Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

O estilo do vitorioso Marechal Foch:
luta contra a confusão e a ingenuidade
Sábias lições de vida para as mais diversas atividades civis

 

Reunião de 14 de setembro de 1965, terça-feira

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A D V E R T Ê N C I A

O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.

Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras "Revolução" e "Contra-Revolução", são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu livro "Revolução e Contra-Revolução", cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de "Catolicismo", em abril de 1959.

 

Marechal Ferdinand Foch (1851–1929)

[...] esse tipo de trabalho, enquanto realizado por um homem que deu certo. Se há um homem na geração dele que deu certo, foi o marechal Foch. Os senhores sabem que o Marechal Foch era um oficial francês, generalíssimo da guerra de 1914-18. Generalíssimo não só dos exércitos franceses, mas de todos os exércitos aliados, do mundo inteiro, que se concentraram para lutar contra as potências centrais, ou seja, para lutar contra a Alemanha, a Áustria, a Bulgária e a Turquia.

O Marechal Foch tomou o comando das tropas numa situação muito difícil, em que o exército alemão tinha penetrado a fundo na França e continuava a ameaçar Paris. Com a queda de Paris e da França seria a “debacle” de todos os aliados. Ele lutou contra o maior exército de seu tempo, que era o exército do Kaiser, o exército alemão. Eu reputo que o exército do Kaiser era muito superior ao de Hitler.

De outro lado, ele estava uma situação muito difícil, porque não tinha apenas os soldados franceses sob suas ordens, sujeitos a uma disciplina militar absoluta em relação a ele, mas tinha sob suas ordens os soldados ingleses, de várias outras nações – no fim, até de norte-americanos, e no fim do fim do fim, até de brasileiros.

Ele tinha, portanto, todos os difíceis problemas diplomáticos de coordenar a ação de vários exércitos sobre os quais tinha uma autoridade mais nominal do que real. E ele, ao lado de grande estrategista, tinha que ser muito bom diplomata para conseguir que os vários exércitos estrangeiros atuando na França seguissem a mesma orientação do que ele.

Os senhores estão vendo que é um homem que teve uma tarefa muito pesada sobre os ombros. Tal tarefa ele a conduziu a bom termo: venceu a Alemanha. É preciso dizer que não é muito extraordinário ter vencido a Alemanha, uma vez que tinha o mundo inteiro contra ela, mas, enfim, venceu. O que ele fez, deu certo. Tem, portanto, ao seu lado, o argumento do êxito.

 

 

Maxime Weygand (1867-1965)

 

Nós vamos ver aqui um artigo de seu chefe de Estado Maior, o General Weygand, a respeito precisamente do modo pelo qual Foch trabalhava. Este artigo foi publicado na revista francesa “Historia”, nº 218, janeiro de 1965, pág. 109 e seguintes. Tive muito empenho em que figurassem esses dados, para os senhores terem nas mãos algo que seja verdadeiramente um documento, quer dizer, uma coisa histórica. A tradução foi feita por mim mesmo, com cuidado; foi revista, se não me engano, pelo Dr. Luizinho e por Dom Bertrand. Parece-me que está bastante fiel.

Resta-me apenas dizer uma coisa: o General Weygand, como os senhores verão aqui, é um muito bom literato. Ele era membro da Academia Francesa e seu artigo não parece um tratado, não tem divisões internas nem nada; aquilo corre assim direto. As divisões não são esquemáticas. Tem-se a impressão de uma obra literária.

Mas, quando os senhores analisam o estudo dele, veem que mais do que uma memória sobre o Marechal Foch é um verdadeiro tratado de: 1º como deve ser o trabalho; em 2º lugar, como o chefe e seu primeiro subordinado – “o planeta e o primeiro de seus satélites” - cooperam.

O que é verdadeiramente o trabalho de um chefe? Qual o trabalho do chefe dos que não são chefes, quer dizer, do chefe do Estado Maior? E aí os senhores podem observar o modelo de correção, de abnegação, eu diria quase de humildade. É um modelo tão grande, que uma palavra de explicação religiosa se impõe.

Esses dois homens, religiosamente, o que valiam? O Marechal Foch era católico praticante. Ele tinha um irmão jesuíta, o Padre Foch. Tudo leva a crer que ele fosse muito enfeudado aos jesuítas. Há certo quê de escola clássica da Companhia de Jesus difundido nisso.

O General Weygand, creio que no fim da vida se tornou católico praticante. Mas acho que em nenhum dos dois era a fé religiosa que eles tinham que inspirava isso. Era uma velha tradição de todos os tempos, formada - essa sim - pela Igreja, e de que eles eram os herdeiros. É a tradição de trabalho de grande classe da Europa, e que veremos nesse artigo. Assim, vamos começar a leitura, sendo que farei aos senhores comentários à medida que esses forem surgindo.

“O Estado Maior de um grupo de exército era um organismo muito ligeiro: um chefe de Estado Maior, um Terceiro Bureau das operações, um Segundo Bureau, que era o das informações, um oficial incumbido de administrar o pessoal e o material; um Bureau de decifração, uma seção postal dirigida pelo comandante do Quartel General. O General Foch tinha dois oficiais de ordenança, dos quais um particularmente incumbido de sua casa e de sua mesa. No total, entre 20 e 25 oficiais.”

É o contrário da vaidade, da megalice. Os senhores estão vendo: a megalice é a gente imaginar um Estado Maior do tamanho daquela fábrica de automóveis que se vê no caminho para Santos: uma coisa colossal. Não, ele começa dizendo: a chefia do Estado Maior é um serviço ligeiro. Quer dizer, nada de monumental, de imponente, de mega. E ele dá um esquema para mostrar como esse esquema é simples.

Porque o bonito não é o complicado organograma cheio de tracinhos. Não; o bonito é reduzir a simples as coisas complicadas, para o que é preciso ter cabeça; pensamento e vontade de fazer uso da cabeça que tem, que é uma coisa mais importante ainda. E os senhores estão vendo, portanto, como no começo ele vai logo mostrando como a coisa é simples. É a nota introdutória.

Outra coisa: se a gente dissesse que o Estado Maior precisa ter uma mesa bem cuidada, gargalhada: “O quê?! Chefe de Estado Maior nem almoça, nem come. É um homem elétrico, nem dorme. Então, o senhor não sabe o que é um chefe de Estado Maior?!”

Ele tinha dois oficiais de ordenança, um só para casa e comida. Os senhores estão vendo o senso realístico. O contrário de um corretor que come cachorro-quente (hot dog) andando na rua para vender mais depressa...

“É esse Estado Maior muito reduzido” – olhem o gosto da simplicidadeque é preciso ter sempre em vista junto ao general. Nosso Estado Maior procurava a calma das pequenas localidades ou dos castelos isolados...”

Os senhores estão vendo o contrário da ideia errada: “Estado Maior que procura a calma? Como?! Não, tem que estar no meio do fogo!” - Não, não, você não vai fazer um trabalho muito importante, você não vai agir intensamente? Se você vai agir intensamente, afunde na calma...

É uma nota tão importante esse ensinamento!...

Então, ele procurava a calma das pequenas localidades, ou dos castelos isolados. Os senhores vejam a boa ideia de se estabelecer num castelo. Nada de choupana, nem de sujeira, nem de suor, que é co-idêntico com o trabalho na concepção de quinta categoria. Aqui é o contrário: é uma coisa civilizada.

“... nos quais a modéstia de seus efetivos lhe permitisse encontrar folgadamente o lugar de pouso”.

“Modéstia” quer dizer o número pequeno de efetivos. Então, é “sombra, sapato largo e água fresca”, mas para trabalhar.

“Os lugares onde as exigências das operações nos fizeram sucessivamente deitar a âncora eram em geral situados fora, ou na proximidade das grandes artérias de comunicação, a fim de se beneficiar de suas vantagens e evitar os seus inconvenientes”.

É perfeito! Quer dizer, também o escritório. Nada de escritório em lugares muito movimentados, de corre-corre, onde há muita gente, muitos automóveis... o homem espera e quando chega lá vê os automóveis passarem, corre, dá outro telefonema...

Não. Ele não é um Estado Maior de todos os exércitos do mundo praticamente? Sim. Então fique longe das estradas, perto de uma estradinha que comunique logo com elas, mas não tem a barulheira. É outro nível....

A gente diria que ele está procurando um lugar para fazer um recolhimento, para fazer um retiro. Esse homem está procurando um lugar para pôr o Estado Maior dele. E, notem bem: deu certo! Porque se ele tivesse perdido a guerra, vários de nós aqui o tempo inteiro diríamos: "Perdeu a guerra por isso"... Não, é o contrário: ele ganhou a guerra. Lembrem-se bem disso: esse homem ganhou a guerra.

“Nessas residências sucessivas, a existência, o trabalho, se organizavam sobre as mesmas bases. É essa vida, dizia, e esse trabalho que quero fixar na lembrança”.

Os senhores notem: mudou várias vezes de lugar, porque as operações militares exigiam. Mas com continuidade; o sistema é sempre o mesmo, o estilo de vida sempre o mesmo, e ganhando assim a maior guerra, uma das maiores guerras da História. Ele continua:

Diálogos fecundos

“Salvo nos casos...”

Os senhores notem o estilo do Weygand: como ele escreve bem! Não há um parágrafo que seja inútil. Absolutamente não é estilo Rui Barbosa: 15 adjetivos para dizer que um cachorro era pequeno. Tudo tem razão de ser.

Se não fosse o receio de alongar demasiadamente essa série de conferências, que tem que ficar necessariamente em três, eu poderia sobre cada um desses pontos ainda fazer muitos outros comentários, tanta sabedoria cada uma dessas observações contém.

Esse texto é um pouco “mata-burro”. Ou seja, quem lê sem atenção, quem não quer prestar atenção, não nota nada nele. É preciso procurar para encontrar, mas procurando encontra coisa que preste.

“Diálogos fecundos..." É para quê? É para a casa ser mais calma do que o escritório. Por quê? Porque ele quer sossego, pois está trabalhando muito. Um homem que trabalha muito quer sossego.

“Quando os acontecimentos não se decidiam de outra maneira, eis como era distribuído o seu dia. Em princípio, o trabalho sedentário ocupava sua manhã. Seu escritório está instalado no mesmo local que o Estado Maior. O meu, sempre contíguo ao seu. O general chega às 8 horas precisas, em todas as circunstâncias e em todas as estações do ano”. 

Não tem conversa! Está ganhando, está perdendo, ele chega à mesma hora. Distância psíquica. Não é como certo gênero de gente que quando as notícias são boas chega cedinho, e quando as notícias são ruins dorme mais de desânimo, de baixa, e fica com medo de chegar ao escritório para saber as notícias. Não, é a mesma hora. Por que não?

“Eu lhe presto contas, incontinente, de todos os acontecimentos da noite. Ele ouve esses relatórios com uma atenção igual à precisão que exige, pois nenhuma manifestação da atividade inimiga lhe parece própria a ser subestimada”.

Os senhores estão vendo que esse espírito é lucidíssimo. Logo que chega, quer saber o que aconteceu de noite. Por quê? Porque é bobagem resolver qualquer coisa sem saber como é que a situação evoluiu. Portanto, tem que começar por saber o quê aconteceu. Mas notem agora: ele quer dados precisos. Dados ou informação geral: o inimigo está avançando? Quantos quilômetros avançou? Que forças avançaram? Que obstáculos encontraram? Nada de vago. E os senhores estão vendo um espírito atento: nenhuma manifestação, nenhum pormenor lhe é inútil. Ele quer saber tudo. Isso é que é ordem na cabeça, ordem no pensamento.

“Depois o trabalho começa. Ele apresenta a maior variedade, não só em razão da diversidade dos temas tratados, mas também quanto ao modo pelo qual o trabalho se estabelece.

“Se um acontecimento novo reclama uma decisão a tomar, ou uma instrução a dar, a questão é regulamentada imediatamente, e pode pedir senão um momento, como também exigir várias horas de trabalho”.

Quer dizer, tudo é imprevisto, é variável dentro dessa vida, o que mostra que não há nada de geométrico, de quadrado. Tudo muito regular, mas bestice quadrada, não. Depende das circunstâncias...

“Eu posso, igualmente, submeter ao general um documento cuja mise au point a “mise au point” é colocar no ponto certo esse documento – estaria em curso e do qual ele não estabeleceu ainda o tempo definitivo”.

Os senhores veem como é um documento do Estado Maior, quer dizer, é toda uma preparação, o texto não está ainda definitivo. Então, o General Weygand, que é chefe de gabinete, chefe de Estado Maior do Marechal Foch, vai lhe levar o documento, para estudá-lo com ele, porque ainda não está pronto. Pode ter uma dessas coisas. Agora, se não me engano, vai entrar a confecção do documento. Se for isso, regalem-se, porque é interessantíssimo.

“Frequentemente, o assunto é menos imediato e se relaciona com o estudo de uma dessas questões fundamentais, como a preparação de operações interiores, o armamento ou organização das forças combatentes, que não se pode ter aprofundado a não ser sob a condição de se voltar várias vezes a elas”.

O que ele está dando aqui é uma distinção entre dois tipos de assuntos. Há os assuntos que exigem uma solução imediata, e são os assuntos que costumávamos chamar - ao menos alguns dentre nós – “assunto de gaveta”. Quer dizer, providências. Mas há os outros que são os grandes assuntos, os grandes temas de envergadura, que exigem um longo pensamento, uma longa maturação, porque é a alta estratégia da guerra.

Para esse tipo de assunto o Weygand já estabelece o problema: não pode ser resolvido numa conversa só; “olhômetro” não resolve. Não pode ser resolvido nem numa conversa longa. É preciso várias conversas, porque de uma conversa para outra o espírito matura e quando voltar vai considerar de outra maneira. Então, essa espécie de várias conversas para maturar algo, é elemento fundamental para a gente tratar de uma coisa direito. Os senhores estão vendo como isso é bem feito.

“Enfim, é frequente também que eu seja colhido por essa frase: `Eis a idéia que eu tive, enquanto fazia a barba´.”

Por isso esse homem quer uma vida sossegada: para poder pensar enquanto faz a barba. Ele pensa em todo momento, embora não pareça. É tão diferente do “macaco elétrico”, tão em voga, que acho que jamais será suficiente recalcar essa diferença...

“Depois de ter exposto sua idéia, o general acrescenta, segundo o caso: Falemos disso. Ou o que é muito mais duro, hein? pense nisso. A idéia pode ser absolutamente nova para mim, como também pode relacionar-se com o desenvolvimento de um trabalho que está em vias de realização, ou a um projeto já encarado”.

Quer dizer, ele maturou e deu uma idéia nova. Mas aqui vem uma das aflições do ajudante.

Eu sei que ponho vários dos meus colaboradores imediatos à prova quando, durante uma conversa qualquer, saio com uma idéia inteiramente nova. Tenho colaboradores excelentes, pela graça de Nossa Senhora. Às vezes noto que o rosto não exprime nenhuma careta, mas que a alma dentro fez uma careta, uma contração nervosa. Porque é uma idéia que vai obrigar aquela pessoa a mudar os planos e as perspectivas adquiridas com dificuldade. E é um fundo de nervosismo, ou há um fundo de preguiça – são coisas, aliás, muito distintas – que se opõe a isso.

A reação psicológica (do ajudante) é essa: "Como? Eu maturei hoje a idéia dele de ontem. Já comecei a executar. Fiz mil planinhos, e agora esse monstro me vem com uma idéia completamente diferente, mais complicada, mais longa e que eu vou ter que re-estudar? Eu não aguento isso!..."

Ora, o que Weygand está dando a entender nesse trecho é que ele é “pau para toda obra”, e que o general pode dar o que quiser, ele “topa a parada”. Ele já está feito para isso! Os senhores estão vendo o começo da colaboração entre “planeta e satélite” (a respeito da qual se tratou em outra reunião, n.d.c.).

Naturalmente, tomo muito em consideração o “geraçãonovismo” (neologismo para se referir às carências próprias às gerações que se seguiram às do Prof. Plino, n.d.c.). Em primeiro lugar, não sou o General Foch. Creio não ser descortês dizendo que os senhores também não são Weygand. E, além do mais, os senhores têm consigo o fator “geração nova”, que trabalha contra. Mas é bom conhecermos o ideal como é, não para megamente (vaidosamente) poder imitá-lo, mas, primeiro, para admirá-lo e amá-lo – o que é mais importante do que imitá-lo – e, segundo, na medida em que Nossa Senhora permitir, conceder, fazer alguma coisinha nessa direção. Isto se chama, então, assimilar.

“Isso mostra que sou, o mais das vezes, levado a passar, no começo do dia, um tempo bastante longo com o general, às vezes várias horas. Alguns dias, se a matéria é menos fecunda, se ele quer dispor de seu tempo para um trabalho pessoal, ou se um visitante nos interrompe, posso voltar mais rapidamente ao meu escritório. Mas não é raro que, ao fim de um momento, o general apareça na moldura de sua porta e me chame com um gesto de sua mão direita. Ao mesmo tempo em que, se não estou só, por um gesto inverso da mão esquerda, ele detém toda veleidade de movimento da parte de meu interlocutor”.

Quer dizer, o interlocutor que quer vir falar com ele, e talvez contar alguma notícia, para se pôr em evidência: "General, eu quero lhe contar a última coisa...". Então, os senhores estão vendo o gesto assim de mão, parado! Sinal verde aqui, vermelho lá. Entre! Por quê? Para não perturbar o recolhimento do espírito. Quer dizer, cada coisa dessas tem o seu sentido. Um trabalho sumamente bem feito para quem queira procurar...

“Exatidão militar

“Nesse caso, a menos de uma indicação, raramente dada, não sei nunca por quanto tempo ficaria no escritório de meu chefe. Posso dizer que, em via de regra, a maior parte de minha manhã, senão minha manhã inteira, lhe pertence”.

Aqui é a idéia do “satélite” (do inferior) que dá seu tempo ao “planeta” (superior). Não fica louco para ir “reinar” na sua salinha com outros subordinados, mas aceita pacientemente o ser súdito durante tanto tempo quanto o outro queira. Isso é o sistema “planeta-satélite”.

“A mesa do general, sua alimentação diária, está sempre instalada na casa onde ele mora”.

Quer dizer, nada de almoços improvisados na sala do escritório. Sistema cachorro-quente (hot dog) não vai.

“A maior exatidão é de rigor: o almoço servido ao meio-dia e o jantar às 19 horas.

“Além dos oficiais ligados à sua pessoa, os comensais habituais do general são: o chefe de Estado Maior, o comandante Desticker, assim como Tardieu e Réquin, os oficiais do período heroico da (batalha da) Marne. A refeição, sem ser atabalhoada, não dura senão o tempo necessário”.

Uma perfeição! Nada de atabalhoado: “olha, os inimigos estão chegando!...” Não, acabe de comer seu queijo. Mas também não babe. Acabou de comer, vá trabalhar.

“A alimentação é substanciosa e digna, mas não rebuscada”.

Acho a fórmula perfeita! Vejam a palavra “digna” o que faz dentro disso. Quer dizer, um feijão bichado e uma carne seca purulenta não são dignos, não estão à altura de um marechal de França. Então, ele tem uma alimentação que é, inclusive, representativa. Alimenta e é boa. Mas não tem delícias. Se viessem os souflezinhos, isso sim, inutilizaria para o combate, porque se põe o homem numa delícia, cria logo a apetência da preguiça, do não esforço e do medo. E, portanto, prepara para o contrário da vitória na guerra. Numa fórmula ele definiu o que deve ser o alimento de um marechal.

“A exatidão imposta pelo general a seus comensais tornou-se legendária. Conta-se que quando eu chegava atrasado, deveria tomar minha refeição num pequeno móvel. É inexato, pois, nem eu e nem qualquer dos oficiais que tínhamos a honra de estar nesta mesa, jamais nos permitimos um atraso”.

Tá, tá, tá. Está acabado! Vejam também a ufania com que ele conta que obedecia. O que o brasileiro – de modo geral - acha bonito é o contrário: "Sabe lá, eu empurrava o velho de lado. Às vezes ele engolia cada uma! Eu dava uma bronca nele..." E sei lá que outros termos assim que nem conheço bem, que é para dizer que chegava atrasado e o velho não dizia nada... O Weygand, pelo contrário, acha bonito contar que obedecia.

“Por mais tensa que seja a situação, as horas jamais são modificadas. Quando as circunstâncias exigem, a refeição se faz em alguns minutos e se volta imediatamente ao trabalho”.

Portanto, nada de “quadrado”. Quando exigem, exigem! Notem a importância da palavra “exigir”: aí come-se correndo.

“Mas jamais uma crise, qualquer que seja sua gravidade, traz modificação a esse regulamento de vida. Essa regularidade, junto à calma imperturbável do nosso chefe...”

Vejam bem o elogio: “calma imperturbável”.

“...cria uma atmosfera benfazeja, de confiança e serenidade, e chama a atenção dos oficiais que esses períodos movimentados trazem ao nosso Estado Maior”.

Os senhores estão vendo aqui a coisa. Isso tudo cria um clima de calma e serenidade que é apresentado como condição essencial para se fazer um trabalho sério. Ou, muito mais do que um trabalho sério, uma guerra séria. Porque lutar é muito mais do que trabalhar; mais do que lutar, só pensar; e mais do que pensar, só rezar.

“O general Foch goza de um excelente apetite”.

É claro, todo homem (inaudível) gosta de comer.

“A refeição transcorre sem constrangimento. O general proscreve da refeição os assuntos de serviço...”

Proibido falar de assunto de serviço na refeição. Portanto, aproveitar a ocasião para dizer: "Quando o velho estiver comendo a sopa, eu entro com uma perguntinha que ele não me deu ocasião de fazer durante o dia; ou vou dar a ele uma informaçãozinha por cima do ombro do escalão intermediário". Não, nas refeições não se fala de serviço. Olha que o serviço é guerra! O mundo está explodindo, a França está rachando. Na hora da refeição não se fala disso.

“...mas ele deixa muita liberdade à conversa, se bem que nela não tolerando nem imoralidades, nem maledicências”.

Os senhores vejam que esplêndido isso! Na mesa de um general (inaudível) de toda espécie de horrores na mesa. Aqui, não. Ele não tolera imoralidades! Não tolera também maledicências. Os senhores vão ver daqui a pouco o que é a maledicência.

“Sua verve primaveril...”

“Verve” é a prosa viva, a vivacidade da prosa. É um homem que é general e sobre cujos ombros pesam os destinos do mundo... Ele, durante a guerra, nas horas das refeições, tem uma “verve primaveril”, de primavera. Isso é homem! isso é gente!

“...a reanima, se for necessário, com uma palavra que reacende a conversa, pois ele conhece o lado pitoresco das pessoas e das coisas...”

Portanto, essa maledicência quer dizer nada de grave de maledicência. Mas um brinquedinho, um beliscão, uma coisa engraçada, uma pequena ponta de caçoada, pois não. É o condimento.

“... e as exprime de modo engraçado, muitas vezes até de modo zombeteiro, mas sem magoar ninguém. Entretanto, jamais malevolente. Nas horas graves, nas quais é preciso, menos do que nunca, falar do que se preocupa; o menu do general serve de matéria um pouco artificial para manter essa vivacidade que nós nos possamos introduzir.”

Quer dizer, os senhores estão vendo até onde chega a coisa, hein? Todos com vontade de falar de um assunto sério; falta assunto, eles falam sobre o menu, mas todos cooperam para não falar do assunto sério, porque é hora da refeição. Os senhores dirão: "Mas, por quê? É para gozar a vida? São uns paxás, sibaritas, cretinos, sem consciência?" Não é isso. Não é para gozar a vida; é para poder trabalhar melhor; é para manter a distância psíquica. Senão a distância psíquica leva à breca. Aqui é que está a questão!

“As alusões clássicas sobre a detestável qualidade de sua cozinha e a falta de imaginação de suas combinações culinárias, evitam silêncios por demais pesados. O excelente tenente Boutal, que acumula essas funções com as de oficial de ordenança, sabe que valor dar a essas censuras e as aceita de boa mente”.

Quer dizer, o encarregado da cozinha sabe que isso são exageros e brincadeiras à falta de outra conversa, porque ele mesmo acabou de dizer para (inaudível) que a comida era boa. Mas tem um tenente cozinheiro que não é ressentido e que sabe que está no ofício dele aguentar umas coisas dessas para que a batalha ande bem, e, se alguns levam tiro, ele bem pode aguentar umas brincadeiras, até injustas e não fica com “dodói”. Não vai dar depois trabalho ao Foch e choramingar com ele: "Senhor Marechal, eu estou com dor de cabeça, estou tentado, preciso ter uma conversa com o senhor...".

“Depois do almoço, o general sobe um instante em seu quarto e por volta de uma e meia ele está de volta ao Estado Maior”.

Faz, portanto, uma pequena sesta.

“Se alguma visita sobre o front não está prevista, essa é a hora do passeio a pé”.

Vejam bem: almoço calmo, bem comido, pequeno repouso; depois, o que vai fazer esse homem? Passeiozinho a pé... Eu acho isso admirável!

“Um tempo detestável é o único fator que pode protelar esse passeio”.

Más notícias da guerra etc., nada o impede de fazer esse programa. Quer dizer, se ele não tem que visitar algum lugar do front, da frente de combate, faz um passeiozinho a pé.

“Ele dura uma hora, pelo menos, e se faz sempre em pleno campo. Nesses passeios o general leva consigo um companheiro. Jamais dois”.

Vejam a necessidade de calma desse homem.

“E é necessária uma circunstância particular para que esse companheiro não seja seu chefe de Estado Maior”.

É evidente que ele, Weygand, fica flatté (se sente lisonjeado) com isso.

“Quando o lugar de nossa residência é numa aldeia, numa casa isolada, saímos a pé”.

Quando é uma aldeia ou uma casa isolada, hein?

“Se é uma cidade pequena como Kassel ou Senlis um automóvel nos leva para fora das casas ou para uma floresta vizinha”.

Quer dizer, cidadezinha, gentinha, falatoriozinho, não! Ele quer passear no campo. Então, se é uma cidadezinha, ele vai de automóvel para fora da cidade, ali começa o passeio...

“Esses passeios são uma verdadeira distensão”.

Não é uma distensão assim, pró-forma, não; mas é efetivamente para distender o espírito.

“Se o solo não está por demais molhado, o general caminha através dos campos, ou através dos bosques, com o passo elástico, característico dos habitantes dos Pirineus”.

Ele era de lá, dos Pirineus, que é uma zona muito montanhosa.

“Ele se interessa por todas as coisas da natureza e da cultura”.

Quer dizer, ele vai olhando... pára, olha aqui a ervinha, olha lá o bicharoco, olha não sei o quê, ele não está pensando na guerra.

Os senhores estão vendo que é um prodígio de distância psíquica! É uma coisa que talvez seja um pouco desconcertante. (...) É um poema de distância psíquica. É uma coisa única!

“Ele não perde uma só ocasião de se entreter com os cultivadores que encontra...”

São os trabalhadores manuais.

“...a respeito do estado de suas colheitas, de suas esperanças, de suas dificuldades”.

Prosinha.

“Ele gosta, sobretudo, nas vésperas das operações ofensivas, de fazê-los falar um pouco das previsões do tempo cuja influência pode ser tão grande sobre o valor de uma preparação de artilharia”.

Conheço gente que leva o gosto de não consultar, a ponto de preferir rodar dentro de uma cidade que não conhece, quebrando a cabeça para adivinhar o itinerário, do que parar e perguntar para alguém... O grande Marechal Foch gostava de conversar com os camponeses sobre o bom tempo e a chuva; aconselhar-se, receber informações etc. Os senhores vejam como é diferente...

“Giros na frente de combate

Na conversa, que jamais se arrasta, ao longo do próprio passeio o general aborda, metodicamente, todos os assuntos. Ele falar-me-á com a maior confiança, à medida que me conhecer melhor, a respeito de sua juventude, de sua família, de sua casa nos campos da Bretanha”.

Os senhores estão vendo, portanto, como era uma conversa autenticamente distensiva.

 “Ele me interrogará também sobre meu passado, sobre os meus gostos”.

Os senhores estão vendo: também não é um desses tipos que não sabem ouvir, só sabem falar. Ele sabe ouvir, ele faz conversar os camponeses, ele faz conversar seu chefe de Estado Maior etc., etc.

“É assim que o segui nos colégios das cidades aonde a carreira administrativa de seu pai o conduziu, para chegar até o Colégio de São Clemente, de Metz”.

Quer dizer, é a biografia dele.

“É à volta desses passeios que, sem ter-me encontrado com nenhum deles, eu travei conhecimento com todos os membros de sua família. Ele me falava muitas vezes de seu filho e me dava conselhos, os quais foram preciosos para a educação de um dos meus. Um dos assuntos sobre o qual ele se alegrava em tratar era o de sua propriedade de Trofeunteuniou no Finisterra. Ele adquiriu esse solar 25 ou 30 anos antes, atraído pela Bretanha por Madame Foch, originária de Saint-Brieuc”.

Os senhores estão vendo como um grande homem pode gostar de falar das pequenas coisas. Não está perpetuamente fazendo filosofia, mas sabe tratar das coisas comuns, humanas também. E depois, sabe não se deixar enroscar nelas, para não dar um desses tipos rasos que só falam de banalidades, mas sobe às mais altas esferas do pensamento. É o normal. Ele contou a vidinha dele inteira.

“À exceção das duas alamedas centenárias de tílias e faias, os bosques não existiam mais quando ele se tornara proprietário desse imóvel. Ele os tinha replantado e falava com amor dos bosques que começavam a crescer. Quando, depois da guerra, fiz minha primeira visita a Trofeunteuniou não me espantei de nada: conhecia já o que eu ia ver”.

É ou não é uma maravilha? Depois da precisão com que ele comentou tudo, exatidão em tudo!

“Se, pelo contrário, uma visita a um quartel general era prevista para a tarde, o general passava rapidamente pelo Estado Maior para se assegurar de que nada o retinha lá, e nós nos púnhamos a caminho imediatamente”.

Não ir embora sem ver, à última hora, se alguma coisa há para fazer. Não é sair como um furacão irrefletido... Isso faz o vento; vento anda sem pensar; mas gente, não.

“Eu o acompanho sempre, assisto a todas as suas conversas com os comandantes do exército, dos corpos de exército e de divisão”.

Ele assistia sempre, acompanhava sempre, estava a par de tudo para poder assessorar bem o marechal.

“Em razão da extensão das frentes de combate, esses giros ocupavam, mais ou menos, toda a tarde. A palavra de ordem consistia em não perder tempo. Nós íamos bem rapidamente, a 80 quilômetros por hora - é uma boa velocidade naquele tempo - desde que o caminho o permitisse, velocidade boa para a época. O carro do general era uma notável Rolls Royce...”.

Nada de jipe. Jipe é bom para quem é estilo Einsenhower... Para gente, não: Rolls Royce. E depois, notável. Os senhores vão ver o resto.

“...requisitada no começo da guerra, no momento em que saía da usina. Destinada ao representante de uma grande firma alemã, sua construção tinha sido particularmente cuidada”.

Quer dizer, ele viajava com o mesmo conforto, com a mesma dignidade, com a mesma possibilidade de pensar com que comia, com que dormia, com que trabalhava.

“Uma viatura de socorro nos seguia sempre para fazer face ao risco de um distúrbio de longa duração”.

Quer dizer, se esse fracassasse, tomava outro automóvel.

“No caso de um pequeno incidente, ou de um pneumático a trocar, as equipes dos dois automóveis se punham ao trabalho, enquanto nós tomávamos a dianteira a pé”.

Ganhar tempo, ir pensando, fazer um pouco de exercício.

“Esses mecânicos são tão hábeis e tão exercitados, que nós chegávamos raramente a fazer um quilômetro sem ser alcançados. Durante esses trajetos...”

O vício é ficar dirigindo os mecânicos. Porque o chefe de quinta categoria dirige tudo e aos berros: "fulano! Fulano! isso você, olha aquela porca lá que você deveria ter torcido; olha não sei o quê; não sei que girabrequim tem lá"! E aos berros, querendo bancar para os outros que ele sabe e que ele dirige os mecânicos. É de lo último!

O Foche e o Weygand deixam os mecânicos que façam a mecânica. Para isso eles são mecânicos... Ele é um marechal. Ele vai andando calmamente a pé, sem vaidade, sem megalice. Cada um faz o seu dever, o seu papel. A recíproca do marechal que é mecânico é a do mecânico que tem conselhos para a guerra a dar para o marechal... Quer dizer, desordem total.

“Durante esses trajetos não há lugar, ao contrário do que acontecia com os passeios, para outros assuntos senão os de nossa tarefa”.

Aqui está certo. É claro, ele ia ruminando o que tinha que fazer. Ali não tinha nada de “conversa mole”.

“A recreação estava terminada. Ora o general pensa alto, ora fica silencioso por longos momentos, formulando uma questão, pedindo uma opinião, ou re-imergindo em suas meditações”.

Esse pensar alto é uma das coisas que qualifica a confiança dele no Weygand. É feliz o estilo de relações em que o chefe pode pensar alto diante do outro.

Mas os senhores estão vendo que ele não está fazendo sala para o Weygand. Ele está falando, pensando etc., como quer. Fica longamente quieto, formula uma pergunta, pede uma opinião – ele sabe pedir opinião, não é um doutor sabe-tudo que não tem que pedir opinião a ninguém – e depois ele re-imerge nas suas meditações. Ele está preparando a visita dele.

“Nos dias em que nós deixávamos o quartel general, o trabalho era retomado depois do passeio. Mas o general, mais do que de manhã, gostava de ficar só”.

Os senhores estão vendo que de manhã ele quase só recebia o Weygand. À tarde ele quer ficar só mais ainda. Esse é o verdadeiro chefe.

“É, aliás, o momento em que, no mais das vezes, os visitantes se apresentavam. Mas jamais se escoa uma hora sem que eu não tenha de comparecer diante dele, seja a seu chamado, seja por minha própria iniciativa, para lhe apresentar um documento ou fazer um relato, pois ele exige ser posto ao corrente de tudo imediatamente”.

É evidente, não é?

“No fim do dia, o general recebe os oficiais de ligação que voltam das missões exteriores”.

São os oficiais que foram para as várias frentes e que voltam com as notícias. Ele os recebe no fim do dia, para não atrapalhar o trabalho anterior.

“A refeição noturna, fixada para as dezenove horas, interrompe o trabalho que se reinicia às vinte horas. É o momento em que começam a chegar dos exércitos os relatórios do fim do dia, ou em que o chefe do Segundo Bureau – que é a espionagem – vem apresentar ao general a síntese dos acontecimentos do dia”.

Aqui é muito interessante! Os senhores estão vendo que terminado o dia – cada dia constitui um todo; um dia de guerra é um todo -, a noite vai interromper, até certo ponto, esse todo. Ele tem uma visão arquitetônica de como ocorreu esse todo e tem a noite inteira para “dormir” sobre o assunto, a pensar sobre o caso. E é por isso que ele quer ficar longe das estradas de grande movimentação.

“Às vinte e três horas exatamente, uma vez dadas as ordens e estabelecidas as previsões para o dia seguinte, o general termina seu dia. Realizado o trabalho, ele faz seu repouso regularmente, nada vendo de útil em ato de presença estéril. Suas noites são sempre boas...”

Os senhores veem: magnífico isso! E, bem entendido, sem tomar remédio para dormir...

“...e podem ser encurtadas como, por exemplo, no começo da batalha de Ypres, ou na ofensiva da bomba de gás”.

Mas é dos grandes lances, mas dos grandes!

“Antes de se retirar, o general entra em meu escritório e se dirige a mim, mais ou menos invariavelmente, nesses termos: - “Boa noite, Weygand. Vou deitar-me e o convido a fazer o mesmo.” Invariavelmente também eu lhe desejava um boa noite, respondia afirmativamente ao seu convite para ir deitar-me e me assentava novamente, pois, essa era a hora espreitada por meus oficiais, aquela em que eu deveria lhes pertencer pelo tempo que eles tivessem necessidade, a fim de tratar das questões que não puderam ser tratadas durante o dia. Era também o momento de pôr em dia o jornal de marcha”.

Agora, seu chefe foi dormir; ele agora vai fazer seu trabalho pessoal. Agora é que verdadeiramente Weygand vai ser chefe. Durante todo esse tempo ele esteve obedecendo ao seu chefe. Os senhores dirão: “Mas então, é mais dura a vida do Weygand do que a do Foch!” Eu digo: Não senhor, porque a vida mais dura não é de quem dorme menos; é de quem pensa mais, de quem tem as maiores responsabilidades. E essa era a do Foch. Era natural que ele dormisse mais.

“Creio que eu disse bastante a respeito do caráter essencialmente pessoal do meu comandante-chefe, de sua atividade, de sua necessidade de contato direto com os homens, para que se tome o aspecto de vida bem regulada que acabo de traçar como um fundo de quadro de sua existência, como a parte que era conhecida somente pelos seus colaboradores imediatos, aquela cujo trabalho prepara outro, todo exterior”.

Está magnificamente contado! Isso é o fundo de quadro; é claro que não é o quadro todo; é o fundo que monta todo o trabalho exterior. É a parte íntima, a parte doméstica, mas é a parte onde se percebe a infra-estrutura do trabalho dele como é, a base de seu trabalho como é. Daí o interesse enorme desse relatório.

“A todo o momento, como se viu, o general foge desse quadro para ir exercer sua ação lá onde era necessário. Suas relações com os comandantes de exércitos, ou corpos de exército são constantes”.

Quer dizer, nada disso, portanto, é geométrico, quadrado. Depois de ele ter mostrado como é isso em seu esquema teórico, mostra que isso tem todo o elancé de uma coisa não geométrica, não quadrada.

“Nada, portanto, de menos sedentário, de menos burocrático do que sua existência de guerra. Jamais ele se julgou dispensado do ato pessoal pelo envio de uma instrução ou de uma ordem escrita. É a homens que ele comanda, é com eles que ele faz questão de combinar seus empreendimentos”.

Quer dizer, papelório, burocracia, não!

“Procura ter com eles os mais constantes contatos”.

Os senhores estão vendo, portanto, que uma aparência de rotina, de burocracia não tem nada disso. É um equilíbrio harmonioso entre uma coisa e outra.

Nós vamos tocar até... Que horas são? Onze e dez? Eu pergunto o seguinte: os senhores preferem interromper daqui uns dez minutos, por ficar muito ingurgitante a matéria, ou vamos até às quinze para meia-noite como de costume? Os que preferirem interromper daqui a uns dez minutos levantem o braço para eu ter uma idéia. Vamos ver uma parte desse segundo capítulo.

“O general trabalha em silêncio

“Ao redor do general, seu Estado Maior trabalha em silêncio e recolhimento”.

Essa frase é magnífica: silêncio e recolhimento! Como é diferente o que a gente imagina um Estado Maior comum...

“Nosso chefe não tolera nem tagarelice nem tempo perdido. Oficiais de passagem fixaram suas impressões”.

Quer dizer, os oficiais de passagem relataram sobre esse aspecto.

“Ter-se-ia imaginado, diz Monsieur René Puaux...”

Esse Monsieur René Puaux deve ter nascido em algum lugarejo muito secundário...

“...o qual data suas memórias da batalha de Yser, uma febre intensa, um perpétuo vaivém dos oficiais do Estado Maior, cheios de lama, de ordens nervosas, portas que batem, uma visão napoleônica de atividade febril. Não, é o silêncio calmo e confiante.”

Eu acho isso magnífico!

“Monsieur Gustave Babin, que conheceu o castelo Bonbon em 1918, elogiou (são palavras do Babin) “a quietude, a paz serena que reina nessa mansão. Paz de uma abadia beneditina...”.

Quem haveria de dizer isso desse Estado Maior do General Foch...

“...onde se trabalha incessantemente, mas sem febre e sem ruído.”

Eu acho que isso aí poderia ser escrito numa frase, qualquer coisa, porque é exatamente... Bastava ele, para acrescentar, a nota capital da abadia beneditina: olhos continuamente postos em Nossa Senhora, e com espírito sobrenatural, que tinha tudo feito! Trabalhar constantemente sem febricitação, sem perder o fôlego e sem barulho. Acrescento uma coisa: sem vaidade. Porque se põe vaidade dentro, vira teatro. E teatro faz barulho, bate a porta para dizer que é homem importante...

Então, o sujeito tem uma notícia a dar. Porém, a notícia não é muito importante, mas o sujeito fala alto para ver se dá importância à notícia... Quer dizer, põe vaidade dentro, liquida o negócio! É uma coisa que precisa ser feita com desprendimento.

“Convento, se se quer, onde cada qual trabalha com fervor, na irradiação do chefe”.

Quer dizer, é um trabalho comum; não é um trabalho onde cada um faz segundo sua própria mania. Mas é com a ação de presença do chefe, com aquilo que irradia do chefe; ou seja, na atmosfera criada por sua personalidade.

“O comando tem em suas mãos a vida do soldado. Um erro, uma negligência de sua parte poderia ser causa de perdas e de sacrifícios inúteis, que seria criminoso. O General Foch não quer que ninguém em torno dele se esqueça de que, se o Estado Maior se beneficia de uma vida mais fácil e menos exposta que a da tropa é para permitir aos oficiais se darem sem reserva à sua tarefa”.

Quer dizer, portanto, toda essa comodidade é condição para uma dedicação sem reserva, dada a gravíssima responsabilidade em cima. Um esquecimento, uma negligência e são quinhentos homens que podem morrer!...

“Ele acha cruéis os sacrifícios reclamados a cada dia de guerra. O sofrimento que ele experimenta em razão disso acentua aos seus olhos o dever de não pedir a não ser os sacrifícios indispensáveis e eficazes, o que é a tarefa do Estado Maior”.

Calcular o trabalho das forças de tal maneira, que um soldado não seja obrigado a andar 50 quilômetros a pé a mais, porque um funcionário de Estado Maior esqueceu um papel...! Quer dizer, a responsabilidade moral do Estado Maior - para quem tem consciência - é tremenda! E isso explica muito essa atmosfera de recolhimento de abadia beneditina que era necessária. Se se tratasse de um Estado Maior católico, eu diria muito mais: é o interesse da glória de Nossa Senhora, que vale muito mais do que a vida de quanto soldado haja.

“Esse sentimento não se exterioriza nele em grandiloquentes declarações verbais. Manifesta-se pelas exigências que impõe. Diante de tão altas responsabilidades, nenhum relaxamento lhe parece admissível, nenhum esforço parece suficiente”.

É claro. Aqui é a contrapartida.

“Desse Estado Maior eu já disse quais eram os órgãos essenciais. O Terceiro Bureau é o mais encorpado o que tem maior número de pessoas. Seu chefe e dois oficiais se ocupam mais especialmente do estabelecimento e do encaminhamento dos documentos principais - sobre os quais eu voltarei -, da elaboração de ordens secundárias, relacionadas com a execução dos movimentos, discriminação de zonas e de estradas, e da reunião de todos os dados úteis ao general, para assentar as suas decisões. Os outros oficiais são agentes de ligação, em princípio afetados especialmente ao exército que eles visam, do qual devem ter um conhecimento aprofundado por essas tomadas de contato frequentes e regulares, como também pelo estudo de suas ordens, de suas disposições e de seus relatos. O Segundo Bureau não compreende, além de seu chefe, senão dois oficiais”.

É porque a espionagem está espalhada em todos os exércitos.

“O grupo de exércitos não dispõe de órgãos propriamente de pesquisas”.

 

Quer dizer, o chefe de Estado Maior, que é o grupo de exército.

“Recebe suas informações do grande quartel general dos exércitos que ele comanda, e dos exércitos aliados vizinhos”.

É o que eu acabo de dizer, A polícia está espalhada por tudo isso.

“O chefe do Segundo Bureau estabelece a síntese desses dados, assinala, se for necessário, as lacunas e chama a atenção para as informações complementares a serem procuradas”.

Quer dizer, ele prepara um quadro para uso do Marechal.

O General Foch trabalha diretamente com o seu chefe de Estado Maior - que é o general Weygand - que lhe apresenta todos os documentos importantes que chegam ao Estado Maior e transmite suas ordens. Há uma regra em cuja estrita aplicação ele se mostra particularmente exigente: todo documento, toda informação que valha a pena deve lhe ser remetidos ou submetidos, sem perda de um minuto, quer ele esteja ou não ocupado.

É a terceira vez que num artigo tão bem escrito, o Weygand insiste nesse ponto. É porque realmente é de suma importância.

“Prescrição bem justificada, pois eu vi alguns generais ainda na ignorância de notificações importantes, já chegadas em seu Estado Maior há um tempo apreciável. Se estou em missão, é ao oficial que me substitui que cabe colocar, sem demora alguma, o General ao corrente. É em minha presença que o general recebe o chefe do Segundo Bureau, e sou eu quem traz os oficiais de ligação, que se encontram em período ativo de operações antes de sua partida, como em volta de missão. É útil acrescentar que se o general encarregou um oficial de um trabalho especial, ele não se dispensa de tratar diretamente com ele, e que de minha parte, não perco nenhuma ocasião para pôr meus oficiais em contato com o grande chefe.”

Aqui é outra coisa. Ele não é interceptor. Mas tem gosto em que seus subordinados tratem com alguém que é maior do que ele.

“Quando o general recebe os oficiais de ligação, antes de sua partida, assegura-se se eles estão bem compenetrados da missão que lhes incumbe junto a seu exército, e do sentido de suas próprias instruções. Encarrega-se, muitas vezes, para o comandante do exército, de mensagens escritas ou verbais, e nesse último caso não é raro que lhes faça tomar nota de uma forma característica, a fim de que seja bem, que sua palavra chegue ao destinatário”.

Os senhores veem a importância da fórmula, a importância de um ditozinho num recado. E como uma fórmula, para um homem desse valor, parece uma coisa indispensável. Também, o medo que ele tem do intermediário que vive com a cabeça nas nuvens, esquecido de suas obrigações. E os senhores estão vendo diante dele o intermediário que não sabe o valor da fórmula, em cuja cara ele está lendo que o intermediário não vai reproduzir a fórmula, porque é bobão e preguiçosão, então ele diz: "Escreva assim, e leve essa fórmula para o general.” Se não levar o que acontece? Conforme a natureza da fórmula, conselho de guerra. Os senhores sabem que, conforme o caso, o conselho de guerra pode chegar ao paredón. Quer dizer, a coisa é séria!

“Por ocasião de seu regresso, emprega em ouvi-los a sua mais aguçada atenção. Agora tem uma coisa magnífica – Fazei - dizia Napoleão a seus ajudantes de campo, cujas missões no campo de batalha eram da mesma natureza - que quando eu vos tenha ouvido, julgue ter visto. É bem o que reclama o General de seus oficiais de ligação. Mas ele quer fatos precisos.”

É a descrição perfeita! Quer me contar um fato? Conte de tal maneira, que eu tenha impressão de que estive presente. Está acabado. O que significa relatos que são pensados, exige pensamento de todo mundo. É uma guerra pensada como numa partida de xadrez.

Os senhores podem facilmente imaginar a implicância da indolência (inaudível): "Um chefe que quer exigir isso de seus ajudantes... iiiiiii, ele é um orgulhoso; não tem pena, não é amigo do soldado..." Amigo do vagabundo é que não pode ser. Como é que pode ser?

“Desde que um imprudente se extravie no novelo das suas impressões, ele se detém, o reconduz aos fatos e renuncia a ouvir se não é compreendido: - “Voltareis mais tarde, quando tiverdes sabido do que falais.”

Está acabado. Em outros países talvez pudessem atentar contra a vida do marechal por haver dito isto...

“A mesma luta contra a confusão de uma exposição. Ele quer ordem”.

A expressão “luta contra a confusão” caracteriza muito todo o mecanismo do Foch. Confusão, imprecisão, babugem, nada! Seja claro, seja preciso, seja direto, diga as coisas como são! Vamos lá! Anda depressa, não corra! Ele quer ordem.

“Não sei se sois bastante inteligente para seguir dois assuntos ao mesmo tempo. Eu não sou.”

Não pense que se trata do seguinte: dois interlocutores. Não, não é isso. É um interlocutor que está misturando os assuntos, hein?! O que é muito frequente... Então, ele diz:

“Separe os assuntos e trate cada um de per si, porque talvez você seja bastante inteligente para acompanhar dois, eu não sou. Eu quero cada assunto por sua vez”.

O dito “passa a ferro”...

“Trata-se para ele de apoiar seu julgamento em bases sólidas. Não tem lazeres para sacrificar a incertezas”.

O homem que tem lazer para passear pelo campo, não tem lazer para ouvir um relatório mal feito. É claro, porque para repouso há tempo; para bobagem não há.

“Em compensação concedia, se fosse o caso, ao mais humilde dos graduados a atenção e o tempo de que é digno um relato vivo e preciso”.

Acho isso uma maravilha de equilíbrio! Creio que poderíamos ficar nisso e amanhã poderemos prosseguir. Aliás, creio que já amanhã, (inaudível) nós terminamos. Seria preferível os senhores restituírem os textos do Weygand na saída, porque como não somos do Estado Maior do Marechal Foch, receio que alguns vão para casa e não voltam. E tenho a impressão de que ninguém ouve sem acompanhar no próprio texto.

Entretanto, se alguém tomou alguma nota e quer conservá-la, pode escrever o nome em cima e amanhã lhe será entregue.

Eu quero saber se algum dos senhores tem alguma pergunta a me fazer sobre isso.

(Pergunta inaudível.)

Não só é bom, mas excelente. A questão é que esses assuntos, quando tratados com o espírito devido, são os mais leves dos assuntos. Todo mundo, quando se trata de um tema desses, com proveito, sai mais leve do que entrou.

Num período muito intenso de trabalho, e não na nossa vida quotidiana, a gente compreende que até assuntos desses não sejam tratados, para que haja um descanso de alma inteiro, porque às vezes exige (inaudível). Agora, para nós civis, habitualmente, é claro que interessa sim. As condições são outras. Mais alguma pergunta?

(Aparte: Isso aqui exatamente é um método de trabalho (inaudível) principalmente agora que o senhor está explicando.)

 Por três razões:

1) esse método de trabalhar eu assumi, sem muito pensar nele, pela influência de uma Fräulein alemã que tive em pequeno, e que exerceu uma excelente influência sobre mim;

2) por algo que eu peguei do espírito de Santo Inácio de Loiola, quando fui aluno da Companhia de Jesus: “il y en avait” (havia disso) por lá alguns vapores, alguns últimos restos que procurei assimilar quanto pude;

3) por causa genericamente do espírito católico de que eu procurei me embeber.

Mas eu nunca cheguei a fazer de tudo isso uma explicitação, quando encontrei esse artigo que tinha pelo menos uma grande parte dessa explicitação.

Acontece que eu nunca fiz essa explicitação, em grande parte porque era tão audaciosa, que se eu não tivesse a falar por mim um Marechal vitorioso, ela pareceria uma quimera. Quer dizer, ou eu apresentava isso com o endosso da vitória, e de uma vitória militar, ou para muitos espíritos seria uma tentação muito difícil admitir isso.

Por outro lado, também porque realmente tivemos tantas outras coisas urgentes a fazer até agora, que não era o caso de cuidar disso. De maneira que o Weygand entrou no momento verdadeiramente providencial. Não sei se isto responde bem à sua pergunta. Está bem? Há alguma outra pergunta, senhores? Pois não.

(Pergunta inaudível.)

É possível... Há uma coisa que ninguém muda: com o nascer e o deitar do sol, as atividades militares recebem um traço diverso. Uma é a atividade militar de noite, outra é de dia. De maneira que é muito possível que esse horário do Marechal Foch – é muito provável até – fosse graduado por essa circunstância fundamental na vida militar. De maneira que o horário dele provavelmente seria razoável.

Eu gosto das refeições mais tarde para a vida civil. Para a vida militar, as circunstâncias são tão diferentes, que creio que provavelmente estaria justificado (que ele fizesse esse horário). Embora eu desconfie muito que em tempo de paz, o almoço e o jantar dele fossem pelo mesmo horário.

(Pergunta inaudível.)

Ah, não! A vida do soldado naturalmente é muito diferente, porque soldado está voltado ao corre-corre, a toda espécie de surpresas. Mesmo os escalões inferiores de comando não podiam levar o pensamento com esse inteiro rigor. É uma coisa evidente. Mas era segundo esse espírito que, na medida do possível, até o soldado devia viver.

(Pergunta inaudível))

É, exatamente é. É preciso notar, entretanto, o seguinte: o trabalho nosso, dentro do campo próprio a um civil em tempo de paz, pode ter incomparavelmente mais do estilo do Foch do que de um soldado em tempo de guerra. E que, portanto, para nós, isso é muito mais adaptável do que para um soldado. Está claro?

(Pergunta: Dr. Plinio, ele fala aqui em trabalho feito na irradiação do chefe. Qual seria a razão natural disso?).

Dom Ernesto de Paula - um antigo bispo de Piracicaba que agora trabalha novamente na Cúria - contou-me um fato: quando o velho Dom Duarte Leopoldo e Silva estava na Cúria em São Paulo (a sala dele era em cima), quando se chegava na entrada, em baixo, já se sabia que ele estava presente. Porque ele presente, todo o ambiente mudava. Por quê? Porque é próprio ao chefe comunicar por sua presença um clima que é a osmose de sua personalidade nos outros, de seu estilo de vida, de seu feitio e, por sua vez, a osmose de sua ideia e de sua doutrina nos outros.

Porque o convívio humano se faz assim. Nisso é que ele é humano (*). É que ele não consiste apenas em livros e em tratados, mas se dá em osmoses de convívios como esses. Então, isso é o que se chama irradiação do chefe. E trabalhar na irradiação do chefe corresponde a trabalhar recebendo no temperamento essa influência, e trabalhando “en conséquence”. Não sei se eu me exprimi claramente.

(Pergunta inaudível.)

É, exatamente nessa linha. Vamos dizer, é a influência que um chefe de família deveria ter em casa, etc., etc. Sua presença muda o clima.

(Pergunta inaudível.)

Ah! Isso é que é bom, isso é que é duro! Eu vou dizer a respeito do “geraçãonovismo” o seguinte: o primeiro efeito que viso com essa leitura é de saberem que isso existe. 

Continua

(*) Para aprofundar este assunto, vide "Guerreiros da Virgem. A Réplica da Autenticidade - A TFP sem segredos", Plinio Corrêa de Oliveira, Editora Vera Cruz, dezembro de 1985, pags. 131 a 135.

E também “Refutação da TFP a uma investida frustra”, volume II, Julho de 1984, por uma Comissão de sócios da TFP com a colaboração, revisão e posfácio de Antonio Augusto Borelli Machado, Secção IV — A formação católica tradicional, proporcionada pelos santos, é uma formação viva em que, a par da doutrinação, a personalidade do mestre ou do superior, seus exemplos e seu convívio desempenham papel relevante (págs. 375 a 384).

Vide também:

1976-05-22 - Comentários ao artigo sobre o Marechal Foch, escrito por seu chefe de Estado Maior Maxime Weygand - "(...) o católico faz com sua vida o que Foch fazia com sua guerra: tem horas em que ele pensa nesses assuntos e não pensa em outros. São as horas de seu isolamento, de sua solidão, de sua meditação. Dessas horas ele sai para o campo de batalha (...) De maneira que qualquer lugar onde ele deite os olhos, ele observa sobretudo a Revolução e a Contra-Revolução, os contrastes, o que a Igreja – que é a alma da Contra-Revolução - pôs de lindo no mundo, o que a Revolução pôs de feio, de asqueroso. E quem assim procede, se é inteiramente assim, pode ser como uma TFP inteira."


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