na relatividade das coisas da Idade Média o seu reinado foi um reinado de paz.

Aqui uma porta.  Aqui está a imagem de S. Luís que nós admiramos há pouco.  Aqui está a porta encimada por uma espécie de ogiva, um triângulo com aqueles desenhos que  nós comentamos há pouco e que se repetem de algum modo em alguma coisa que não é um terraço, mas que seria à maneira de um terraço.  Em cima, aparece umas grandes flores de Lys para sustentar a balaustrada.  Os senhores podem perceber aqui na fotografia muito bem tirada o encanto da pedra velha . São pedras que a gente percebe que estão há séculos aí, que ninguém tocou nelas e elas têm uma certa poesia intraduzível, indescritível, inefável, que é própria à pedra velha.

Os senhores têm a impressão que o papel do vitral é tão grande, que se poderia dizer que a capela é de vitral.  O que há de pedra é o necessário para suportar os caixilhos dos vitrais e para escorar o teto.  O resto é vidro ou é cristal tão bem trabalhado na diversidade de cores, na precisão do desenho, na elegância das formas, que é quase inimaginável.  A gente quando entra e vê isso tem a impressão de que algo de impensável se realizou.  A veem é esta:  “Não pensei que nesta terra fosse possível, com os elementos desta terra, fazer uma coisa assim tão parecida com o céu”. 

Realmente isso tornou possível por causa da fé.  Quer dizer, se não fosse a inspiração dada a um artista – os senhores viram a lenda encantadora que se relaciona com este artista –  se não fosse o fato de que isso foi construído em séculos de fé, por artista de fé, concebidos por almas elevadas a vida sobrenatural pela graça, e remidas, resgatadas pelo sangue preciosíssimo de Nosso Senhor Jesus Cristo, que lhes abriu a porta do Céu, e lhes infundiu a abundância da graça, o homem não conceberia isso.

Mas, eu digo mais.  Os senhores podem ter uma ideia do que eu penso a respeito do estado do mundo hoje em dia e para onde ele caminha.

Os senhores comparem isso com uma construção moderna qualquer, para comparar com algo, os senhores comparem com uma coisa que todo mundo acha inteiramente normal e onde todo mundo se sente inteiramente à vontade: o Anhembi aqui em São Paulo.

Comparem o Anhembi com isso, a comparação nem sequer é possível.  Agora, na realidade, a maior parte das pessoas que vai ao Anhembi, se sente mais à vontade lá do que aqui. Não sei se os senhores compreendem o que significa de decadência de alma sentir-se melhor no Anhembi do que aqui.

É uma coisa incalculável, mas isso vai mais longe.

Se ainda demorasse a Bagarre, o mundo, a humanidade acabaria caindo tão baixo que acabaria destruindo isso para dar lugar para construir algum Anhembi.  E se isso não tivesse sido construído, mas algum arquiteto encontrasse esses planos e propusesse as autoridades fazer construir isto, ele seria recusado.  E todo o mundo que visse isso, acharia natural que fosse recusado.  Por quê?  Porque já não entendem mais.

Onde as nossas almas se deliciam, se maravilham, aí eles, pelo contrário, se sentem mal.  E onde as almas deles se maravilham, nós nos sentimos horrorosamente.  São duas coisas diversas.

Quando eu vi a Sainte-Chapelle, depois do primeiro momento – que foi de me deixar penetrar, de me deixar embeber pelo maravilhamento completamente, e poder então depois me dar conta da coisa etc. – eu tive a impressão de um velho conhecido, com um matiz.  Eu não seria capaz nunca de imaginar uma coisa dessa.  Eu não sou um artista, mas eu tinha a impressão de que velhos desejos meus queriam isto.  E que eu me encontrava de um jeito ou doutro face a face a um grande e velho ideal.  Esse era o fundo da coisa.

De outro lado o senhor disse mais alguma coisa, o que era?

(Sr.-: …que ela exprimia certos lados da alma inocente…)

É isto mesmo.  E eu não cheguei a dizer isto há pouco quando falei do Anhembi, etc., para não alongar muito o comentário, mas o que há em tudo isso é uma inocência de alma extraordinária.  Isso se poderia chamar a Capela da Inocência.  Porque uma alma precisa ser profundamente inocente para conceber uma coisa dessa.

Por quê?  Porque isso aqui empolga, não tem dúvida;  mas empolga sem produzir torcidas, sem produzir sensações excessivamente fortes, sem produzir nada de intemperante;  Isso aqui é a obra-prima da temperança.

Poder-se-ia dizer que cada peça do vitral é uma oração, cada pedra é uma oração, cada ogiva é uma oração, em torno do centro da oração que é o altar, onde vai renovar de um modo incruento o Santo Sacrifício do Calvário.  E no alto do qual – os senhores estão vendo ali o lugar – vai ser exposto um espinho da Coroa de Nosso Senhor Jesus Cristo, que São Luís trouxe a pé com muita devoção, se não me engano dos confins da França até Paris.

A pé e descalço, pedindo perdão pelos pecados dele que nunca ninguém viu nele, pecados que eram os pecados da contrição do inocente.  Ele é o Rei, e representa de algum modo o povo perante Deus.  Pecado de tanta gente do seu povo.

E essa inocência se nota também no esguio, no elevado, no que tende ao mais alto, etc.  E realiza um equilíbrio de alma extraordinário, porque empolgando a alma evita umas certas representações da inocência, por onde a inocência nunca chegasse ao auge do entusiasmo.

Aqui a alma chega ao auge do entusiasmo.  Mas é um auge tão calmo tão sereno e tão refletido, que é o auge da inocência, mas, é o auge da contemplação, é o auge de meditação.

Esse entusiasmo é comparável com os entusiasmo de um público que está assistindo a uma partida de boxe?  É preciso fazer as comparações mais violentas para a gente ter a ideia da realidade, mais ou menos como – e eu falo aqui da partida de boxe agora – como a bebedeira de um ébrio com tudo quanto tem de delirante, é comparável ao que se chama “a casta embriaguez do Espírito Santo”, quando o Divino Espírito Santo enche a alma e como que embriaga com suas luzes.  Aqui é a casta embriaguez do Espírito Santo.

Notem, é um pormenor. Os senhores vendo o conjunto exclamaram “Nossa Senhora!”  Aparece um pormenor, os senhores exclamam de novo “Nossa Senhora!”  É a integridade dessa obra de arte, que vista nos seus pormenores encanta, como se isto só já tornasse célebre uma capela.  E tornaria.

Qual é a cor disto?  É uma soma de todas as cores.  Uma mistura de todas as cores.  Os desenhos variam de vitral para vitral, os desenhos variam.  Mas, na vista, essas cores formam um todo só, esses desenhos formam um todo só, imensamente variado e imensamente harmônicoTem movimento e tem harmonia.  Tem estabilidade e ao mesmo tempo tem agilidade.  Tem a Sainte-Chapelle!

Dir-se-ia  que a imagem recebeu influência da Sainte-Chapelle na qual foi colocada.

Os senhores notam que é um homem que está na porta da velhice, mas ainda com muita vitalidade.  Olha a abundância de cabelos dele, olhem a cara sisuda, mas ainda não envelhecida.  Olhem o corpo dele, que a gente percebe que já sofreu o embate de mil esforços, mas ainda se conserva vigoroso e varonil.  E olhem a serenidade dele, como quem olha com calma e de consciência tranquila por um magnífico passado que ficou para trás.  E olha com calma e com confiança na Providência para o que lhe resta a viver.  É um santo.

Agora, eu convido aos senhores a fazerem a comparação desse santo, com os santos “heresia branca.  Esses  bonequinhos feitos de gesso e pintados com face cor-de-rosinha, sem barba, imberbes, e dando uns sorrisos bobinhos, sem entender do que se trata.  Ali não.  É um homem cheio de sabedoria, que tem experiência da vida e sobretudo experiência das coisas da religião, da vida interior que continua para frente na sua caminhada.

Trazer o gládio na boca é um símbolo do batalhador, do cavaleiro, daquele que luta.  Há pouco estava afirmada a Ressurreição, que Ele tinha morrido e estava vivo, e acaba dizendo que Ele tinha a chave do inferno.  A ideia da batalha, quer dizer Ele vencerá e atirará ao inferno os inimigos impenitentes dEle, está presente aí.  É uma glorificação da justiça de Deus.

Os senhores viram que se trata de uma visão de São João no Apocalipse.  Portanto uma coisa inspirada. Os senhores procurem nas igrejas que os senhores conhecem, uma imagem que representassem Nosso Senhor com o gládio na boca.  Bem, eu vou dizer mais;  o susto que teriam muitos fiéis se vissem essa imagem.  Eu acho que não eram capazes de rezar diante dessa imagem.

Pois bem, se nós tivéssemos uma imagem desta, eu arranjaria um altar para ela na TFP.

Nós adoramos todas as manifestações da Divina mansidão de Nosso Senhor Jesus Cristo.  Mas, em Nosso Senhor Jesus Cristo não há apenas a mansidão, há também a força, a força gladífera que traz o gládio, a justiça e a cóleraE como Ele é perfeito, adoramos também isso n’Ele.  E não o adoramos menos do que sua mansidão Divina.

Aí nós temos, então, o que eu imagino de uma igreja no Reino de Maria.  Uma imagem desta, ou um imenso vitral deste apresentando assim Nosso Senhor Jesus Cristo, e exposto à devoção dos fiéis, para ir rezar, para ir pedir.

Pedir o quê?  Pedir temor a Ele, pedir o temor do inferno, com que Ele ameaça aí.  Pedir o horror do pecado, pelo medo das penas do inferno.  É o primeiro passo para depois amar inteiramente a Deus.

(Como é que o senhor imaginaria uma Sainte-Chapelle no Reino de Maria?)

A Sainte-Chapelle, é dessas coisas que nascem de um conjunto de coisas, de circunstâncias, de estado de espírito, de graças em todo um ambiente.  Um artista a concebeu, mas é todo um ambiente que favoreceu o fato de que a alma do artista concebesse isso.  E graças especiais também.

Eu tenho a impressão de que a ogiva é uma forma tão admirável, que é difícil de imaginar que ela tenha sido concebida sem um apoio, sem um auxílio especial da graça.

E eu acho que tudo quanto diz respeito ao Reino de Maria será assim. Virão graças das quais nós não temos nem ideia. Essas graças se simbolizarão em formas também, que também nós não temos veem. O Reino de Maria vai ser superior a tudo quanto nós imaginamos a tal distância, que nós também não temos ideia. Nós devemos viver do desejo de saber essas coisas.  É o que sua pergunta exprimiu, é esse desejo.  E nós devemos viver deste desejo e dessa esperança.

Para os senhores verem o conjunto de circunstâncias que tudo isso pede, o sr. RL me disse no ouvido aqui, pouco antes de descer, que segundo a lenda, o frade dominicano que teria recolhido aquele bêbado e o teria levado a se converter etc., era São Tomás de Aquino. A coisa não tem nada de impossível.

Mas, o senhor pode imaginar São Tomás agindo sobre a alma desse indivíduo, convertendo, que luzes procedem da alma de São Tomás para esse indivíduoComo é que isto atua depois sobre todo o resto, e depois ainda entra um São Luís que faz talvez algum retoque disto… Pensem no Anhembi!

E os senhores compreendem de que os senhores são levados a gostar hoje e de que os senhores eram levados a gostar outrora.  Os senhores compreendem dois mundos.

Bem meus caros, está encerrado.  Vamos rezar.

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