Plinio Corrêa de Oliveira

 

Importa ter disciplina de espírito:
a razão, iluminada pela Fé, deve selecionar e orientar
nossas impressões e pressentimentos para explicitá-los

 

 

 

 

Santo do Dia, 2 de abril de 1970 – Quinta-feira

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A D V E R T Ê N C I A

Gravação de conferência do Prof. Plinio com sócios e cooperadores da TFP, não tendo sido revista pelo autor.

Se Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras "Revolução" e "Contra-Revolução", são aqui empregadas no sentido que lhes dá Dr. Plinio em seu livro "Revolução e Contra-Revolução", cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de "Catolicismo", em abril de 1959.


              

"É preciso ter um vocabulário escachoante, abundante, muitas palavras para dizer coisas de matizes semelhantes. Do contrário, ficam coisas assim: 'fantasmas' que perambulam pelas trevas da cabeça e que a gente nem sabe se são asneiras ou se são coisas razoáveis".

As palavras acima, proferidas pelo Prof. Plinio, constituem um convite para uma sadia formação intelectual, ao mesmo tempo que são uma aula viva de como se obter um vocabulário acima descrito.

A reunião subsequente, onde são explicados diversos conceitos mencionados neste "Santo do Dia", pode ser ouvida e/ou lida clicando aqui.

Para ver as explanações que Dr. Plinio fez a respeito do significado e importância para a vida intelectual de se saber explicitar e como fazê-lo, clicar aqui.

 

 

Pois não, para um Santo do Dia rápido eu trato disso hoje. Os senhores entenderam qual é a pergunta? É: que diferença há entre ter o desejo de que a Bagarre venha logo e ter a vivência de que ela virá logo, e se se pode ter uma coisa sem a outra?

Teoricamente falando, as coisas são distintas se bem que entrelaçadas. Ter a convicção de que a Bagarre vem logo é possuir os motivos racionais, ora inspirados em razões de Fé, ora em razões de ordem natural, que se conjugam para a demonstração clássica de que a Bagarre virá logo. Isto é o lado racional.

Ter a vivência de que a Bagarre vem logo é ter uma impressão, uma espécie de sensação de que a Bagarre virá logo, uma impressão de que a Bagarre virá logo. Teoricamente falando, a impressão não se confunde com a convicção. Uma pessoa por exemplo pode estar inteiramente convicta de que, não sei, de que estudando bem, passará nos exames, ou de que estudando mal não passará nos exames, pelo menos de modo sumamente provável não passará nos exames. A pessoa pode estar convicta disso. Sem embargo, ter uma certa impressão de que passará, ou não passará. É um pressentimento, é um prognóstico. É uma coisa assim, fundada muitas vezes em razões de caráter imponderável.

Há, por exemplo, pessoas que, não se sabe bem como, predizem que vão morrer. E não são santos, nem nada disso, são pessoas que predizem que vão morrer e morrem na ocasião mais ou menos prevista.

Eu conheço, por exemplo, eu ouvi falar desse senhor, não cheguei a conhecer mas é um fato inteiramente exato: um senhor que todos os anos comprava um calendário para a casa e no ano da morte dele - ele estava em condições de saúde, pelo menos aparentemente normais - no ano da morte dele comprou no começo do ano um calendário para a casa, como todos os anos e na hora de colocar o calendário na parede, ele disse à mulher: "Olha aqui, eu vou fazer um cálculo. Tal tanto, noves fora tanto”, fez lá um cálculo qualquer [e disse]: "Este ano eu morrerei". A mulher: “não, mas não diga isso!” Nesse ano ele morreu, acabou-se. A gente vê que ele teve um pressentimento de que ele ia morrer. No que é que era fundado esse pressentimento? Eu não sei.

Eu conheço o caso de uma senhora, que o filho dela foi fazer uma viagem longe. Mas disse a ela – era assim uma espécie de tapeação – que a viagem era para perto. Quando o filho foi viajar, no dia seguinte ela chamou uma pessoa da família e disse o seguinte: "Olha, meu coração está procurando meu filho em tal cidade assim, onde ele disse que iria, mas não o encontra lá. Ele está longe e muito longe, onde é que ele está?" O filho estava na Europa.

Agora, como é que a pessoa pressentiu isso? Não se sabe como é feito esse pressentimento. Mas pressentimentos desses existem, não é verdade? Então, os senhores estão vendo que a vivência é, em si, se isso também se considera vivência, uma coisa separada da razão.

Agora, é claro então que a gente pode ter pela razão a convicção de que a Bagarre virá. Pode não ter pressentimento de que ela venha. Pode até ter pressentimento de que ela não virá. Quer dizer, a vivência que é, entre outras coisas também um pressentimento – pode ser chamado vivência –, a vivência evidentemente é distinta da razão.

A resposta, portanto, é que se pode ter a convicção racional de que a Bagarre virá, acompanhada de um pressentimento de que não virá, ou acompanhada do pressentimento de que virá. São duas coisas distintas.

* Importa ter disciplina de espírito: a razão, iluminada pela Fé, deve selecionar e orientar as vivências ou pressentimentos

Agora, um espírito bem disciplinado, uma pessoa com a mente bem disciplinada, tendo boas razões de Fé e de razão para achar que a Bagarre virá, não dará importância aos pressentimentos. Isso é disciplina do espírito. Não dará atenção a isto e toca a vida para frente. Isso é a pessoa equilibrada. Por duas razões:

1) por causa da supremacia natural da razão, quando inspirada pela Fé, sobre esses pressentimentos e essas coisas.

2) pela disciplina interior que se deve ter.

Então, um dos senhores, para a gente tratar a questão a fundo, poderia me dizer o seguinte: "Então a gente nunca deve dar importância a um pressentimento porque os pressentimentos não se fundam em razão?"

Eu não vou tão longe e nem é o que eu disse. Eu disse que, quando o pressentimento é contra a razão a gente não deve dar importância. Às vezes algum pressentimento que não está fundado em razão, mas que não é contra a razão, é misterioso, dá-se importância ou não se dá? A coisa é misteriosa. Quer dizer, eu não estou fazendo aqui o papel de racionalista. Eu não estou dizendo, portanto, o seguinte: "A gente só dá importância ao que é fundado em razão". Eu estou dizendo uma coisa bem diversa: o que é contra claras razões, a gente não deve dar importância. Isso é inteiramente diferente.

Por que? Porque esses pressentimentos às vezes são coisas da graça, às vezes são coisas do demônio, às vezes são regras misteriosas de telepatia, outras coisas que nós não conhecemos bem, mas que existem. De maneira que não se pode também negar assim. Agora, aquilo que é claramente contra a razão, está demonstrado que não é daquele jeito, a gente não deve aceitar.

Agora, a questão é que isto é a coisa tomada teoricamente. Quer dizer, teoricamente eu quero dizer, numa teoria simplista dos fatos e não numa teoria verdadeira dos fatos. Mas a realidade é mais rica do que esta impostação que eu acabo de dar.

Nós, como vivências, não incluímos apenas os pressentimentos meio misteriosos, mas fundados em algum fato interior legítimo. Nós não incluímos apenas isso, mas nós incluímos uma porção de impressões que têm outra origem.

* Não se confunda vivência com uma subordinação oportunista à opinião dominante do ambiente! – A deformação de vivências legítimas gera conclusões infundadas

Outra coisa que é vivência é uma debilidade das almas, pela qual elas não têm coragem de achar aquilo que o comum das pessoas não acha.

(Sr. Ezcurra: O senhor poderia repetir esse princípio?)

Pois não. Quer dizer, há almas que são almas débeis, por própria culpa, mas são débeis. De maneira tal que, quando elas veem que todo mundo pensa de um jeito, elas não têm coragem de afirmar o pensamento do jeito oposto. Seria preciso um ato de generosidade, um ato de energia que elas não querem ter. Resultado: elas vão chamar de vivência o que não é senão uma subordinação vil, sem coragem, sem grandeza, a uma opinião sem argumentos: é porque é.

Às vezes vivência é apenas uma impressão formada pelo oportunismo. Quer dizer, como a gente percebe que tem algum inconveniente em pensar de um certo modo, a gente pensa de outro. Depois diz que tem vivência.

Por fim, vivência às vezes é uma forma de oportunismo, é feita pelo medo.

(Aparte inaudível)

Podia, mas é uma coisa que é uma culpa dela, uma vivência errada, deformada, é o pânico da Bagarre. Então como não quer que venha, não quer imaginar que existe. Não sei se está claro isso?

(Sr. N. Fragelli: E os imponderáveis, como é que ficam?)

Eu falo daqui a pouco. Bem, acontece que às vezes também dá-se o seguinte: a pessoa tem um pressentimento fundado mas interpreta mal esse pressentimento. Por exemplo, um pressentimento assim, ponto positivo: "Nossa Senhora não permitirá que a Bagarre arrebente sem que eu esteja formado para ela". É o ponto positivo. Agora, o sujeito, desta posição que pode ser uma voz da graça no interior da alma dele, ele faz o seguinte raciocínio: "Ora, eu vou levar a vida inteira para me emendar, logo, a Bagarre não vai sair..."

Os senhores estão vendo que ele interpretou mal. Ele raciocinou mal a propósito de um dado que talvez seja uma voz da graça dentro da alma dele. Porque Nossa Senhora não vai permitir que a Bagarre arrebente sem você estar preparado. Está bom. Quem sabe se Ela faz você morrer antes da Bagarre? Quem sabe se Ela te converte de um momento para outro? Eu tenho visto conversões de um momento para outro no Grupo, e até duráveis. Quem sabe se Ela te converte de um momento para outro? Ninguém pode saber, nas vésperas da Bagarre, o que é que se passará dentro do Grupo, não é?

Quer dizer, a pessoa teve um pressentimento fundado, mas do qual ela tirou conclusões infundadas. Ela raciocinou mal a respeito de um pressentimento fundado. Ela chama isso de vivência.

* O homem, quando picado pela vaidade, tem uma capacidade prodigiosa de imaginar imponderáveis

Bem, o quê é que são aí os imponderáveis? Ponderar é pesar, é tomar o peso das coisas. Razões imponderáveis para se formar um prognóstico, são razões tão tão subtis que a gente não consegue pesar. Quando nós temos muito interesse num assunto, 99% dos imponderáveis se reduzem ao jogo do interesse.

(Aparte inaudível)

Quando uma pessoa tem muito interesse em que um assunto se resolva de um certo modo, ou não se resolva de outro, 99% dos imponderáveis que ela forma no espírito são o resultado do interesse que ela tem de que a coisa se resolva como ela quer, ou como ela não quer. De maneira que nós devemos ter um cuidado extraordinário com esses imponderáveis, quando nós mesmos estamos em causa.

(Sr. José Luís: Seria possível o senhor dar um exemplo?)

O sujeito, por exemplo, se veste muito bem e vai a uma reunião. Ele está com uma vontade louca de que todos comentem como ele está bem vestido. Ele entra na reunião e há uma atmosfera comum, ninguém lhe faz um elogio, ninguém diz nada. Ele sai de lá perguntando-se: "Notaram como eu estava bem vestido?" Dirá: "Ninguém disse nada, mas eu por imponderáveis senti que eles notaram muito..." É a vontade louca de que achassem que ele estava muito bem vestido.

Assim, há mil outras coisas do gênero: que acharam que era muito inteligente, que acharam que era muito gracioso, enfim... a vaidade humana o que inventa de “imponderáveis” a esse respeito é uma coisa simplesmente fabulosa!

Eu me lembro de uma pessoa, que sentou numa ocasião diante de mim, notavelmente pouco inteligente. Sentou-se para começar uma direção espiritual. E assim... um pouco atrapalhado, um pouco assim sem jeito – a pessoa não está aqui, eu posso garantir – disse: "Bem, eu me sinto um pouco sem jeito de dizer ao senhor, mas afinal direi” – Eu quieto! Ele disse: “O senhor já terá percebido que eu sou invulgarmente inteligente, não é?"

O coitado é invulgarmente ininteligente. Agora, como é que ele deduziu que eu já percebi que ele é “invulgarmente inteligente”? É por pseudo-imponderáveis ele se sentiu inteligente; por pseudo-imponderáveis ele olhou a minha cara e me notou maravilhado com a inteligência dele. Aconteceu exatamente o contrário. Era preciso ter a prática de viver que eu tenho para não deixar transparecer no meu rosto nada. Porque o susto que eu tive não podia ser maior...

O exemplo clássico é da solteirona que se acha bonita, que imagina que todo mundo quer casar com ela. De fato, é uma recusada, ninguém quis casar com ela, nem pensa nisso. Ela inventa casos, conta, com uma relativa sinceridade. São os “imponderáveis” que meteram isso na cabeça dela. Está claro?

* Devemos fazer uma crítica de nossas vivências para retificar as erradas – Sou inimigo das vivências irracionais e amigo dos bons imponderáveis

Então, minha resposta é: quando... então, as vivências podem estar separadas daquilo que o Grupo diz, mas então é preciso fazer um trabalho de retificação das vivências, que são pseudo-observações. Quer dizer, observações sem fundamento, pseudo-raciocínios, pseudo-imponderáveis etc., que é preciso retificar.

Então, não se trata de ficar balançando entre a vivência e o raciocínio, é preciso explicitar a vivência: por quê é que eu penso assim? Por quê é que eu tenho essa vivência, qual é a causa? E chamar a juízo a vivência: explique-se, exprima-se, fale, que você vai ser julgada!

Bom, eu disse num tom tal que é pouco convidativo para as vivências. Os senhores estão vendo aí que eu sou muito pouco amigo das vivências. Eu não sou pouco amigo dos imponderáveis, longe disto; não sou pouco amigo dos pressentimentos, embora tenha muito medo deles. Mas dessas tais vivências irracionais, que são mais ou menos como umas cabras cegas andando dentro das cabeças, e que nunca ninguém acerta nada com elas, e  de um sujeito que pura e simplesmente se senta diante da gente e diz "eu tenho uma vivência que diz que não é...", a vontade que eu tenho de dizer é: “vá tomar banho! Porque se é uma razão que você não traduz em termos úteis para a sua própria crítica, nem para a minha crítica, guarde com você; elas não têm direito à luz do dia. Elas são boas para a penumbra culposa do seu cérebro. Tome essa". A resposta pliniana, a 100% seria essa. Agora, naturalmente, tem “Saint Simon” [neologismo para amabilidades, n.d.c.], tem tudo, eu já sei...

Mas a resposta que me está na alma é esta. Se é uma coisa que o indivíduo não sabe dizer porque que é, e vem dizendo que ele não está de acordo por uma razão que ele não sabe qual é...! Se ele ainda dissesse: “o Sr. poderia me ajudar a explicitar?” Ainda vai... mas não, e aquilo como uma coisa fechada sobre si mesma: “eu não sei porque é e não tenho vontade de dizer porque é, eu só digo para o Sr. que é uma vivência”! Dá a vontade de dizer: “vá tomar banho, vá plantar batata com sua vivência... porque então também eu me planto na sua frente e digo: está bom, eu tenho vivência do contrário! E agora? Então vamos ficar quietos”.

Então a linguagem humana não adianta de nada, o cérebro humano não adianta de nada, a língua humana não adianta de nada. Dois imbecis perfeitamente mudos poderiam conversar na mesma base. Um faz “muuuhhh” para o outro e o outro responde. Pronto, está tudo dito. Pronto.

Quer dizer, é para tomar essas vivências e julgá-las, elas são desordens, na maior parte dos casos. É isto e não há outra coisa que senão isto.

(Aparte: Neste caso não seria interessante quem se sente assim movido escrever essas vivências, encaminhar para o senhor elucidar?)

Eu acharia excelente que fizessem desde que nós tivéssemos uma pequena biblioteca pública para guardar todas as vivências de todo o mundo... Eu teria muito gosto em me consagrar a uma “caçada das vivências” dentro de qualquer cérebro, não tem dúvida.

Mas são tantas na minha cara “geração nova” que se cada um não toma, não pede a Nossa Senhora um desejo ativo de estrangular as próprias vivências... algumas eu posso destruir, mas ficarão muitas outras passeando pelos matagais pouco cultivados da nossa imaginação, de nossa sensibilidade. Está tremenda a resposta, não é? Mas é que às vezes a gente precisa sacudir um pouco as coisas.

(Aparte inaudível)

* A vantagem de um vocabulário abundante para fazer a caçada às vivências e limpar as trevas mentais do “geração nova”

Começarem a fazerem a “caçada das vivências”! Adquirirem essa disciplina! Sempre que os senhores pensarem uma coisa e não souberem a razão, não ficar no palpite, mas procurar para os senhores mesmos explicitarem a razão e depois julgar.

(Sr. Carlos Ibargurem: inaudível)

É, mas para a gente saber é preciso obrigar que ela se explicite. Eu não posso ter uma vivência querida plantada aqui na minha cabeça, e essa não julgo.

(Sr. Carlos: hay que explicitar)

Hay que explicitar! Não sei se eu respondi bem a sua pergunta.

(Sr. Rodrigo: ... quando o senhor falou de imponderável, eu tenho uma certa dificuldade de entender bem essa questão de imponderável... e há pessoas que dizem que os imponderáveis são coisas que não entram através dos sentidos, mas são coisas que vem diretamente, impressões que vem na alma. Por isto parece que um pouco difícil...)

Ah, não, não, isso é uma espécie de magia que capta o imponderável. Isto é a-intelectual, não aceito essa expressão, não, de nenhum modo. Nada há no intelecto que não passe pelos sentidos; o resto é macumba.

Bem, a questão é a seguinte: é que pode haver uma observação qualquer para a qual o meu vocabulário interior ou exterior é pobre e eu então não sei exprimir bem o que se passou em mim, mas eu percebo que percebi uma qualquer coisa. Então eu digo que é um “imponderável”, que propriamente eu deveria chamar um “inexprimível”, um “inefável”. É por isso que eu aconselho tanto a minha caríssima geração-nova a ter vocabulário abundante, porque ninguém explicita nada com vocabulário pobre. As nações que têm vocabulário pobre têm mentalidades pobres, ou empobrecem as mentalidades que nelas nascem. É preciso ter um vocabulário escachoante, abundante, muitas palavras para dizer coisas de matizes semelhantes. Do contrário ficam na cabeça coisas assim: “negotium perambulantem in tenebris,” quer dizer, fantasmas que perambulam pelas trevas da cabeça e que a gente nem se sabe se são asneiras ou se são coisas razoáveis.

Não sei se a doutrina dos imponderáveis está clara ou não?

(Sr. Rodrigo: Sabe por que, Dr. Plinio? Uma pessoa, uma vez estava dizendo o seguinte: que mesmo que ela passasse por exemplo da fronteira de um Estado para outro, no meio da selva sem ver nenhuma coisa feita pela mão do homem, ela por imponderáveis....)

Não, não, não, essa pessoa talvez não se tenha expresso bem. Às vezes há na própria vegetação e na própria atmosfera natural, algo de diferente de Estado para Estado, quando a fronteira corre numa linha legítima, numa linha autêntica. Então uma pessoa pode notar, mas aí o “imponderável” é uma série de impressões difíceis de exprimir, mas que passaram pelos sentidos e que a pessoa teve em contato com a natureza.

(Sr. Rodrigo: Mas aí ficou claro [que] a pessoa tem em vista que a região fosse a mesma sem mudança geográfica absolutamente nenhuma.)

Ah bom, esta pessoa é tão mais perspicaz do que tudo quanto eu poderia imaginar, que eu a julgo assistida por um Anjo, porque fora disso, eu não imagino como possa ser... Esse nosso amigo levou muito longe a noção do “imponderável”...

Bem, meus caros, eu creio que com isso o Santo do Dia está terminado.


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