Plinio Corrêa de Oliveira

 

Considerações em torno de

"Revolução e Contra-Revolução" - III

 

 

 

 

 

 

 

 

(conclusão)

  Bookmark and Share

 

A D V E R T Ê N C I A

O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.

Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério tradicional da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras "Revolução" e "Contra-Revolução", são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em seu livro "Revolução e Contra-Revolução", cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de "Catolicismo", em abril de 1959.

* Evolução da tendência para a ideia - o pecado de espírito 

Vejamos como se passa o fenômeno da inspiração da ideia, qual a sua origem e como a tendência revolucionária produz o sofisma.

O fenômeno de inspiração da ideia revolucionária pode dar-se de inúmeras maneiras. Há neste campo uma riqueza que diríamos mesmo inesgotável.

Entretanto, há um modo mais universal que podemos fixar, porque se dá em todos, ou pelo menos em alguma medida, em todas as pessoas. Historicamente falando, foi o que se deu mais freqüentemente no curso da Revolução.

Para melhor compreendermos este problema, precisamos conhecer a psicologia das pessoas que têm sido manobradas pela Revolução.

Vejamos no terreno das modas. Uma senhora que tenha usado, em seus tempos de moça, grandes chapéus, que tinham na frente um bico de passarinho, cerejas de borracha ao lado, e todo um pomar no centro, passando depois para os dias atuais, em que os chapéus femininos mais se assemelham a caçarolas emborcadas no alto da cabeça, de maneira ridícula, à semelhança de um palhaço, se  essa senhora, quando moça, fosse possível ver-se vestida quando tivesse 60 anos, ela choraria. Iria pensar que se teria tornado louca. Foi, no entanto, conduzida a usar o que não queria, sem julgá-lo feio e sem estranhar! Ao pôr o chapéu na cabeça, ela o fez como a coisa a mais natural. Uma que achava imoral um maiô pouco acima do tornozelo, não estranhou quando usou um incomparavelmente mais imoral.

 Devemos notar que não se trata de saber porque tais pessoas fizeram isto. Pode-se fazer algo que se ache mau feito, obedecendo a uma injunção da moda. É reprovável, mas não é mistério que isto se faça: de um lado há a convicção, do outro o interesse; a alma pisa por sobre a convicção e segue o interesse. O mistério psicológico é outro, está em saber porque não houve estranheza na prática do ato.

É interessante observar que nestas almas coabitam várias psicologias. Uma pessoa da geração de nossos avós, por exemplo, seria possível que tomasse o trabalho "Revolução e Contra-Revolução", lesse e, concordando, o considerasse muito bom. Algum tempo depois, lendo uma nota num jornal liberal considerasse que ali está a verdade. E seria sincero em ambas as atitudes. Ora pensaria de uma maneira, ora de outra. Mas poderia ter a persuasão do que estava dizendo, e neste sentido seria sincera.

Assim, na maior parte dos homens, há várias mentalidades que coabitam. A Revolução, nessa marcha processiva, não elimina propriamente uma dessas mentalidades, mas caminha de tal modo que dá ganho de causa a uma das mentalidades sobre as outras, mentalidade esta que, ficando sempre à tona, relega as demais ao esquecimento.  

* Revolução e luz primordial 

Consideremos estes fenômenos inicialmente sob a luz de um ponto de doutrina que nos é muito caro. Refere-se à luz primordial. Propriamente, somente quem corresponde à sua luz primordial tem certeza de que está no bom caminho [Nota: cada alma tem uma tendência para o mal que é mais forte que as outras, e é por onde é tentada: esse é o vício capital. Em sentido contrário, há uma tendência mestra, que varia de pessoa para pessoa, e que é o aspecto de Deus que mais é chamada a espelhar: a luz primordial, n.d.c.]. O homem que a ela não corresponde é um espírito incapaz de certeza.

A luz intelectual do homem - e de todo homem - no plano natural e sobrenatural, é mais forte a respeito de uns tantos pontos, que correspondem à luz primordial. Como através da luz primordial o homem tem uma visão muito clara do que o cerca, ela lhe dá umas tantas certezas que são critério para outras certezas. Desta maneira, se alguém está certo de que os pontos A, B e C estão de acordo com sua luz primordial, todas as conseqüências de A, B e C serão certas também, e tudo que contrarie estes pontos é errado.

Analisando as coisas sob o prisma da luz primordial tudo se torna muito simples porque ali vemos a verdade com muita clareza. A luz primordial é uma espécie de espinha dorsal do mecanismo da certeza. Quando o homem não é fiel à sua luz primordial acaba por querer conquistar as verdades, não a partir desta luz, mas por um jogo de raciocínio. E a vida se torna a selva escura de que nos fala Dante, pois se não tratarmos de iluminá-la, a partir das certezas de nossa luz primordial, não teremos verdadeira certeza, nem do bem e nem do mal, nem da verdade e nem do erro.

A imensa maioria dos homens, no entanto, não procura sua luz primordial, mas, por outro lado, também não se entrega de tal maneira ao vício capital que, ao menos nesta linha, construa uma série de teses que queira adotar como verdade; entrega-se a este vício de maneira nebulosa e vaga, e sente-se, então, incapaz de formar qualquer certeza.

A vida, aos olhos do homem que perdeu esse rumo, se transforma no reino das impressões. Se, em pequeno, conheceu no Grupo Escolar uma freira muito boa, amável, conserva uma grande ideia da religião. Mas se, por outro lado, teve depois contato com um professor de espírito voltairiano, muito jocoso, mestre em anedotas anticlericais, que ele considerou muito espirituosas, passou a simpatizar com o anticlericalismo. Se viu, nos museus da Europa, belos objetos aristocráticos, admirou a sua classe. Mas se também assistiu a uma fita de cinema em que a aristocracia era representada de modo desfavorável, terá ficado com certa antipatia.

Em sua alma, então, se agrupam várias personalidades, o monarquista, o republicano, o anticlerical, à maneira de impressões que ora uma, ora outra, vêm à tona, e que têm certa solidariedade entre si. Há uma lógica profunda que faz com que um erro leve à tona uma série de outros erros. É um fenômeno de justaposições que funcionam sem que este pobre homem saiba porque

* A teoria da justificação do pecado e sua utilidade para a obra da Revolução 

Um homem que se embriaga pratica um pecado. Há um móvel próximo no que ele fez, que foi o ato de tomar líquido alcoólico. Mas embriagando-se ele forma um juízo a respeito do vício da embriagues. Assim, após a ação pecaminosa, ele é levado a um pecado de espírito. Mas, geralmente isto não se dá a curto prazo: alguém bebe e logo formula um sofisma para justificar sua bebedeira. Não. Mais comumente a pessoa pensa: "eu bebi, que fiz eu? ficarei muito irritado se se disser que fiz mal; não quero que se diga isto".

Pecando, ele é levado a justificar o seu ato, porque nasce a ideia de que tudo que surge dentro dele é mais ou menos legítimo. Pelo fato de se ter embriagado, nasce certa tolerância para com a embriagues, que não é tanto um julgar, mas um fugir à obrigação de julgar.

A atitude de não julgar a bebedeira faz com que o homem comece a observar certos aspectos colaterais da bebedeira, que ele acha bonitos; depois, terá tolerância, já não achando má a bebedeira; e por fim, virá o desprezo pelo homem que não bebe. A inspiração errada da ideia errada não vem diretamente, mas lentamente. A sua posição se torna uma atitude de espírito, da qual, por sua vez, nascerá a justificação.  

* A raiz deste processo de justificação interna 

Esta atitude tem sua raiz num fato curioso. Todos repetem o princípio da lei da carne e da lei do espírito. Nós, católicos contra-revolucionários, temos certa facilidade para distinguir a lei da carne e a do espírito, e para perceber que somos irresponsáveis pelos primeiros impulsos da lei da carne.

 Compreende-se que se pode ter as piores inclinações e é natural que as tenhamos, porque assim é o homem; mas, o eixo da questão está em não consentir. Temos tão firme a ideia do consentimento que conhecemos nosso ímpeto para tudo: roubar, mentir etc. Poderíamos dizer que somos uma coleção de péssimos ímpetos. Sabemos, entretanto, que para haver pecado é necessário nosso consentimento e não apenas os ímpetos, e que, portanto, o pior dos ímpetos não nos degrada.

A maior parte das pessoas, no entanto, não têm essa mentalidade, esse modo de sentir e agir. Têm, no subconsciente, que o mau ímpeto, ainda que não consentido, é a sua vergonha. Assim, se dissermos a alguém que tem tendência à deslealdade, a primeira ideia que lhe ocorre é a de que estamos querendo injuriá-lo; sente-se ofendidíssimo com todas as paixões que rugem dentro dele; a tendência apontada constitui uma sentina para a qual nem se deve olhar.

 E a pessoa, como resultado, torna-se solidária com as maiores infâmias que nascem dentro dela. Daí nasce um estado de espírito pronto a entrar nesse processo de atonia, depois de simpatia e, por fim, de justificação, que acabamos de descrever.

A imensa maioria das pessoas fica vagando a esmo, como cortiça no mar. Estas são as vítimas arquetípicas para se emaranharem no processo revolucionário. São elas que a Revolução, por meio de sugestões bem feitas, leva a pensar segundo seus postulados

* A criação do mito 

Temos notado certo modo de agir da Revolução neste particular. Com um pouco de propaganda ela levanta para essas mentalidades um como que tabu, sem demonstração, um valor supremo, intuitivo. É o que se dá muitas vezes quando numa roda de grã-finos alguém diz: “ele é muito grã-fino”; ou num círculo de pessoas que gostam de trabalhar: “ele é um produtor”; ou em alguma roda de vadios: “ele é que sabe gozar a vida”. Levanta-se um ponto apresentado como um núcleo em torno do qual uma série de sugestões começam a gravitar e a desempenhar seu papel. Cria-se, então, um mito.

O mito do produtor e da produção, por exemplo, que traz consigo toda uma filosofia de vida, é muito característico neste sentido. Coloca-se no subconsciente de alguém que uma sociedade é um núcleo de consumidores, que precisam produzir para não perecer. Portanto, o homem que não produz, é uma espécie de gatuno, porque está se alimentando com o que os outros produzem.

É uma tese que se comporta como uma pequena lei de direito natural. Constrói-se uma "ordem natural" e, a partir dela, tiram-se certas conclusões. É certo que o esforço para uma produção eficiente depende de uma labuta árdua. Não basta, pois, que todos produzam, mas é preciso que o façam arduamente. Alguém que trabalhasse mais placidamente seria um contrabandista do trabalho, que carrega em si molezas que foram roubadas aos outros.

 Esse mito da produção tem forjado uma espécie de pena dos necessitados, porque a produção, em última análise, tem certo fim filantrópico para conseguir que todos a aceitem.

Esta filosofia da produção muitos a conhecem. Não há um livro, porém, que a descreva de um modo vivo e não apenas de um modo filosófico, e que a refute. Escapam a certos livros e estudos que tratam dessa filosofia o vivo e o concreto do assunto. Abordam a tese com tal elevação filosófica que a ninguém ocorre as aplicações práticas [Nota: esta teoria do mito da produção os interessados a encontrarão mais explicitada no artigo sobre "Moral Sinárquica"]. 

* A Revolução governa o mundo criando mitos destes 

A Revolução governa o mundo construindo lentamente filosofias como esta e fazendo-as caminhar. Por meio de hábeis ardis e subtis sugestões faz com que se passe rapidamente da filosofia do trabalho para a filosofia socialista. Para tal é o bastante criar, na sociedade, um clima em que, primeiramente, a título de caridade cristã, noticie-se o maior número de problemas sociais.

Cria-se, então, o problema do menor caolho, do velho canhoto, da criança defeituosa, do câncer... Em torno de cada doença forma-se um problema. Enfim, o corpo social fica a parecer uma só chaga! E nunca será bastante todo o esforço que se faça para aliviar tais problemas. A campanha mais serve para mostrar que o fato é insolúvel, do que para resolvê-lo. E a pessoa termina com uma espécie de remorso pelo que possui, e com a ideia de que sua produção, por mais frenética que seja, ainda será pouca, porque deve ser distribuída para todos. Daí para uma lei socialista, a distância é mínima.

Não se fez isto difundindo o manifesto de Marx, mas criando panoramas que se vão sucedendo uns aos outros, à maneira de argumentação, porque a pessoa pensa que foi ela que elaborou os argumentos que vieram à sua mente. E o talento do método está precisamente em insinuar isto. Todos são filósofos da solução socialista... 

* A falta de certeza, razão da docilidade à Revolução 

Vejamos como as teses se encadeiam. Um homem que não correspondeu à sua luz primordial, não tendo portanto o mecanismo que dá a seu espírito a plena certeza, ou que não atendeu ao seu vício primordial, e não tem o mecanismo de ódios funcionando à maneira de certeza, tem uma série de varais estendidos entre esses dois extremos, com todas as gamas do pensamento humano. Essas gamas móveis poderão ser modeladas de acordo com esse grande teatro social de insinuações, que se vai lançando. Eis aí uma alma que é um ótimo campo de cultura para a ação da Revolução.

Através deste processo seria fácil produzir numa cidade, toda ela anti-trabalhista, um êxtase trabalhista, ou produzir um êxtase anti-trabalhista numa cidade trabalhista.

Imaginemos para exemplificar as três cidades periferias de São Paulo, Santo André, São Bernardo e São Caetano, comumente conhecidas como o ABC, intensamente trabalhista; se na hora em que os operários estivessem saindo das fábricas se fizesse passar uma carruagem à moda do Ancien Regime, puxada por linda parelha de cavalos brancos, com um casal muito bem vestido, podemos garantir que seriam aplaudidos, se se comportassem com certa prudência.

Dizemos isto porque há dois modos de andar de carruagem: um pelo qual gozamos sem que os outros percebam nosso prazer; e outro pelo qual fazemos com que os outros também tenham prazer com nosso gozo. É um dos belos aspectos do modo de ser da rainha Elisabeth. Ela sem demagogia, tem algo disso; o povo sente-se feliz em ver a sua felicidade. É o que aconteceria com os operários ante um casal assim; vinte anos de discursos sindicais teriam perdido seu efeito...

As mentalidades hoje estão sem rumo, ao léu. É o que facilita o trabalho contra-revolucionário. A figura que isto exprime é o teclado. É tal a confusão existente nas mentes modernas que qualquer das teses contra-revolucionárias pode viver nessas mentalidades, desde o entusiasmo por Maria Antonieta, a rainha-mártir, até a compreensão por Kruschev. É um teclado do qual se tira qualquer nota, desde que se saiba como tocá-lo. Consegue-se tudo, menos algo consistente e durável.

As almas estão reduzidas hoje a um imenso teclado, e sobre ele a Revolução toca a ária que lhe apraz. É a escravização do mundo contemporâneo à propaganda

* Idade Média: era de certeza 

Na Idade Média a certeza, que é fornecida pela fidelidade à luz primordial, era muito evidente. O ambiente muito homogêneo, as ideias ordenadas, a arte e a arquitetura muito coerentes com a doutrina, tudo levava a se achar muito natural que assim fossem as coisas. Tomava-se por pressuposto natural que aquele modo de ser era o legítimo.

E o homem, sobretudo no fim da Idade Média, estava tão longe de compreender o que devia à civilização católica, que se pôde inventar o mito do "bon sauvage", durando até o "Guarani" de Carlos Gomes, em que se imaginava índios pensando e raciocinando como verdadeiros heróis de Corneille. Achava-se tão evidente aquele quadro de valores, que até o selvagem os assumia.

A Renascença rompe com o mecanismo da certeza. Inicialmente veio a crise moral, que afastou os homens da sua luz primordial. Longe desta luz foi possível desviá-los da certeza. E a demolição começou pelo ponto central, tocando na divindade e na infalibilidade da Igreja. As tendências se fragmentam em diversas direções. Cada bloco tem certeza de sua certeza. E seguiu-se a divisão das seitas, cada qual com sua certeza.

No cerne dessas certezas contraditórias já havia uma incerteza, porque os homens são feitos de tal maneira que não confiam muito em si. Mesmo entre os católicos, com exceção dos extremamente fiéis, com fé capaz de mover montanhas, essa pluralidade de opiniões lhes comunicava uma espécie de incerteza fundamental vaga, imponderável, e daí a inquietação, a polêmica, o diálogo, para ver se do lado oposto não havia uma parcela de verdade.

A Revolução Francesa generalizou este modo de se comportar para o terreno político. Temos os monarquistas do Ancien Régime, os monarquistas constitucionais, os republicanos moderados, os avançados e os comunistas. Uma série de certezas em dúvida. A Revolução queria que todos se tornassem comunistas. Não conseguindo isto provocou o entrechoque das opiniões contraditórias. Os que já não tinham mais um perfeito mecanismo de certeza ficaram meio monarquistas meio republicanos. Surgiu uma imprensa funcionando como verdadeira feira de opiniões. E não tendo ainda conseguido que todos ficassem comunistas, consegue, no entanto, que todos fiquem ao menos indiferentes.

São as tramas da Revolução. 

* Interpretação contra-revolucionária dos acontecimentos históricos 

Poderíamos reter, após todo o exame feito neste trabalho, uma série de princípios que serviriam para a explanação de um sem número de outros pontos históricos. Constituiríamos assim toda uma doutrina que não é mais, em última análise, do que a História interpretada segundo a psicologia e a moral.

Os aspectos estudados no presente trabalho não são senão uma pequena amostra do que poderíamos examinar. Analisamos uma série de afirmações, já comprovadas pela pesquisa. Mas, com base nos princípios de "Revolução e Contra-Revolução" poderíamos examinar ainda uma imensidade de hipóteses históricas e, com base mesmo nos dados da própria historiografia corrente, provar, com fatos, os princípios que enunciamos.

Seria para isto um guia utilíssimo a elaboração de um conjunto de normas de vida espiritual para ser aplicado à vida dos povos, e não apenas à dos indivíduos, e para com os dados da psicologia e da moral explicar a História.

É o que fazem os comunistas: tomam uma filosofia - a materialista - estabelecem certos princípios, e interpretam a História segundo esses princípios.

A posição dos contra-revolucionários deve ser a interpretação da História por meio de princípios puramente espiritualistas, isto é, como a Igreja nos ensina, levando em consideração a vida sobrenatural, a correspondência à graça etc.

No Reinado do Imaculado Coração de Maria será necessário que todas essas hipóteses e teorias sejam inteiramente explicitadas, para prevenir decadências futuras. 

* O que de nós deseja Nossa Senhora 

Por esta visão espiritualista vemos que a partir do momento em que o afrouxamento da virtude se deu, Nosso Senhor Jesus Cristo vai se tornando cada vez mais ausente do mundo e a esfera de ação dos santos, humanamente falando, vai se tornando também menor. É uma das formas da ausência de Deus.

Deus suscita heróis para a batalha, mas permite que os grandes muros sejam cada vez mais arrasados. Assim como suscitou Leão XIII para restaurar o estudo da escolástica através da encíclica "Aeterni Patris", poderá suscitar outros para pôr em foco o estudo dos princípios acima delineados.

Desde já, no entanto, para podermos fazer progredir a Contra-Revolução e derrotar a Revolução, é necessário que nos habituemos a descrever estas mentalidades para sabermos, pelas artimanhas da dialética, pôr a nu o veneno da Revolução. É preciso, pois, e para isto estão convidados nossos Amigos, que em nossas conversas e reuniões, leituras e estudos, procuremos insistentemente aplicar os princípios aqui enunciados para que eles se nos tornem familiares, único meio de nos armarmos para o combate à Revolução, e único meio de a derrotar.

Que Nossa Senhora de Fátima abençoe-nos profusamente nesta Santa Cruzada pelo advento do Seu Reino.

 


Bookmark and Share