Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

Minha

 

Vida Pública

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Parte XI

Livros e Campanhas de grande repercussão na década de 1980

 

Capítulo IV

“As CEBs ... das quais muito se fala, pouco se conhece — A TFP as descreve como são” (1982)

 

 

1. CEBs: “longa manus” da CNBB para a socialização do Brasil

Enquanto o mito da autogestão fenecia no mundo, eu via o Brasil evoluir para uma situação em que a CNBB ia se afirmando como a única força a ter condições de dar andamento às reformas de base na ordem temporal*.

* A expressão “reformas de base” ficou como moeda cunhada da era janguista. Referia-se fundamentalmente às Reformas Agrária, Urbana e Empresarial de cunho marxista, que João Goulart queria impingir ao Brasil.

Eu estava convicto de que ela era a única força capaz de levar para uma socialização avançadíssima, para não dizer a comunistização, o nosso querido Brasil. Pois o programa da CNBB equivalia a colocar o Brasil, por iniciativa eclesiástica, a um passo da negação de toda a ordem natural criada por Deus.

Ora, nessa derrubada da ordem natural havia implícita uma negação da ordem sobrenatural e de toda a Religião*.

* A ordem natural criada por Deus é o fundamento da sociedade e da civilização retamente entendidas, e está ademais intimamente ligada à prática da verdadeira religião, e portanto à salvação das almas. Por isso Deus Nosso Senhor a resumiu e defendeu ao promulgar os Dez Mandamentos, entre os quais, por exemplo, há dois que protegem a propriedade privada — o 7º Não roubarás, e o 10º Não cobiçarás as coisas alheias — contra os quais se atiraram as CEBs. O Apóstolo São Paulo deixa claro que os próprios pagãos têm a lei natural impressa nos seus corações e disso lhes dá testemunho sua consciência, e por ela seus atos serão julgados (cfr. Romanos, 2, 14-16).

Mas a CNBB sairia por demais de seu papel se ela agisse diretamente nesse sentido. Então passou a promover um tipo de organizações que não eram propriamente associações religiosas, mas associações com certo ar leigo, certo ar civil. E que encontravam seu fermento em quase todas as sacristias, arregimentando seus propagandistas entre os elementos do Clero e das ordens religiosas masculinas e femininas.

Essas organizações eram as chamadas CEBs, ou seja, as Comunidades Eclesiais de Base, as quais constituíam a grande arma e ao mesmo tempo o grande pára-vento da CNBB para fazer isso [60].

2. Uma espécie de partido comunista disfarçado com fundamentação religiosa

As CEBs foram a realização, em nível popular, do que os Cursilhos eram em nível burguês. Elas trabalhavam em geral com operários, e formavam grupinhos de famílias [61].

Tudo isso muito provavelmente com vistas a instituir no Brasil um regime socialista autogestionário mais ou menos análogo ao de Mitterrand [62]. Em vários lugares elas estavam inclusive levando a efeito a experiência das chamadas “chácaras autogestionárias” [63].

As CEBs eram no fundo um partido comunista déguisé (disfarçado), e pelo fato de serem déguisés, ficavam invulneráveis à repressão [64].

O dirigente, militante ou recruta das CEBs deduzia da Religião (reinterpretada pela Teologia da Libertação) as conclusões socioeconômicas que o Partido Comunista e o Partido Socialista deduziam da irreligião.

Entretanto, esta fundamentação religiosa da revolução conferia às CEBs, naquela época, características próprias e vantagens específicas, que a revolução ateia não possuía. A motivação religiosa da subversão das CEBs lhes dava uma possibilidade de êxito, pelo menos a longo prazo, que Lenin não teve*.

* Essa motivação religiosa foi enfatizada por um importante artigo de Valentina Andrónova, especialista do Kremlin encarregada de acompanhar a atuação da esquerda católica latino-americana. A autora, embora colocada no ângulo oposto ao da TFP, apresentava uma visão das Comunidades Eclesiais de Base que pouco diferia da apresentada por Dr. Plinio. O título desse artigo era “As comunidades eclesiais de base: nova forma de protesto social dos crentes” (revista América Latina, Editorial Progresso, Moscou, abril de 1985, apud Catolismo n° 421, de janeiro de 1986).

Ela dizia:

“A renovação da Igreja católica, iniciada pelo Concílio Ecumênico Vaticano II (1962-1965), está tomando formas radicais na América Latina. [...] No marco das mudanças no catolicismo latino­americano, o aparecimento das comunidades eclesiais de base (CEBs) constitui o fenômeno de maior relevância” (p. 4).

“As CEBs trazem ao movimento revolucionário seus conceitos religiosos. [...] Elas dispõem de uma religiosidade nova, repleta de conteúdo democrático e revolucionário” (p. 16).

“Ali se expressa o desejo de uma participação mais ampla dos leigos nas atividades do Episcopado e maior representação destes nos conselhos pastorais e nas paróquias, da observância da igualdade entre leigos, religiosos e sacerdotes. Exigem-se também ações conjuntas dirigidas para a libertação dos pobres em lugar de ‘justificação daqueles que se contrapõem aos interesses da classe oprimida’” (p. 8).

“Juntam-se para a construção de estradas e escolas ou fornecimento de água. Unindo suas forças, procuram defender suas terras contra as pretensões dos latifundiários ou lutam pela reforma agrária, exigem melhores condições de trabalho, pagamento justo, transportes para ir e vir do trabalho. Vão-se compenetrando de um sentido de coletivismo e de ajuda mútua. A velha religião, baseada na submissão e na obediência, é relegada a segundo plano. Os fiéis a substituem por uma religião ligada à sua [...] luta pela libertação” (p. 8).

“Os religiosos progressistas que escolheram as comunidades de base para aplicar seus esforços foram mais longe, extraindo do ideário de [Paulo] Freire o principal: a necessidade de desenvolver a consciência política dos crentes” (p. 6).

“A nova interpretação da Bíblia deu impulso ao desenvolvimento da consciência social dos crentes, para as ações dirigidas à criação de uma sociedade de irmãos e irmãs, ou seja, de uma sociedade sem classes, conforme entendem” (p. 10).

“No processo de estudo do sistema capitalista, muitos ideólogos do movimento das comunidades de base chegaram à conclusão de que as categorias marxistas as ajudam a compreendê-lo melhor. [...] Entende-se assim a declaração do teólogo brasileiro L. Boff de que ‘os membros das comunidades cristãs de base começaram a apropriar-se do marxismo para utilizá-lo como arma de autodefesa na luta para libertar-se do sistema capitalista’ “(p. 10).

“A conferência episcopal nacional [CNBB] segue resolutamente um rumo de renovação” (p. 15).

“O maior deslizamento para a esquerda ocorre em comunidades de base do Brasil e da América Central” (p. 10).

“Nos territórios libertados pelos guerrilheiros [de El Salvador e da Nicarágua], as CEBs atuam como uma Igreja nova totalmente solidária com o povo em armas” (p. 13).

3. CEBs como potência eleitoral: “infalibilidade” até do sacristão

Houve tempo em que as CEBs eram apresentadas pela mídia como uma verdadeira potência eleitoral emergente [65].

Isto vinha do fato de os católicos em grande número se sentirem, de modo errado, obrigados a seguir a orientação eleitoral do padre.

A idéia desses católicos era de que, sendo o Papa infalível, toda e qualquer opinião dele era também infalível. Ora, pensavam eles, o Bispo interpreta a opinião do Papa, de onde se conclui que o Bispo deve ser infalível também. E isto é também com o padre, o qual interpreta perfeitamente bem a opinião do Bispo. Logo, também o padre deve ser infalível.

Isto ia tão longe, que certa vez, numa discussão — aliás quente — que tive com um senhor a respeito desse assunto, ele me disse em outras palavras o seguinte: “Dr. Plinio, o senhor quer saber de uma coisa? Eu penso até como o meu sacristão. Porque como o sacristão interpreta o pensamento do padre, eu estarei com o Papa estando com o sacristão”. O que era levar a ingenuidade e falta de senso ao último ponto! Mas, enfim, até lá chegava o homem.

Era com base nessa visão deturpada da fidelidade à Igreja que a CNBB tinha meios de empurrar os eleitores para votar a favor das reformas de base.

Por quais meios? Exatamente por meio das CEBs. Porque estas eram organizações através das quais a CNBB e os clérigos da Teologia da Libertação poderiam agir sem aparecer demais [66].

4. Como nasceu a idéia de um livro denúncia

Nesta conjuntura, o único meio de atalhar esse processo seria denunciar essas Comunidades Eclesiais de Base.

Denunciar só a elas? Não. Era preciso mostrar o seu poder, mostrar como elas se ligam à estrutura eclesiástica de esquerda, mostrar qual é o propósito dessa estrutura eclesiástica criando-as.

E também mostrar o papel da falta de reação da parte daqueles que poderiam fazer alguma coisa e mantinham-se na inação. E não só os elementos da estrutura eclesiástica, mas da burguesia, das classes intelectuais, enfim, de todos aqueles que ainda podiam agir de alguma forma.

Seria portanto necessário mostrar-lhes a gravidade de sua inércia e apontar o perigo: no Brasil as coisas vão se passando como se houvesse aqui um quarto poder além do Legislativo, do Executivo e do Judiciário. Um 4° poder que em muitas circunstâncias pesa mais nos acontecimentos do que esses três poderes. E esse poder era a Imprensa.

Este 4º poder está todo ele, por sua vez, a serviço de um outro poder paralelo, maior do que todos os outros, e que traça programas para o governo, traça programas para a sociedade, intervém em tudo com voz decisiva e que não esconde ser um 5º poder. Esse poder era a CNBB.

Para fazer essa denúncia, nada melhor do que o lançamento de um livro.

*   *   *

Em que circunstâncias nasceu a idéia desse livro?

O livro nasceu de uma preparação silenciosa, discreta, lenta, de alguns estudos feitos dentro da TFP, que aparentemente não tinham entre si maior conexão.

Dentro da nau da TFP, dois membros dela, os irmãos Gustavo Antonio Solimeo e Luiz Sérgio Solimeo, sem um nexo mais próximo, mais imediato, mais frisante com essas minhas preocupações, e sem que isto lhes tenha sido encomendado ou pedido, começaram, por iniciativa própria, a estudar essas comunidades de base.

Durante anos, eles foram coletando documentos, e de vez em quando me diziam alguma coisa a respeito dos seus estudos.

Eu prestava atenção, via que eram raciocínios inteligentes, bem apresentados, lúcidos, que rumavam para um determinado fim. Mas de início eu não deitei uma especial atenção ao trabalho deles.

Eles trabalharam incansavelmente durante cinco anos. E eu sabia que eles estavam reunindo uma mole enorme, uma massa monumental de documentação.

Quando chegou a um certo ponto, eles me propuseram a confecção de um livro, e eu concordei enfaticamente. Recomendei-lhes que o texto fosse revisto por vários dentro do nosso grupo, que fosse ajustado às várias circunstâncias políticas, objetivos e metas, antes mesmo que o trabalho chegasse às minhas mãos.

Quando li o estudo, notei a coincidência providencial, magnífica, entre esse trabalho e as minhas preocupações [67].

5. A amplitude da campanha de difusão: 1.510 cidades

Campanha da TFP no Viaduto do Chá, na capital paulista, de difusão da obra "As CEBs... das quais muito se fala, pouco se conhece - A TFP as descreve como são"

Foi assim que os irmãos Gustavo Antonio Solimeo e Luiz Sérgio Solimeo, e eu, escrevemos o livro As CEBs... das quais muito se fala, pouco se conhece - A TFP as descreve como são*.

* O livro teve seis edições, num total de 72 mil exemplares, além dos 180 mil exemplares de uma versão popular que condensava as denúncias em forma de revista em quadrinhos.

Versão popular do livro das CEB's que condensava as denúncias em forma de revista em quadrinhos [faça o download do livro -18 MB - clicando sobre a foto]

Na primeira parte, mostro como as CEBs são o instrumento da esquerda católica para semear o descontentamento na população (especialmente entre os trabalhadores manuais), transformar em seguida o descontentamento em agitação e, através dessa agitação, impor aos Poderes Públicos a tríplice Reforma: Agrária, Urbana e Empresarial.

A Parte II da obra informa o público brasileiro sobre a realidade das CEBs: a doutrina disseminada por estas, sua organização, seus métodos para recrutamento de aderentes e para a ação dos mesmos aderentes sobre o conjunto do corpo social.

Para este efeito, os autores dessa parte da obra, os irmãos Gustavo e Luiz,  foram colher os dados, por assim dizer, dos próprios lábios daquelas organizações, isto é, dos escritos em que elas se autodefinem para seus aderentes e para o público.

Completam as informações assim coligidas, outras notícias de jornais e revistas inteiramente insuspeitos de distorcer os fatos em detrimento das CEBs.

A partir de agosto de 1982, sócios e cooperadores da TFP encarregaram-se da difusão da obra por todo o Brasil: 1.510 cidades foram visitadas pelas caravanas de propagandistas da TFP [68].

6. Golpe profundo nas CEBs: Teologia da Libertação fica impopular

Denunciadas as CEBs, houve uma erosão qualquer por onde elas [69] ficaram como uma bolha que havia vazado e diminuíra de volume [70].

É fora de dúvida que o livro, para quem sabe ver a profundidade das coisas (porque na superfície nada disso é dito assim), marcou uma situação em que a expansão das CEBs — que já era difícil — se tornou muito mais difícil em certos ambientes.

E toda organização que encontra dificuldades na sua expansão, por causa disso mesmo fica exposta a uma crise interna de desânimo. A crise de desânimo traz consigo a dúvida. E a dúvida provoca a deserção.

Com isto, a própria Teologia da Libertação ficou abalada e muito ameaçada no Brasil [71].

Muita gente ficou vendo, na ocasião, que mais uma vez a TFP havia atacado o que ninguém ousava atacar. Havia dito o que ninguém ousava dizer. E deteve o passo de um movimento que, sem isso, continuaria devastando aquilo que o Brasil tinha de mais substancial, de mais precioso, o por onde nosso País é ele mesmo, que é seu caráter católico, apostólico, romano [72].

Não há o que baste para encarecer o papel decisivo do livro sobre as CEBs, que imunizou largos setores da população contra esse movimento. O livro fez com as CEBs o que a pastoral de Dom Mayer havia feito em relação aos desvios dos Cursilhos, e o Em Defesa em relação à Ação Católica: alfinete no balão de borracha* [73].

* Depois disso, a esquerda católica ainda tentou reanimar as CEBs, realizando encontros periódicos, à base de empolgamentos artificiais. Mas nada pegou. O balão estava furado. O mais recente encontro de que tenhamos notícia foi realizado em Juazeiro do Norte (de 7 a 11 de janeiro de 2014), com grande aparato midiático. Falava-se em ressurreição das CEBs. No dia 7, a CNBB anunciava exultante em seu site: “Pela primeira vez em sua história, um Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) recebe uma mensagem de um papa. No dia 17 de dezembro, o papa Francisco enviou uma carta aos participantes do 13º Intereclesial das CEBs, que tem início hoje à noite, em Juazeiro do Norte”. Terminado o Encontro, parece que os ressurrectos voltaram para o túmulo. Não se ouviu mais falar das CEBs. O tema é analisado em artigo publicado em Catolicismo (abril/2014) e no artigo Um festival de marxismo, o Congresso das CEBs (site do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira).

Eles haviam feito das CEBs o cavalo de corrida deles. E nós furamos um dos olhos desse cavalo de corrida... [74]

7. Contragolpe: o caso da falsificação de “O São Paulo”

Declaração de D. Arns isentando a TFP

Em vista do sucesso da denúncia, não era de espantar que viesse por cima de nós um contragolpe.

E este veio através de um bombástico noticiário publicado na imprensa paulista e carioca sobre o suposto envolvimento da TFP na impressão de um número falso do semanário oficial arquidiocesano O São Paulo.

Tal envolvimento absolutamente não existia. E era até inverossímil, segundo teve o bom senso de declarar, interrogado pela imprensa sobre a matéria, o Emmo. Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns: “Não quero culpar ninguém sem provas. A TFP sempre teve a coragem de apresentar seus documentos assinados e, por isso, eu sempre respeitei essa organização” (Folha de S. Paulo, 25/8/82).

Diante dessa declaração, tudo parecia se dissipar.

8. O ex-presidente da Comissão Justiça e Paz e o juízo temerário

Mas a malevolência, como as vespas, melhor do que andar, sabe voar... [75]

Imaginem meu pasmo lendo em dois números da Folha as desinibidas declarações em que o Sr. José Carlos Dias (ex-presidente da Comissão de Justiça e Paz arquidiocesana de São Paulo) afirmava ter pistas que bem poderiam conduzir à demonstração de que as falsificações de O São Paulo e de outros textos emanados da esquerda católica poderiam vir da TFP!*

* Essas declarações temerárias do ex-presidente da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo saíram na Folha de S. Paulo dos dias 8 e 9 do setembro de 1982.

Era preciso estar inteiramente alheio ao que significa, ao que tem de si como peso natural na vida das idéias, das correntes de pensamento e de ação que imprimem rumo a um país, uma impugnação, uma documentação, um livro, para imaginar que uma organização, a qual vinha fazendo à esquerda católica uma oposição alta, compacta e extensa como uma serrania, lucrasse o quer que seja em esborrifar contra essa mesma esquerda algumas gotas de água suja ou, em outros termos, um jornalzinho e uns folhetos falsificados.

Para quem possuísse uma noção lúcida e serena da importância cultural do livro, como da importância real da cultura nas esferas pensantes de um povo, a hipótese cairia por terra a priori.

O Sr. José Carlos Dias não entendia as coisas assim. E ei-lo a fazer tábula rasa dessa impossibilidade absoluta, e a acompanhar sequioso as investigações policiais na Artpress, gráfica pertencente ao Sr. Fausto Borsato, sócio da TFP que havia feito a impressão do livro sobre as CEBs.

Segundo os próprios jornais, verificou-se que a Artpress não tinha máquinas capazes de imprimir O São Paulo autêntico, nem o falsificado.

Insensível a tudo isso, o Sr. José Carlos Dias persistia nas suas suspeitas.

E foi esse mesmo número falsificado que ele e o Sr. Bispo Dom Luciano Mendes foram levar — prestigiados por aparatosa repercussão publicitária — ao Sr. ministro da Justiça, Dr. Abi Ackel, e por meio deste, ao Sr. Presidente da República, general João Batista Figueiredo*.

* Dias depois, os jornais estampam a notícia de que as investigações acabaram por levar à descoberta, em Belo Horizonte, da gráfica onde havia sido impresso o número falso de O São Paulo. A declaração prestada à Folha (de 18/9/82) pelo Delegado de Polícia, Dr. Carlos Antonio Sequeira, de que nada havia sido apurado contra a TFP, no tocante a esta encerrava definitivamente o caso, e punha termo às especulações malévolas. E os veiculadores das suspeitas injuriosas e estapafúrdias caíram no mais completo descrédito junto à opinião pública.

*   *   *

Mas esta minha conversa não era com o Sr. José Carlos Dias. Era com o público que ele assim procurava intoxicar contra a TFP, no momento preciso em que esta lançava, acerca das Comunidades Eclesiais de Base, um verdadeiro livro-bomba.

Então escrevi um artigo para a Folha de S. Paulo, refutando essas acusações.

Nesse artigo, a que dei o título de Suspeita estapafúrdia e juízo temerário (15/9/82), eu perguntava se o Sr. José Carlos Dias saberia o que era o pecado de juízo temerário.

E afirmei a ele que esse pecado tinha uma agravante enorme quando o juízo temerário era divulgado por duas vezes no jornal de maior circulação de São Paulo, isto é, precisamente na cidade de maior população do Brasil.

Era o que eu, como presidente do Conselho Nacional da TFP, precisava dizer [76].

 


NOTAS

[60] SD 27/8/82.

[61] SD 29/2/80.

[64] Despacho CEBs 14/3/80.

[66] Palestra para as Caravanas 26/8/82.

[67] SD 27/8/82.

[69] Simpósio 4/7/84.

[70] ENSDP, maio de 1985.

[71] RR 31/3/84.

[72] SD 27/8/82.

[73] RR 5/5/84.

[74] Simpósio 4/7/84.

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