Capítulo V
A Tática da Contra-Revolução
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Don Cláudio de López Bru, segundo Marquês de Comillas, varão forte, “Grande de Espanha”, Servo de Deus, contra-revolucionário franco e ufano. Nasceu em Barcelona, a 14 de maio de 1853 e faleceu em Madri, a 18 de abril de 1925. A Tática da Contra-Revolução pode ser considerada em pessoas, grupos, ou correntes de opinião, em função de três tipos de mentalidade: o contra-revolucionário atual, o contra-revolucionário potencial e o revolucionário. 1. Em relação ao contra-revolucionário atual O contra-revolucionário atual é menos raro do que nos parece à primeira vista. Possui ele uma clara visão das coisas, um amor fundamental à coerência e um ânimo forte. Por isto tem uma noção lúcida das desordens do mundo contemporâneo e das catástrofes que se acumulam no horizonte. Mas sua própria lucidez lhe faz perceber toda a extensão do isolamento em que tão freqüentemente se encontra, num caos que lhe parece sem solução. Então o contra-revolucionário, muitas vezes, se cala, abatido. Triste situação: “Vae soli”, diz a Escritura44. Uma ação contra-revolucionária deve ter em vista, antes de tudo, detectar esses elementos, fazer com que se conheçam, com que se apoiem uns aos outros para a profissão pública de suas convicções. Ela pode realizar-se de dois modos diversos: A. Ação individual Esta ação deve ser feita antes de tudo na escala individual. Nada mais eficiente que a tomada de posição contra-revolucionária franca e ufana de um jovem universitário, de um oficial, de um professor, de um Sacerdote sobretudo, de um aristocrata ou um operário influente em seu meio. A primeira reação que obterá será por vezes de indignação. Mas se perseverar por um tempo que será mais longo, ou menos, conforme as circunstâncias, verá, pouco a pouco, aparecerem companheiros. B. Ação em conjunto Esses contactos individuais tendem, naturalmente, a suscitar nos diversos ambientes vários contra-revolucionários que se unem numa família de almas cujas forças se multiplicam pelo próprio fato da união. 2. Em relação ao contra-revolucionário potencial Os contra-revolucionários devem apresentar a Revolução e a Contra-Revolução em todos os seus aspectos, religioso, político, social, econômico, cultural, artístico, etc. Pois os contra-revolucionários potenciais as vêem em geral por alguma faceta particular apenas, e por esta podem e devem ser atraídos para a visão total de uma e de outra. Um contra-revolucionário que argumentasse apenas em um plano, o político, por exemplo, limitaria muito seu campo de atração, expondo sua ação à esterilidade, e, pois, à decadência e à morte. 3. Em relação ao revolucionário A. A iniciativa contra-revolucionária Em face da Revolução e da Contra-Revolução não há neutros. Pode haver, isto sim, não combatentes, cuja vontade ou cujas veleidades estão, porém, conscientemente ou não em um dos dois campos. Por revolucionários entendemos, pois, não só os partidários integrais e declarados da Revolução, como também os “semicontra-revolucionários”. A Revolução tem progredido, como vimos, à custa de ocultar seu vulto total, seu espírito verdadeiro, seus fins últimos. O meio mais eficiente de refutá-la junto aos revolucionários consiste em mostrá-la inteira, quer em seu espírito e nas grandes linhas de sua ação, quer em cada uma de suas manifestações ou manobras aparentemente inocentes e insignificantes. Arrancar-lhe, assim, os véus é desferir-lhe o mais duro dos golpes. Por esta razão, o esforço contra-revolucionário deve entregar-se a esta tarefa com o maior empenho. Secundariamente, é claro, os outros recursos de uma boa dialética são indispensáveis para o êxito de uma ação contra-revolucionária. Com o “semicontra-revolucionário”, como aliás também com o revolucionário que tem “coágulos” contra-revolucionários, há certas possibilidades de colaboração, e esta colaboração cria um problema especial: até que ponto é ela prudente? A nosso ver, a luta contra a Revolução só se desenvolve convenientemente ligando entre si pessoas radical e inteiramente isentas do vírus desta. Que os grupos contra-revolucionários possam colaborar com elementos como os acima mencionados, em alguns objetivos concretos, facilmente se concebe. Mas, admitir uma colaboração onímoda e estável com pessoas infectadas de qualquer influência da Revolução é a mais flagrante das imprudências e a causa, talvez, da maior parte dos malogros contra-revolucionários. B. A contra-ofensiva revolucionária O revolucionário, em via de regra, é petulante, verboso e afeito à exibição, quando não tem adversários diante de si, ou os tem fracos. Contudo, se encontra quem o enfrente com ufania e arrojo, ele se cala e organiza a campanha de silêncio. Um silêncio em meio ao qual se percebe o discreto zumbir da calúnia, ou algum murmúrio contra o “excesso de lógica” do adversário, sim. Mas um silêncio confuso e envergonhado que jamais é entrecortado por alguma réplica de valor. Diante desse silêncio de confusão e derrota, poderíamos dizer ao contra-revolucionário vitorioso as palavras espirituosas escritas por Veuillot em outra ocasião: “Interrogai o silêncio, e ele nada vos responderá”45. 4. Elites e massas na tática contra-revolucionária A Contra-Revolução deve procurar, quanto possível, conquistar as multidões. Entretanto, não deve fazer disso, no plano imediato, seu objetivo principal, e um contra-revolucionário não tem razão para desanimar pelo fato de que a grande maioria dos homens não está atualmente de seu lado. Um estudo exato da História nos mostra, com efeito, que não foram as massas que fizeram a Revolução. Elas se moveram num sentido revolucionário porque tiveram atrás de si elites revolucionárias. Se tivessem tido atrás de si elites de orientação oposta, provavelmente se teriam movido num sentido contrário. O fator massa, segundo mostra a visão objetiva da História, é secundário; o principal é a formação das elites. Ora, para essa formação, o contra-revolucionário pode estar sempre aparelhado com os recursos de sua ação individual, e pode pois obter bons frutos, apesar da carência de meios materiais e técnicos com que, às vezes, tenha que lutar. Notas: 44) Ecle. 4,10. 45) Oeuvres Complètes, P. Lethielleux Librairie-Editeur, Paris, vol. XXXIII, p. 349. |