Plinio Corrêa de Oliveira

 

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Em nossos dias, não basta o idealismo

de épocas normais

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O homem que luta por seus direitos merece respeito. O que luta por princípios e ideais verdadeiros merece, mais do que isto, admiração.122

Plinio Corrêa de Oliveira

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Na praça da Paz Celestial, em Pequim (1989), um homem enfrenta uma coluna de tanques e os detém.

Neste capítulo

Na primeira cruzada, o exército regular — o dos cavaleiros que tomaram a cruz em 1095 para libertar o Sepulcro de Cristo — atingia talvez um milhão de homens. Foram o exemplo imorredouro de amor desinteressado e sacrificado a um ideal. Amor, aliás, levado até o holocausto de suas vidas, pois, quando da tomada de Jerusalém em 1099, só restavam 40 mil cruzados extenuados: os outros haviam morrido antes.

O tempo das cruzadas medievais já se foi, mas resta o espírito de luta, o espírito de cruzada. Neste capítulo, depois de discorrer sobre a dedicação, Plinio Corrêa de Oliveira — o “cruzado do século XX” — nos fala sobre algo de que foi um mestre ilustre: a luta.

 

Montagem fotográfica com estátua de Santa Joana d'Arc que se encontra em Paris. Aurora vista da cidade de Guarulhos (São Paulo - foto LFB)

Viver é lutar

Depois do pecado original, a luta não é o tempero da vida, a luta é o sentido da vida.

Nenhum amor ao Bem é efetivo se, diante de ações clamorosas contra esse Bem, não se levanta num protesto e numa incompatibilidade terrível contra o mal.123

Na situação em que vivemos, mais do que em qualquer outra, o homem que ama a Deus deve compreender que não nasceu para si mesmo.

Não tem o direito, portanto, de viver com a preocupação de fazer a sua vontade e de levar a vida que acha gostosa. Se tiver essa preocupação, será indigno de ter nascido no século em que nasceu.

Ou compenetração da luta, ou frustração

Toda a vida de um homem que não luta é uma vida de frustrado. Estamos aqui na Terra para lutar. Se não lutamos, vem a frustração. Não é o prazer nem o descanso que evitam a frustração.

Acrescento mais: uma oração sem espírito de luta também não evita a frustração.

A coragem é pacífica. O homem corajoso tem paz, porque resolveu correr o risco, e portanto enfrenta o risco pela determinação que tomou.

Mas isso supõe que ele esteja numa luta contínua contra o medo. Porque o corajoso não é o que não tem medo; não tem medo o estourado. O corajoso tem medo... mas vence o medo!

No desânimo vem o mais perigoso dos sentimentos, aquele que mais profundamente mina um homem: é a pena de si próprio. É como um verme roedor interno que liquida. Quando alguém começa a ter pena de si mesmo, deve desconfiar de tudo, porque não há onde ele não possa ser levado.124

O homem, passando para a terra, perdeu tudo quanto perdeu, mas em certo sentido ganhou algo a mais. É que a luta se tornou para ele muito mais dura. Na possibilidade dessa luta há muito mais sofrimento, e no ápice dessa luta está o Verbo de Deus que morreu por nós e nos resgatou: a luta das lutas, a tragédia das tragédias, o sublime do sublime: a Redenção do gênero humano.

Oh! felix culpa!125 É a batalha, e a guerra, e a oposição, e a inconformidade, e tudo o mais.126

Santo Agostinho (354-430)

A paz não deve ser o império da vergonha, mas a tranqüilidade da ordem

Lucidez e coragem... não sei qual destes predicados é mais raro nos dias que correm.

Às vezes é preciso mais coragem para elogiar do que para atacar.

Não desanimar, às vezes, supõe mais coragem do que avançar. O desânimo é um inimigo mais insidioso do que o externo.

Não se incomodem com os inimigos, tenham coragem e vão para frente, pois minha experiência é esta: eles gritam alto porque a gente fala baixo; se a gente fala alto, eles se calam.

O riso da coruja não consegue retardar a aurora que se levanta. O remédio não é ir matando coruja por coruja; o remédio é não criar obstáculos ao brilhar do sol e apressar o nascer do sol.127

Eu compreendi que ao verdadeiro católico muitos admiram, embora não tenham coragem de ir para frente; muitos silenciam quando ele é perseguido; outros acompanham de longe, com olhares de simpatia; poucos o ajudam a carregar a cruz.

Ele pensa que está isolado, mas — oh engano! — até entre os que o vaiam há aqueles que o admiram.

Quanto à paz, que Santo Agostinho definiu como a tranqüilidade da ordem, tenho-a em conta de um bem inapreciável. E por isto detesto, também de todo o coração, o contrário dela: a tranqüilidade da vergonha sob a vara de ferro da impiedade.128

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