Auditório São Miguel, Domingo, 26 de maio de 1989, Encerramento do acampamento da Saúde em Amparo
A D V E R T Ê N C I A
Gravação de conferência do Prof. Plinio com sócios e cooperadores da TFP, não tendo sido revista pelo autor.
Se Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:
“Católico apostólico romano, o autor deste texto se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto, por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.
As palavras “Revolução” e “Contra-Revolução”, são aqui empregadas no sentido que lhes dá Dr. Plinio em seu livro “Revolução e Contra-Revolução“, cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de “Catolicismo”, em abril de 1959.
Meus caros, a comparação não poderia ser mais apropriada do que essa [referindo-se ao “sketch” que acabava de ser apresentado]: quer no que ela apresenta o mundo contemporâneo como agonizante, como estando para dar seus últimos suspiros antes de morrer, quer no que apresenta no mundo contemporâneo com seus vários tipos de pessoas, que recebem a influência deles.
Uns gostam do mundo contemporâneo e querem que ele se salve: estes acham o mundo contemporâneo um palhação: não devem nada a ele, mas ele é divertido, apresenta diversões, apresenta dinheiro, apresenta recursos, variedade; tem televisão, tem viagens, tem lanchonetes… tem quanta coisa! E porque é um palhação que não resolve os problemas interiores de cada um, mas ao menos dá a cada um ocasião de dar uma grande gargalhada a respeito da vida, por causa disso querem que o mundo contemporâneo continue a existir.
Para outros, o mundo contemporâneo é um carrasco, para outros etc., etc., as várias posições estão muito bem representadas.
Agora, pode se perguntar: se o mundo contemporâneo é tão desastroso que só é afinal de contas bem visto com indiferença e pouco caso por uns tantos que se aproveitam dele – mas quantos há que não se aproveitam do mundo contemporâneo! ou porque são pobres, ou porque são doentes, ou porque são superiores de espírito e compreendem todo o vexame do mundo contemporâneo, e compreendem que não podem viver em torno de um palhação, que eles mesmos não são palhaços, que são criaturas humanas sérias, que estão, como os senhores, numa idade que vai se passando da infância para a idade madura, em que a ideia das responsabilidades começa a aparecer – por tudo isto compreendem que o mundo contemporâneo está errado e que alguma coisa tem que mudar – se isto é assim nós perguntamos como é o contrário deste mundo contemporâneo.
* Qual o mundo que os espera?
Nós devemos nos perguntar, então, a época que esse mundo contesta, a época que ele despreza, a época em relação à qual ele é a contestação maior, e que é a Idade Média, como foi essa Idade Média? E, de outro lado, como será o mundo que não será essa Idade Média.
Eu tenho a certeza de que sobre como foi a Idade Média os senhores receberam explicações, receberam dissertações. Eu julgo, portanto, que para aproveitar o pouco tempo que temos diante de nós, não é o caso de renovar a descrição da Idade Média.
Nós nos devemos perguntar o seguinte: os senhores são jovens estão à cabeceira deste mundo contemporâneo agonizante, que não há UTI que salve. Agora, qual é então o destino individual de cada um dos senhores? E aí os senhores compreenderão qual é o mundo que os espera.
* Qual o ponto central que dá significado a tudo isso?
Todo o mundo passou pela idade em que os senhores estão. Nessa idade, a gente deixa para trás a infância e começa a aparecer a vida. E quando começa a aparecer a vida, para uns ou para outros, de um modo ou de outro, aparece uma pergunta: no fundo, para que tudo isso? No fundo, para que essa patacoada? No fundo, eu vou ser o quê dentro disso? Eu sinto no fundo de minha alma aspirações, sinto coisas que eu gostaria de ser, eu imagino coisas que gostaria de ter. Há outras coisas que me fariam horror ter, coisas que me fariam horror fazer…
Que sentido têm as coisas que eu gostaria de ter? Que sentido teriam as coisas que eu gostaria de fazer? E aquelas que eu não gostaria de ter? E aquelas que não gostaria de fazer? No fundo, qual é o ponto central que dá significação a tudo isso?
Alguns procuram a profissão. Outros, a glória. Outros procuram a satisfação de um desejo interno de afeto, de ternura, de compreensão, seja o que for, cada um procura alguma coisa. Esta coisa, onde encontrar? O que ela significa?
Em vez de fazer essa pergunta genérica em relação a todas as pessoas, eu faço essa pergunta individual em relação aos senhores.
A maior parte dos senhores, eu não conheço. Nunca vi na vida. A maior parte dos senhores também nunca me viu na vida. Se me conhecerem, quando muito será de nome. É um desconhecido falando a desconhecidos, e tratando de uma questão que vai no fundo da alma de cada um.
Como pode alguém pretender tratar assim da questão que vai no fundo da alma de cada um? O que eu sei da vida dos senhores? Dos senhores, individualmente. Eu não aponto com o dedo, porque eu precisaria passar o tempo inteiro apontando todo o mundo. Mas eu não excluo ninguém do que vou dizer. O que eu sei da vida interior de cada um dos senhores?
* “Tudo está consumado”!
Eu sei uma coisa: na Sexta-Feira Santa passada, nós comemorávamos a Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. E, com devoção, com compunção, nós lembrávamos as últimas palavras que Ele pronunciou do alto da Cruz, sobretudo aquelas palavras impressionantes: “Tudo está consumado!” Depois, Ele inclinou a cabeça e expirou.
Neste momento em que Ele disse “tudo está consumado”, Ele disse também uma outra palavra: “Meu Pai, em tuas mãos Eu deposito o Meu espírito”. Depois Ele disse: “consumatum est – está tudo consumado”. E Ele morreu.
Do alto da Cruz, Ele padeceu dores e tormentos que não podem ser qualificados.
Os senhores imaginem só isso: Ele tinha, durante muito tempo, sido flagelado. Tinha vertido sangue em abundância. Sentia, portanto, todo o enfraquecimento de Seu organismo, e todo o Seu Corpo dolorido pelas pancadas que tinha tomado. Os flagelos daquele tempo eram feitos de tiras de couro, que tinham na ponta uma espécie de unhas de metal, de maneira que quando se flagelava uma pessoa, pedaços de carne voavam em todas as direções. E as costas e outras partes do Corpo ficavam expostas: viam-se pedaços de ossos. Às vezes pedaços de costelas iam juntos. E o infeliz gritava de todos os modos. Depois disso, foi colocada uma coroa de espinhos sobre a cabeça dEle.
* A coroa de espinhos
Os senhores podem imaginar uma coroa de espinhos sobre a cabeça de um dos senhores, como sofreriam? Com os espinhos entrando aqui, provocando desordens as mais terríveis, que só no único Homem divinamente equilibrado que houve na História, que foi Ele – equilibrado como um Deus, um Homem-Deus poderia sofrer sem perder o equilíbrio. Depois, sujeito à caçoada de todo o mundo, depois põem uma Cruz às costas, e é levado até o alto de uma montanha carregando sua própria cruz. No alto da montanha, deitam a cruz no chão e “deite aí”. Ele se deita, abre as mãos e estende as pernas. Ali começa, ao mesmo tempo hein, dois carrascos pregando os pés, um pregando uma das mãos, outro a outra mão. Dores violentíssimas.
* Pendente da Cruz
Está bem, tudo isso é terrível. Estava tudo para começar… porque o pior ia começar agora.
Ele, pendente da Cruz, só podia apoiar-se um pouco sobre os pés [pregados]. Alguns imaginam um cavaletezinho para Ele se manter um pouco de pé. Quando Ele se apoiava sobre os pés, Ele sentia uma dor tremenda, porque aquele prego rasgava os pés. Quando ele deixava de se apoiar, porque a dor estava muito forte, Ele era obrigado a se apoiar nas mãos. Então, o pregos começavam a cortar as mãos…
[Todo Seu Corpo sentindo dores atrozes e a respiração começando a faltar. Então, a falta de ar, a falta de ar, a faltar de ar…]
O Coração que batia irregularmente. A vista que se toldava. Todo o organismo que entrava em desordem… E Ele sofrendo, sofrendo e sofrendo… A cada arfada que davam os Seus pulmões, a cada pulsação que dava Seu Coração, Ele dizia a Deus no íntimo de Sua Alma, numa linguagem muda (o Homem-Deus dizia a Deus): “Se for necessário eu quero mais sofrimento. Se for necessário, eu quero mais sofrimento!”
* Nosso Senhor Jesus Cristo, o Profeta
Mas Nosso Senhor Jesus Cristo era Profeta. E como Profeta que Ele era, não via só o presente, mas via também o futuro. Ele via o futuro de todos os homens que deveria haver sobre a Terra, que seriam criados, e qual seria a utilidade do Sangue dEle para esses homens.
Ele estava morrendo na Cruz com este dilúvio de tormentos e de dores, Ele estava morrendo na cruz com uma finalidade determinada: era para resgatar os pecados de Adão e de Eva e os pecados de todos os homens.
* Jesus conhece-nos, a cada um
Ele conheceu a cada um de nós individualmente como conheceu a cada um dos homens que haveria de nascer. Conheceu, portanto, a Plínio Corrêa de Oliveira que vos fala neste momento, como Ele conheceu a cada um de vós que está aqui neste auditório. O mais novinho, o mais desconhecido, o mais colocado para lá numa zona por detrás de alguns que estão em pé ali, e que eu nem consigo ver… Pouco incomoda. Do alto da Cruz, o olhar de Nosso Senhor Jesus Cristo atingia também esses e conhecia estes. E conhecia toda a vida destes. A vida até a idade que os senhores têm agora e a vida até o futuro. Ele viu os atos de virtude, via também os pecados. Ele rezava e sofria, rezava e sofria para que aquela alma de salvasse também. E por cada um dos senhores, individualmente, Ele sofreu, de maneira que, quando Ele expirou, todo o Sangue dEle estava gasto.
* Sangue e Água
Quando veio o centurião Longinus com uma lança para furá-Lo, e ver se ainda saía algum sangue, apenas saiu um misto de Sangue de Água, porque Seu Corpo não tinha mais sangue a derramar. Ele deu todo o Seu Sangue para salvação de todos e cada um dos homens.
Mas, não foi apenas dar o Sangue e morrer, e depois aquilo correu à matroca. Não. Ele destinou depois anjos que fossem os anjos da guarda para todos nós. Ele, do alto do Céu, acompanha a vida de cada um de nós. E para todos deu graças suficientes para se salvarem. Todo o mundo tem graça suficiente para se salvar, em virtude do sofrimento dEle.
* Quais foram estes que Ele amou mais?
Mas misteriosamente, por razões que a gente não sabe, a uns Ele amou mais do que a outros. E a estes Ele deu graças maiores, tocou de um modo maior e chamou de um modo melhor. E a estes destinou a uma coisa maior.
Quais foram estes que Ele amou mais? Aqueles que destinou a viverem mais perto d’Ele durante esta vida e subirem mais alto, junto a Ele, no Céu.
Então, esta é a história dos senhores que estão aqui. Ele lhes chamou não só para salvarem suas almas, Ele chamou para lutarem pelas almas dos outros, para agirem em benefício das almas dos outros, para agirem de tal maneira que muitas outras almas não se percam e que, assim, o tremedal de pecados, de erros e de vícios em que está atolado o mundo contemporâneo, afinal de contas, seja eliminado, e que venha uma outra época da História, uma época de Fé, em que aos homens seja mais fácil salvarem-se.
* A história individual de cada um
Então, a história individual de cada um dos senhores resume-se assim: os senhores estavam vivendo sua própria vida até que, num determinado momento, conheceram um rapaz da TFP. Ou foi na respectiva escola, ou na família, ou na rua…
Na hora em que esse rapaz se aproximou dos senhores, os senhores não viam, esse rapaz não via também, mas a Igreja Católica nos manda acreditar que nesta hora – sempre que alguém nos dá um bom conselho vem uma graça do Céu que faz aquela pessoa nos dar o bom conselho. E vem ao mesmo tempo uma graça do Céu, para que a pessoa que ouve o bom conselho – ouve no ouvido, materialmente – ouve no coração, ela diga “sim” e queira seguir.
Então, cada vez que qualquer pessoa – uma boa professora numa escola pública, um bom pai ou uma boa mãe em casa, que ame verdadeiramente a Igreja Católica, e que repudie os desvarios do mundo moderno – um bom amigo, um bom padre, um bom confessor, o que for – nos disser uma palavra boa, foi a graça de Deus que atuou na alma dele, dizendo: “Fale para aquele filho”. E ele fala. Mas depois atuou na alma daquele que ouve e diz: “Siga as este que está te aconselhando”.
Se os senhores resolveram ir ao Curso [S. João Bosco], se resolveram atender ao convite de ir à fazenda de Amparo, os senhores não sabiam, mas o seu Anjo da Guarda estava acompanhando. Estava junto a cada um dos senhores, porque cada homem tem um anjo da guarda próprio. O anjo da guarda estava junto aos senhores e junto a cada um dos senhores o anjo da guarda dizia, em palavras que os ouvidos não ouvem, mas que a alma sente: “Vá meu filho, é bom para você. Você vai encontrar alguma coisa lá que vem da parte de Deus. Atenda. Siga, meu filho. Chegue e leve o caminho!” E os senhores eram encaminhados para aquela direção, iam para lá, seguiam lá.
E ali, os senhores tiveram noção de um panorama novo. Foi explicado para os senhores que os senhores não vivem só para o próprio prazer, que os senhores não vivem só para gozar as alegrias da vida. Nem que as alegrias da vida são capazes de satisfazer seus corações.
Foi-lhes ensinada aquela palavra da Escritura que nos recomenda o amor ao próximo. O irmão que salva seu irmão, salva a sua própria alma e brilhará no Céu como um sol por toda a eternidade. Quem é “seu irmão”? É o filho de seus pais, filhos de sua mãe, evidente. Mas todo o homem é seu irmão. E o homem que salva outro homem, salva sua própria alma e brilhará no Céu como um sol por toda a eternidade!
* O convite da TFP
Aqui está a TFP que convida os senhores a convidar outros a fazer o mesmo que pede aos senhores:
Cumpram os Mandamentos! adorem a Deus! sejam devotos de Nossa Senhora! trabalhem pela glória de Deus e pelo bem do próximo, fazendo com que todos pratiquem a virtude, professem a Fé Católica, e depois se coliguem para levar outros, outros e outros ainda para o mesmo fim! E se alguém se levantar opondo-se ao bem que os senhores fazem, lutem contra ele.
* Não se trata de tirar das garras do pecado, mas de quebrá-las
No mundo contemporâneo, quanta gente convida os outros para o pecado! Quanta gente convida os outros para o mal, para a perdição! Os senhores, na idade que têm, quantas vezes já foram convidados para o mal? Em todos os momentos, quase que em todas as horas do dia. Basta pensar apenas na televisão, e os senhores terão ideia do dilúvio de convites ao pecado que os senhores recebem de todo o lado.
Não se trata apenas de tirar um outro das garras do pecado, trata-se de quebrar as garras do pecado. Trata-se de quebrar as patas infernais do mal. Trata-se de expulsar o mal da Terra.
Os senhores não são apenas enfermeiros, os senhores não são apenas médicos, os senhores são chamados a serem guerreiros. Guerreiros no sentido mais elevado e mais nobre da palavra.
* É preciso enfrentar!
Pegar um revólver e dar tiros, qualquer um faz. Tomar uma arma e vibrar contra outro, desde que seja legítimo, qualquer um faz. Mas, saber dar um bom conselho, conhecer uma boa doutrina, ter a coragem de enfrentar um que vem dando risada e aliciando todos outros para dar risada também, e a gente enfrenta a risada: “Pouco me incomoda com a risada de vocês, estou certo de que tenho razão! Vamos discutir! Pão-pão, queijo-queijo! Vamos aos argumentos! Eu vou dar os meus argumentos. Dê os seus. Eu quero ver o que você tem para responder…
“E, depois, não pensem que eu me deixe intimidar. Não pensem que o fato de todo o mundo rir de mim, me desanima. Eu sei que Deus está no Céu e morreu por mim. Eu sei que é verdadeira a Santa Igreja Católica Apostólica Romana. Sei que a única civilização na qual os homens podem encontrar a virtude, o caminho do Céu, a ordem na Terra e a felicidade é a civilização cristã.
* Eu brado, brado e brado: Tradição, Família e Propriedade!
“Portanto, vocês ateus, vocês comunistas, vocês socialistas, vocês agentes do mal, eu os enfrento! Eu sou homem! Mais do que isso, eu sou homem e sou filho de Deus! Sou Católico, Apostólico, Romano! Tomo um estandarte com um leão, que é o símbolo da Fé combatente e militante. Saio com este estandarte à rua e brado: “Tradição, Família e Propriedade!”
“E porque esses são os três princípios que o erro do mundo quer negar hoje completamente, por causa disso, eu brado – mas eu brado com todas as forças de minha alma, com todas as forças vocais de minha laringe, com todos os recursos sonoros de meus pulmões – Tradição, Família e Propriedade!”
E, com esta coragem, enfrentando às vezes gargalhadas, recebendo de outro lado ovações, indiferente às ovações, porque não é por causa dos aplausos que eu brado isso – indiferente sobretudo e desprezando as gargalhadas, porque elas pouco me incomodam, eu brado, brado e brado de novo: Tradição, Família e Propriedade! Porque são os princípios ordenativos desta Terra, são os princípios que conduzem ao Céu. E, portanto: Tradição, Família, Propriedade!
Essas são as almas que não são moles, essas são as almas que não são covardes. Essas são as almas que não são mesquinhas e que vivem apenas para seu prazer, mas são almas que têm grandes ideais, almas que têm grandes metas na vida, almas sentem que para cima delas há algo de enormemente maior, infinitamente maior, que é o próprio Deus e o desígnio de Deus de ordenar todas as coisas segundo a lei dEle, para glória dEle e para felicidade dos homens.
* Se dois milhões de jovens praticassem os Mandamentos, a cidade de São Paulo mudava
Os senhores imaginem o seguinte: os senhores são aqui uns trezentos jovens, digamos – no total, para quatrocentos. Os senhores imaginem que jovens como os senhores haja em São Paulo pelo menos uns dois milhões.
Imaginem que todos esses dois milhões de jovens praticassem os Dez Mandamentos da Lei de Deus, quer dizer, que todos eles amassem a Deus sobre todas as coisas; segundo mandamento, que não tomassem o nome de Deus em vão; terceiro, que honrassem pai e mais e vai daí para a frente; vai até o décimo mandamento, e todos fizessem tudo quanto a lei de Deus manda, os senhores sabem o que acontecia? Só com isto, a cidade de São Paulo mudava!
Por quê?
Os senhores imaginem uma cidade muito menor do que São Paulo, com duzentos mil habitantes só, em que todos fossem católicos apostólicos romanos modelares – o prefeito e os habitantes da cidade; os vereadores e os juízes; os magistrados; os encarregados da polícia; os encarregados dos impostos, os patrões, os empregados; os comerciantes e industriais, os operários, todos cumprissem os Dez Mandamentos da Lei de Deus.
Os senhores sabem o que aconteceria?
Seria uma tal paz, uma tal alegria, uma tal ordem nessa cidade, que não precisaria absolutamente de policiamento, não seria preciso desconfiança nem nada. Tudo caminhava às mil maravilhas.
* E o Brasil seria o maior país do mundo
Se o Brasil fosse todo ele assim, em poucos anos seria o maior país do mundo. Por quê? Porque onde a Lei de Deus é cumprida, todo está em ordem.
Tomem a experiência dos senhores. Imaginem uma aula em que o professor seja profundamente católico, os alunos profundamente católicos. O professor desse a melhor aula que ele é capaz de dar, o ano inteiro; os alunos assistam o ano inteiro com a melhor atenção que possa prestar às aulas. É ou não verdade que os que tiverem pior nota, vão ter nota oito, e quase todo o mundo tem nota dez? É natural, porque onde entra a influência dos Mandamentos, anda tudo bem.
Os senhores tiram os Mandamentos, e mandem uma pessoa fazer o contrário do que dizem os mandamentos da Lei de Deus, tudo anda mal, tudo cai à matroca e tudo é desgraça. Pode ter progresso, pode ter dinheiro, pode ter técnica, pode ter UTI, pode ter o que quiserem, aquele mundo é um mundo de desastre, é um mundo de desespero. E acaba caindo numa guerra espantosa e tudo se dissolve.
Pelo contrário, ponde Nosso Senhor Jesus Cristo no centro de todas as coisas, os senhores terão tudo idealmente resolvido.
Então, os senhores foram chamados para dizer isto: a tradição é o princípio que nos liga ao passado glorioso, em que todo o mundo praticava bem a Lei de Deus: foi a Idade Média. A tradição é o que nos resta daquele tempo, mas é nossa esperança para o futuro. Nós chamamos de Idade Média não só aquele período do passado, mas o período do futuro em que todo o mundo há de praticar ainda melhor os Mandamento do que na Idade Média.
Alguém dirá: Mas, Dr. Plínio, isso é possível? Não é um sonho?
* O Reino de Maria
Um grande santo – São Luís Maria Grignion de Montfort – um devoto exímio de Nossa Senhora, profetizou isso: viria uma época, depois da dele, uma época em que o mundo teria tanta piedade e tanta Fé, que os santos do passado – os maiores santos do passado – comparados com os santos dessa época que viria – e que ele chama o Reino de Maria Santíssima – os santos dessa época seriam como cedros enormes em comparação com as graminhas [dos santos anteriores] [*]. E que todos seguiriam a Lei de Deus, e que o mundo seria o espelho da vontade de Deus na Terra.
Afinal, a oração contida no Padre Nosso – “seja feita a Vossa vontade assim na Terra como no Céu” – essa oração se cumpriria, e a Terra seria um reflexo do Céu. Seria ainda mais do que a Idade Média, ela seria a própria Idade Média multiplicada “n” vezes por si mesma. Seria a realização do desejo de Nosso Senhor Jesus Cristo, quando ao expirar Ele disse: “Consummatum est”. Eu dei tudo, sofri tudo, para um fim e esse fim é: que um dia seja feita a vontade das três Pessoas da Santíssima Trindade assim na Terra como no Céu.
* Convidados a ser lutadores do Reino de Maria
Este mundo está expirando. A vez do outro mundo já está vindo. O futuro já está chegando, e esse futuro será o Reino de Maria.
E os senhores receberam a graça de serem especialmente convidados para serem lutadores do Reino de Maria, os propagadores do Reino de Maria. De maneira que, quando, como Nossa Senhor prometeu em Fátima, chegar o dia dEla e Ela intervier nos acontecimentos da Terra, punir quem tem que ser punido, e premiar quem tem que ser premiado, os senhores sejam premiados com um prêmio magnífico, ainda nesta Terra, promessa de um prêmio ainda mais magnífico no Céu.
Pensai bem nisto: os senhores vão começar amanhã a vida de todos os dias. Os senhores vão para as escolas, os senhores vão para os meios que frequentam, aonde ninguém ou muita pouca gente pensa dessa maneira, os Srs. vão ter dificuldades. Lembrem-se do convite enorme que receberam. Lembrem-se do futuro admirável que os espera. Peçam forças a Nossa Senhora, com uma pequena oração, no momento em que se sintam fracos:
“Minha Mãe, força dos fracos, ajudai-me!” Digam isso a Nossa Senhora. Digam: “Coração de Maria, tende pena de mim!”, “Santa Virgem das virgens, auxiliai-me a vencer as tentações!”, “Nossa Senhora, cujo Coração é como um exército em ordem de batalha – “Acies Ordinata”! – tende pena de mim e dai-me força contra esses brutamontes!”
E os senhores terão iniciado uma grande carreira nesta vida! É o que de todo o coração lhes desejo.
[*} Veja-se a respeito a objeção que o Promotor da Fé (“advogado do diabo”) fez a essa profecia e a resposta clara e sucinta que lhe foi dada.